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quinta-feira, novembro 30, 2006

EXTRAORDINÁRIAS AGILIDADE E EFICIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA !... - 2

O relatado num dos posts de ontem, trouxe-me à memória uma outra história, passada toda ela na Figueira da Foz, vai para mais de 25 anos.
Foi a construção da torre J. Pimenta, de 17 andares, erigida na avenida do Brasil ali para os lados de Buarcos, inaugurando e criando precedente para a “plantação intensiva “ da floresta de betão que por aquelas bandas se pode hoje admirar.
Vale a pena recordar, em jeito de breve síntese.

A Sociedade J.Pimenta era uma empresa muito activa nos negócios do imobiliário e da construção durante a década de 70.
Na Figueira da Foz, adquiriu um lote de terreno do património municipal, cuja deliberação de venda foi tomada pela Câmara Municipal de então, em 20.Fev.1973.
Segundo as condições de venda, era autorizada para o local a construção de um edifício de 10 andares, a que correspondia um coeficiente de ocupação de 9 m3/m2 .
Devido aos tempos agitados que se seguiram ao 25 de Abril de 1974, só em 1979 pode dar início à construção.
A certa altura, pelo meio do ano, a J.Pimenta quiz aumentar a cércea da torre de 10 para 17 andares.
No mês de Setembro, iniciou activas diligências nesse sentido, junto da Câmara Municipal. Seguiram-se depois várias peripécias curiosas, no âmbito dessas activas e insinuantes diligências.
Em 16 de Dezembro de 1979 houve eleições para os orgãos municipais , ganhas na Figueira da Foz pelo PS, com maioria relativa ,embora com uma lista quase toda renovada relativamente ao anterior elenco camarário.

De 18 a 31 de Dezembro de 1979, todo o processo teve um desenvolvimento verdadeiramente meteórico.

- Em 18.Dez.1979 , 2 dias depois de conhecidos os resultados eleitorais, a Câmara Municipal, em funções de gestão corrente, deliberou modificar o contrato de 23.Março.1973, a fim de tornar possível a aprovação do projecto, agora com 17 andares, em vez dos 10 andares anteriormente autorizados.
- Em 19.Dez.1979, o então Chefe dos Serviços de Turismo do Município da Figueira da Foz, informa a J.Pimenta, por ofício, que aqueles serviços estavam interessados na aquisição do 4º piso da torre de 17 andares a construir.
-Nesse mesmo dia, em 19.Dez.1979, a firma J.Pimenta envia uma carta, indicando as condições de venda do 4º piso, sugerindo que o pagamento se fizesse por troca de terrenos para construção.
-Aquela carta dá entrada nos Serviços de Turismo em 21.Dez.1079, 6ª feira. O dia 23 foi sábado, os dias 24 e 25 de Dezembro foram feriados.
- Logo no dia 26.Dezembro.1979, são remetidas cópias da carta ao Presidente da Câmara Municipal.
-Nesse mesmo dia, 26.Dez.1979, na Câmara Municipal,é dado despacho para registar e minutar resposta.
-Com data de 28.Dez.1979 (6ª feira) é enviada uma carta da Câmara Municipal à J. Pimenta indicando a intenção em adquirir o 4º andar da futura torre de 17 andares, e propondo a forma de pagamento em terrenos da avenida marginal.
-Com a conhecida grande eficiência dos CTT, sobretudo na época natalícia, a firma J.Pimenta recebe esta carta no dia 31 .Dezembro.1979 (2ª feira), pois logo nesse mesmo dia responde, aceitando as condições propostas.
-Esta carta, certamente entrege em mão, chega à Câmara Municipal no mesmo dia, 31.Dez.1979, sendo logo despachada à reunião desse mesmo dia.
-Na reunião deste dia 31.Dez.1979, a Câmara Municipal, na sequência da deliberação de 18.Dez.1979, que autorizara a J.Pimenta a alterar o projecto de 10 para 17 andares, delibera adquirir o 4º piso da torre, com pagamento a ser feito com terrenos na avenida 25 de Abril.
-O dia 1.Janeiro.1980 , foi feriado.
-No dia 2.Janeiro.1980 , tomou posse a nova Câmara Municipal.

