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domingo, fevereiro 26, 2006

RESCALDOS DA VIOLÊNCIA E DO FANATISMO

Serenada um pouco a explosão de fanatismo e violência entre os meios de cultura e religião muçulmana, valerá a pena, ainda assim, ler o excelente e desassombrado artigo de opinião Miguel Sousa Tavares (MST), ontem publicado no EXPRESSO.
Nele comenta uma declaração política do PCP sobre o assunto, que achei verdadeiramente chocante, pela demente cegueira demonstrada.
Transcrevo o comentário de MST :

“(...)
A mesma fé que jamais desfalece a essa instituição mais museológica do que ideológica que é nosso venerável Partido Comunista Português, o último guardião da saudosa “guerra fria”, para quem é necessário “ para lá da extraordinária dimensão da crise dos cartoons” ver “ a ofensiva mais geral do grande capital e do imperialismo”.
Porque, dizem eles, o que está em causa “ não é a liberdade de imprensa e de expressão, mas acções de carácter racista e xenófobo...que possam servir de pretexto para a estratégia de agressão e guerra imperialista contra países soberanos " .
Não valerá a pena comentar mais nada.

sábado, fevereiro 25, 2006

MELHORAS NA MINHA AZIA

Depois das declarações do Presidente da República , sobre a crise de violência e fanatismo provocada por uns simples cartoons de mau gosto, proferidas há dias no registo certo de uma pessoa com sentido de Estado, em flagrante contraste com o utilizado pelo ministro Freitas do Amaral, Jorge Sampaio referiu-se indirectamente ao tema, ao afirmar mais recentemente, no Parlamento de Timor-Leste (um país culturalmente cristão no maior país muçulmano do mundo) :

A luta é entre a civilização da democracia e a barbárie da tirania e dos fanatismos”

Bem pode então Freitas do Amaral ficar a falar sozinho, pretendendo falar em nome do governo português. Ficou mal a José Sócrates não o desmentir ; ainda quero crer que a contra gosto.
Em nome do Estado português e de Portugal, falou o Presidente da República.

Ufff...que alívio, já não estou tão envergonhado .
E até me sinto muito melhor da azia...

NOS FAVORITOS
....foi onde eu já coloquei este blogue, a visitar de vez em quando.

A MINHA SELECÇÃO
...de “oInimigoPublico” da passada 6ª feira :

Sócrates apresenta programa “Santo na Hora”
Respondendo aos fiéis que, em Fátima, empunharam cartazes exigindo a “Beatificação da Irmã Lúcia Já antes que a gente parta isto tudo” , Sócrates deu um passo decisivo para a desburocratização dos processos de beatificação e canonização.
O programa “Santo na Hora” é a nova aposta do Governo para acabar com as “papeladas inúteis” e os cinco anos de espera impostos pelo Vaticano.
Portugal tem de estimular o aparecimento de novos beatos e santos, torná-los mais competitivos, atrair a santidade estrangeira” , afirmou o Primeiro-Ministro na apresentação do programa.
Assim que este entre em vigor, bastará aos candidatos preencher o formulário específico, juntar duas fotos tipo passe e entregar tudo numa Loja do Cidadão, obtendo uma resposta em menos de uma hora.
Muito em breve as candidaturas poderão também ser enviadas pela Internet e darão direito a deduções no IRS.

DRª NATÉRCIA CRISANTO
Curvo-me respeitosamente perante a memória da Drª Natércia Crisanto.
A Figueira da Foz e o PS perderam uma grande senhora da cultura, da vida social e da Política.Com um P bem grande.

HISTÓRIAS DO PS DE HÁ VINTE ANOS ( 1 )

Ao remexer em papelada antiga, dei com uma série de documentos sobre histórias e factos políticos ocorridos no PS da Figueira da Foz.
Foi no princípio de 1985, faz agora vinte anos.
E como se aproximam tempos de escolhas políticas, no PS e no PSD, achei que seria curioso e interessante lembrá-los aos mais velhos e contá-los aos mais novos.
Poderão, uns e outros, avaliar e concluir se as práticas e os tiques mudaram muito ou pouco. Serei rigorosamente o mais factual possível, com total suporte em documentação existente.

Estávamos então nos primeiros dias de Janeiro de 1985.
A Câmara Municipal da Figueira da Foz, eleita em Dezembro de 1982, em plena fase de desgaste e implosão política da Aliança Democrática, era constituída por 4 elementos eleitos pelo PS ( Aguiar de Carvalho, Abílio Bastos, José Elíseo de Oliveira e Armando Garrido), dois pela AD ( Galamba Marques e Moreira dos Santos) e um pela APU/PCP (António Menano).
Para o final de 1985 estavam anunciadas novas eleições para os órgãos autárquicos.

A nível interno do PS local, foram convocadas eleições para os órgãos dirigentes da Secção da Figueira da Foz para o dia 14 de Janeiro de 1985.

Entretanto, entre Outubro e o final de 1984, registara-se um inusitado afluxo de inscrições de novos filiados no PS, em grande parte de trabalhadores da Câmara Municipal.
Nos cadernos eleitorais usados para as anteriores eleições internas, ocorridas em Janeiro de 1984, estavam inscritos 140 filiados.
Um ano volvido, para as eleições convocadas para Janeiro de 1985, os cadernos eleitorais continha 390 filiados inscritos.
Num único ano, o seu número tinha sido multiplicado pelo factor 2,8 .

Apresentaram-se como concorrentes duas listas.
A lista A, sob o lema “ Acção e Vitória”, cujo candidato para Presidente da Assembleia Geral era Aguiar de Carvalho, Presidente da Câmara.
Para o Secretariado, eram apresentadas os nomes de, entre outros, Carlos Beja, José Elíseo de Oliveira, Vítor Brás e Herculano Rocha.
Entretanto, no dia 12 de Janeiro, antevéspera do dia das eleições para o PS local, os órgãos dirigentes na altura em exercício promoveram a realização de um chamado “ 7º Encontro de Autarcas Socialistas do Concelho da Figueira da Foz “ .
O tema escolhido para esse encontro foi, precisamente, “ 1985 : Acção e Vitória”...

