sexta-feira, julho 31, 2009
O PROGRAMA ELEITORAL
Com pompa e circunstância, o PS apresentou o seu programa eleitoral. São 110 páginas de texto. Mais duas páginas de índice e oito a separarem os capítulos. Na versão de suporte em papel, um desperdicio.
Com pompa e circunstância, o PS apresentou o seu programa eleitoral. São 110 páginas de texto. Mais duas páginas de índice e oito a separarem os capítulos. Na versão de suporte em papel, um desperdicio.
Assim a jeito de mero palpite, creio que hoje em dia nem 0,1% do eleitorado lê programas eleitorais. Isso faz cerca de 7 a 8 mil eleitores . Número que incluirá umas poucas dezenas de jornalistas e comentadores políticos, e mais uns tantos elementos do aparelho partidário, para não ficarem mal vistos pelos chefes. Daqueles 7 a 8 mil, haverá dois mil, se tanto, que poderão determinar o seu sentido de voto pela leitura dos programas dos partidos.
Eu li-o, muito muito em diagonal, mas li-o, passando todavia por cima da grande quantidade dos habituais clichês e frases feitas. Mesmo em diagonal, gostei muito de o ler. Está muito bem escrito, com palavras bonitas e frases apelativas. Os que o prepararam e subscrevem, devem ser pessoas com muita fé, determinadas, generosas, solidárias, com muito bom coração. É um programa muito bom. Estou obviamente de acordo com quase tudo. É tudo para bem do povo.
Fico agora a rezar aos deuses para que o País, o Estado e o Governo consigam meios e recursos financeiros para tudo aquilo poder ser concretizado e levado à prática.
Quatro comentários adicionais, agora sem mais ironia .
1.
Não vislumbrei em nenhuma parte do seu texto uma palavra, uma expressão, uma frase da qual se pudesse deduzir uma mensagem aos portugueses de que os tempos que aí vêm vão ser dificeis ; que vai ser necessário produzir e trabalhar mais e melhor ; que novos sacrifícios virão, mesmo se já no imediato se atenuar ou evaporar de todo a recessão global; que vai ser imperioso reduzir de novo o défice orçamental do Estado; que vai ser indispensável e penoso reduzir o nivel de endividamento do País. Não se trata de “semear o medo” ou “falar a linguagem do pessimismo e da descrença”. Mas tão só falar a linguagem da verdade nua e crua. O que aliás deve e pode perfeitamente ser feito num registo mobilizador e de esperança . Assim do género : se produzirmos e trabalharmos mais e melhor, se soubermos ser serenos perante os sacrifícios e as dificuldades, se soubermos utilizar bem as nossas capacidades, que as temos, então venceremos os desafios que vamos enfrentar e a médio-longo prazo ficaremos melhores, menos pobres e menos dependentes.
2.
O calamitoso e desacreditado estado da Justiça (leia-se sistema judicial) é actualmente o problema mais grave de Portugal. Bloqueia e condiciona a evolução da sociedade portuguesa e a melhoria da sua situação económica ; cria desconfianças e dificuldades nas relações interpessoais e nos comportamentos ; atemoriza os investidores ; fragiliza ainda mais os que já são fracos.
Pois no programa eleitoral a questão da justiça não é colocada como a prioridade das prioridades. É timidamente remetida para o penúltimo capítulo, a páginas 97, com frases tão anódinas como “ O PS pugna por uma justiça que seja vista pelos cidadãos mais como serviço do que como poder” , “ O PS no Governo continuará a aperfeiçoar os moldes institucionais e organizativos em que funciona a Justiça”. E outras imbuidas de muita piedade, assim do género : “ As sentenças, sem prejuizo da necessária fundamentação, devem ser de dimensão razoável, cumprindo definir normativamente regras que evitem os excessos e promovam a simplicidade”. Ora o que importava era manifestar a intenção e o objectivo de fazer uma verdadeira “re-engenharia” de todo o edifício do sistema judicial português. Porventura indo mesmo a uma profunda alteração da cultura jurídica vigente, anquilosada, bolorenta , palavrosa, escolástica, majestática. E metendo desde já as magistraturas judiciais na “ ordem “ democrática.
3.
Francisco Louçã tem alguma razão quando acusa o programa de PS de deixar muita coisa escondida e sobre a qual o eleitorado deveria ser esclarecido. É o caso das intenções do Governo em prosseguir ou não a política de privatizações indiscriminadas de actividades ligadas á satisfação das necessidades básicas das pessoas, como sejam por exemplo o transporte e o fornecimento de energia eléctrica, o abastecimento de água e o saneamento básico, o transporte ferroviário. São actividades exercidas praticamente em regime de monopólio. Por conseguinte, a exclusividade da sua posse (directa ou indirecta) e do seu controlo por parte do Estado, não fere minimamente os sãos principios da concorrência, nem da economia de mercado. O PS propõe ou não passá-las para o domínio privado? Era algo que deveria ser referido no programa.
4.
Na parte dedicada à Educação ( Capítulo II-páginas 47 a 50), perdida no meio de um longo texto de uma alínea e), é prometida, timidamente, a “ (...) promoção activa, junto das escolas e dos professores, de uma atitude de exigência e responsabilidade, capaz de fixar metas ambiciosas (...) “.
É pouco, é muito pouco, é quase nada, relativamente à mensagem que era indispensável ter deixado, com muito maior ênfase, de que o ensino e o estudo ( o programa refere-se quase sempre a “aprendizagem”...) se têm de tornar cada vez mais rigorosos e exigentes ; e de que se iria, de uma vez por todas, deslastrar o aparelho do Ministério da Educação de toda a tralha e ganga de “eduquês” e de pós-modernices pedagógicas que por lá deambulam. Mas parece que sobre isto vai continuar tudo na mesma.
Eu li-o, muito muito em diagonal, mas li-o, passando todavia por cima da grande quantidade dos habituais clichês e frases feitas. Mesmo em diagonal, gostei muito de o ler. Está muito bem escrito, com palavras bonitas e frases apelativas. Os que o prepararam e subscrevem, devem ser pessoas com muita fé, determinadas, generosas, solidárias, com muito bom coração. É um programa muito bom. Estou obviamente de acordo com quase tudo. É tudo para bem do povo.
Fico agora a rezar aos deuses para que o País, o Estado e o Governo consigam meios e recursos financeiros para tudo aquilo poder ser concretizado e levado à prática.
Quatro comentários adicionais, agora sem mais ironia .
1.
Não vislumbrei em nenhuma parte do seu texto uma palavra, uma expressão, uma frase da qual se pudesse deduzir uma mensagem aos portugueses de que os tempos que aí vêm vão ser dificeis ; que vai ser necessário produzir e trabalhar mais e melhor ; que novos sacrifícios virão, mesmo se já no imediato se atenuar ou evaporar de todo a recessão global; que vai ser imperioso reduzir de novo o défice orçamental do Estado; que vai ser indispensável e penoso reduzir o nivel de endividamento do País. Não se trata de “semear o medo” ou “falar a linguagem do pessimismo e da descrença”. Mas tão só falar a linguagem da verdade nua e crua. O que aliás deve e pode perfeitamente ser feito num registo mobilizador e de esperança . Assim do género : se produzirmos e trabalharmos mais e melhor, se soubermos ser serenos perante os sacrifícios e as dificuldades, se soubermos utilizar bem as nossas capacidades, que as temos, então venceremos os desafios que vamos enfrentar e a médio-longo prazo ficaremos melhores, menos pobres e menos dependentes.
2.
O calamitoso e desacreditado estado da Justiça (leia-se sistema judicial) é actualmente o problema mais grave de Portugal. Bloqueia e condiciona a evolução da sociedade portuguesa e a melhoria da sua situação económica ; cria desconfianças e dificuldades nas relações interpessoais e nos comportamentos ; atemoriza os investidores ; fragiliza ainda mais os que já são fracos.
Pois no programa eleitoral a questão da justiça não é colocada como a prioridade das prioridades. É timidamente remetida para o penúltimo capítulo, a páginas 97, com frases tão anódinas como “ O PS pugna por uma justiça que seja vista pelos cidadãos mais como serviço do que como poder” , “ O PS no Governo continuará a aperfeiçoar os moldes institucionais e organizativos em que funciona a Justiça”. E outras imbuidas de muita piedade, assim do género : “ As sentenças, sem prejuizo da necessária fundamentação, devem ser de dimensão razoável, cumprindo definir normativamente regras que evitem os excessos e promovam a simplicidade”. Ora o que importava era manifestar a intenção e o objectivo de fazer uma verdadeira “re-engenharia” de todo o edifício do sistema judicial português. Porventura indo mesmo a uma profunda alteração da cultura jurídica vigente, anquilosada, bolorenta , palavrosa, escolástica, majestática. E metendo desde já as magistraturas judiciais na “ ordem “ democrática.
3.
Francisco Louçã tem alguma razão quando acusa o programa de PS de deixar muita coisa escondida e sobre a qual o eleitorado deveria ser esclarecido. É o caso das intenções do Governo em prosseguir ou não a política de privatizações indiscriminadas de actividades ligadas á satisfação das necessidades básicas das pessoas, como sejam por exemplo o transporte e o fornecimento de energia eléctrica, o abastecimento de água e o saneamento básico, o transporte ferroviário. São actividades exercidas praticamente em regime de monopólio. Por conseguinte, a exclusividade da sua posse (directa ou indirecta) e do seu controlo por parte do Estado, não fere minimamente os sãos principios da concorrência, nem da economia de mercado. O PS propõe ou não passá-las para o domínio privado? Era algo que deveria ser referido no programa.
4.
Na parte dedicada à Educação ( Capítulo II-páginas 47 a 50), perdida no meio de um longo texto de uma alínea e), é prometida, timidamente, a “ (...) promoção activa, junto das escolas e dos professores, de uma atitude de exigência e responsabilidade, capaz de fixar metas ambiciosas (...) “.
É pouco, é muito pouco, é quase nada, relativamente à mensagem que era indispensável ter deixado, com muito maior ênfase, de que o ensino e o estudo ( o programa refere-se quase sempre a “aprendizagem”...) se têm de tornar cada vez mais rigorosos e exigentes ; e de que se iria, de uma vez por todas, deslastrar o aparelho do Ministério da Educação de toda a tralha e ganga de “eduquês” e de pós-modernices pedagógicas que por lá deambulam. Mas parece que sobre isto vai continuar tudo na mesma.
A INAUGURAÇÃO DA VARIANTE
Ora aí está. É hoje inaugurada a variante de Tavarede. Estava a contar que a inauguração fosse lá para mais tarde, cerca do período da verdadeira campanha eleitoral . Também esperava que no soleníssimo acto estivessem o Primeiro-Ministro ou, vamos lá, quando muito, o seu diligente Ministro Mario Lino. Afinal veio só o Secretário de Estado Paulo Campos. Se este tivesse convidado a mediática Joana Amaral Dias a também comparecer, deveria ter muita mais gente na cerimónia. Quanto mais não fosse para ouvir o seu maravilhoso sotaque cascalhês.
Ora aí está. É hoje inaugurada a variante de Tavarede. Estava a contar que a inauguração fosse lá para mais tarde, cerca do período da verdadeira campanha eleitoral . Também esperava que no soleníssimo acto estivessem o Primeiro-Ministro ou, vamos lá, quando muito, o seu diligente Ministro Mario Lino. Afinal veio só o Secretário de Estado Paulo Campos. Se este tivesse convidado a mediática Joana Amaral Dias a também comparecer, deveria ter muita mais gente na cerimónia. Quanto mais não fosse para ouvir o seu maravilhoso sotaque cascalhês.
Quem não vai faltar é o actual Presidente da Câmara da Figueira da Foz, logo na primeira fila, à frente das câmaras de televisão. Estamos em pleno período de pre-campanha para as eleições autarquicas, pois claro. Irá decerto recordar , para quem o quiser ouvir, que já em 2005 prometia “ pugnar junto do poder central pela construção da variante de Tavarede”.
Deus quiz, o Presidente sonhou e pugnou, a obra nasceu...O poder central pagou. Ou melhor..quem pagou fomos nós, os contribuintes. Os que contribuem, pagando impostos.
quinta-feira, julho 30, 2009
HUMILDADE DEMOCRÁTICA NA POLITICA LOCAL
Há um pergunta que por vezes se costuma fazer a um candidato a Presidente da Câmara : no caso de não ganhar, fica como vereador?
A pergunta faz sentido. Quem vota quer saber se o candidato que pensa escolher está também disponível para exercer eventualmente o seu dever de cidadania ( frequentemente invocado como razão da respectiva candidatura....), com humildade democrática, como vereador, com funções executivas ou não. É uma missão igualmente muito digna e valiosa para a comunidade municipal. Os candidatos de perfil mais “jetessético” ou menos propensos ao trabalho político de base, mais humilde e menos mediático, costumam dar uma resposta politicamente correcta assim do género chapa 3 : não sou candidato a vereador, mas sim, sou candidato a Presidente da Câmara. Um habilidade esperta para tentar fugir à resposta. Mas a verdade é que não foge, e responde mesmo. Ou seja, que se não for eleito Presidente da Câmara, não fica, não senhor, como vereador. Que horror, que seca ! Não lhe dá nenhum protagonismo, não pode aparecer nas televisões, por isso nem pensar ser só vereador. Foi esta resposta que já deu Santana Lopes, sobre a eleição a ter lugar em Lisboa.
Às vezes, argumentam que, ao assim responderem, estão a ser muito leais e honestos perante o eleitorado. Era o que faltava, um candidato dizer que sim, que ficava como vereador, e depois, tendo perdido a eleição, se negasse a ser vereador. Era o que faltava, mas talvez existam por aí politicos capazes de o fazer. Já temos visto de tudo.
No caso da Figueira da Foz, e ao que se saiba, a pergunta já foi feita aos candidatos Daniel Santos e João Ataíde. O primeiro foi claro : sim, ficará como vereador, no caso de não ser eleito para Presidente da Câmara. Quanto ao segundo, deu uma a resposta tipo chapa três acima referida. Trocando por miudos: não fica como vereador no caso de não ser eleito para Presidente. O que, no seu caso, até se compreende bem a razão. Em tal cenário, terá forçosamente de regressar ao desempenho da função de titular de outro orgão de soberania, do poder judicial, no caso vertente . Assim contribuindo de resto para reforçar o quadro de uma indesejável promiscuidade entre poder judicial e luta politico-partidária. Sem o que ficaria sem meios de subsistência, como parece óbvio. O trabalho político de oposição eventualmente sequente ao acto eleitoral terá de ficar para uma figura secundária da sua lista. Ele que se amanhe e se desenrasque...
Falta agora fazer idêntica pergunta ao candidato Duarte Silva. Pela minha parte, estou muito curioso em conhecer a sua resposta.
Há um pergunta que por vezes se costuma fazer a um candidato a Presidente da Câmara : no caso de não ganhar, fica como vereador?
A pergunta faz sentido. Quem vota quer saber se o candidato que pensa escolher está também disponível para exercer eventualmente o seu dever de cidadania ( frequentemente invocado como razão da respectiva candidatura....), com humildade democrática, como vereador, com funções executivas ou não. É uma missão igualmente muito digna e valiosa para a comunidade municipal. Os candidatos de perfil mais “jetessético” ou menos propensos ao trabalho político de base, mais humilde e menos mediático, costumam dar uma resposta politicamente correcta assim do género chapa 3 : não sou candidato a vereador, mas sim, sou candidato a Presidente da Câmara. Um habilidade esperta para tentar fugir à resposta. Mas a verdade é que não foge, e responde mesmo. Ou seja, que se não for eleito Presidente da Câmara, não fica, não senhor, como vereador. Que horror, que seca ! Não lhe dá nenhum protagonismo, não pode aparecer nas televisões, por isso nem pensar ser só vereador. Foi esta resposta que já deu Santana Lopes, sobre a eleição a ter lugar em Lisboa.
Às vezes, argumentam que, ao assim responderem, estão a ser muito leais e honestos perante o eleitorado. Era o que faltava, um candidato dizer que sim, que ficava como vereador, e depois, tendo perdido a eleição, se negasse a ser vereador. Era o que faltava, mas talvez existam por aí politicos capazes de o fazer. Já temos visto de tudo.