Como se vê, já nos idos dos anos setenta do século passado, a Administração Pública mostrava, de vez em quando, ser muito célere, ágil, meteórica, nas decisões e no desenvolvimento de certos processos.

O PRONUNCIAMENTO

O Chefe do Estado-Maior da Forças Armadas, Almirante Mendes Cabeçadas, pronunciou-se.
Não na carta que escreveu ao Ministro da Defesa, mas ao dar-lhe divulgação.
Estamos assim claramente em face de um “pronunciamento militar”, ao belo estilo de uma qualquer república da América Latina.


Há 80 anos, em 28 de Maio de 1926, também o Comandante Mendes Cabeçadas, da Marinha, fez parte, juntamente com o General Gomes da Costa, do directório dos comandos militares que, em Braga e em Lisboa se “pronunciaram” contra o poder civil instituído.
O Comandante Mendes Cabeçadas coagiu mesmo o Presidente da República, Bernardino Machado, a partir para o exílio, não sem antes o nomear Primeiro Ministro.
Por poucos dias. Passadas umas poucas semanas, quem passou a mandar, na tropa e na Ditadura, foi o General Óscar Carmona.
Até chegar Salazar.
Este é que sabia da coisa.
Dizia: querem a tropa soxegadinha? Pague-xe-lhes bem !….


quarta-feira, novembro 29, 2006

EXTRAORDINÁRIAS AGILIDADE E EFICIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA!... - 1

O PUBLICO de anteontem publicou uma notícia da Figueira da Foz, sob o título :

Providência cautelar contesta “decisões ilegais” do anterior Governo sobre o Parque Desportivo de Buarcos

A fazer fé na notícia, a qual por sua vez cita o teor de uma providência cautelar (mais uma, está mesmo na moda!....) contestando a legalidade de duas decisões tomadas ainda nos últimos dias da vigência do Governo de Santana Lopes.
Aquelas concediam pareceres favoráveis à pretensão da Câmara Municipal da Figueira da Foz em declarar de natureza urgente as expropriações de terrenos destinados ao muito anunciado Parque Desportivo de Buarcos, que era para estar já pronto com vista a ser usado no Europeu de Futebol de 2004.

Ainda fazendo fé no mesmo relato, as coisas ter-se-ão passado assim :

- o Governo de José Sócrates, tomava posse a 12.Março.2005 .
- dois dias antes, em 10.Março.2005 , o Ministério do Turismo exarava um despacho autorizando o Instituto de Turismo a conceder 6,5 milhões de euros para a construção do dito parque.
- um dia antes, em 11.Março.2005, dava entrada na Direcção Geral das Autarquias Locais ( em Lisboa), um ofício da Câmara Municipal da Figueira da Foz (CMFF) solicitando a declaração do carácter de urgente das expropriações
-nesse mesmo dia, 11.Março.2005, véspera da tomada de posse do novo Governo, a Direcção Geral das Autarquias Locais dava dois pareceres favoráveis ao requerido pela CMFF.
- nesse mesmo dia, 11.Março.2005, último dia da vigência do Governo de Santana Lopes, e véspera da tomada de posse do novo Governo, aqueles dois pareceres são apreciados pela Secretaria de Estado da Administração Local ( na altura a funcionar em Coimbra), e obtinham despacho concordante.

Repete-se : faz-se fé que estes factos e esta cronologia são verdadeiros.

No plano puramente jurídico, não sei avaliar da legalidade ou ilegalidade destes pareceres e despachos muito despachados, feitos em 10 e 11 de Março.
Não me custa a crer que, face à doutrina e à prática habitualmente seguidas, no antecedente, em casos semelhantes, esteja tudo aquilo muito legal e seja tudo aquilo perfeitamente constitucional . E que possa caber no quadro dos actos de gestão em geral admitidos a um governo em gestão .
O que me importa, todavia, é apreciar todo o acontecido no plano da ética política ( será que essa coisa ainda existirá?....).
E neste plano, é esquisito, feio, descarado, e cheira muito a chico-espertice.

Depois de verificar a forma célere, ágil, eficiente, despachada, meteórica, como o processo foi tratado, em duas penadas, em dois dias, não devemos dar razão, de modo nenhum, aos pessimistas e maledicentes que se estão sempre a queixar da inoperância, da lentidão, do emperramento da nossa Administração Pública!....