A lista B apresentava a minha pessoa como candidato a Presidente da Mesa da Assembleia Geral.
Para o Secretariado, era encabeçada por Franklim Ramos, e incluía, entre outros militantes, os nomes de Joaquim Sousa, Mota Ascenso, Luís Ratinho e Borronha Gonçalo .
O seu lema saía um pouco fora dos padrões habituais : “ O Melhor é mudar já !...
O manifesto eleitoral rezava assim :


Porquê e para quê, agora, nos tempos difíceis que Portugal e o PS atravessam, uma candidatura de confrontação e de alternativa aos actuais órgãos locais do Partido Socialista?

Em poucas palavras, que da sua abundância estamos já todos cansados, adiante deixamos algumas das nossas razões.

1. No que acreditamos:

- que, mau grado os seus erros ou omissões, a má imagem de alguns dos seus dirigentes, e certos aspectos negativos da sua prática política, o PS conserva potencialidades suficientes para, no poder ou na oposição, ser fermento ou protagonista dum processo de transformação e modernização da sociedade portuguesa;
- que o interesse da colectividade, local ou nacional, se sobrepõe sempre aos interesses particulares de grupo, ou de Partido, e que, na sua acção política concreta, o PS não os pode misturar, e tem de prestar estrita obediência à hierarquia daqueles interesses.

2. O que desejamos :

- que, sem descabidos complexos de esquerda, o PS actualize e modernize uma parte do seu ideário, arrumando nas prateleiras da história dogmas e axiomas tornados obsoletos pelas transformações tecnológicas, económicas e sociais, operadas nas sociedades avançadas e democráticas;
- que, na sua acção política concreta, a nível nacional e local, o PS possa servir como referencial de rigor na prática governativa, de seriedade no discurso político, de serenidade no diálogo, de probidade nos processos, de limpidez no comportamento;
- que o PS dê execução às suas propostas programáticas, no poder ou na oposição, à escala nacional ou local, através duma classe política não profissionalizada nem agarrada ao poder, e que o povo português possa facilmente distinguir das classes políticas das outras formações partidárias;
- que o PS não sirva nem possa servir de trampolim de ambiciosos em mais altos voos, nem de trapézio voador para oportunistas de passagem, nem de fonte de apadrinhamentos, nem ninho de acolhimento de “lobbies” económicos ou de grupos de pressão.

3. Ao que nos propomos :

- dar expressão, no quadro de um salutar debate interno no PS, aos sentimentos de desânimo, frustração e até de algum desespero que, quer à escala nacional quer à escala local, atingem cada vez maior número de portugueses e de eleitores socialistas ;
- pelo exercício duma acção política orientada por preocupações de realismo, de isenção, de sentido das proporções, e de transparência, construir uma imagem do PS capaz de, sem promessas demagógicas e sem alimentar expectativas fantasistas, adquirir, a nível local, credibilidade política e adesão popular :
- na altura oportuna, apresentar uma candidatura aos órgãos dirigentes do Município a que, o PS primeiro, e o eleitorado depois, possam atribuir o sentido de uma proposta de mudança.

A mudança, necessária, imperiosa, e desejada, tem de ser procurada sem se perder muito tempo.

E por isso, o melhor é mudar já.


Fica para mais tarde, para outro postal, continuar a contar o que aconteceu depois .

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

DESPERDÍCIOS E ECONOMIAS
1
Durante anos a fio, todos os dias do ano, de dia ou de noite, chovesse ou fizesse sol, estas fontes do exterior do Centro de Artes e Espectáculos Pedro Santana Lopes(CAE-PSL...) da Figueira, estiveram paciente e abundantemente a esguichar água .
Creio que agora isso só acontecerá nos dias ou noites em que houver eventos no CAE-PSL.
Aplaudo naturalmente a medida.
Mais vale tarde que nunca.
Claro que a economia conseguida num mês parecerá pouco relevante.
Mas se integrada num intervalo de 4 anos, talvez ela não tivesse sido despicienda de todo

2
Durante anos a fio, todos as noites do ano, de inverno e de verão, de cada anoitecer até ao amanhecer seguinte, chovesse ou não, as 8 enormes torres com potentes holofotes iluminaram feericamente o imenso areal da praia da Figueira da Foz.
Finalmente, encontram-se agora habitualmente apagados .
Aplaudo naturalmente a medida . Mais vale tarde que nunca.

Nos idos de 2002, fiz um cálculo, sobre o joelho, de quanto consumiriam por mês todos aqueles potentes holofotes.
Se bem me recordo, cheguei a um valor da ordem dos 70 a 80 mil Euros por ano.
Ao todo, em quatro anos, qualquer coisa à roda de 320 mil Euros.
Será pouco?...
Bem...como diz a sabedoria popular portuguesa, grão a grão enche a galinha o papo.
Ou, como diz a sabedoria popular chinesa, uma marcha de 500 léguas começa com o primeiro passo.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

E- GOVERNMENT NA GESTÃO MUNICIPAL

Verificaram-se algumas melhorias assinaláveis na qualidade do site da internet da Câmara Municipal da Figueira da Foz.
Todavia, ela fica ainda a léguas de distância da qualidade do site da Câmara Municipal de Pombal.
Para meu gosto, trata-se de um caso para “benchmarking” nacional em matéria de e-government aplicado à gestão municipal.
Pela sua simplicidade gráfica e sobriedade cromática (nada de arrebiques de bolinhas em movimento ou coisas parecidas...), ordenamento dos temas e dos menus, utilidade e relevância dos elementos e documentos disponibilizados aos munícipes, facilidade de navegação.
Lá se encontram, por exemplo, e além das actas da Câmara , o Orçamento camarário para 2006, o relatório e contas da gerência de 2005, e outros dados de transparente caracterização da gestão municipal.
Não espantará por isso a notícia dada pelo diário As Beiras no passado sábado .