No caso da Figueira da Foz, e ao que se saiba, a pergunta já foi feita aos candidatos Daniel Santos e João Ataíde. O primeiro foi claro : sim, ficará como vereador, no caso de não ser eleito para Presidente da Câmara. Quanto ao segundo, deu uma a resposta tipo chapa três acima referida. Trocando por miudos: não fica como vereador no caso de não ser eleito para Presidente. O que, no seu caso, até se compreende bem a razão. Em tal cenário, terá forçosamente de regressar ao desempenho da função de titular de outro orgão de soberania, do poder judicial, no caso vertente . Assim contribuindo de resto para reforçar o quadro de uma indesejável promiscuidade entre poder judicial e luta politico-partidária. Sem o que ficaria sem meios de subsistência, como parece óbvio. O trabalho político de oposição eventualmente sequente ao acto eleitoral terá de ficar para uma figura secundária da sua lista. Ele que se amanhe e se desenrasque...
Falta agora fazer idêntica pergunta ao candidato Duarte Silva. Pela minha parte, estou muito curioso em conhecer a sua resposta.
OS CLICHÊS DOS PROGRAMAS ELEITORAIS
(...)
“Relançar a economia e promover o emprego”, “reforçar a competitividade”, “valorizar as exportações”, “modernizar Portugal”, “reduzir as desigualdades”, “desenvolver as políticas sociais”, “qualificar os serviços públicos” são expressões que, de tão gastas, deixaram de significar o que quer que seja. Estas foram retiradas das linhas programáticas do PS . Mas também já constavam do programa eleitoral socialista de 2005. E, se procurarmos, também as encontramos em anteriores prgramas do PSD.
(...)
( in Editorial do PUBLICO de hoje)
(...)
“Relançar a economia e promover o emprego”, “reforçar a competitividade”, “valorizar as exportações”, “modernizar Portugal”, “reduzir as desigualdades”, “desenvolver as políticas sociais”, “qualificar os serviços públicos” são expressões que, de tão gastas, deixaram de significar o que quer que seja. Estas foram retiradas das linhas programáticas do PS . Mas também já constavam do programa eleitoral socialista de 2005. E, se procurarmos, também as encontramos em anteriores prgramas do PSD.
(...)
( in Editorial do PUBLICO de hoje)
domingo, julho 26, 2009
CARREIRAS QUE DESEMBOCAM NO CRIME
Os partidos que são os esteios da democracia portuguesa - PS, PSD, PP - convivem sem dificuldade com práticas que dão origem a carreiras que desembocam no crime(...) .
A tese é de Pacheco Pereira, numa das suas colunas habituais, e deveria ter provocado uma onda de manchetes e aberturas de telejornais. Ninguém ligou, ninguém se indignou, ninguém o ameaçou com um processo por difamação(...)
(...)
Ora a produção em série de Dias Loureiros pelos partidos dominantes ( ou o controlo dos Dias Loureiros sobre os partidos) é precisamente o tema de Pacheco Pereira.
As carreiras criminosas começam nas jotas : são o primeiro passo para os grandes negócios escuros, depois do tirocínio num lugar de assessor ou vereador numa Câmara ou noutros lugares (empresas públicas municipais ou estaduais) que os partidos do poder consideram seus. Também se descreve com muita precisão como as ferozes lutas dentro dos partidos são uma luta por poder e por lugares e como isso envenena toda a gestão da coisa pública.
(...)
Tudo isto tem uma importância decisiva para o modo como funcionam as empresas e economia em Portugal. Ajuda a explicar o inexplicável.
(...)
(Saldanha Sanches in EXPRESSO de ontem)
Nota
O QuintoPoder referiu-se aqui ao artigo de Pacheco Pereira .
Os partidos que são os esteios da democracia portuguesa - PS, PSD, PP - convivem sem dificuldade com práticas que dão origem a carreiras que desembocam no crime(...) .
A tese é de Pacheco Pereira, numa das suas colunas habituais, e deveria ter provocado uma onda de manchetes e aberturas de telejornais. Ninguém ligou, ninguém se indignou, ninguém o ameaçou com um processo por difamação(...)
(...)
Ora a produção em série de Dias Loureiros pelos partidos dominantes ( ou o controlo dos Dias Loureiros sobre os partidos) é precisamente o tema de Pacheco Pereira.
As carreiras criminosas começam nas jotas : são o primeiro passo para os grandes negócios escuros, depois do tirocínio num lugar de assessor ou vereador numa Câmara ou noutros lugares (empresas públicas municipais ou estaduais) que os partidos do poder consideram seus. Também se descreve com muita precisão como as ferozes lutas dentro dos partidos são uma luta por poder e por lugares e como isso envenena toda a gestão da coisa pública.
(...)
Tudo isto tem uma importância decisiva para o modo como funcionam as empresas e economia em Portugal. Ajuda a explicar o inexplicável.
(...)
(Saldanha Sanches in EXPRESSO de ontem)
Nota
O QuintoPoder referiu-se aqui ao artigo de Pacheco Pereira .
sábado, julho 25, 2009
AS FALSIDADES DE SANTANA LOPES
A candidatura de António Costa colocou no ciber espaço este video , sobre as falsidades (vá lá..inverdades para não ser muito cruel...) de Santana Lopes.
Este respondeu em moeda semelhante, neste outro video. Mas das várias falsidades de que foi acusado, o único ponto que procurou rebater foi que afinal a dívida da Câmara no final de 2008 era de 1700 milhões de euros e não de 1500 milhões de euros.
Na entrevista que concedeu há uns dias à RTP1, a certa altura, puxa de um gráfico de colunas e desata a afirmar que durante o tempo em que foi Presidente da Câmara foi quando esta teve menos despesa.Comentário no video acusatório de António Costa :
"Oh dr Santana Lopes. assim é mesmo manipulação. Se não pagou aos credores, é natural que tenha menos despesa. Ficou foi a dever muito mais. Só nesse ano de 2004, mais que duplicou as dívidas aos fornecedores : de 82 milhões de euros no final de 2003 para 196 milhões de euros no final de 2004 "
sexta-feira, julho 24, 2009
NO COMMENTS...
Representantes dos grupos folclóricos que participam no "Fig Folk Music", "o maior evento internacional realizado na Figueira da Foz nos últimos 23 anos", no sábio dizer de um ainda Vereador, foram recebidos na Câmara Municipal (presumo que no salão nobre...), conforme noticia hoje o diário As Beiras. Sobre a fotografia acima reproduzida...no comments....
(clicar na imagem para a ampliar)
OS POLITICOS E AS REDES SOCIAIS
O colega Politica de Choque referia-se num post recente ao papel e à importância das redes sociais criadas por candidadros às próximas eleições autárquicas.
A imagem acima reproduz um excerto do Facebook de Santana Lopes, retirado embora do Inimigo Publico , suplemento satírico do jornal PUBLICO do passado dia 10 de Julho.
(clicar na imagem para a aumentar )
quinta-feira, julho 23, 2009
COERÊNCIA E OBRIGAÇÕES
A líder do PSD amofina-se toda ao exigir que o Governo dê informações sobre a execução orçamental em 2009 . Até agora, só terminou o 1º semestre ; e sobre esta parte do ano há informações prestadas pela Direcção Geral do Orçamento, por exemplo aqui. Como já foi divulgado pela comunicação social, foi apurado que, relativamente a período homólogo de 2008, a receita do Estado diminuiu em 20,7 % e a despesa aumentou em 5,4% . Acha que a DGO está a faltar à verdade e a falsificar valores ?.
A líder do PSD amofina-se toda ao exigir que o Governo dê informações sobre a execução orçamental em 2009 . Até agora, só terminou o 1º semestre ; e sobre esta parte do ano há informações prestadas pela Direcção Geral do Orçamento, por exemplo aqui. Como já foi divulgado pela comunicação social, foi apurado que, relativamente a período homólogo de 2008, a receita do Estado diminuiu em 20,7 % e a despesa aumentou em 5,4% . Acha que a DGO está a faltar à verdade e a falsificar valores ?.
Claro que o défice disparou . E daí ? Teria forçosamente de disparar, como aconteceu em muitos (quase todos) outros países da União Europeia. Queria que, face à recessão económica global, o Estado não gastasse mais, e não injectasse liquidez na economia? Se não o injectasse, e o defice fosse muito mais baixo, aí a teríamos a denunciar que aqui d’el-Rei o Governo não mostra sensibilidade para com as empresas e as pessoas, nem sabe fazer face à crise . Conheço bem a cantilena da história do velho, o rapaz e o burro...
Mas já que a líder do PSD se preocupa tanto com a obrigação do Governo informar o país e os partidos sobre os números da execução orçamental do ano corrente, e por uma questão de coerência, não deveria começar por cuidar que tal princípio fosse literalmente aplicado também nas Câmaras Municipais, como a da Figueira da Foz, que são lideradas pelo PSD? Como já aqui se fez referência .
Mas já que a líder do PSD se preocupa tanto com a obrigação do Governo informar o país e os partidos sobre os números da execução orçamental do ano corrente, e por uma questão de coerência, não deveria começar por cuidar que tal princípio fosse literalmente aplicado também nas Câmaras Municipais, como a da Figueira da Foz, que são lideradas pelo PSD? Como já aqui se fez referência .
INGRATIDÃO E ESPERANÇA
Marcelo Rebelo de Sousa é que contava como era. Na altura da formação das listas para deputados, há sempre choro ( por vezes convulso), ranger de dentes e encrespar dos cabelos nas estruturas distritais e concelhias dos partidos.
Um dos casos mais exemplares e patuscos é o do advogado Castanheira Barros, em Coimbra, narrado na edição de hoje do jornal As Beiras.
Pois não é que o senhor doutor se desunhou todo na luta contra a co-incineração em Souselas, na luta contra o encerramentos das maternidades, nos artigos de opinião contra José Sócrates e sobre o caso Freport, e agora não é incluido na lista do PSD pelo distrito de Coimbra? Se não fosse por Coimbra, ao menos pelo círculo da emigração, co’s diabos! Logo ele, que achava que merecia o segundo lugar na lista. Logo ele que estava a contar, dentro de 2 meses, telefonar à tia a dizer :” tia, sou deputado! “. Tal como o outro, de que agora não convem muito recordar ter sido do PSD, que telefonou ao Pai, gritando : “Pai, sou ministro! “ . Ou daquele outro, mais modesto, que telefonou à namorada exclamando : “ rica, sou Vereador”...
Marcelo Rebelo de Sousa é que contava como era. Na altura da formação das listas para deputados, há sempre choro ( por vezes convulso), ranger de dentes e encrespar dos cabelos nas estruturas distritais e concelhias dos partidos.
Um dos casos mais exemplares e patuscos é o do advogado Castanheira Barros, em Coimbra, narrado na edição de hoje do jornal As Beiras.
Pois não é que o senhor doutor se desunhou todo na luta contra a co-incineração em Souselas, na luta contra o encerramentos das maternidades, nos artigos de opinião contra José Sócrates e sobre o caso Freport, e agora não é incluido na lista do PSD pelo distrito de Coimbra? Se não fosse por Coimbra, ao menos pelo círculo da emigração, co’s diabos! Logo ele, que achava que merecia o segundo lugar na lista. Logo ele que estava a contar, dentro de 2 meses, telefonar à tia a dizer :” tia, sou deputado! “. Tal como o outro, de que agora não convem muito recordar ter sido do PSD, que telefonou ao Pai, gritando : “Pai, sou ministro! “ . Ou daquele outro, mais modesto, que telefonou à namorada exclamando : “ rica, sou Vereador”...
O desapontado advogado vai escrever uma carta à líder do "seu" partido. “Seu” ?..será ainda ?. Ou eu me engano muito, ou o activíssimo militante ainda se vai oferecer, direitinho, ao PS. E não ficaria espantado se o PS o acolhesse no regaço . Para agora, em Setembro, já não cabe na lista . Mas daqui a uns meses ou a um ano, quando houver eleições legislativas antecipadas, quem sabe...Podes crer, meu.
O BRILHANTE EDIFICIO
O babilónico edifício da Ponte do Galante, aquele que era para ser um apart-hotel e provavelmente vai virar bloco de muitos apartamentos, já está fechado com vidros em caixilhos de alumínio anodizado. A avaliar por aquilo que lá se vê, por dentro, está ainda todo no tosco. Como no tosco continuam igualmente os blocos mais pequenos, ali entalados a rodear o gigante de 16 andares. Possivelmente não haverá nem pressa nem meios para os acabar, nem este nem aqueles. É o que é legítimo presumir, como explicação para o facto das obras prosseguirem com a lentidão de um caracol alentejano.
Acabadinho, acabadinho, prontinho a abrir, está o brilhante espaço onde deve vir a ser instalado o stand de vendas, como mostra uma das imagens acima. Compreende-se a razão. O promotor do aliciante negócio imobiliário, feito com a compra do terreno em 2003, quer ver se começa a vender uns apartamentozitos, ainda no tosco e por acabar, para adquirir alguma liquidez e poder depois terminá-los. A eles, aos que já eram para ser apartamentos, assim como ao bloco de 16 andares que, tendo sido para um hotel, tambem acabará por ser de apartamentos.
Veremos por que milagre da senhora da Encarnação (a betonal floresta está na vila de Buarcos...) vai ser possível vender mais apartamentos neste próximo futuro, depois de já rebentada a bolha imobilária. E quando, por todo o lado, na Figueira, se podem ler placas de “vende-se” afixadas em varandas de persianas bem cerradas durante todo o ano.
Entretanto, preparemo-nos para a ideia de nos irmos deslumbrar com aquele gigante de 16 andares por muito tempo na paisagem da avenida marginal. Envidraçado, brilhante ao sol do entardecer, mas desoladoramente vazio no seu miolo .
(clicar nas imagens para as ampliar)
quarta-feira, julho 22, 2009
PROPOSTAS E PROMESSAS
A meio desta legislatura, cheguei a esperar que José Sócrates tivesse aprendido a lição do erro de, em 2005, ter feito promessas levianas que depois verificou não poder cumprir. Tudo leva a crer que não aprendeu.
Perturbado pela derrota nas eleições europeias, pelo acosso do PSD, traduzido por ameaçadoras sondagens, e por toda a má sorte e a série de maldições que sobre ele desabaram nos últimos tempos, desde a grave recessão mundial, passando pelo voluntarista e crónico desnorte do ministro Mário Lino, e até ao desafio taurino do ministro Manuel Pinho, o Primeiro-Ministro parece ter-se passado. Dia sim dia não, desatinou agora a fazer de novo promessas sobre promessas. Chama-lhes propostas. Pode chamar-lhe o que quiser. A percepção pelos eleitores é que são promessas. Depois, se José Sócrates voltar a ser Primeiro-Ministro, vão exigir a sua cobrança.
No fim de semana foram mais subsídios para os idosos e mais bolsas de estudo para estudantes. Ontem foi a vez das “propostas” de concluir até 2013 a rede nacional de cuidados continuados, e estender o cheque dentista a todas as crianças dos quatro aos 16 anos. É provável que para o fim de semana apareçam mais.
A meio desta legislatura, cheguei a esperar que José Sócrates tivesse aprendido a lição do erro de, em 2005, ter feito promessas levianas que depois verificou não poder cumprir. Tudo leva a crer que não aprendeu.
Perturbado pela derrota nas eleições europeias, pelo acosso do PSD, traduzido por ameaçadoras sondagens, e por toda a má sorte e a série de maldições que sobre ele desabaram nos últimos tempos, desde a grave recessão mundial, passando pelo voluntarista e crónico desnorte do ministro Mário Lino, e até ao desafio taurino do ministro Manuel Pinho, o Primeiro-Ministro parece ter-se passado. Dia sim dia não, desatinou agora a fazer de novo promessas sobre promessas. Chama-lhes propostas. Pode chamar-lhe o que quiser. A percepção pelos eleitores é que são promessas. Depois, se José Sócrates voltar a ser Primeiro-Ministro, vão exigir a sua cobrança.
No fim de semana foram mais subsídios para os idosos e mais bolsas de estudo para estudantes. Ontem foi a vez das “propostas” de concluir até 2013 a rede nacional de cuidados continuados, e estender o cheque dentista a todas as crianças dos quatro aos 16 anos. É provável que para o fim de semana apareçam mais.
Ora não sei se José Sócrates terá feito bem as contas para saber se terá um nível razoável de disponibilidade orçamental para garantir o prometido. Duvido muito que o tenha feito e mais duvido que venha a ter essa disponibilidade.