Co’s diabos!... Haja tino e decoro!

terça-feira, novembro 28, 2006

REFERENDO DE RESULTADO CONHECIDO

Certeiro e saboroso este post do blogue CausaNossa.

ALIANÇAS COM O DIABO

Sempre propenso a ir pescar onde houver águas turvas, e como seria de esperar, o PCP veio agora cavalgar o que chama de “ insatisfação que se está a gerar nos meios militares”.
Protesta desde já contra o devido e indispensável sancionamento do comportamento sedicioso e desafiante ao poder civil democrático, que constituiu a manifestação-passeata de uns quantos grunhos da tropa, na semana passada.

Na sua ânsia de sabotarem e enfraqucerem o estado democrático, a que chamam de democracia burguesa, os pê-cês estalinistas não olham a meios.
Se acharem que para tirar imediatos dividendos de um qualquer conflito, lhes convem aliarem-se com o diabo, logo vão aliar-se a ele.

Foi o que objectvamente fizeram na república de Weimar, na Alemanha, no princípio dos anos 30 do século passado.
E o que fez tambem Estaline, em Agosto de 1939.
Viram-se depois os resultados.

AS FALHAS PROCESSUAIS

Um post do colega local Confraria das Bifanas chamou a minha atenção para esta notícia.

Segundo nela consta, por parte do ou dos médicos não houve negligência médica ou falha terapêutica.
O distinto inspector-inquiridor, possivelmente mais propenso e preocupado em olhar às vírgulas, ao preenchimento muito direitinho dos formulários, e ao cumprimento da alínea x do artigo a da portaria não sei quantos, que alterou o disposto num tal artigo do decreto-lei número tantos, parece ter concluido que existiram “falhas processuais”.
O Conselho de Administração foi na onda. Sempre será mais cómodo estar respaldado pela proposta de um distinto inspector.

Estará tudo na linha da cultura dominante e da jurisprudência portuga.
Interessa mais o formalismo, o embrulho ou a cosmética.
O conteúdo e a substância são menos importantes.

DOIS ANOS ANTES
Sobre as muito badaladas SCUT's, remeto para a leitura deste post do QuintoPoder, de Dezembro de 2004

segunda-feira, novembro 27, 2006

HISTÓRIA DE PORTUGAL CONDENSADA

Porque não ensinar as criancinhas, coitadinhas, já tão sacrificadinhas com os TPC’s, uma História de Portugal condensada, mais fácil de aprender, como nesta versão que foi enviada ao QuintoPoder por e-mail?

Tudo começou com um tal Henriques que não se dava bem com a mãe e acabou por se vingar na pandilha de mauritanos que vivia do outro lado do Tejo.
Para piorar ainda mais as coisas, decidiu casar com uma espanhola qualquer e não teve muito tempo para lhe desfrutar do salero porque a tipa apanhou uma camada de peste negra e morreu. Pouco tempo depois, o fulano, que por acaso era rei, bateu também as botas e foi desta para melhor.
Para a coisa não ficar completamente entregue à bicharada, apareceu um tal João que, ajudado por um amigo de longa data que era afoito para a porrada, conseguiu pôr os espanhóis a enformar pão e ainda arranjou uns trocos para comprar uns barcos ao filho que era dado aos desportos náuticos.
De tal maneira que decidiu pôr os barcos a render e inaugurou o primeiro cruzeiro marítimo entre Lisboa e o Japão com escalas no Funchal, Salvador, Luanda, Maputo, Ormuz, Calecute, Malaca, Timor e Macau. Quando a coisa deu para o torto, ficou nas lonas só com um pacote de pimenta para recordação e resolveu ir afogar as mágoas, provocando a malta de Alcácer-Quibir para uma cena de estalo.