A qualidade alcançada pelo software pelos técnicos da Câmara Municipal de Pombal (...) despertou o interesse de uma empresa do sector que vai comercializar a ferramenta informática, aplicada essencialmente à gestão documental”

Segundo declarações do respectivo Presidente da Câmara “ todos os dias recebemos contactos de outras câmaras para adquirirem este programa” .

Acaso será uma destas a Câmara da Figueira da Foz ?....

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

UMA QUESTÃO DE CREDIBILIDADE

Estou inteiramente de acordo com o conteúdo deste excelente postal de Nelson Fernandes, no blogue Clube Privado.

A AUDITORIA À FIGUEIRA GRANDE TURISMO

Bem vistas as coisas, o voto favorável de Pereira Coelho à proposta de realização de uma auditoria à Figueira Grande Turismo (FGT), na última reunião da Câmara Municipal da Figueira da Foz, significa a perda da sua confiança pessoal na regularidade e na qualidade da gestão daquela empresa municipal por parte do seu actual Administrador-Delegado, Nuno Encarnação.
A mesma pessoa que, em termos práticos, foi colocada nessa função por Pereira Coelho, quando este, como Vice-Presidente da Câmara, por volta de Março ou Abril de 2002, e tendo tutela sobre a FGT, tirou esse nome da cartola, trazendo a sua nomeação à Câmara Municipal, já praticamente como facto consumado.
Isto, além de muitas outras coisas acontecidas aqui pela nossa paróquia nos últimos tempos, faz pensar nas voltas que o mundo dá...

É de esperar que a decidida auditoria (ou inspecção, como se lhe queira chamar) incida também sobre o período em que Pereira Coelho exerceu a referida tutela política, bem como, obviamente, sobre os factos ocorridos na gestão da dita FGT, no ano de 2001, quando era presidida pelo então vereador Miguel Almeida.
Um dos aspectos cujo esclarecimento despertará porventura mais curiosidade será o dos termos, condições e vinculações criadas pela assinatura do famoso contrato com o arquitecto Boffil para a elaboração de uns riscos e de uma maquete prévia de um Centro de Congressos, uns e outros deitados depois para o caixote do lixo, e que custou ao Município algo de parecido a 150 mil contos.

ÀS AVES QUE ATRAVESSAM AS FRONTEIRAS...

Noite após noite a noite continua !
Noite...E nenhuma hélice perdida,
morse de espelhos, reversão de lua...
Só este vento, lágrima mordida!

Da terra seca, súplices acantos,
ergue-se o bronze líquido dos braços
- ó carrossel de pombas e de prantos,
exumação de todos os cansaços!

Erguem-se mãos febris como bandeiras,
cintilações de mudos holofotes
às aves que atravessam as fronteiras
sem carimbos de rês nos passaportes.

Erguem-se mãos, solenes ou crispadas,
nobres ou vis, abertas, entreabertas,
ó floração sinistra das estradas
do turismo das fáceis descobertas!

Erguem-se mãos, ó póstumas estrelas!...
Mas era aos mares nocturnos que cumpria,
onde dormem cadáveres, caravelas,
com moluscos e peixes de vigia,

era lá, ao gerânio dos abismos,
às depressões em fogo, se descesse
a pedir à ternura de algum sismo
que viesse, viesse e que varresse,

que varresse, varresse, ávida espuma,
com sonâmbulos gelos e golfinhos,
turbulência que escombros desarruma
em novas geografias e caminhos,

que viesse, viesse e nos deixasse,
talvez, húmida flor em cada mão,
quando a noite, ferida, madrugasse,
o coração, talvez o coração!...


(Orlando de Carvalho , in "Vértice" de Fevereiro de 1970)

NEM OITENTA NEM OITENTA E OITO

Através do colega Amicus Ficaria, o Quinto Poder pôde ficar sabedor de algumas reacções ao seu postal “Figueira Jurássica”, de há dias.
Quase todas elas edificantemente anónimas, como é bonito.
Já imaginava que o postal pudesse provocar uma pequena berraria.
Devem andar por ali dedinhos de algum convencido conhecedor da mais primária vulgata ambientalista, ou quiçá de algum membro do lobby dos arqueólogos, corporação frequentemente activa e diligente na defesa dos seus interesses “conservacionistas” e, é bem de ver, das suas oportunidades de emprego.

O Amicus Ficaria, já que dá acolhimento livre a todas aquelas vozes indignadas, talvez pudesse não se ficar pelo cauteloso, equilibrado, dubitativo, cinzentão e politicamente correcto “nem oito nem oitenta” . Melhor lhe ficaria, a meu ver, ser mais claro e expressar de forma mais inequívoca o que pensa sobre o assunto.
Para melhor provocar debate em torno deste.
É que, com quem se esconde atrás do anonimato, recuso-me a estabelecer debate.
Trata-se de uma questão de princípio, por muito ignorantes, disparatados, falsos ou mentirosos que sejam os comentários anónimos balbuciados.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

O NOBEL DA PAZ PARA FREITAS AL- AMARAL

Hoje, 6ª feira, era dia de “oInimigoPúblico”, de leitura obrigatória.
Como era de esperar, Freitas do Amaral, o nosso (salvo seja...) inenarrável, inefável e incontornável ministro, foi o bomba da festa.
Transcrevo um bom naco de prosa satírica.

“ Freitas do Amaral tem garantidos os Prémios Nobel da Paz dos próximos vinte anos, pelo menos.
A ideia de fazer um campeonato euro-árabe de futebol não só promete acalmar a tensão Ocidente/Islão como, se Freitas se tem lembrado disso antes, teria evitado todos os grandes conflitos, desde a Guerra do Peloponeso às duas Guerras Mundiais, passando pela zanga entre Manuela Moura Guedes e Zé Beto.
O desporto é a forma mais salutar e menos licenciosa de convívio entre os povos”, terá explicado o MNE, “então não era mais bonito jogarem futebol do que andarem a queimar bandeiras e a rebentar embaixadas ?” .
Era sim senhor”, foi a resposta pronta dos radicais islâmicos, “ desde que vocês não ganhem, para não ofender o Islão.
E que o Cristiano Ronaldo não jogue, para não pôr em perigo as nossas mulheres”.