Sem qualquer reserva, estou inteiramente de acordo com a crescente cobertura pelo Estado Social de todos os mais flagrantes défices de justiça social que ainda se verificam . Estou todavia ciente que, para realizar tal, e para simultaneamente controlar e reduzir o défice das contas do Estado, como será imperioso fazer, vai ser necessário aumentar os impostos. Sobre as classes altas, em primeiro lugar, sem dúvida. Mas também sobre a chamada classe média. Pela minha parte, concordo em que eu deva pagar mais impostos, e não protestarei se os tiver que pagar.
Mas convinha, convinha muito, que José Sócrates fosse desde já inequivocamente transparente, e esclarecesse como o vai fazer. A bem do seu bom nome, do bom nome do Partido Socialista, e
do bom nome da política
RESPONSABILIDADES
A propósito da verdadeira epidemia de caída na alçada da justiça, por alegados crimes de “colarinho branco”, de antigos membros de governos do PSD, cabe trazer à reflexão este excerto de um artigo de Pacheco Pereira no PUBLICO do passado dia 11 de Julho :
OS PARTIDOS SÃO RESPONSÁVEIS PELOS CRIMES DOS SEUS DIRIGENTES?
(...)
A minha resposta é sim, os partidos políticos individual e colectivamente têm responsabilidade naquilo que de ilegal fazem alguns dos seus altos dirigentes, em particular nos crimes que envolvem o exercício do poder, ou a influência adquirida pelo poder, porque não criaram no seu seio uma cultura de intransigência face a estes crimes, principalmente com todas as formas de tráfico de influência e corrupção, e convivem sem dificuldades com práticas que dão origem a verdadeiras carreiras que desembocam no crime.
A propósito da verdadeira epidemia de caída na alçada da justiça, por alegados crimes de “colarinho branco”, de antigos membros de governos do PSD, cabe trazer à reflexão este excerto de um artigo de Pacheco Pereira no PUBLICO do passado dia 11 de Julho :
OS PARTIDOS SÃO RESPONSÁVEIS PELOS CRIMES DOS SEUS DIRIGENTES?
(...)
A minha resposta é sim, os partidos políticos individual e colectivamente têm responsabilidade naquilo que de ilegal fazem alguns dos seus altos dirigentes, em particular nos crimes que envolvem o exercício do poder, ou a influência adquirida pelo poder, porque não criaram no seu seio uma cultura de intransigência face a estes crimes, principalmente com todas as formas de tráfico de influência e corrupção, e convivem sem dificuldades com práticas que dão origem a verdadeiras carreiras que desembocam no crime.
No actual estado de degradação das estruturas partidárias, em que a militância desinteressada e a adesão político-ideológica é quase irrelevante em relação à carreira aparelhística, os partidos no seu interior são verdadeiras escolas de tráfico de influência, de práticas pouco democráticas como os sindicatos de voto, de caciquismo, de fraudes eleitorais, de corrupção. É duro de se dizer, mas é verdade e nessa verdade paga o justo pelo pecador.
(...)
JUDICIOSAS DISPONIBILIDADES
O Presidente dessa coisa de sabor latino-americana que na gíria dá pelo nome de "Sindicato dos Juizes", ouvido pelas televisões, como tanto gosta, veio declarar que os senhores juizes estavam disponíveis para manter os tribunais abertos 12 meses por ano. Regista-se e agradece-se a generosidade.
Já agora, importava também saber se o Presidente do mesmo sindicato prometerá disponibilizar medidas disciplinadoras no sentido de que as audiências marcadas para as 9 horas da manhã comecem mesmo às 09:00 da manhã. Vá lá..ao menos entre as 09:01 e as 09:05.
Ou no sentido dos senhores juizes disponibilizarem despachos e sentenças em bom e correcto português, sintéticas, menos prolixas e menos eruditas, para que qualquer cidadão com um nível médio de literacia as consiga ler e entender.
O Presidente dessa coisa de sabor latino-americana que na gíria dá pelo nome de "Sindicato dos Juizes", ouvido pelas televisões, como tanto gosta, veio declarar que os senhores juizes estavam disponíveis para manter os tribunais abertos 12 meses por ano. Regista-se e agradece-se a generosidade.
Já agora, importava também saber se o Presidente do mesmo sindicato prometerá disponibilizar medidas disciplinadoras no sentido de que as audiências marcadas para as 9 horas da manhã comecem mesmo às 09:00 da manhã. Vá lá..ao menos entre as 09:01 e as 09:05.
Ou no sentido dos senhores juizes disponibilizarem despachos e sentenças em bom e correcto português, sintéticas, menos prolixas e menos eruditas, para que qualquer cidadão com um nível médio de literacia as consiga ler e entender.
UMA FINGIDA PREOCUPAÇÃO
Feitas as contas nacionais do primeiro semestre de 2009 (Nota) , deu para verificar que, relativamente a período homólogo de 2008, a receita do Estado diminuiu em 21,6% e a sua despesa aumentou em 5% . Segundo números oficiais o défice terá pulado para os 5,5 % do PIB . Mas haverá boas razões para presumir que estará já bem acima desse valor.
Só haverá surpresa genuina nos mais distraidos. Falsa surpresa será a manifestada por políticos que se comprazem a fazer exercícios de hipocrisia política. Que seria de esperar? Baixando a pique a produção e o comércio ( em especial o de exportação), as receitas de IVA e de IRC teriam de sofrer um trambolhão. Tendo o Estado injectado (e bem) milhões e milhões de euros na economia, através de subsídios, apoios, bonificações, reduções fiscais, obras públicas, transferências adicionais para as autarquias, a sua despesa teria forçosamente de disparar.
Com cara de pessoa contristada , um vice-presidente do PSD , no caso Aguiar Branco, apressou-se a vir logo manifestar a sua grande preocupação pelo nível alcançado pelo défice.
Feitas as contas nacionais do primeiro semestre de 2009 (Nota) , deu para verificar que, relativamente a período homólogo de 2008, a receita do Estado diminuiu em 21,6% e a sua despesa aumentou em 5% . Segundo números oficiais o défice terá pulado para os 5,5 % do PIB . Mas haverá boas razões para presumir que estará já bem acima desse valor.
Só haverá surpresa genuina nos mais distraidos. Falsa surpresa será a manifestada por políticos que se comprazem a fazer exercícios de hipocrisia política. Que seria de esperar? Baixando a pique a produção e o comércio ( em especial o de exportação), as receitas de IVA e de IRC teriam de sofrer um trambolhão. Tendo o Estado injectado (e bem) milhões e milhões de euros na economia, através de subsídios, apoios, bonificações, reduções fiscais, obras públicas, transferências adicionais para as autarquias, a sua despesa teria forçosamente de disparar.
Com cara de pessoa contristada , um vice-presidente do PSD , no caso Aguiar Branco, apressou-se a vir logo manifestar a sua grande preocupação pelo nível alcançado pelo défice.
O discurso esconde porém um fingimento e uma manifesta hipocrisia política . Certamente não lhe ocorrerá que se o actual Governo tivesse seguido as propostas dos líderes do PSD para que houvesse uma redução de impostos e para que fossem concedidos ainda mais apoios e subsídios, numa generosidade incontida e irresponsável, o défice seria ainda muito maior do que aquilo que agora é.
Nota
E a Câmara Municipal da Figueira da Foz, quando faz e divulga um balanço semestral semelhante? Deveria fazê-lo, em obediência à obrigação de uma gestão municipal transparente.
terça-feira, julho 21, 2009
O QUE A FIGUEIRA TEM E O QUE NÃO TEM (2)
Correcção:
A Figueira está próxima de 3 universidades: Universidade de Coimbra, Universidade de Aveiro e o Instituto Politéctico de Leiria, hoje já de matriz universitária.
O que a Figueira não tem, em resumo, é cultura industrial.
A Figueira está próxima de 3 universidades: Universidade de Coimbra, Universidade de Aveiro e o Instituto Politéctico de Leiria, hoje já de matriz universitária.
O que a Figueira não tem, em resumo, é cultura industrial.
(e-mail recebido de um leitor do QuintoPoder)
Um esclarecimento : Um Instituto Politécnico é uma instituição de Ensino Superior. Mas não é uma Universidade...
O QUE A FIGUEIRA TEM E O QUE NÃO TEM (1)
Em relação ao artigo publicado no blog, acrescento que uma das maiores dificuldades da Figueira foi o de sempre querer ter um pouco de tudo: turismo, porto e actividade portuária, indústria,... com o pensamento dos anos 50 do século passado.
Não fez apostas perspectivando o futuro. Acabou por...não ter referências significativas neste século! Um turismo sazonal, que durante o ano se coloca "em bicos de pés", com custos incomportáveis, para se poder afirmar; um porto que coloca dificuldades de navegação; uma indústria que não se afirma porque cria muitoa anticorpos, para não prejudicar outras actividades;... e quando surgem as oportunidades, serodiamente acorda para a realidade, debatendo e lamentando o que (não) foi feito para atrair investimento e desenvolvimento.
É um "filme" que passou (e vai continuando a passar a espaços ...) pela "sala de cinema" do burgo.
(e-mail recebido de um leitor do QuintoPoder )
PRESUNÇÃO E PESPORRÊNCIA
Tenho estado a seguir pelo canal Parlamento a audição do Ministro das Finanças e da Economia numa Comissão da Assembleia da República .
Confesso que admiro a muita pachorra e o grande esforço de contenção demonstrados pelo Ministro para pacientemente aguentar a presunçosa pesporrência e a demagogia das intervenções ouvidas de deputados daquela Comissão, em especial da deputada Rosário Águas (PSD) e do deputado Agostinho Lopes (PCP).
Quanto ao passado desempenho ético-político daquela senhora deputada, estamos conversados. Conheço bem a ruinosa, desastrosa e manipulada situação financeira que deixou na Câmara Municipal da Figueira da Foz, no final de 2001, depois de ter sido a Vereadora responsável pelas finanças do executivo camarário de Santana Lopes....
Tenho estado a seguir pelo canal Parlamento a audição do Ministro das Finanças e da Economia numa Comissão da Assembleia da República .
Confesso que admiro a muita pachorra e o grande esforço de contenção demonstrados pelo Ministro para pacientemente aguentar a presunçosa pesporrência e a demagogia das intervenções ouvidas de deputados daquela Comissão, em especial da deputada Rosário Águas (PSD) e do deputado Agostinho Lopes (PCP).
Quanto ao passado desempenho ético-político daquela senhora deputada, estamos conversados. Conheço bem a ruinosa, desastrosa e manipulada situação financeira que deixou na Câmara Municipal da Figueira da Foz, no final de 2001, depois de ter sido a Vereadora responsável pelas finanças do executivo camarário de Santana Lopes....
CONHECIMENTO OU A FALTA DELE...
O amigo António Jorge Pedrosa esclarece que “nisto” não está de acordo comigo. “Nisto” será no que escrevi há uns tempos sobre o uso e abuso do termo “competência” em vez de “conhecimento” . Confesso ter-me passado despercebido este post do Politica de Choque. Talvez por ter sido publicado no tempo de duas semanas em que andei a vadiar.
Para tentar explicar-me a diferença entre os dois conceitos, o Politica de Choque recorre a um bonito bonequinho, com bolinhas e setinhas, daqueles que os oferecidos consultores (Nota) adoram apresentar em imaginativos “power-points”...Não havia necessidade.
Ora a ver se nos entendemos. Eu conheço a diferença conceptual entre “conhecimento” (“saber”) e “competência” (“saber fazer”) . Contra o que eu me insurgi foi contra a apropriação, por parte da praga do “eduquês” e das suas iluminárias que pululam pelo Ministério da Educação, do termo “competência” , usando-o a propósito e a despropósito em substituição de “conhecimento” . Como que dando a entender que a Escola e até a Universidade são muito mais para dar “competências” do que verdadeiro “conhecimento”.
E o que mais se vê por aí é muita gente “competente” para ensinar, pois tiraram uns cursos e fizeram umas acções de formação em ciências pedagógicas, mas que conhecem muito mal, se conhecem, a matéria que “ensinam”.
O exemplo que dá, dos ministros e dos secretários de estado, não me parece bem escolhido. Porque o exercício da política (com p minusculo...) requer , por definição, “competências” de natureza mediática, de falar bem, de saber “transmitir a mensagem”, e do comportamento do fingimento. De onde se conclui que até nada teria impedido, à partida, que um “competente” Primeiro-Ministro pudesse ter tirado um curso na Universidade Independente. No condicional e à partida, sublinho bem...Quem diz um Primeiro-Ministro diz um Vereador, na Universidade Internacional.
O amigo António Jorge Pedrosa esclarece que “nisto” não está de acordo comigo. “Nisto” será no que escrevi há uns tempos sobre o uso e abuso do termo “competência” em vez de “conhecimento” . Confesso ter-me passado despercebido este post do Politica de Choque. Talvez por ter sido publicado no tempo de duas semanas em que andei a vadiar.
Para tentar explicar-me a diferença entre os dois conceitos, o Politica de Choque recorre a um bonito bonequinho, com bolinhas e setinhas, daqueles que os oferecidos consultores (Nota) adoram apresentar em imaginativos “power-points”...Não havia necessidade.
Ora a ver se nos entendemos. Eu conheço a diferença conceptual entre “conhecimento” (“saber”) e “competência” (“saber fazer”) . Contra o que eu me insurgi foi contra a apropriação, por parte da praga do “eduquês” e das suas iluminárias que pululam pelo Ministério da Educação, do termo “competência” , usando-o a propósito e a despropósito em substituição de “conhecimento” . Como que dando a entender que a Escola e até a Universidade são muito mais para dar “competências” do que verdadeiro “conhecimento”.
E o que mais se vê por aí é muita gente “competente” para ensinar, pois tiraram uns cursos e fizeram umas acções de formação em ciências pedagógicas, mas que conhecem muito mal, se conhecem, a matéria que “ensinam”.
O exemplo que dá, dos ministros e dos secretários de estado, não me parece bem escolhido. Porque o exercício da política (com p minusculo...) requer , por definição, “competências” de natureza mediática, de falar bem, de saber “transmitir a mensagem”, e do comportamento do fingimento. De onde se conclui que até nada teria impedido, à partida, que um “competente” Primeiro-Ministro pudesse ter tirado um curso na Universidade Independente. No condicional e à partida, sublinho bem...Quem diz um Primeiro-Ministro diz um Vereador, na Universidade Internacional.
Nota
Como o António Jorge sabe, eu adoro consultores...
segunda-feira, julho 20, 2009
O QUE A FIGUEIRA TEM E O QUE NÃO TEM
Acabei de ler na TSF “on-line” :
Sines e Estarreja são duas localizações escolhidas pela aliança Renault-Nissan para a instalação da fábrica de baterias em Portugal, adiantou esta segunda-feira à agência Lusa o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).
Vamos a ver no que isto dá. Oxalá que não seja de novo um lamentável flop como o outro da fábrica de pilhas de combustível a hidrogénio, que estava prometida e planeada para Montemor-o-Velho.
Mas se de facto o projecto da Renault-Nissan tiver pernas para andar, não poderia a Figueira mexer-se desde já, de forma muito pro-activa, candidatando-se ao projecto ?
O putativo investidor coloca algumas condições para a localização. Assim, a nova fábrica deverá :
- ser instalada perto do mar, numa zona servida por um porto ( a Figueira está e tem...) ;
- ser servida por bons acessos rodoviários ( a Figueira agora é...)
- estar próxima de uma Universidade ( a Figueira está próxima de duas...) ;
- dispor de espaço suficiente para uma eventual expansão no futuro ( a Figueira tem, na zona sul...)
O que a Figueira não tem aos olhos de muitos investidores, infelizmente, é o perfil de uma terra de indústria, como Estarreja ou Sines. Antes a ela estão associados , ainda, um perfil e uma falsa fama de ser terra de turismo. E às vezes os investidores torcem o nariz a instalar indústrias em terras com fama ( ainda que sem proveito) de serem destinos turísticos.
Acabei de ler na TSF “on-line” :
Sines e Estarreja são duas localizações escolhidas pela aliança Renault-Nissan para a instalação da fábrica de baterias em Portugal, adiantou esta segunda-feira à agência Lusa o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).
Vamos a ver no que isto dá. Oxalá que não seja de novo um lamentável flop como o outro da fábrica de pilhas de combustível a hidrogénio, que estava prometida e planeada para Montemor-o-Velho.
Mas se de facto o projecto da Renault-Nissan tiver pernas para andar, não poderia a Figueira mexer-se desde já, de forma muito pro-activa, candidatando-se ao projecto ?
