terça-feira, fevereiro 14, 2006
AZIA PANDÉMICA
A figura política de Freitas do Amaral causa-me, reconheço-o inteiramente , uma grande repugnância, a que também se poderá chamar uma azia alérgica muito dolorosa. Esta foi agravada substancialmente pelas já famosas e incríveis declarações do ilustre ministro, a propósito dos cartoons e de um proposto campeonato de futebol euro-áreabe.
Acontece que aquela azia parece ser contagiante, tendo quase virado de natureza pandémica.
De facto, parece ser claro que a chamada opinião publicada (meios de comunicação social, blogues, comentadores...) , mas também a opinião pública portuguesa, não se identificam , de todo, com as pusilânimes e acocoradas declarações de Freitas do Amaral.
Estas foram hoje muito elogiadas pelo embaixador do Irão, representante em Portugal daquele estado teocrático que, como é bem sabido, é uma exemplar democracia, e não uma feroz ditadura como a Dinamarca.
Que eu me tenha apercebido, em defesa das idiotas teses de Freitas do Amaral só saiu a terreiro a azougada e desqualificada deputada europeia Ana Gomes.
O mal estar no seio do PS e, diz-se, no seio do próprio Governo, são já indisfarçáveis.
E, para quem souber ler e interpretar um texto, as declarações ontem proferidas pelo Presidente da República estão em claríssima falta de consonância com as do infeliz ministro.
Sobre a polémica, recomendo a leitura do artigo de opinião de Teresa de Sousa no PUBLICO de hoje.
Sob o título “ O insustentável silêncio de José Sócrates”, termina assim:
“ A Europa está hoje perante uma crise internacional de enormes proporções e de consequências sérias. Acreditará o primeiro-ministro que o problema desaparecerá dos seu horizonte, deixando-lhe o espírito livre para se ocupar das reformas internas? Pensará que, apaziguando os países árabes, pode desenvolver mais facilmente a sua estratégia de cooperação preferencial com o Magrebe? Desiluda-se. Terá, mais tarde ou mais cedo, de clarificar o que pensa e de confrontar-se com as sua responsabilidades europeias. Foi para isso que foi eleito também.
E tem um sério problema a resolver : o que fazer com este ministro dos Negócios Estrangeiros."