A FIGUEIRA JURÁSSICA

Tem havido recentemente várias notícias sobre a instalação de novas indústrias ou de unidades de produção de riqueza e conhecimento, ao longo de uma espécie de arco em redor da Figueira da Foz .
Foram mais concretamente os casos de Cantanhede, Montemor-o-Velho e Condeixa. Pombal é um já conhecido caso de assinalável desenvolvimento industrial e de progresso.
E na Figueira?
Nos últimos anos, de concreto, houve um anúncio feito há já uns largos meses, sobre a prevista instalação de uma central térmica da Iberdrola, usando gás natural como combustível. Mas, até ao momento, tudo parece ter-se ficado pelo anúncio.

E de concreto, também, faz-se muito ruído com a charmosa reivindicação, promovida pelo Presidente da Câmara, de ser encerrada a fábrica de cal hidráulica da Cimpor, no Cabo Mondego.
Esta é acusada de estar a destruir uma formação maciça de rochas, pedras e penedos, sob a forma de uma falésia, a que chamam de “património cultural”.
Onde, dizem, até há umas pegadas de dinossauros.

Por este andar, Portugal ainda vai passar a importar cal hidráulica. Está bem assim, somos um país rico e próspero. Não precisamos de estar a fabricar esse produto, deixando de bom grado a sua produção ser "deslocalizada" para países do leste ou do terceiro-mundo .
Ficaremos todos muito felizes a olhar para as nossa lindas falésias e para o nosso património de pedras e rochas. O qual, como se sabe, abunda muito pelas nossas “terras do demo”.
Viveremos então da animação do turismo, dos Carnavais e dos desfiles de bikinis, do jogo do Casino, dos muitos milhões de gentes de cultura que todos os anos vêm olhar para as indecifráveis gravuras de Fozcoa, e dos muitos milhares e milhares de turistas portugas que certamente irão trepar ao Cabo Mondego para se deslumbrarem com os “ estratotipos do limiar aeleniano-bajociano” do Jurássico médio das suas falésias, e apanhar umas pedrinhas onde se podem ver uns bichinhos em forma de concha.
Nota : Declaração de interesses.
Para devido esclarecimento dos leitores, informo que sou detentor de 1245 acções da Cimpor.

terça-feira, fevereiro 14, 2006


AZIA PANDÉMICA

A figura política de Freitas do Amaral causa-me, reconheço-o inteiramente , uma grande repugnância, a que também se poderá chamar uma azia alérgica muito dolorosa. Esta foi agravada substancialmente pelas já famosas e incríveis declarações do ilustre ministro, a propósito dos cartoons e de um proposto campeonato de futebol euro-áreabe.
Acontece que aquela azia parece ser contagiante, tendo quase virado de natureza pandémica.
De facto, parece ser claro que a chamada opinião publicada (meios de comunicação social, blogues, comentadores...) , mas também a opinião pública portuguesa, não se identificam , de todo, com as pusilânimes e acocoradas declarações de Freitas do Amaral.
Estas foram hoje muito elogiadas pelo embaixador do Irão, representante em Portugal daquele estado teocrático que, como é bem sabido, é uma exemplar democracia, e não uma feroz ditadura como a Dinamarca.

Que eu me tenha apercebido, em defesa das idiotas teses de Freitas do Amaral só saiu a terreiro a azougada e desqualificada deputada europeia Ana Gomes.
O mal estar no seio do PS e, diz-se, no seio do próprio Governo, são já indisfarçáveis.
E, para quem souber ler e interpretar um texto, as declarações ontem proferidas pelo Presidente da República estão em claríssima falta de consonância com as do infeliz ministro.

Sobre a polémica, recomendo a leitura do artigo de opinião de Teresa de Sousa no PUBLICO de hoje.
Sob o título “ O insustentável silêncio de José Sócrates”, termina assim:

“ A Europa está hoje perante uma crise internacional de enormes proporções e de consequências sérias. Acreditará o primeiro-ministro que o problema desaparecerá dos seu horizonte, deixando-lhe o espírito livre para se ocupar das reformas internas? Pensará que, apaziguando os países árabes, pode desenvolver mais facilmente a sua estratégia de cooperação preferencial com o Magrebe? Desiluda-se. Terá, mais tarde ou mais cedo, de clarificar o que pensa e de confrontar-se com as sua responsabilidades europeias. Foi para isso que foi eleito também.
E tem um sério problema a resolver : o que fazer com este ministro dos Negócios Estrangeiros."

sábado, fevereiro 11, 2006

INTERROGAÇÕES E PERPLEXIDADES
...A PROPÓSITO DO FANATISMO ISLÂMICO


1.
Tanto quanto sei, existe um interdito religioso muçulmano sobre a representação da figura de Maomé.
Não será de espantar que um dia destes um cineasta europeu se proponha realizar um filme sobre a vida ou um episódio da vida de Maomé. Onde obviamente apareça a sua imagem, interpretada por um actor. Um cuidadoso casting talvez revelasse que Freitas do Amaral seria uma boa escolha.
Possivelmente, os muçulmanos fanáticos irão protestar, fazer manifestações, queimar bandeiras do país do autor do filme, do actor que faz de Maomé, ou dos países onde o filme seja exibido.
Que farão os governos europeus? Designadamente o português, vai-se acagaçar, borrar de medo, colocar-se de cócoras e pedir desculpas?
Pela voz melíflua e jesuítica do seu prudente, cauteloso, diplomata e reverente ministro Freitas do Amaral vai aconselhar ou determinar que o filme seja retirado de exibição em Portugal?