O putativo investidor coloca algumas condições para a localização. Assim, a nova fábrica deverá :
- ser instalada perto do mar, numa zona servida por um porto ( a Figueira está e tem...) ;
- ser servida por bons acessos rodoviários ( a Figueira agora é...)
- estar próxima de uma Universidade ( a Figueira está próxima de duas...) ;
- dispor de espaço suficiente para uma eventual expansão no futuro ( a Figueira tem, na zona sul...)
O que a Figueira não tem aos olhos de muitos investidores, infelizmente, é o perfil de uma terra de indústria, como Estarreja ou Sines. Antes a ela estão associados , ainda, um perfil e uma falsa fama de ser terra de turismo. E às vezes os investidores torcem o nariz a instalar indústrias em terras com fama ( ainda que sem proveito) de serem destinos turísticos.
BLOQUICES DE ADVOGADO
Arlindo de Carvalho, conhecido por ter sido ministro de um governo do PSD, deu hoje entrada no Tribunal Central de Instrução Criminal , no Parque das Nações em Lisboa. Está a ser ouvido pelo juiz no âmbito do "caso BPN". Estava acompanhado do seu advogado, João Nabais.
É impressão minha, ou este senhor advogado não é uma personalidade que esteve ou está intensamente ligado ao Bloco de Esquerda?...
PRO QUE SERVEM AS JOTAS...
Lido na imprensa de hoje :
“JS quer oito elegíveis “
O que quer dizer que a Jota-esse quer oito candidatos a deputados em lugares elegíveis.
É pró que servem as Jotas, né?...
Lido na imprensa de hoje :
“JS quer oito elegíveis “
O que quer dizer que a Jota-esse quer oito candidatos a deputados em lugares elegíveis.
É pró que servem as Jotas, né?...
O BLOCO E A PROVA DOS NOVE
Não tenho qualquer simpatia nem tão pouco apreço político pelos dirigentes mais mediáticos do Bloco de Esquerda. É sentimento dirigido sobretudo para aqueles que ainda não esclareceram muito bem onde meteram o seu trotskismo ou que escondem o seu nunca abjurado marxismo-leninismo, quando não mesmo estalinismo convicto . Alguns, muito vistos e bem conhecidos, irrrrrritam-me particularmente pela sua arrogância e pesporrência verbal, à mistura com um toque de esquerdismo puramente diletante e blasé.
Tenho porém de reconhecer que pelo BE vagueiam cidadãos que a ele se acolhem por legítima descrença ou desilusão, mas com genuino potencial político democrático, trigo que importaria separar do joio. E que porventura, mais ano menos ano, o Bloco ( palavra que dá ideia de coisa firme, sólida e rochosa...) acabará por criar fissuras e a seguir estilhaçar. Dos estilhaços algo se aproveitará para o arco partidário da governação democrática e responsável.
Isto dito, acho que seria muito bom para a saúde do regime democrático se o Bloco de Esquerda conquistasse umas 4 ou 5 Câmaras Municipais nas próximas eleições autárquicas. Digo-o sem qualquer ironia.
Dava para fazer uma primeira avaliação sobre o desempenho do BE quando metesse realmente as mãos no poder. Dava para verificar e julgar se tudo aquilo que o BE proclama que diz e que acontece se forem eles a mandar, faz e acontece realmente. Ou seja, para ver se o seu apelativo discurso político não é só blá-blá-blá , ou se no domínio do concreto se traduziria de facto em diferente e melhor maneira de exercer o poder.
Não tenho qualquer simpatia nem tão pouco apreço político pelos dirigentes mais mediáticos do Bloco de Esquerda. É sentimento dirigido sobretudo para aqueles que ainda não esclareceram muito bem onde meteram o seu trotskismo ou que escondem o seu nunca abjurado marxismo-leninismo, quando não mesmo estalinismo convicto . Alguns, muito vistos e bem conhecidos, irrrrrritam-me particularmente pela sua arrogância e pesporrência verbal, à mistura com um toque de esquerdismo puramente diletante e blasé.
Tenho porém de reconhecer que pelo BE vagueiam cidadãos que a ele se acolhem por legítima descrença ou desilusão, mas com genuino potencial político democrático, trigo que importaria separar do joio. E que porventura, mais ano menos ano, o Bloco ( palavra que dá ideia de coisa firme, sólida e rochosa...) acabará por criar fissuras e a seguir estilhaçar. Dos estilhaços algo se aproveitará para o arco partidário da governação democrática e responsável.
Isto dito, acho que seria muito bom para a saúde do regime democrático se o Bloco de Esquerda conquistasse umas 4 ou 5 Câmaras Municipais nas próximas eleições autárquicas. Digo-o sem qualquer ironia.
Dava para fazer uma primeira avaliação sobre o desempenho do BE quando metesse realmente as mãos no poder. Dava para verificar e julgar se tudo aquilo que o BE proclama que diz e que acontece se forem eles a mandar, faz e acontece realmente. Ou seja, para ver se o seu apelativo discurso político não é só blá-blá-blá , ou se no domínio do concreto se traduziria de facto em diferente e melhor maneira de exercer o poder.
Pretendendo ser a sociologia politica uma ciência (há por aí muito quem se intitule de politólogo...) também nela caberia a prova da experiência. Limitada a experiência à escala local, não seria ainda uma prova real. Mas pelo menos seria uma primeira prova dos nove.
PS
E querem saber?. Tenho cá um palpite que na Câmara da Figueira da Foz o BE vai meter um Vereador. Sendo quem deve ser, e por aquilo que tenho lido do que tem escrito, até me parece que aquele seria um bom cenário.
PS
E querem saber?. Tenho cá um palpite que na Câmara da Figueira da Foz o BE vai meter um Vereador. Sendo quem deve ser, e por aquilo que tenho lido do que tem escrito, até me parece que aquele seria um bom cenário.
domingo, julho 19, 2009
UMA FOLGA APROVEITADA?...
À boleia de um salvante programa disponibilizado pelo Governo, com o imaginativo nome de “Plano de Recuperação Extraordinária de Dívidas do Estado” ( com o não menos imaginativo acrónimo de PREDE) para pagamento das dívidas das autarquias aos fornecedores , (e consequente injecção de liquidez na economia real) a execução orçamental da Câmara Municipal da Figueira da Foz viu-se este ano provida de uns 11,8 milhões de euros adicionais, caídos qual maná sobre a tribo de Moisés a atravessar o deserto. Muitas dívidas já foram pagas. Algumas tão antigas como tendo 2 anos...disso sei eu.
A dívida total da Câmara da Figueira no final de 2008 era a seguinte ( em milhões de euros) (Nota):
- Dívida a bancos ( médio e longo prazo) : 21,6
- Dívida a fornecedores : 35,6
- Dívida total : 57,2
Aquele balão de oxigénio fez obviamente baixar a dívida a fornecedores. Contudo, como foi facultado a título de empréstimo, e segundo o principio dos vasos comunicantes, fez reduzir a dívida a fornecedores em 11,8 milhões de euros mas fez aumentar a dívida à banca em igual montante.
A situação devedora teria então passado a um perfil semelhante a este (em milhões de euros) :
- Dívida a bancos : 33,4
- Dívida a fornecedores : 23,8
- Dívida total : 57,2
A dívida total não foi por isso alterada, por efeito desta prenda abençoada. Poderia tê-lo sido, logo se verá, se tiver havido amortização de empréstimos à banca. Esta não costuma perdoar. Não é como os fornecedores, aos quais sempre se pode ir dizendo para “assentarem” o calote na pipa, pois se tal não aceitarem perdem um cliente. Mau cliente, mas apesar de tudo um cliente .
Agora com um inconveniente, todavia. A Câmara terá de passar a pagar juros à banca , coisa que não fazia aos fornecedores credores. O que dará acrescida tensão à gestão das despesas correntes.
Falta saber se, neste tempo de braza pre-eleitoral, o actual executivo, com a folga agora criada, não se porá a fazer, por aí, uns gastos “extraordinários” com obras “eleitoralistas” de última hora, e a distribuir subsídios por conta, adiando outra vez o pagamento das facturas aos fornecedores. Assim fazendo de novo crescer a divida a curto prazo para próximo dos 35,6 milhões de Euros que se registava antes de ter caído o tal maná de Moisés. É o que veremos depois quando apresentadas as contas de 2009. Se assim acontecer, ou logo se vê, ou o próximo Presidente da Cãmara que se desenrasque...
À boleia de um salvante programa disponibilizado pelo Governo, com o imaginativo nome de “Plano de Recuperação Extraordinária de Dívidas do Estado” ( com o não menos imaginativo acrónimo de PREDE) para pagamento das dívidas das autarquias aos fornecedores , (e consequente injecção de liquidez na economia real) a execução orçamental da Câmara Municipal da Figueira da Foz viu-se este ano provida de uns 11,8 milhões de euros adicionais, caídos qual maná sobre a tribo de Moisés a atravessar o deserto. Muitas dívidas já foram pagas. Algumas tão antigas como tendo 2 anos...disso sei eu.
A dívida total da Câmara da Figueira no final de 2008 era a seguinte ( em milhões de euros) (Nota):
- Dívida a bancos ( médio e longo prazo) : 21,6
- Dívida a fornecedores : 35,6
- Dívida total : 57,2
Aquele balão de oxigénio fez obviamente baixar a dívida a fornecedores. Contudo, como foi facultado a título de empréstimo, e segundo o principio dos vasos comunicantes, fez reduzir a dívida a fornecedores em 11,8 milhões de euros mas fez aumentar a dívida à banca em igual montante.
A situação devedora teria então passado a um perfil semelhante a este (em milhões de euros) :
- Dívida a bancos : 33,4
- Dívida a fornecedores : 23,8
- Dívida total : 57,2
A dívida total não foi por isso alterada, por efeito desta prenda abençoada. Poderia tê-lo sido, logo se verá, se tiver havido amortização de empréstimos à banca. Esta não costuma perdoar. Não é como os fornecedores, aos quais sempre se pode ir dizendo para “assentarem” o calote na pipa, pois se tal não aceitarem perdem um cliente. Mau cliente, mas apesar de tudo um cliente .
Agora com um inconveniente, todavia. A Câmara terá de passar a pagar juros à banca , coisa que não fazia aos fornecedores credores. O que dará acrescida tensão à gestão das despesas correntes.
Falta saber se, neste tempo de braza pre-eleitoral, o actual executivo, com a folga agora criada, não se porá a fazer, por aí, uns gastos “extraordinários” com obras “eleitoralistas” de última hora, e a distribuir subsídios por conta, adiando outra vez o pagamento das facturas aos fornecedores. Assim fazendo de novo crescer a divida a curto prazo para próximo dos 35,6 milhões de Euros que se registava antes de ter caído o tal maná de Moisés. É o que veremos depois quando apresentadas as contas de 2009. Se assim acontecer, ou logo se vê, ou o próximo Presidente da Cãmara que se desenrasque...
Nota
A dívida total era de :
- 8,9 milhões de euros no final de 2000
- 8,6 milhões de euros no final de 1997
A dívida total era de :
- 8,9 milhões de euros no final de 2000
- 8,6 milhões de euros no final de 1997
sábado, julho 18, 2009
O REGRESSO À ESTACA ZERO E UM ESFORÇO CICLÓPICO
Foi o grande objectivo proclamado no programa de Sócrates - cumprir o Pacto de Estabilidade e reduzir o défice abaixo dos 3% do PIB, partindo dos 6% herdados de Santana Lopes.
Conseguiu-o efectivamente : foi de 2,6% em 2008, depois de muitos sacrrifícios e já instalada a crise.
Ironia : se é a "folga" nas contas que permite a primeira reacção à crise, as medidas para a combater já fizeram o défice disparar para 6% , no mínimo.
É o regresso à estaca zero, com a agravante de antes de 2011 não ser possível corrigi-lo.
(in EXPRESSO de hoje)
Há gente qualificada e isenta que avança com uma previsão de um défice entre os 7 e os 8% no ano corrente de 2009. A Suécia, que detem actualmente a presidência da União Europeia, já começa a falar em que, mal se recupere um pouco da crise, a nível europeu, se reponha o equilíbrio das contas dos estados membros o mais rápidamente possível. Para o conseguir, Portugal vai ter de fazer um esforço de contenção ciclópico. No governo central e também na administração local .
Senhores candidatos a Presidente da Câmara da Figueira da Foz : contem com isso nas vossa contas, nas vossas promessas, nos vossos "desejos e ambições" que quando acenados ao eleitorado geram expectativas e é como se fossem promessas, no estabelecimento do inequívoco ordenamento das vossas prioridades. Que esse sim, os eleitores gostariam de conhecer com clareza.
sexta-feira, julho 17, 2009
APOIOS
Ora aqui está um apoio que me faria reforçar ainda mais o meu apoio a Rui Rio, se acaso fosse eleitor votante no Porto.
A MODA DOS “PROVADORES”
A moda dos “provedores”, espalhada já por aí, por empresas, bancos e outras organizações, e de provedores sectoriais, parece querer chegar também à Figueira da Foz.
João Ataíde, o candidato do PS à Câmara , já fez saber que, se for eleito, irá criar um “provedor” municipal. Há quem aplauda e fique muito contente, por tal poder ser, ao que alegam, “um interlocutor entre os municipes e o executivo camarário”. À falta de melhores propostas, e em vez da definição clara de prioridades, teremos então a promessa de mais um “provedor”. Se não estou em erro, o candidato Duarte Silva adiantou promessa semelhante .
Para que raio servirá mais este cargo de âmbito municipal?. Não vislumbro, de todo. Provedores dos munícipes, cidadãos mandatados para fazerem a mediação entre municipes e o poder executivo municipal são, ou obviamente deveriam ser, os deputados da Assembleia Municipal e os próprios vereadores da Câmara Municipal, em particular os não executivos. É também para isso que eles foram eleitos e têm assento nesses orgãos autárquicos. Recordo-me que a Drª Natércia Crisanto, por exemplo. desempenhava por vezes esse papel com dedicação, bom senso, sabedoria e eficácia.
Imaginar e pretender que vai ser um chamado “gabinete de mediação” onde terá assento o tal “provedor do munícipe” que vai contribuir para que “nenhum Municipe “ se possa queixar que “ a Camara Municipal não lhe responde” demonstra, no mínimo, candura política.
De facto acontece frequentemente (com demasiada frequência na Figueira da Foz, infelizmente...) que os serviços municipais ou o executivo da Câmara Municipal não respondem aos munícipes, nem sequer a requerimentos ou perguntas dos próprios vereadores ou dos deputados municipais. O problema não está na falta de “mediação do provedor” . Resulta acima de tudo da falta de genuina cultura democrática e da preferência por uma “opacidade” na gestão municipal, por parte do executivo camarário. Ou até mesmo do contumaz incumprimento da lei ou das boas regras da gestão transparente.
Contra tal, não haverá “provedor” que valha. O que valerá sobretudo são a pertinaz insistência e a combatividade politica dos vereadores não executivos ou dos deputados municipais. Poderia valer, isso sim, o poder judicial, se este funcionasse de forma eficaz e expedita. Às vezes, vale a intervenção do quarto poder, o dos media. E talvez até, quem sabe, a intervenção do quinto poder . Não o deste prosaico blogue, obviamente, mas o da blogosfera em geral.
A moda dos “provedores”, espalhada já por aí, por empresas, bancos e outras organizações, e de provedores sectoriais, parece querer chegar também à Figueira da Foz.
João Ataíde, o candidato do PS à Câmara , já fez saber que, se for eleito, irá criar um “provedor” municipal. Há quem aplauda e fique muito contente, por tal poder ser, ao que alegam, “um interlocutor entre os municipes e o executivo camarário”. À falta de melhores propostas, e em vez da definição clara de prioridades, teremos então a promessa de mais um “provedor”. Se não estou em erro, o candidato Duarte Silva adiantou promessa semelhante .
Para que raio servirá mais este cargo de âmbito municipal?. Não vislumbro, de todo. Provedores dos munícipes, cidadãos mandatados para fazerem a mediação entre municipes e o poder executivo municipal são, ou obviamente deveriam ser, os deputados da Assembleia Municipal e os próprios vereadores da Câmara Municipal, em particular os não executivos. É também para isso que eles foram eleitos e têm assento nesses orgãos autárquicos. Recordo-me que a Drª Natércia Crisanto, por exemplo. desempenhava por vezes esse papel com dedicação, bom senso, sabedoria e eficácia.
Imaginar e pretender que vai ser um chamado “gabinete de mediação” onde terá assento o tal “provedor do munícipe” que vai contribuir para que “nenhum Municipe “ se possa queixar que “ a Camara Municipal não lhe responde” demonstra, no mínimo, candura política.
De facto acontece frequentemente (com demasiada frequência na Figueira da Foz, infelizmente...) que os serviços municipais ou o executivo da Câmara Municipal não respondem aos munícipes, nem sequer a requerimentos ou perguntas dos próprios vereadores ou dos deputados municipais. O problema não está na falta de “mediação do provedor” . Resulta acima de tudo da falta de genuina cultura democrática e da preferência por uma “opacidade” na gestão municipal, por parte do executivo camarário. Ou até mesmo do contumaz incumprimento da lei ou das boas regras da gestão transparente.
Contra tal, não haverá “provedor” que valha. O que valerá sobretudo são a pertinaz insistência e a combatividade politica dos vereadores não executivos ou dos deputados municipais. Poderia valer, isso sim, o poder judicial, se este funcionasse de forma eficaz e expedita. Às vezes, vale a intervenção do quarto poder, o dos media. E talvez até, quem sabe, a intervenção do quinto poder . Não o deste prosaico blogue, obviamente, mas o da blogosfera em geral.
UMA SINDROMA NACIONAL...
Através de um link do colega local O Ambiente na Figueira da Foz, fui conduzido a ler um excelente artigo de Pedro Bringe publicado na Ops! (revista de opinião socialista) deste mês de Julho. Nele faz um sintético relato do processo urbanístico da Ponte do Galante, considerando-o como um “case study” daquilo a que, com propriedade, chama de “sindroma nacional”.
Destaco desse artigo alguns excertos, que me parecem ilustrativos das suas conclusões .
(...) também na Figueira o interesse dos promotores imobiliários os motiva a impor à cidade edifícios cada vez mais altos, onde quer que se encontrem terrenos vagos, para empolar o valor dos terrenos em que assentam e assim captar mais-valias urbanísticas, mesmo que tal mutile a volumetria de toda a malha urbana.
Através de um link do colega local O Ambiente na Figueira da Foz, fui conduzido a ler um excelente artigo de Pedro Bringe publicado na Ops! (revista de opinião socialista) deste mês de Julho. Nele faz um sintético relato do processo urbanístico da Ponte do Galante, considerando-o como um “case study” daquilo a que, com propriedade, chama de “sindroma nacional”.
Destaco desse artigo alguns excertos, que me parecem ilustrativos das suas conclusões .
(...) também na Figueira o interesse dos promotores imobiliários os motiva a impor à cidade edifícios cada vez mais altos, onde quer que se encontrem terrenos vagos, para empolar o valor dos terrenos em que assentam e assim captar mais-valias urbanísticas, mesmo que tal mutile a volumetria de toda a malha urbana.
Para que um promotor consiga sacar mais-valias urbanísticas de uma avenida praticamente consolidada como a marginal da Figueira, duas manobras estão ao seu dispor: ou adquire um edifício de pequeno volume e solicita à autarquia alvará para o expandir, ou adquire um lote de terreno não construído a baixo preço e solicita alvará para o edificar.
Em ambos os casos o valor do prédio é instantaneamente multiplicado pela decisão administrativa de emitir um alvará, oferecendo ao proprietário aquilo a que os economistas clássicos chamavam um “rendimento imerecido”.
Até mesmo o pai ideológico do Liberalismo, Stuart Mill, condenava esta forma de enriquecimento. Fiéis ao pensamento daquele filósofo, os países mais desenvolvidos banem semelhantes tentativas de enriquecimento sem causa produtiva e designam-nos nos meios eruditos por “actividades de captura de rendas [urbanísticas]”, e nos meios populares de pura e simples “corrupção”.
As actividades político-económicas que produziram o caso da Ponte do Galante são, na sua natureza profunda e nos seus resultados últimos, idênticas àquelas que produziram a vasta maioria das urbanizações maciças e indesculpavelmente despropositadas que se esparziram pelas paisagens portuguesas das últimas décadas.
A Ponte do Galante é um mero caso particular de uma síndroma nacional que arrasou a economia e o território para beneficiar um grupo ínfimo de “promotores”.
As actividades político-económicas que produziram o caso da Ponte do Galante são, na sua natureza profunda e nos seus resultados últimos, idênticas àquelas que produziram a vasta maioria das urbanizações maciças e indesculpavelmente despropositadas que se esparziram pelas paisagens portuguesas das últimas décadas.
A Ponte do Galante é um mero caso particular de uma síndroma nacional que arrasou a economia e o território para beneficiar um grupo ínfimo de “promotores”.
quinta-feira, julho 16, 2009
A CARREIRA
(...)
Um jovem que chegue hoje a um partido político por via das "jotas" entra numa secção e encontra imediatamente um mundo de conflitos internos em que as partes o vão tentar arregimentar. Ele pode esperar vir para fazer política, mas vai imediatamente para um contínuo e duro confronto entre uma ou outra lista para delegados a um congresso, para a presidência de uma secção, para uma assembleia distrital, em que os que já lá estão coleccionaram uma soma de ódios. Ele entra para um mundo de confrontação pelos lugares, que se torna imediatamente obsessivo. Não se fala doutra coisa, não se faz outra coisa do que procurar "protagonismo" e "espaço político".
Se se deixa levar, ou pior, se tem apetência para este tipo de vida, passa a ter uma sucessão de reuniões e começa a pertencer a uma qualquer tribo, herdando os conflitos dos dirigentes dessa tribo e participando do tradeoff de lugares e promessas e expectativas de carreira. Não lhe custa muito perceber que neste meio circulam várias possibilidades de ter funções cujo estatuto, salário e poder são muito maiores e com menos dificuldades do que se tiver que competir no mercado do trabalho, e tiver que melhorar as suas qualificações com estudos e cursos mais árduos. Por via partidária, ele acede à possibilidade de ser muita coisa, presidente de junta, assessor, entrar para uma empresa municipalizada, ir para os lugares do Estado que as estruturas partidárias consideram "seus" como sejam as administrações regionais de saúde, escolares, da segurança social. E por aí acima.
Veja-se uma biografia típica de aparelho partidário. Nascimento num meio rural, frequência de curso, abandono do curso "por funções políticas", nalguns casos terminado depois numa instituição de ensino superior privada sem grande reputação de exigência. Típica profissão, por exemplo, "consultor jurídico". Pouco depois de chegar às "jotas" já é chefe de projectos num programa público, por nomeação de um secretário de Estado da juventude (o delegado das "jotas" no governo), adjunto numa câmara muncipal, depois vereador . Como vereador dirige-se para os lugares de grande confiança política, urbanismo, candidaturas a fundos europeus, contratos-programa. Depois acumula com as empresas municipalizadas. Está a caminho de ser deputado, e eventualmente secretário de Estado numa área em que também é necessário a máxima confiança partidária, juventude, segurança social, comunidades. Ele sabe o que tem que fazer: gerir lealdades e obediências, empregar membros do partido em funções de chefia, subsidiar aquela instituição de solidariedade nacional "das nossas", "ajudar" o partido na terra X ou Y, a começar por aquela de onde vem.
(...)
(Pacheco Pereira in PUBLICO do passado sábado, 11 de Julho)
(Pacheco Pereira in PUBLICO do passado sábado, 11 de Julho)
ERA UMA VEZ...
Era uma vez um Rei de um reino distante. Lá no reino também havia um Duque, senhor poderoso e ambicioso, que já fora íntimo de um Papa antigo. Mas como o Rei não queria ou não podia fazer ao Duque aquilo que El-Rei D. João II fez ao Duque de Viseu, o Rei procurava estar de bem com os seus súbditos, encarando a sorrir as ambições do duque. Assim lá se ia aguentando.
Um dia, foi preciso escolher alguém para ir representar o reino a Roma, numa visita ao Papa, a fim de lhe prestar vassalagem e lhe beijar a mão. O Rei queria ir visitar o Papa, mas o Duque achava que deveria ser ele, o Duque, a representar o reino e a beijar a mão ao Papa.
Então o Rei mandou reunir os seus súbditos junto à entrada do seu castelo altaneiro. E falou-lhes
assim : é preciso que o reino seja representado junto do Papa , e por isso, teremos de escolhar quem vai representar o reino ; gostava de ser eu, e acho que devia ser eu, por ser o vosso Rei; mas o nosso querido Duque também quer ir; de modo que tereis de ser vós, amados súbditos, a decidir, por votação democrática (o Rei era já muito democrático, o que naquele tempo era raro...) quem deverá ir.
Era uma vez um Rei de um reino distante. Lá no reino também havia um Duque, senhor poderoso e ambicioso, que já fora íntimo de um Papa antigo. Mas como o Rei não queria ou não podia fazer ao Duque aquilo que El-Rei D. João II fez ao Duque de Viseu, o Rei procurava estar de bem com os seus súbditos, encarando a sorrir as ambições do duque. Assim lá se ia aguentando.
Um dia, foi preciso escolher alguém para ir representar o reino a Roma, numa visita ao Papa, a fim de lhe prestar vassalagem e lhe beijar a mão. O Rei queria ir visitar o Papa, mas o Duque achava que deveria ser ele, o Duque, a representar o reino e a beijar a mão ao Papa.
Então o Rei mandou reunir os seus súbditos junto à entrada do seu castelo altaneiro. E falou-lhes
assim : é preciso que o reino seja representado junto do Papa , e por isso, teremos de escolhar quem vai representar o reino ; gostava de ser eu, e acho que devia ser eu, por ser o vosso Rei; mas o nosso querido Duque também quer ir; de modo que tereis de ser vós, amados súbditos, a decidir, por votação democrática (o Rei era já muito democrático, o que naquele tempo era raro...) quem deverá ir.
Mas...oh infame surpresa, os súbditos escolheram o Duque!. O Rei ficou a princípio muito perturbado e triste, mas depois de ouvir o seu santo confessor, resolveu declarar-se muito lisonjeado e comovido, após o que agradeceu aos seus súbditos a sua sábia decisão, a qual era uma clara prova de afecto e dedicação, pois assim expressavam bem a sua vontade de que o Rei permanecesse com eles, os seus dilectos súbditos, juntos dos quais tinha muito trabalho a desenvolver
E assim aconteceu, para alegria de todos e glória do Duque. O Rei ficou conformado e contente junto dos seus súbditos. Assim viveram todos, felizes e contentes, por mais alguns anos anos.
E assim aconteceu, para alegria de todos e glória do Duque. O Rei ficou conformado e contente junto dos seus súbditos. Assim viveram todos, felizes e contentes, por mais alguns anos anos.
Esta é uma história que o leitor poderá contar ao seu filhote ou ao seu netinho, para tentar que ele finalmente adormeça . Só que não se espante se ele, no fim de a ouvir, começar a repetir : “ e depois?...”
SILLY SEASON ( ESTAÇÃO PARVA) ?
Será tudo isto mera especulação paroquial, teremos voltado ao tempo de Carnaval, está tudo maluco, ou será que simplesmente entramos alegremente na silly season?
HÁ 40 ANOS
Faz hoje 40 anos, reuniram-se em São Pedro de Moel representantes das diversas sensibilidades da então Oposição Democrática. Chegaram a uma espécie de acordo, uma plataforma de entendimento, que ficou conhecida como Plataforma de São Pedro de Moel. Sobre ela se haveriam de constituir, em todos os distritos nacionais, candidaturas de oposição democrática para as “eleições” prometidas para o mês de Outubro de 1969. Vivia-se então a ditadura do Estado Novo, na altura numa fase mais soft, mas efémera, daquilo que ficou conhecido como “a primavera marcelista” . Faltavam menos de 5 anos para o 25 de Abril.
(clicar nas imagens para as aumentar)
quarta-feira, julho 15, 2009
ESTÁ COMO EU...
Carmona Rodrigues está como eu. Ver aqui. Também só sei, por enquanto, em quem não vou votar nas proximas eleições autárquicas . Vou também convocar uma conferência de imprensa para amanhã, às 14 horas, no meio da praia da Figueira, para declarar isso mesmo, e bem assim que não me candidato a nenhuma Câmara Municipal. Nem à da nossa paróquia, nem nenhuma...pronto.
Está convidada a imprensa local, regional, a blogosfera (local e nacional), a SIC Noticias, o Abrupto, a BBC, a CNN e a Lusa... Esqueci-me de alguém?...Espera lá..faltou-me referir A Bola e a GENTE!.
INCOMPATIBILIDADES E JUSTIFICAÇÕES
A Assembleia da República já teve este ano 73 sessões plenárias. O deputado Pereira Coelho esteve presente em 71. Faltou portanto a duas. Uma justificada por trabalho parlamentar, outra por razões de saúde.
A Câmara Municipal da Figueira da Foz teve até agora, este ano, 14 reuniões ordinárias, das quais ainda só 9 estão divulgadas no respectivo sítio da Internet. O vereador Pereira Coelho, por sinal a mesma pessoa que ainda é deputado, não esteve presente em nenhuma delas. Das faltas dadas, duas foram justificadas por alegadas razões de saúde e as restantes por alegado trabalho parlamentar
Todas as faltas foram reverentemente justificadas pela Câmara, por proposta do seu Presidente.
Ora de duas uma.
A Assembleia da República já teve este ano 73 sessões plenárias. O deputado Pereira Coelho esteve presente em 71. Faltou portanto a duas. Uma justificada por trabalho parlamentar, outra por razões de saúde.
A Câmara Municipal da Figueira da Foz teve até agora, este ano, 14 reuniões ordinárias, das quais ainda só 9 estão divulgadas no respectivo sítio da Internet. O vereador Pereira Coelho, por sinal a mesma pessoa que ainda é deputado, não esteve presente em nenhuma delas. Das faltas dadas, duas foram justificadas por alegadas razões de saúde e as restantes por alegado trabalho parlamentar
Todas as faltas foram reverentemente justificadas pela Câmara, por proposta do seu Presidente.
Ora de duas uma.
Ou o trabalho parlamentar de um deputado é perfeitamente compatilizável com a sua qualidade de vereador de uma Câmara Municipal, e então não faz faltas sistemáticas às reuniões desta.
Ou não é compatilizável, como sempre achei, e então não pode acumular as duas funções. E as faltas que der não serão ipso facto consideradas como justificadas, devendo tal ter como consequência a perda do mandato.
A menos que quem é Presidente da Câmara não lhe convenha nada, mesmo nada, estar a fazer ondas, a mexer na coisa e a substituir o vereador sistemáticamente faltoso. E vá justificando as faltas, a ver se o seu próprio mandato chega ao fim sem mais tropelias ou complicações...
Ou não é compatilizável, como sempre achei, e então não pode acumular as duas funções. E as faltas que der não serão ipso facto consideradas como justificadas, devendo tal ter como consequência a perda do mandato.
A menos que quem é Presidente da Câmara não lhe convenha nada, mesmo nada, estar a fazer ondas, a mexer na coisa e a substituir o vereador sistemáticamente faltoso. E vá justificando as faltas, a ver se o seu próprio mandato chega ao fim sem mais tropelias ou complicações...
TENTAÇÕES ELEITORALISTAS
A imagem acima reproduz um excerto de uma crónica de Sarsfield Cabral, no PUBLICO do passado dia 13. Transpira lucidez e bom senso. Devia suscitar reflexão em muitos dos nossos responsáveis políticos, tanto à escala nacional como à escala local. Aqui nesta nossa paróquia, também. Nos candidatos à Câmara Municipal, sobretudo.
(Clicar na imagem para a ampliar)
ÉPOCA DE SALDOS
Já teve início a época de saldos das promessas eleitorais para a escolha do próximo Presidente da Câmara da Figueira da Foz. Vamos a ver quem dará mais, e quem vai mais longe na sua imaginativa generosidade.
O candidato João Ataíde, proposto pelo PS acenou anteontem mais uns quantos “objectivos estratégicos”, “propostas estratégicos” , “projectos de grande potencial”, ou lá o que quer que seja e se pretenda chamar, como eufemismo, às chamadas “promessas eleitorais” .
Ora vejamos, já cá cantam :
- a requalificação da zona ribeirinha
- uma Pousada da Juventude
- a requalificação do Bairro Novo
- a requalificação do Mercado Municipal
- um parque temático
- um Centro de Investigação Científica
Haverá mais. Deste e de outros candidatos. O Quinto Poder estará atento e cuidará de manter o inventário actualizado.