2.
Segundo noticia o EXPRESSO de hoje, o presidente de uma chamada Essalam (Associação dos Emigrantes Magrebinos de Amizade Luso-Árabe) terá declarado:

“Podemos boicotar produtos dinamarqueses, mas não vamos agredir ninguém”

Indo na onda de fanatismo e intolerância verificada em parte do mundo islâmico, um muçulmano acolhido e radicado em Portugal está certamente no seu direito de boicotar produtos dinamarqueses ou portugueses. Ou mesmo de comandar uma campanha para um tal boicote. Claro que está.
Convirá recordar que as caricaturas de Maomé também foram publicadas na imprensa portuguesa.
E um qualquer cidadão português, estará igualmente no direito de não alugar casa ou de não servir um almoço a um muçulmano, em particular se ele for um dos tais que, neste contexto, boicota ou anuncia o boicote aos produtos dinamarqueses?

AGRAVAMENTO DA AZIA

A azia que me foi detectada através deste postal do Amicus Ficaria, agravou-se bastante.
Depois das pasmosas declarações de Vitalino Canas sobre a questão dos cartoons, fui acometido de dolorosos vómitos.

CARICATURAS
...de Cavaco provocam ondas de violência em Boliqueime


A população de Boliqueime resolveu também mostrar o seu desagrado pela forma como Cavaco foi caricaturado durante a campanha eleitoral.
Hordas de habitantes de Boliqueime estão a organizar milícias e já queimaram três currais, cinco espigueiros, um campo de trigo e alguns apartamentos geralmente alugados a turistas dinamarqueses.
“O que fizeram ao nosso Aníbal foi uma vergonha. Ele que estudou tanto para chegar onde está” .

( in oInimigoPúblico, do PUBLICO de ontem)

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

CÂMBIOS

Li na imprensa de hoje que, no Egipto, as coroas dinamarquesa e norueguesa, moedas nacionais, vão ser retiradas das casa de câmbio, aparentemente por iniciativa destas.
Por mim, até poderiam e deveriam retirar também o Euro.
Tinha feito planos para este ano tornar a visitar o Egipto. Cancelei-os.
E no próximo Natal, as prendas para os miúdos mais pequenos dos meus amigos vão ser todos da Lego.

PORTUGAL ÚNICO

O Presidente da República, a poucos dias de terminar o mandato, teve a triste ideia e o mau gosto de, num improviso bastante entaramelado e de modelo meio populista, referir-se a um eventual desejo de regionalização por parte das “populações”.
No seu entendimento, haverá entre as gentes um pulsar de desejo pela regionalização, que se sente ser mais forte que no passado, designadamente em 1998.
Sente-se isso? Devo andar distraído. Não dei por nada.

Não se tratasse do Presidente da República, e eu até seria levado a pensar que seria uma manobra de diversão, para distrair a atenção dos portugueses.
Os quais, neste momento, se deverão concentrar nos objectivos essenciais : a correcção das contas do Estado, a revitalização da actividade económica, a luta contra o desequilíbrio da balança comercial, a modernização da administração pública e a resolução da grave crise da Justiça. Já temos que chegue.
O PS parece não estar de acordo em trazer tal tema, agora, para a primeira página da agenda política. Pensará, e bem, que há de certeza questões, problemas, dificuldades, muito mais importantes graves e importantes.

Mas se estiver a pensar trazer de novo à baila uma proposta de regionalização, ainda nesta ou na próxima legislatura, lá estarei de novo a participar, tal como em 1998, num novo movimento de cidadania, que talvez se irá chamar de novo “Portugal Único” .
Para defender o Não à regionalização.

TOLERANCIA E INTOLERÂNCIA

Com o seu conhecido poder de síntese, Vasco Pulido Valente resume o essencial do debate desta forma, assim simples:

“Devemos tolerar o Islão. Isto à superfície parece óbvio.
Mas pede uma pergunta : também devemos tolerar a intolerância do Islão ? “

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

LEITURAS OPORTUNAS E RECOMENDADAS

Através do Bloguitica, deixo recomendações para a leituras destas 4 crónicas :
Esta, de Nicolau Santos, no Expresso On-line .
Esta, de Pacheco Pereira, no PUBLICO
Esta, de Francisco José Viegas, no Jornal de Notícias
Esta, de Luciano Amaral no Diário de Notícias

MÁ DISPOSIÇÃO (2)

Por norma, não costumo responder a comentários, insinuações ou ataques pessoais que se escondem por detrás do anonimato. Vou abrir uma excepção para esclarecer um comentário de um anónimo ao qual o Amicus Ficaria deu acolhimento.

1.
Nas televisões, o que temos vindo a ver que está a acontecer em países islâmicos?
Não poderemos classificar aquilo como selvajaria?
Quem vemos praticar tais acções? Não é gente do Islão, que fanaticamente se reclama como defensora do Islão?
Então será descabido associar o adjectivo islâmico ao substantivo selvajaria?

2.
“ E se em vez de Maomé os cartoons fossem de Jesus? “
São imensos, no mundo cristão, os cartoons publicados sobre Jesus. Alguns muito insultuosos e de carácter mais ou menos blasfemo.
Claro que se houvessem sido dados à estampa nos tempos da Inquisição, os seus autores teriam morrido na fogueira.
O mundo cristão deu todavia um grande salto civilizacional em frente relativamente a esse tempo.
Outros mundos e outras culturas não o deram.
Se acaso, por absurdo, por exemplo o jornal “ 24 Horas” tivesse publicado uns cartoons insultuosos sobre Jesus Cristo, eu ficaria revoltado. Revoltado igualmente ficaria se houvesse alguém a sugerir que o Estado deveria proibir ou impedir a sua publicação.
Mas se, como consequência da publicação desses cartoons, hordas de fanáticos russos ortodoxos fossem apedrejar porugueses ou deitar fogo à embaixada portuguesa em Moscovo, e a bandeiras nacionais, eu não teria dúvida em classificar tais actos como selvajaria russa ou mesmo como selvajaria ortodoxa.