Já teve início a época de saldos das promessas eleitorais para a escolha do próximo Presidente da Câmara da Figueira da Foz. Vamos a ver quem dará mais, e quem vai mais longe na sua imaginativa generosidade.
O candidato João Ataíde, proposto pelo PS acenou anteontem mais uns quantos “objectivos estratégicos”, “propostas estratégicos” , “projectos de grande potencial”, ou lá o que quer que seja e se pretenda chamar, como eufemismo, às chamadas “promessas eleitorais” .
Ora vejamos, já cá cantam :
- a requalificação da zona ribeirinha
- uma Pousada da Juventude
- a requalificação do Bairro Novo
- a requalificação do Mercado Municipal
- um parque temático
- um Centro de Investigação Científica
Haverá mais. Deste e de outros candidatos. O Quinto Poder estará atento e cuidará de manter o inventário actualizado.
terça-feira, julho 14, 2009
LISBOA, LISBOA, AI LISBOA...
Na fantástica e surrealista entrevista que Santana Lopes acaba de conceder à RTP1, o ilustre entrevistado rematou-a da seguinte comovente maneira, mais vírgula, menos vírgula :
"Lisboa, Lisboa, só Lisboa. Agora só me interessa Lisboa, Lisboa, só Lisboa. Estou convencido que durante os próximos 8 anos, se Deus Nosso Senhor quizer, estarei a trabalhar por Lisboa!..."
ORA AQUI ESTÁ...
...uma boa notícia. Para os lisboetas, e não só. Já aqui me tinha referido ao perigo...
AS APARÊNCIAS E AS CORES DOS CANDIDATOS
O espectro da luz visível vai do violeta ao vermelho, passando pelo azul, pelo verde e pelo amarelo.
A candidatura de Daniel Santos à Câmara Municipal da Figueira da Foz escolheu o verde. Talvez porque, quando associado ao amarelo, tal componha o conjunto das cores da Figueira da Foz. Dirá que não, que é a cor da esperança. Só que nisto da esperança é como a água benta ; cada um toma a que quer.
O candidato do PS, o juiz João Ataíde das Neves ( dou-lhe direito a 3 nomes...) escolheu o azul, sem quaisquer matizes de vermelho ou de rosa, como se compreenderia e quase exigiriam os socialistas da velha guarda , dado o património histórico do partido que localmente o escolheu. Talvez seja para fingir que a eleição a que se propõe não é, também, um pleito político partidário, no qual um juiz não deveria entrar. Fingimento que não é nada que o PCP não tenha feito e faça, escondendo-se, por calculismo eleitoral, à sombra da sigla CDU, também pintada em cor azul, aparentando estar coligado com uma ficção que dá pelo apelativo nome de “Verdes”...
Falta agora saber que côr escolherá Duarte Silva para a sua candidatura. Não lhe restam muitas alternativas. Vermelho ou rosa decerto não escolherá, para não haver confusões. Amarelo não conviria, é a cor da indiferença, se não mesmo da tibieza. Laranja, poderia ser, não fora a circunstância do candidato desejar demarcar o seu nome de todas as trapalhadas e tristes espectáculos que nos últimos anos foram acontecendo nas hostes laranjas figueirenses. Aliás com a sua complacente incapacidade de dar um murro na mesa, quando fosse necessário.
O espectro da luz visível vai do violeta ao vermelho, passando pelo azul, pelo verde e pelo amarelo.
A candidatura de Daniel Santos à Câmara Municipal da Figueira da Foz escolheu o verde. Talvez porque, quando associado ao amarelo, tal componha o conjunto das cores da Figueira da Foz. Dirá que não, que é a cor da esperança. Só que nisto da esperança é como a água benta ; cada um toma a que quer.
O candidato do PS, o juiz João Ataíde das Neves ( dou-lhe direito a 3 nomes...) escolheu o azul, sem quaisquer matizes de vermelho ou de rosa, como se compreenderia e quase exigiriam os socialistas da velha guarda , dado o património histórico do partido que localmente o escolheu. Talvez seja para fingir que a eleição a que se propõe não é, também, um pleito político partidário, no qual um juiz não deveria entrar. Fingimento que não é nada que o PCP não tenha feito e faça, escondendo-se, por calculismo eleitoral, à sombra da sigla CDU, também pintada em cor azul, aparentando estar coligado com uma ficção que dá pelo apelativo nome de “Verdes”...
Falta agora saber que côr escolherá Duarte Silva para a sua candidatura. Não lhe restam muitas alternativas. Vermelho ou rosa decerto não escolherá, para não haver confusões. Amarelo não conviria, é a cor da indiferença, se não mesmo da tibieza. Laranja, poderia ser, não fora a circunstância do candidato desejar demarcar o seu nome de todas as trapalhadas e tristes espectáculos que nos últimos anos foram acontecendo nas hostes laranjas figueirenses. Aliás com a sua complacente incapacidade de dar um murro na mesa, quando fosse necessário.
A EXECUÇÃO ORÇAMENTAL EM 2009
Terminado que foi o primeiro semestre de 2009, a Câmara Municipal da Figueira da Foz deve estar em condições de fazer já um balanço da sua execução orçamental no corrente ano, pelo menos do lado das receitas, bem como um inventário actualizado do valor agregado da dívida do Município ( divida a bancos e dívida a fornecedores) .
Não só o pode fazer, como tem obrigação de o fazer. Cumpriria um dever ético e uma regra de transparência, divulgando depois os valores apurados aos municípes, e em particular aos candidatos já publicamente conhecidos às próximas eleições à Câmara Municipal .
Seria bom que cada um destes pudesse ficar suficientemente conhecedor da realidade imediata com que se irá defrontar logo em Novembro, quando tiver que preparar o Orçamento Municipal para 2010, no caso de ser eleito para Presidente da Câmara . Isto se quiser preparar um Orçamento, enquanto instrumento verdadeiro e eficaz de gestão anual, e não um Orçamento de “faz de conta”, como até aqui tem acontecido. Isso ajudaria a que tivesse desde já algum tento na língua quanto às promessas que por aí irá espalhando ao longo do tempo que falta para as eleições. E para depois não vir tão facilmente dizer que foi apanhado de surpresa, e que não fazia nenhuma ideia da actual situação financeira do Município.
Terminado que foi o primeiro semestre de 2009, a Câmara Municipal da Figueira da Foz deve estar em condições de fazer já um balanço da sua execução orçamental no corrente ano, pelo menos do lado das receitas, bem como um inventário actualizado do valor agregado da dívida do Município ( divida a bancos e dívida a fornecedores) .
Não só o pode fazer, como tem obrigação de o fazer. Cumpriria um dever ético e uma regra de transparência, divulgando depois os valores apurados aos municípes, e em particular aos candidatos já publicamente conhecidos às próximas eleições à Câmara Municipal .
Seria bom que cada um destes pudesse ficar suficientemente conhecedor da realidade imediata com que se irá defrontar logo em Novembro, quando tiver que preparar o Orçamento Municipal para 2010, no caso de ser eleito para Presidente da Câmara . Isto se quiser preparar um Orçamento, enquanto instrumento verdadeiro e eficaz de gestão anual, e não um Orçamento de “faz de conta”, como até aqui tem acontecido. Isso ajudaria a que tivesse desde já algum tento na língua quanto às promessas que por aí irá espalhando ao longo do tempo que falta para as eleições. E para depois não vir tão facilmente dizer que foi apanhado de surpresa, e que não fazia nenhuma ideia da actual situação financeira do Município.
segunda-feira, julho 13, 2009
AS OPINIÕES DOS CONSELHEIROS
Os nomes de Daniel Santos e de Nogueira Santos, candidatos independentes à Câmara e à Assembleia Municipal da Figueira, já não constam da longa lista dos membros do chamado Conselho de Opinião do Secção da Figueira da Foz do PPD/PSD... Já não são conselheiros, portanto.
Resta saber se muitos dos outros conselheiros que por lá se lêm, estarão bem cientes da circunstância dos seus nomes ainda por lá constarem. Talvez fosse conveniente alguêm verificar...
Os nomes de Daniel Santos e de Nogueira Santos, candidatos independentes à Câmara e à Assembleia Municipal da Figueira, já não constam da longa lista dos membros do chamado Conselho de Opinião do Secção da Figueira da Foz do PPD/PSD... Já não são conselheiros, portanto.
Resta saber se muitos dos outros conselheiros que por lá se lêm, estarão bem cientes da circunstância dos seus nomes ainda por lá constarem. Talvez fosse conveniente alguêm verificar...
CARTA DE ESTRATÉGIA... ELEITORAL
Confesso ter por vezes tentações para entrar também no coro da deprimente ladainha de que “este país está uma desgraça”, “ a política é uma choldra” e “os políticos são todos iguais”...
Uma dessas ocasiões foi quando ontem dei de caras com uma folheto da Câmara Municipal de Lisboa distribuída com a edição do PUBLICO do dia.
Desta feita, não é um “plano estratégico” . Chama-se o documento uma “carta estratégica Lisboa 2010/2024”, nome igualmente bonito e bem sonante. É constituido por 16 páginas, em bom papel couchê, repleto de texto e bonequinhos no melhor estilo “politiquês” e “consultês” . Nem meia dúzia de cidadãos lisboetas terão tido a pachorra de o lerem. Sobretudo porque o folheto, preparado por uns ilustres senhores comissários e comissárias, e lançado a escassos 3 meses das próximas eleições autárquicas, é obviamente um descarado instrumento de campanha eleitoral, pago com dinheiros do Município lisboeta. Uns centésimos de cêntimo vêm do meu bolso.
O texto da insigne “carta estratégica” termina com este ditirâmbico texto :
“Lisboa definir-se-à pelo exemplo no exercício da cidadania, da oportunidade e da sustentabilidade. A sua alma múltipla pulsará mais forte. E o bulício da cidade conviverá com o sussurro dos seus recantos únicos, as ondas do Tejo requebrar-se-ão nos cais de Lisboa, as redes electrónicas ligá-la-ão aos afazeres do globo. Lisboa será descoberta. E os lisboetas sonharão com o futuro. Será assim em 2024.”
Pois é...Sucede que os lisboetas, certamente como os figueirenses, desejam e exigem mas é ter, agora e não só em 2024, coisas tão prosaicas como espaços públicos limpos e sem lixos, passeios confortáveis, prédios não degradados, segurança nas ruas, pavimentos em bom estado, paredes sem grafitis, centros urbanos povoados, câmaras municipais que sejam pessoas de bem e a pagar a tempo e horas, e outros desejos desta trivial natureza. Que talvez os “ políticos sonhadores” achem impróprios das suas superiores visões e sonhos. E para cuja execução não são precisos “planos estratégicos” ou “cartas estratégicas”, eleitoralmente oportunistas.
PS
Incluído na tal “carta estratégica” para Lisboa, está o delicioso boneco, acima reproduzido, cheio de bolinhas e setinhas, muito ao gosto de conceituados assessores e consultores da “gestão estratégica”. Darei um doce a quem mo souber ler e interpretar. Tem lindas palavras terminadas em “dade”, como está na moda : identidade, equidade, solidariedade, criatividade. Pelo meio do texto do folheto, descobrem-se outras , tais como “centralidade” e , vejam lá, não se riam,...”cumulatividade”...
(clicar nas imagens para as ampliar)
O CUMPRIMENTO DO ESTADO PROVIDÊNCIA
(...)
No “modelo [social] europeu” assenta o contrato que no fim da guerra afastou a revolução da “Europa” e garantiu 70 anos de paz.
Mas nem esse contrato se reduzia ao Estado Providência – implicava na essência um constante crescimento económico - nem está manifestamente a ser cumprido.
E não está a ser cumprido não por causa da perversidade da direita ou por qualquer putativa falta de vontade política do PS e congéneres.
Não está a ser cumprido pela simples razão de que não há dinheiro ( ou dinheiro que chegue) e de que o crescimento económico, sua premissa e sua base, por enquanto acabou.
(...)
(...)
No “modelo [social] europeu” assenta o contrato que no fim da guerra afastou a revolução da “Europa” e garantiu 70 anos de paz.
Mas nem esse contrato se reduzia ao Estado Providência – implicava na essência um constante crescimento económico - nem está manifestamente a ser cumprido.
E não está a ser cumprido não por causa da perversidade da direita ou por qualquer putativa falta de vontade política do PS e congéneres.
Não está a ser cumprido pela simples razão de que não há dinheiro ( ou dinheiro que chegue) e de que o crescimento económico, sua premissa e sua base, por enquanto acabou.
(...)
( Vasco Pulido Valente, in PUBLICO de domingo)
sábado, julho 11, 2009
EM QUATRO FOLHAS A4
Na sua crónica do EXPRESSO de hoje, com muita oportunidade, escreve António Pires de Lima (um homem de direita, eu sei…) :
“ (…) a opinião sobre cada investimento público seria bem mais fácil se a análise de cada um deles fosse resumida em 4 folhas A4 e facilitada a todos na internet :
- uma página com as alternativas e pressupostos ;
- outra com a avaliação financeira e externalidades ;
- uma terceira com análises de sensibilidade ;
- e uma última com as fontes de financiamento.
O valor actual líquido e o período de recuperação deveriam ser conhecidos de todos (…)
Este sintético e sábio conselho não deve ser só para o actual ou o futuro Governo. O recado vai direitinho, também e sobretudo, para muitas câmaras municipais e seus presidentes. A bom entendedor…
Na sua crónica do EXPRESSO de hoje, com muita oportunidade, escreve António Pires de Lima (um homem de direita, eu sei…) :
“ (…) a opinião sobre cada investimento público seria bem mais fácil se a análise de cada um deles fosse resumida em 4 folhas A4 e facilitada a todos na internet :
- uma página com as alternativas e pressupostos ;
- outra com a avaliação financeira e externalidades ;
- uma terceira com análises de sensibilidade ;
- e uma última com as fontes de financiamento.
O valor actual líquido e o período de recuperação deveriam ser conhecidos de todos (…)
Este sintético e sábio conselho não deve ser só para o actual ou o futuro Governo. O recado vai direitinho, também e sobretudo, para muitas câmaras municipais e seus presidentes. A bom entendedor…
sexta-feira, julho 10, 2009
UMA HOMENAGEM À FIGUEIRA
...neste post do Portugal dos Pequeninos. Em registo demasiado saudosista para meu gosto, mas enfim , sempre é uma homenagem que vale a pena ler, ver e ouvir.
MAIS UM PLANO ESTRATÉGICO...
Através de uma vistosa apresentação em “power point” , ao melhor estilo dos anúncios do desastrado ex-ministro Manuel Pinho, o Presidente da Câmara da Figueira da Foz apresentou ante-ontem mais um “plano estratégico”. Ainda mais uma vez, para intervenção de re-qualificação das frentes ribeirinha e marítima, ali em volta do forte Santa Catarina. Vai ter um espaço multi – usos , e tudo. Que tambem não se sabe muito bem para quê, mas enfim, é uma promessa que fica sempre bem fazer-se em campanha eleitoral. Cheira por demais a “deja vue”...Recordo este post do QuintoPoder de há umas semanas. Anúncio igual a este fora feito em Agosto de 2005. Curiosamente, mas não por coincidência, também 3 meses antes de eleições autárquicas.
O visto “plano estratégico” vai ser levado a cabo, como está na moda, com uma “parceria público privada”. Deve ser muito pública e pouco privada, a julgar pelos “parceiros estratégicos” anunciados. Do lado público, ou seja, com os nossos ( em parte meus..) impostos, temos : a Câmara Municipal, a empresa municipal FGT , a Sociedade Figueira Parques e a Administração do Porto da Figueira da Foz. Não sei mesmo se uma chamada Agência de Desenvolvimento Regional de Estruturas e Investimentos do Mondego. Tem um nome complicado e extenso, deve ser coisa fina, mas lamento não saber o que é...Falta e ignorância minhas. Do lado privado, foi anunciado que estarão o Clube Nautico, o Tenis Clube e a Sociedade Figueira Praia. Não os imaginava com tamanha generosidade e com tantos recursos financeiros para entrarem numa fantasia destas. Deve ser, uma vez mais ainda, ignorância minha.
Da leitura da notícia, não percebi bem se o financiamento do milagroso QREN está já ou não garantido. Creio que não, a avaliar por aquilo que o Presidente da Câmara anunciou ( e afinal não é só José Sócrates que faz anúncios..) de haver agora um prazo de um ano para apresentar os projectos.
A realização da obra sonhada ( digo bem, sonhada..) , à partida, o que quer dizer sem as habituais derrapagens, que agora até podem começar logo na fase do lançamento do concurso, vai alegadamente custar 13 milhões de euros. Do lado do Município, este terá de entrar com 7 milhões. Uns trocos!. Onde os vai buscar, é para mim um mistério. A novo empréstimo e a nova dívida? Vai descobrir petroleo na ilha da Morraceira, ou uma mina de ouro debaixo do areal da Fgueira? Vai ganhar o Euromilhões? Não sei mesmo.
Através de uma vistosa apresentação em “power point” , ao melhor estilo dos anúncios do desastrado ex-ministro Manuel Pinho, o Presidente da Câmara da Figueira da Foz apresentou ante-ontem mais um “plano estratégico”. Ainda mais uma vez, para intervenção de re-qualificação das frentes ribeirinha e marítima, ali em volta do forte Santa Catarina. Vai ter um espaço multi – usos , e tudo. Que tambem não se sabe muito bem para quê, mas enfim, é uma promessa que fica sempre bem fazer-se em campanha eleitoral. Cheira por demais a “deja vue”...Recordo este post do QuintoPoder de há umas semanas. Anúncio igual a este fora feito em Agosto de 2005. Curiosamente, mas não por coincidência, também 3 meses antes de eleições autárquicas.
O visto “plano estratégico” vai ser levado a cabo, como está na moda, com uma “parceria público privada”. Deve ser muito pública e pouco privada, a julgar pelos “parceiros estratégicos” anunciados. Do lado público, ou seja, com os nossos ( em parte meus..) impostos, temos : a Câmara Municipal, a empresa municipal FGT , a Sociedade Figueira Parques e a Administração do Porto da Figueira da Foz. Não sei mesmo se uma chamada Agência de Desenvolvimento Regional de Estruturas e Investimentos do Mondego. Tem um nome complicado e extenso, deve ser coisa fina, mas lamento não saber o que é...Falta e ignorância minhas. Do lado privado, foi anunciado que estarão o Clube Nautico, o Tenis Clube e a Sociedade Figueira Praia. Não os imaginava com tamanha generosidade e com tantos recursos financeiros para entrarem numa fantasia destas. Deve ser, uma vez mais ainda, ignorância minha.
Da leitura da notícia, não percebi bem se o financiamento do milagroso QREN está já ou não garantido. Creio que não, a avaliar por aquilo que o Presidente da Câmara anunciou ( e afinal não é só José Sócrates que faz anúncios..) de haver agora um prazo de um ano para apresentar os projectos.
A realização da obra sonhada ( digo bem, sonhada..) , à partida, o que quer dizer sem as habituais derrapagens, que agora até podem começar logo na fase do lançamento do concurso, vai alegadamente custar 13 milhões de euros. Do lado do Município, este terá de entrar com 7 milhões. Uns trocos!. Onde os vai buscar, é para mim um mistério. A novo empréstimo e a nova dívida? Vai descobrir petroleo na ilha da Morraceira, ou uma mina de ouro debaixo do areal da Fgueira? Vai ganhar o Euromilhões? Não sei mesmo.
Talvez seja melhor ter um novo plano estratégico, a encomendar a um desses gurus-consultores do planeamento que por aí andam, desta vez para se ficar a saber onde se vai buscar aquele cacau todo. Daria pelo menos para fazer um novo anúncio e uma nova apresentação em “power-point”...
quinta-feira, julho 09, 2009
PORTUGAL DOS PEQUENINOS
Fui hoje à tarde, ao Casino da Figueira, à apresentação do livro “Portugal dos Pequeninos”, de
João Gonçalves, autor do bem conhecido blogue com o mesmo nome. Na sala, dúzia e meia de presenças, se tanto . Os blogueiros da minha terra parece que andam distraidos.
Na contra capa do livro, lê-se :: “ Um dos melhores cronistas deste século XXI “. O testemunho é do insuspeito Medeiros Ferreira, que tambem escreveu o prefácio. Onde a certa altura esclare : “ Será necessário enfatizar que estou longe de simpatizar com a forma como ataca pessoas e instituições envolvidas no processo histórico do regime democrático ?” .
Leitor fiel do blogue, sou admirador do estilo terrivelmente sintético, sarcástico e eficaz do autor do “Portugal dos Pequeninos” . Isso mesmo lhe disse. Como também disse que “ me irritava muito, às vezes, não tanto o que escrevia, mas sobretudo o registo em que escrevia” . Cheguei a provocá-lo perguntando-lhe se não achava que o tom amargo e azedo dos seus escritos poderia ser interpretado como sinal de “arrogância intelectual” . Respondeu com fair-play, a si próprio se classificando como provocador e contraditório. Na dedicatória deixada no exemplar que comprei, escreveu : “ Ao Saraiva Santos, este Portugal dos Pequeninos que, espero bem, o continue a irritar por mais algum tempo. Com amizade...” .
Fui hoje à tarde, ao Casino da Figueira, à apresentação do livro “Portugal dos Pequeninos”, de
João Gonçalves, autor do bem conhecido blogue com o mesmo nome. Na sala, dúzia e meia de presenças, se tanto . Os blogueiros da minha terra parece que andam distraidos.
Na contra capa do livro, lê-se :: “ Um dos melhores cronistas deste século XXI “. O testemunho é do insuspeito Medeiros Ferreira, que tambem escreveu o prefácio. Onde a certa altura esclare : “ Será necessário enfatizar que estou longe de simpatizar com a forma como ataca pessoas e instituições envolvidas no processo histórico do regime democrático ?” .
Leitor fiel do blogue, sou admirador do estilo terrivelmente sintético, sarcástico e eficaz do autor do “Portugal dos Pequeninos” . Isso mesmo lhe disse. Como também disse que “ me irritava muito, às vezes, não tanto o que escrevia, mas sobretudo o registo em que escrevia” . Cheguei a provocá-lo perguntando-lhe se não achava que o tom amargo e azedo dos seus escritos poderia ser interpretado como sinal de “arrogância intelectual” . Respondeu com fair-play, a si próprio se classificando como provocador e contraditório. Na dedicatória deixada no exemplar que comprei, escreveu : “ Ao Saraiva Santos, este Portugal dos Pequeninos que, espero bem, o continue a irritar por mais algum tempo. Com amizade...” .
O AEROPORTO – AERÓDROMO MUNICIPAL
Pelos vistos por falta de “parceiro estratégico” com quem a Câmara Municipal pudesse fazer um “parceria público-privada” (coisa que está muito na moda...), a obra de um aeródromo , ali para os lados de Lavos, fica retardada para 2012 . Ao que li, já teriam sido “investidos” na coisa mais de um milhão de euros. Não terá sido dinheiro todo ele consumido, melhor dizendo, espatifado..., a partir dos cofres municipais. Houve lá muito trabalho feito por uma unidade militar de engenharia. Pouco me importa. O dinheiro dispendido veio todo da mesma fonte. Parte dele foi do meu bolso, do dinheiro dos meus impostos.
Esta história lembra-me uma outra. Desde Abril de 1999 até cerca de Abril de 2002, a Câmara Municipal da Figueira manteve com um senhor técnico destas coisas da aeronáutica, que estava em Lisboa, uma avença de prestação de serviços cujo conteúdo rezava assim : “ assessoria, coordenação e acompanhamento de estudo prévio e plano director de desenvolvimento do aeródromo municipal da Figueira da Foz “. Cobrava , na moeda da altura, 350 contos por mês, chamem-lhe tolo. Ao todo, só à pala dessa avença, foram “investidos” cerca de 63 000 euros, na moeda nova.
Quando às vezes me perguntam o que acho sobre o que um Presidente da Câmara deveria fazer na Figueira da Foz, com carácter prioritário, eu costumo responder : manter os pés bem assentes na terra . No caso vertente, precisamente o contrário daquilo para que serve um aeroporto ou um aeródromo.
Pelos vistos por falta de “parceiro estratégico” com quem a Câmara Municipal pudesse fazer um “parceria público-privada” (coisa que está muito na moda...), a obra de um aeródromo , ali para os lados de Lavos, fica retardada para 2012 . Ao que li, já teriam sido “investidos” na coisa mais de um milhão de euros. Não terá sido dinheiro todo ele consumido, melhor dizendo, espatifado..., a partir dos cofres municipais. Houve lá muito trabalho feito por uma unidade militar de engenharia. Pouco me importa. O dinheiro dispendido veio todo da mesma fonte. Parte dele foi do meu bolso, do dinheiro dos meus impostos.
Esta história lembra-me uma outra. Desde Abril de 1999 até cerca de Abril de 2002, a Câmara Municipal da Figueira manteve com um senhor técnico destas coisas da aeronáutica, que estava em Lisboa, uma avença de prestação de serviços cujo conteúdo rezava assim : “ assessoria, coordenação e acompanhamento de estudo prévio e plano director de desenvolvimento do aeródromo municipal da Figueira da Foz “. Cobrava , na moeda da altura, 350 contos por mês, chamem-lhe tolo. Ao todo, só à pala dessa avença, foram “investidos” cerca de 63 000 euros, na moeda nova.
Quando às vezes me perguntam o que acho sobre o que um Presidente da Câmara deveria fazer na Figueira da Foz, com carácter prioritário, eu costumo responder : manter os pés bem assentes na terra . No caso vertente, precisamente o contrário daquilo para que serve um aeroporto ou um aeródromo.
quarta-feira, julho 08, 2009
CLAREZA E CORAGEM POLÍTICA
Nas suas ainda poucas declarações públicas sobre as próximas eleições autárquicas, os três principais candidados a Presidente da Câmara da Figueira da Foz já se referiram à necessidade de fazer o chamado saneamento financeiro da Câmara Municipal. É certamente um eufemismo, uma maneira elegante e politicamente correcta para designar a imperiosa necessidade de, numa linguagem terra a terra, equlibrar o deve com o haver. E pagar as dívidas a quem se deve, sobretudo a fornecedores.
O candidato Daniel Santos disse ter consciência da gravidade da actual situação económica da autarquia, acrescentando que será com competência que se poderá dar início ao saneamento financeiro da Câmara . É evidente, mas parece-me muito vago. Talvez pense que terá oportunidade de mais tarde ser explícito sobre a matéria. Logo veremos.
O candidato João Ataíde reconheceu que a tarefa mais dificil é o saneamento financeiro, mas acrescenta contar para isso com “ os excelentes recursos humanos existentes na autarquia” . Tem razão neste último aspecto, mas não vejo o que é que isso tenha a ver com o grande esforço de equilibrio que terá de desenvolver se acaso for eleito.
O candidato Duarte Silva, actual Presidente da Câmara, prometeu que sim senhor, desta vez é que vai dar prioridade a um plano de saneamento financeiro . É a seguir, é mesmo já a seguir. Curioso que fala ainda em “plano”, não fala em saneamento financeiro, e ponto.
E como isto de saber equilibrar o deve com o haver é coisa muito complicada, para especialistas, a Câmara Municipal até já encomentou , por ajuste directo, a uma firma de consultores-especialistas, um “ Estudo e Plano de Saneamento Financeiro do Município da Figueira da Foz “. Vai ser feito por uma firma chamada Marques da Cunha, Arlindo Duarte e Associados, Sociedade de Revisores de Contas.
O contrato foi celebrado em Maio passado. A coisa vai custar 55 mil euros. O prazo de execução é de 250 dias. Lá para Janeiro ou Fevereiro do ano que vem teremos o tal plano . Enquanto não houver este, o “saneamento” pode esperar. Depois logo se vê.
Como qualquer simples cidadão sabe, só há 3 maneiras de conseguir o equilíbrio financeiro e diminuir as dívidas. Seja de um família, seja de um club, de uma cãmara municipal, ou de um Estado :
- aumentar as receitas
- reduzir as despesas
- mexer nas duas coisas, puxando uma para cima e outra para baixo
No caso da CMFF , não se vê maneira de fazer aumentar as receitas, a não ser aumentando taxas municipais e impostos de efeitos locais, ou vendendo património se o houver e se aparecerem compradores. Cada figueirense já paga para o Municipio IRS à taxa de 5% , o valor máximo permitido por Lei. A derrama sobre o IRC esta já à taxa de 10%, o valor máximo previsto por Lei. Quanto ao IMI, não sei sei bem se ainda poderá ser aumentado. Com as contas do Estado em mau estado, não prevejo que no proximo ano as transferências vao aumentar, antes pelo contrario. A possibilidade de realizar receitas de capital, como a venda de património, está fortemente condicionada pela crise económica que está para durar. A tendência para o próximo ano, será portanto que as receitas levarão um rombo.
Resta a possibilidade de reduzir as despesas. Importa saber quais. O que fará mais sentido será reduzir menos as essenciais, e reduzir mais as acessórias, na lógica de que se “vão os aneis mas fiquem os dedos”.
É então sobre isto tudo que importa saber o que pensam os candidatos. Não vejo necessidade de mais estudos nem de mais planos. Bastará clareza e coragem política. E clareza desde já, antes do momento da escolha eleitoral.
Nas suas ainda poucas declarações públicas sobre as próximas eleições autárquicas, os três principais candidados a Presidente da Câmara da Figueira da Foz já se referiram à necessidade de fazer o chamado saneamento financeiro da Câmara Municipal. É certamente um eufemismo, uma maneira elegante e politicamente correcta para designar a imperiosa necessidade de, numa linguagem terra a terra, equlibrar o deve com o haver. E pagar as dívidas a quem se deve, sobretudo a fornecedores.
O candidato Daniel Santos disse ter consciência da gravidade da actual situação económica da autarquia, acrescentando que será com competência que se poderá dar início ao saneamento financeiro da Câmara . É evidente, mas parece-me muito vago. Talvez pense que terá oportunidade de mais tarde ser explícito sobre a matéria. Logo veremos.
O candidato João Ataíde reconheceu que a tarefa mais dificil é o saneamento financeiro, mas acrescenta contar para isso com “ os excelentes recursos humanos existentes na autarquia” . Tem razão neste último aspecto, mas não vejo o que é que isso tenha a ver com o grande esforço de equilibrio que terá de desenvolver se acaso for eleito.
O candidato Duarte Silva, actual Presidente da Câmara, prometeu que sim senhor, desta vez é que vai dar prioridade a um plano de saneamento financeiro . É a seguir, é mesmo já a seguir. Curioso que fala ainda em “plano”, não fala em saneamento financeiro, e ponto.
E como isto de saber equilibrar o deve com o haver é coisa muito complicada, para especialistas, a Câmara Municipal até já encomentou , por ajuste directo, a uma firma de consultores-especialistas, um “ Estudo e Plano de Saneamento Financeiro do Município da Figueira da Foz “. Vai ser feito por uma firma chamada Marques da Cunha, Arlindo Duarte e Associados, Sociedade de Revisores de Contas.
O contrato foi celebrado em Maio passado. A coisa vai custar 55 mil euros. O prazo de execução é de 250 dias. Lá para Janeiro ou Fevereiro do ano que vem teremos o tal plano . Enquanto não houver este, o “saneamento” pode esperar. Depois logo se vê.
Como qualquer simples cidadão sabe, só há 3 maneiras de conseguir o equilíbrio financeiro e diminuir as dívidas. Seja de um família, seja de um club, de uma cãmara municipal, ou de um Estado :
- aumentar as receitas
- reduzir as despesas
- mexer nas duas coisas, puxando uma para cima e outra para baixo
No caso da CMFF , não se vê maneira de fazer aumentar as receitas, a não ser aumentando taxas municipais e impostos de efeitos locais, ou vendendo património se o houver e se aparecerem compradores. Cada figueirense já paga para o Municipio IRS à taxa de 5% , o valor máximo permitido por Lei. A derrama sobre o IRC esta já à taxa de 10%, o valor máximo previsto por Lei. Quanto ao IMI, não sei sei bem se ainda poderá ser aumentado. Com as contas do Estado em mau estado, não prevejo que no proximo ano as transferências vao aumentar, antes pelo contrario. A possibilidade de realizar receitas de capital, como a venda de património, está fortemente condicionada pela crise económica que está para durar. A tendência para o próximo ano, será portanto que as receitas levarão um rombo.