MÁ DISPOSIÇÃO (1)

O prezado colega Amicus Ficaria acha que o facto do Quinto Poder ter sugerido a demissão do ministro Freitas do Amaral se deve a “alguma indisposição ou azia passageira”.
Só não tem razão no “passageira”. É que a indisposição se tem agravado, e a ela junta-se agora um princípio de preocupante depressão.
Isto porque me dá ideia de que continua a existir muita gente que parece estar meio anestesiada e que ainda não se apercebeu bem do que está em causa nesta história toda : o estado de crescente degradação do nosso sistema de valores.
O que nesta história é verdadeiramente essencial não é um comportamento xenófobo e condenável de umas gravuras publicadas por um jornaleco dinamarquês, há mais de quatro meses.
Mas sim, por um lado, a selvajaria e o fanatismo que, usando essa publicação como pretexto, ameaça o nosso sistema de valores e o nosso modelo de vida.
E por outro, as reacções pífias e pusilânimes de alguns governantes europeus.
De entre os quais o ministro Freitas do Amaral protagonizou um dos casos mais lamentáveis .

Nota
Devo confessar que não entendo a nota que acompanha o postal do Amicus Ficaria, mas talvez isso se deva à minha azia e à minha depressão.
Mas faz-me lembrar aquele anúncio que agora circula nas rádios e nas televisões.
Um personagem interroga o outro sobre a sua opinião sobre um qualquer tema sério.
E o outro personagem responde : “ olha lá...quando aqui são 4 da tarde, que horas são em Kuala Lumpur?...”.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

REMODELAÇÃO DO GOVERNO, JÁ!...

Em face das reacções hoje escutadas na Assembleia da República ( de Manuel Alegre, por exemplo) e das distâncias óbvias que o próprio grupo parlamentar do PS tomou relativamente ao lamentável comunicado do Ministro dos Negócios Estrangeiros, se Freitas do Amaral tiver um pouco de vergonha, deverá pedir a demissão.
Caso tal não aconteça, impor-se-á que o Primeiro Ministro o demita.
Já, se possível.
Não o sendo, em muito próxima remodelação governamental, em tempo oportuno.
A sua permanência no Governo envergonha-me, e creio que envergonha Portugal

MOVIMENTO DE CIDADANIA
Aqui está um belíssimo exemplo de um movimento de cidadania. Espontâneo, livre e digno.
Tenho muita pena que já seja tarde para eu poder preparar uma deslocação a Lisboa.
Se lá estivesse, não deixaria de estar presente.

ESTOU INTEIRAMENTE DE ACORDO

... com a opinião do Bloguitica expressa neste postal.
Marques Mendes anda num autêntico frenesim de visitas, reuniões, declarações.
Cheira já a campanha eleitoral para eleições internas dentro do PSD.
Diz desejar e propor aquilo que chama um “pacto de regime” sobre a Justiça.
O qual, a meu ver é altamente desejável, sem dúvida.
Mas quem deseja um pacto de regime, sinceramente e de boa fé, não deve andar por aí, feito barata tonta, em ar de desafio, na praça pública, a gritar pregões e a clamar que o Governo trata muito mal os senhores juizes, sem ter uma palavra de condenação pela verdadeira sabotagem que a respectiva corporação anda a fazer ao estado de direito democrático.

O DIOGO DO COSTUME
Ler obrigatoriamente este postal de O Espectro. E reflectir também.

QUE ESQUERDA É ESTA?...

...que, através de uma crónica no PUBLICO de hoje, de Fernando Rosas, dirigente do BE, sai em defesa de um Estado, o Irão, onde impera umas das mais reaccionárias ditaduras teocráticas do mundo de hoje?
Fernando Rosas coloca em causa a legitimidade do cerca ao governo iraniano, visando impedir o desenvolvimento do seu programa nuclear.
Não sei se com santa ingenuidade, se com seráfico cinismo, Fernando Rosas acrescenta :
“ Até agora não foi apresentada qualquer prova de que o Irão esteja a mentir ao anunciar formalmente os propósitos pacíficos do seu programa nuclear”

Em meados dos anos 30, também houve gente de “esquerda” opinando que Hitler não representava um grande perigo para a Europa. E que o melhor seria procurar um “apaziguamento” com o nazismo em crescendo constante.
Não era esta a opinião de Winston Churchill, que reiteradamente clamava pela necessidade do re-armamento intensivo da Inglaterra, insistindo que as ambições de Mr Hitler deviam ser paradas, custasse o que custasse. Mas o velho Winston, resmungão e alcoólico, era um tenebroso homem de direita, como se sabe.
Também por esses tempos se ouvia declarar a Estaline e aos comunistas alemães que, no fundo, não havia grande diferença entre os nacionais socialistas e os conservadores ou os sociais democratas.
Viu-se no que deu tão demente cegueira.

Aqui há uns anos era habitual dizer-se que Portugal tinha a direita mais estúpida da Europa.
Agora, talvez se possa também dizer que tem a “esquerda “ mais estúpida.
Trata-se obviamente da esquerda a que se tem de colocar aspas...

A PERDA DA INOCÊNCIA

Comentando a selvajaria islâmica que se abateu contra a Dinamarca e contra os países escandinavos, em geral, o Director do Instituto Finlandês das Relações Internacionais, declarou recentemente :

“ (...) mostra que a desconfiança entre os mundos cristão e muçulmano também se estende a nós”.

Só agora descobriu isso?
“Perda da inocência” chamava ontem o Finantial Times a esta “ descoberta”...

terça-feira, fevereiro 07, 2006

DE CÓCORAS PERANTE A CHANTAGEM ?