Resta a possibilidade de reduzir as despesas. Importa saber quais. O que fará mais sentido será reduzir menos as essenciais, e reduzir mais as acessórias, na lógica de que se “vão os aneis mas fiquem os dedos”.
É então sobre isto tudo que importa saber o que pensam os candidatos. Não vejo necessidade de mais estudos nem de mais planos. Bastará clareza e coragem política. E clareza desde já, antes do momento da escolha eleitoral.
PALPITES, PRIORIDADES E RETORNOS
A Câmara Municipal decidiu “investir” 700 mil euros numa coisa chamada Núcleo Cultural de S. Pedro. Ao que leio, metade do espaço do tal Núcleo é para um Club e um restaurante. Ainda vamos ter por ali uma discoteca, a fazer lembrar aquela outra, famosa, dos tempos de Santana Lopes, junto da antiga seca do bacalhau, que salvo erro se chamava Pecado, ou coisa assim.
A Câmara Municipal decidiu “investir” 700 mil euros numa coisa chamada Núcleo Cultural de S. Pedro. Ao que leio, metade do espaço do tal Núcleo é para um Club e um restaurante. Ainda vamos ter por ali uma discoteca, a fazer lembrar aquela outra, famosa, dos tempos de Santana Lopes, junto da antiga seca do bacalhau, que salvo erro se chamava Pecado, ou coisa assim.
Eis algumas perguntas minhas, ingénuas e impertinentes..
Foi feito um estudo de avaliação custo-benefício deste ...”investimento” ? . Ou para o decidir, bastou apenas o palpite, o “faro politico” do Presidente da Câmara, ou a sua inabalável fé de que é da máxima importância e urgência para as gentes da Figueira e da freguesia de S. Pedro “dinamizar o estuário do Mondego” ? Esse tipo de estudo só é indispensável nos investimentos em “obras megalómanas” da administração central ? Não haverá mesmo no concelho em geral ou na freguesia em particular, áreas, finalidades, infra-estruturas onde, com maior prioridade, se possam e devam aplicar 700 mil mocas? Poderia indicar dezenas de exemplos.
terça-feira, julho 07, 2009
O PSD TEM TRÊS CANDIDATOS?
Curiosas e ao mesmo tempo desconcertantes e impregnadas de alguma dose intriga política, foram as declarações do Presidente do Comissão Distrital do PSD, referindo-se ao momento políticao actual na Figueira da Foz, que li no diário As Beiras do passado dia 25 de Junho.
“ O PSD tem três candidatos, um legítimo, que é Duarte Silva, e dois “ ilegítimos”, que são Daniel Santos e João Ataíde”
(...)
Segundo o citado, “ o primeiro foi vice-presidente da câmara pelo partido e o segundo desempenhou cargos políticos em governos do PSD “ . O que é rigorosamente verdade. Uma coisa e outra.
O candidato João Ataíde não gostou e declarou, por sua vez, não reconhecer ao dirigente distrital “legitimidade para dizer qual é a minha afinidade político partidária”. Ora essa legitimidade tem-na o dirigente partidário, efectivamente. Tenho-a eu também, como tem qualquer outro cidadão. É um “exercício de cidadania” avaliar os responsáveis políticos, e é um direito de cidadania classificá-los no quadro do tradicional espectro direita-esquerda.
Talvez a palavra “legitimidade” tenha sido mal escolhida, mas pressentem-se um pouco no seu uso os tiques de um juiz que, no ambito do exercício da sua magistratura está habituado a ter só ele legitimidade, e a não ter de defrontar o exercício do contraditório por parte de outrem. Não é pelo facto de alguem se declarar “do centro esquerda com matizes liberais” que eu tenho forçosamente de acreditar e de concordar com tal auto classificação . Se é ou não, se é muito se é pouco, cada um dos outros cidadãos é que avalia para si próprio, em função do seu “currículo” e do eventual anterior desempenho de cargos políticos por parte do avaliado.
De resto, importa sublinhar que, para o eleitor comum que vota, a escolha dos autarcas é quase totalmente feita ao arrepio de qualquer julgamento e classificação na tradicional matriz ideológica-político-partidária. O eleitor comum não sabe muito bem o que é isso de “gestão municipal de direita” ou de “gestão municipal de esquerda” . Muito mais do que em qualquer outra escolha política, o que cura de saber é o perfil pessoal de quem vai mandar. Do seu carácter, do seu currículo, da sua experiência, do seu comportamento ético, da sua capacidade de gestão e de relacionamento com os outros, do estilo da sua liderança . E, naturalmente, de qual é a equipa com quem vai trabalhar.
Curiosas e ao mesmo tempo desconcertantes e impregnadas de alguma dose intriga política, foram as declarações do Presidente do Comissão Distrital do PSD, referindo-se ao momento políticao actual na Figueira da Foz, que li no diário As Beiras do passado dia 25 de Junho.
“ O PSD tem três candidatos, um legítimo, que é Duarte Silva, e dois “ ilegítimos”, que são Daniel Santos e João Ataíde”
(...)
Segundo o citado, “ o primeiro foi vice-presidente da câmara pelo partido e o segundo desempenhou cargos políticos em governos do PSD “ . O que é rigorosamente verdade. Uma coisa e outra.
O candidato João Ataíde não gostou e declarou, por sua vez, não reconhecer ao dirigente distrital “legitimidade para dizer qual é a minha afinidade político partidária”. Ora essa legitimidade tem-na o dirigente partidário, efectivamente. Tenho-a eu também, como tem qualquer outro cidadão. É um “exercício de cidadania” avaliar os responsáveis políticos, e é um direito de cidadania classificá-los no quadro do tradicional espectro direita-esquerda.
Talvez a palavra “legitimidade” tenha sido mal escolhida, mas pressentem-se um pouco no seu uso os tiques de um juiz que, no ambito do exercício da sua magistratura está habituado a ter só ele legitimidade, e a não ter de defrontar o exercício do contraditório por parte de outrem. Não é pelo facto de alguem se declarar “do centro esquerda com matizes liberais” que eu tenho forçosamente de acreditar e de concordar com tal auto classificação . Se é ou não, se é muito se é pouco, cada um dos outros cidadãos é que avalia para si próprio, em função do seu “currículo” e do eventual anterior desempenho de cargos políticos por parte do avaliado.
De resto, importa sublinhar que, para o eleitor comum que vota, a escolha dos autarcas é quase totalmente feita ao arrepio de qualquer julgamento e classificação na tradicional matriz ideológica-político-partidária. O eleitor comum não sabe muito bem o que é isso de “gestão municipal de direita” ou de “gestão municipal de esquerda” . Muito mais do que em qualquer outra escolha política, o que cura de saber é o perfil pessoal de quem vai mandar. Do seu carácter, do seu currículo, da sua experiência, do seu comportamento ético, da sua capacidade de gestão e de relacionamento com os outros, do estilo da sua liderança . E, naturalmente, de qual é a equipa com quem vai trabalhar.
Por isso, a preocupação manifestada pelo candidato João Ataíde de logo se autoclassificar como “de centro esquerda” matizando essa classificação com uns pingos liberais (para alargar a sua base social e política de apoio...) , não fazia à partida sentido.
E abre a porta, isso sim, para que outros se possam pronunciar quanto ao que pensam da sua verdadeira afinidade político partidária. Com todo o direito democrático, e com toda a legitimidade democrática .
E abre a porta, isso sim, para que outros se possam pronunciar quanto ao que pensam da sua verdadeira afinidade político partidária. Com todo o direito democrático, e com toda a legitimidade democrática .
POLITICA DE VERDADE - 3
“Política de verdade” é um slogan amplamente apregoado agora pelo PSD e pela sua líder.
Um belo exemplo da aplicação desta política no Município da Figueira da Foz, cuja Câmara é actualmente liderada pelo PSD, é o que pode ser configurado pelos dados seguintes:
(Valores em milhões de euros)
Ano 2004
Orçamento da Câmara Municipal : 85,0
Execução orçamental da Câmara Municipal : 45,5
Taxa de realização : 53,5 %
Ano 2005
Orçamento da Câmara Municipal : 84,4
Execução orçamental da Câmara Municipal : 39,6
Taxa de realização : 47,0 %
Ano 2006
Orçamento da Câmara Municipal : 75,2
Execução orçamental da Câmara Municipal : 38,4
Taxa de realização : 51,0 %
Ano 2007
Orçamento da Câmara Municipal : 72,5
Execução orçamental da Câmara Municipal : 37,6
Taxa de realização : 53,5 %
Ano 2008
Orçamento da Câmara Municipal : 74,3
Execução orçamental da Câmara Municipal : 35,5
Taxa de realização : 47,8 %
Não há aplicação de uma “política de verdade” quando, de forma reiterada, se promete ir realizar 100, para depois se realizar efectivamente 50...
Notas
“Orçamento” é aquilo que se estima/prevê recolher como receitas e que se prevê/promete gastar como despesas.
“Execução orçamental “ é aquilo que se recolheu realmente como receitas e se gastou efectivamente como despesas.
“Taxa de realização” é o racio ( o quociente) entre uma coisa e outra.
“Política de verdade” é um slogan amplamente apregoado agora pelo PSD e pela sua líder.
Um belo exemplo da aplicação desta política no Município da Figueira da Foz, cuja Câmara é actualmente liderada pelo PSD, é o que pode ser configurado pelos dados seguintes:
(Valores em milhões de euros)
Ano 2004
Orçamento da Câmara Municipal : 85,0
Execução orçamental da Câmara Municipal : 45,5
Taxa de realização : 53,5 %
Ano 2005
Orçamento da Câmara Municipal : 84,4
Execução orçamental da Câmara Municipal : 39,6
Taxa de realização : 47,0 %
Ano 2006
Orçamento da Câmara Municipal : 75,2
Execução orçamental da Câmara Municipal : 38,4
Taxa de realização : 51,0 %
Ano 2007
Orçamento da Câmara Municipal : 72,5
Execução orçamental da Câmara Municipal : 37,6
Taxa de realização : 53,5 %
Ano 2008
Orçamento da Câmara Municipal : 74,3
Execução orçamental da Câmara Municipal : 35,5
Taxa de realização : 47,8 %
Não há aplicação de uma “política de verdade” quando, de forma reiterada, se promete ir realizar 100, para depois se realizar efectivamente 50...
Notas
“Orçamento” é aquilo que se estima/prevê recolher como receitas e que se prevê/promete gastar como despesas.
“Execução orçamental “ é aquilo que se recolheu realmente como receitas e se gastou efectivamente como despesas.
“Taxa de realização” é o racio ( o quociente) entre uma coisa e outra.
O QUANTO PIOR MELHOR
1.
O relatório da comissão de inquérito parlamentar sobre o caso BPN conclui que o Banco de Portugal (BP) “não falhou, mas podia ter sido mais diligente”. Tal conclusão está em linha com o meu próprio juizo, enquanto singelo cidadão, é certo que pouco conhecedor de todos os factos e da matéria.
Alguns vultos das oposições já se vieram dizer muito desagradados, frustrados e decepcionados.
Que pretendiam? Que rolasse a cabeça do Governador do BP? Agora, quando a crise financeira ainda não está totalmente controlada e muito menos debelada? Agora, em período de quase plena campanha eleitoral, de agitação política mais intensa, e a escassos três a quatro meses de uma inevitável crise política que vai resultar dos resultados eleitorais, lá para o meio do Outono?
Entender-se-à tal pretensão, se tomada à luz e em obediência a uma estratégia do quanto pior , melhor...À luz do bom senso e do interesse nacional, não!...
2.
O deputado Nuno Melo, a quem parece ter subido à cabeça o êxito da sua eleição para o Parlamento Europeu e a projecção mediática que conseguiu, declarou que “ as conclusões do relatório são politicamente motivadas” . Se ele fosse redigido por si próprio, com as conclusões que pretenderia tomar, e com os efeitos que desejaria conseguir, já não seriam “politicamente motivadas”?
3.
Estou a imaginar o escarcéu que teria havido se o BP e o seu Governador tivessem actuado relativamente ao BPN, de 2002 a 2007, nos termos e no modelo que agora o PSD e o CDS proclamam que deveria ter então adoptado. Cairia o Carmo e a Trindade!. Aqui d’el Rei que era um comportamento socialista, com o Estado e o BP a quererem meter o nariz em tudo!...Ó da guarda que há motivações políticas por detrás de tal perseguição, porque Vitor Constancio sabe muito bem que o BPN está ligado a personalidades politicas ligadas ao PSD!....
1.
O relatório da comissão de inquérito parlamentar sobre o caso BPN conclui que o Banco de Portugal (BP) “não falhou, mas podia ter sido mais diligente”. Tal conclusão está em linha com o meu próprio juizo, enquanto singelo cidadão, é certo que pouco conhecedor de todos os factos e da matéria.
Alguns vultos das oposições já se vieram dizer muito desagradados, frustrados e decepcionados.
Que pretendiam? Que rolasse a cabeça do Governador do BP? Agora, quando a crise financeira ainda não está totalmente controlada e muito menos debelada? Agora, em período de quase plena campanha eleitoral, de agitação política mais intensa, e a escassos três a quatro meses de uma inevitável crise política que vai resultar dos resultados eleitorais, lá para o meio do Outono?
Entender-se-à tal pretensão, se tomada à luz e em obediência a uma estratégia do quanto pior , melhor...À luz do bom senso e do interesse nacional, não!...
2.
O deputado Nuno Melo, a quem parece ter subido à cabeça o êxito da sua eleição para o Parlamento Europeu e a projecção mediática que conseguiu, declarou que “ as conclusões do relatório são politicamente motivadas” . Se ele fosse redigido por si próprio, com as conclusões que pretenderia tomar, e com os efeitos que desejaria conseguir, já não seriam “politicamente motivadas”?
3.
Estou a imaginar o escarcéu que teria havido se o BP e o seu Governador tivessem actuado relativamente ao BPN, de 2002 a 2007, nos termos e no modelo que agora o PSD e o CDS proclamam que deveria ter então adoptado. Cairia o Carmo e a Trindade!. Aqui d’el Rei que era um comportamento socialista, com o Estado e o BP a quererem meter o nariz em tudo!...Ó da guarda que há motivações políticas por detrás de tal perseguição, porque Vitor Constancio sabe muito bem que o BPN está ligado a personalidades politicas ligadas ao PSD!....
O MELHOR DO MUNDO
" Ronaldo é o melhor do mundo e protagonizou a maior transferência de sempre do futebol. Tudo isso é verdade e é fantástico. Mas daí até à náusea que as televisões portuguesas nos deram ontem a propósito da apresentação do jogador em Madrid...É a prostituição das linhas editoriais, uma informação travestida de qualquer coisa que não se sabe bem o que é"
( in Sobe e desce do PUBLICO de hoje)
segunda-feira, julho 06, 2009
A DUPLICIDADE DAS CANDIDATURAS
José Sócrates e o PS cometeram um grave erro político ao terem promovido a dupla candidatura de Elisa Ferreira simultaneamente ao Parlamento Europeu e à Câmara do Porto. Vieram agora corrigir o erro cometido, criando uma regra diferente para as candidaturas à Assembleia da República, mas deve ser tarde para consertar completamente os estragos. O eleitorado não costuma gostar de "duplicidades", o que vai a crédito da sua maturidade.
O meu palpite é que, para a Câmara Municipal do Porto o PS vai sofrer uma humilhante derrota, com uma vitória estrondosa de Rui Rio. Aliás, devo confessar , sem quaisquer complexos, que se estivesse recenseado no Porto, votaria em Rui Rio. E não seria só devido à tal "duplicidade". Fica aqui a minha primeira declaração de voto para as próximas eleições, conquanto meramente virtual.
José Sócrates e o PS cometeram um grave erro político ao terem promovido a dupla candidatura de Elisa Ferreira simultaneamente ao Parlamento Europeu e à Câmara do Porto. Vieram agora corrigir o erro cometido, criando uma regra diferente para as candidaturas à Assembleia da República, mas deve ser tarde para consertar completamente os estragos. O eleitorado não costuma gostar de "duplicidades", o que vai a crédito da sua maturidade.
O meu palpite é que, para a Câmara Municipal do Porto o PS vai sofrer uma humilhante derrota, com uma vitória estrondosa de Rui Rio. Aliás, devo confessar , sem quaisquer complexos, que se estivesse recenseado no Porto, votaria em Rui Rio. E não seria só devido à tal "duplicidade". Fica aqui a minha primeira declaração de voto para as próximas eleições, conquanto meramente virtual.