Ainda a propósito da lamentável e vergonhosa declaração hoje feita pelo ministro Freitas do Amaral ( teria sido feita em total consonância com a opinião e vontade do Governo e do Primeiro Ministro?...), e para melhor se perceber do que realmente se trata, vale a pena ler o editorial do Publico de hoje, bem como os artigos de opinião nele assinados por Teresa de Sousa ( “ Para acabar com o politicamente correcto”) e por José Vítor Malheiros ( “ Maomé e Voltaire”).

Transcrevo do editorial o seguinte trecho:
“ (...) o apaziguamento de fanáticos nunca resultou, antes lhes deu espaço e criou a ilusão de que a força e a razão estava do seu lado. Sabemos quantas tragédias começaram assim”.

E do artigo de Teresa de Sousa:

“ (...) A tolerância religiosa pode significar tudo menos a cedência à chantagem totalitária. Cedendo ao fanatismo radical e à chantagem de alguns governos árabes e islâmicos, a Europa está a prestar o pior serviço possível àqueles que nesses países acreditam na possibilidade de conciliar o islão com a democracia e os direitos da pessoa humana”

E do artigo de José Vítor Malheiros :

(...)
Os líderes europeus que tentam comprar a pacificação árabe condenando a publicação dos cartoons prestam o pior serviço possível à democracia.
O que se espera deles é que afirmem o direito que os cartoons têm a ser publicados, que expliquem como esse direito é fundamental para todas as liberdades ( incluindo a religiosa) e que mostrem como a expressão de uma opinião é independente da acção do Estado e mesmo do sentimento de uma comunidade”

HÁ DOIS ANOS ERA ASSIM...

O Diário As Beiras costuma publicar, na página dedicada à Figueira da Foz, um pequeno cantinho com o título “ Há dois anos foi assim...”.
É por vezes muito útil dar-lhe uma leitura, a fim de reavivar a memória, que algumas pessoas têm frequentemente muito curta.
No passado sábado, o lembrete era o seguinte :

“O presidente da Câmara anunciou querer que o Centro de Artes e Espectáculos (CAE) faça mais por menos dinheiro.
A poção mágica para o conseguir poderá ter ingredientes aduzidos por privados.
Duarte Silva encontrava-se a equacionar novos métodos de gestão, que poderiam passar por uma parceria público-privada, ou mesmo por vir a ser gerido por privados “

De facto, no mesmo diário do dia 5 de Fevereiro de 2004, sob o título a 3 colunas “Gestão do CAE pode passar para privados” , escrevia-se por exemplo:

Afinal, o CAE (ainda) não se transformou no elefante branco que muitos vaticinaram,
(...)
Em 2003 e 2004, lembre-se, a Câmara transferiu para o CAE cerca de quatro milhões de euros, sendo que para a programação deste ano estão reservados cerca de um milhão e 600 mil euros. No ano passado, as receitas atingiram perto de 40 por cento do montante destinado à programação.
(...)
o edil figueirense parece estar mais inclinado para uma gestão mista, que inclua Câmara e privados. Ou, como alternativa, celebrar protocolos com outros equipamentos congéneres, com mais experiência de gestão e de programação naquele tipo de estrutura.
Mas, antes de tomar uma decisão definitiva, Duarte Silva não vai decerto dispensar a opinião da recentemente constituída “ Associação Os Amigos do CAE” .

Passaram dois anos. Que mudou, entretanto? Parece ter mudado muito pouco, quase nada.
A gestão do CAE foi transferido para o âmbito da Figueira Grande Turismo, outro poço sem fundo a comer recursos financeiros.
Os gastos do CAE , insustentáveis para as debilitadas finanças municipais, ficam assim diluídos e não se notarão tanto.

Assinale-se a sensata cautela do jornalista a escrever aquele “ainda” entre parêntesis . Volvidos dois anos, justificar-se-á o cauteloso advérbio ?
E qual tem sido o contributo para que o CAE “faça mais por menos dinheiro” , dado por aquela badalada e inventiva “ Associação Os Amigos do CAE”, presidida por Santana Lopes ( também patrono do CAE...) e integrando ilustres vultos e personalidades da vida social e política?...

UMA AGRESSÃO À EUROPA...

As agressões e as violências feitas à Dinamarca, têm de ser consideradas como feitas à União Europeia! É imperioso reconhecer esta realidade e agir em conformidade.
A questão não é entre os fanáticos muçulmanos ( e os Estados que os acolhem, promovem e incitam) e a Dinamarca.
É entre os fanáticos muçulmanos e a Europa.
Neste momento, ao ponto a que se chegou em fanatismo e ódio, só por covardia se pode pensar que o problema central é o da condenável e estúpida publicação das famigeradas caricaturas do profeta.

PORTUGAL DE CÓCORAS!...

A declaração do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, que acabo de ouvir, é uma vergonha!
Em tom jesuitico, condena a publicação dos cartoons sobre Maomé ( feita há já 4 meses, recorde-se!...) sem uma única palavra de solidariedade para com a Dinamarca e a Noruega !.
Pela voz gelatinosa do seu Ministro, Portugal coloca-se assim de cócoras perante o fanatismo muçulmano.
Um nojo, uma vergonha, repito.

É INDISPENSÁVEL METER OS JUIZES NA ORDEM !
O Quinto Poder já o referiu com a maior enfase: os senhores juizes precisam de ser metidos na ordem constitucional do estado democrático. É intolerável o que está a acontecer com a verdadeira greve de zelo dos senhores juizes.
Se não querem, ou não sabem portar-se como orgãos de soberania, como previsto na Constituição da República, devem deixar os cargos que ocupam.
Ou deixá-los, ou pura e simplesmente serem deles despejados, pelos orgãos da República que representam a soberania popular. O senhores juizes não representam essa soberania. Não foram eleitos por ninguem.
E ou o Estado democrático acaba com esta aberração de comportamento ultra corporativo, ou serão os senhores juizes a destruir o Estado democrático.
Ninguem com um pouco de bom senso e de formação política poderá deixar de ficar muito preocupado depois de ver as imagens patéticas do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça em declarações prestadas às televisões, conforme esta notícia.
E já agora.
Marques Mendes não conseguirá ganhar credibilidade como líder de alternativa democrática ao Governo actual, nem ganhará credibilidade política para o PSD se , com repugnante oportunismo político, insistir em procurar pescar nas águas turvas por onde navegam actualmente as questões da Justiça e dos senhores juizes, como nesta notícia.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

AS LEITURAS DO ISLÃO

Não há pensamento politicamente correcto que resista a esta conclusão.
Uma certa leitura do Islão, que de resto a letra estrita do Corão permite, é usada por muçulmanos fanáticos, para pregar e praticar a violência.
Face a isto, as correntes muçulmanas não fanáticas, ou menos fanáticas, e que não fazem idêntica leitura do Islão, calam-se, por hipocrisia, medo, ou covardia.
Frequentemente esgrimindo, ao mesmo tempo, argumentos desculpabilizantes, ou relativizando aquela violência num alegado contexto de hostilidade da cultura ocidental ( de raiz greco-latina-judaico-cristã) para com o Islão.
Nos países europeus, juntam-se depois a esta treta e àquela gente umas tantas personalidades muito boazinhas e humanistas, e uns quantos grupos auto-designados “ de esquerda”.
Mas que do “pensamento e da cultura de esquerda” apenas retêm, uns e outros, um recalcado complexo, e uma gritante ignorância da sua história.

DESTAQUE

...para uma crónica de Jorge Fiel publicada no EXPRESSO deste fim de semana, da qual transcrevo estes trechos :

“ (...)
Estes [os partidos] tal como existem, foram inventados numa época em que toda a gente usava chapéu, as mulheres não tinham direito a voto e o telefone era um luxo raro e excêntrico.
Como não foram suficientemente ágeis e rápidos na adaptação à vertiginosa mudança, os partidos chegaram ao século XXI tão obsoletos como uma máquina de escrever.
(...)
Pensar que as sedes e reuniões [dos partidos] são habitadas por cidadãos honestos e desinteressados que sacrificam tempo e dinheiro na defesa nobre de causas e dos seus compatriotas é tão ingénuo como acreditar no Pai Natal.
Os partidos tradicionais são máquinas de assalto ao poder e distribuição de sinecuras (...) “

domingo, fevereiro 05, 2006

O ESPECTRO
Soube da chegada de O Espectro à blogosfera através do colega Amicus Ficaria.
Concordo com a opinião deste. A blogosfera ficou muito mais animada. Se não, veja-se este postal de O Espectro e toda a longa série de debates e contraditórios que suscitou.

CONFRONTO DE CIVILIZAÇÕES
Recomendo vivamente a leitura deste postal.
Se preferir, poderá ir directamente para este site:
http://www.elmundo.es/elmundo/2005/05/26/espana/1117120837.html

CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES ?

Espero que, se tal vier a ser indispensável, como provavelmente virá, o Estado Português, através dos seus Órgãos de Soberania, designadamente o Presidente da República e o Primeiro Ministro, não deixará de prestar inequivocamente a sua total solidariedade com a Dinamarca e a Noruega.
Por palavras e acções, sem reticências, calculismos, subterfúgios ou relativizações.
Mesmo que isso se traduza nalguns custos ou incómodos. No conflito em desenvolvimento, não haverá lugar a posturas de neutralidade, quando estão em causa princípios e valores civilizacionais comuns.

A este propósito, creio merecer alguma reflexão este trecho da crónica de Vasco Pulido Valente no PUBLICO de hoje:

“Claro que sem liberdade de imprensa, por muito relativa que ela fosse, a Europa seria hoje muito diferente. Sem Erasmo, a Reforma, o iluminismo e o socialismo; e sem a arte, a ciência e a crítica bíblica, a Europa ocidental, para sossego e conforto do seu espírito, seria agora quase oriental e, com sorte, até talvez muçulmana.
Uma hipótese que aparentemente agrada a toda a gente que por aí rasteja para não ofender ou amansar a conhecida susceptibilidade do Islão.
A tirania do “politicamente correcto” já não permite pensar que a civilização greco-latina e judeo-cristã da Europa e da América é uma civilização superior; e superior, muito em especial, à civilização falhada muçulmana e árabe.
Mas, quer se pense ou não, o facto permanece e a subserviência do Ocidente perante a intimação islâmica, a propósito dos cartoons da Dinamarca ou de qualquer outro pretexto, envergonha e humilha .

BOAS FESTAS!

De regresso a esta sempre animada cidade, depois de mais uma ausência, sou recebido, logo na rotunda de entrada da Figueira da Foz, com umas decorações festivaleiras, onde pude ler : “Boas Festas” !...
Lembrei-me então que para as festas do Carnaval só faltam 3 semanas.
E disse cá com os meus botões : de facto, não é muito tempo de antecipação para começar já a animar o pessoal e a convidar os visitantes.
Bem vistas as coisas, as decorações para as festas de Natal e Ano Novo começam habitualmente a ser colocadas lá para os inícios do mês de Dezembro.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

A REGRESSAR...
Inicio hoje o meu regresso, depois de fugir do frio que trouxe a neve à Figueira da Foz.
Fui seguindo as novidades pela blogosfera e pela SIC Internacional.
Às cinco da tarde, era normalmente o tempo de interromper a piscina para ir ver e ouvir o telejornal das oito da noite.
Ontem, vi uma excelente entrevista dada pelo ministro Silva Pereira a Maria João Avilez.
O ministro Silva Pereira mostra grande serenidade, tem um discurso fluente, sem recurso ao politiquês mais comesinho. Um político com muito futuro, assim o vaticino.
Pode bem vir a ser um dos principais protagonistas da modernização do PS português.
A sua calma e bom senso devem ser um eficaz contraponto à por vezes excessiva acrimónia que José Socrates costuma colocar nas suas palavras.

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