Felizmente, tinha um primo, o Filipe, que não se importou de tomar conta do estamine até chegar outro João que enriqueceu com o pilim que uma tia lhe mandava do Brasil e acabou por gastar tudo em conventos e aquedutos.
Com conventos a mais e dinheiro menos, as coisas lá se iam aguentando até começar tudo a abanar numa manhã de Novembro. Muita coisa se partiu. Mas sem gravidade porque, passado pouco tempo, já estava tudo arranjado outra vez, graças a um mânfio chamado Sebastião José que tinha jeito para o bricolage e não era mau tipo apesar das perucas um bocado amaricadas.
Foi por essa altura que o Napoleão bateu à porta a perguntar se o Pedro podia vir brincar e o irmão mais novo, o Miguel, teve uma crise de ciúmes e tratou de armar confusão que só acabou quando levou um valente puxão de orelhas do mano que já ia a caminho do Brasil para tratar de uns negócios.
A malta começou a votar mas as coisas não melhoraram grande coisa e foi por isso que um Carlos anafado levou um tiro nos coiratos quando passeava de carroça pelo Terreiro do Paço.
O pessoal assustou-se com o barulho e escondeu-se num buraco na Flandres onde continuaram a ouvir tiros mas apontados a eles e disparados por alemães.
Ao intervalo, já perdiam por muitos mas o desafio não chegou ao fim porque uma tipa vestida de branco apareceu a flutuar por cima de uma azinheira e três pastores deram primeiro em doidos, depois em mortos e mais tarde em beatos.

Se não fosse por um velhote das Beiras, a confusão tinha continuado mas, felizmente, não continuou e Angola continuava a ser nossa mesmo que andassem para aí a espalhar boatos. Comunistas dum camandro! Tanto insistiram que o velhote se mandou do cadeirão abaixo e houve rebaldaria tamanha que foi preciso pôr um chaimite e um molho cravos em cima do assunto.
Depois parece que houve um Mário qualquer que assinou um papel que nos pôs na Europa e ainda teve tempo para transformar uma lixeira numa exposição mundial e mamar duas secas da Grécia na final.

NOTÓRIA ESTUPIDEZ

Como refere este post do ABRUPTO, uma chamada Ordem dos Notários publicou anúncios de página inteira, que devem ter custado uma enorme pipa de massa, cujo título, sob as fotos lado a lado de Hitler, Estaline e....Churchill (!!!!) reza assim :

"Se eles tivessem tido um notário, talvez não tivesse havido guerra".

A imbecil mensagem parece ser : se estes 3 personagens históricas se têm entendido, com a medeação de um notário, não teria havido guerra...
Se eu fosse notário, sentir-me atingido na minha inteligência e na minha dignidade profissional.

domingo, novembro 26, 2006

O VÓRTICE E A ESPIRAL NA ECONOMIA

Numa das suas habituais crónicas publicadas no EXPRESSO , sempre com um notável poder de síntese, Daniel Bessa exprime ontem preocupação pela situação económica espanhola :

NEM TUDO O QUE LUZ...
A opinião pública portuguesa olha para os resultados económicos conseguidos por Espanha nos últimos anos com admiração, talvez mesmo com uma elevada ponta de inveja.
A admiração tem razão de ser : uma das mais elevadas taxas de crescimento da União Europeia, emprego e salários em alta, contas públicas mais do que equilibradas.
Mas nem tudo o que luz é ouro : o crescimento encontra-se quase todo assegurado pelo mercado interno.
A inflação é uma das mais altas da UE . As exportações crescem muito lentamente e as importações crescem rapidamente. O défice da balança de transacções correntes é o segundo maior do mundo, excedendo já os 8% do PIB “
(...)

Daniel Bessa está inquieto, pois sabe que, hoje em dia, um espirro na economia espanhola pode dar pneumonia na economia portuguesa.
E sabe do que fala. Foi ministro da Economia de António Guterres, embora por curto tempo.
Sobretudo no primeiro governo de António Guterres, o crescimento da economia portuguesa foi quase que exclusivamente impulsionado através do consumo interno.
Deu os maus resultados que deu, pelos quais estamos e estaremos a pagar muito caro.

A tese keynesiana clássica é mais ou menos assim : verificando-se uma depressão económica ( ou seja, reduzida propensão para o investimento), o governo pode e deve induzir a retoma criando ele próprio emprego e investindo em força em obras públicas ; distribuindo assim liquidez monetária, estimulará a procura e o consumo, com o que, por esse efeito, aumentará a seguir a produção para oferta, e logo depois o emprego.
De certa maneira, actualmente, é esta também a tese da CGTP e do PCP, expressa à mistura com mais uns quantos slogans demagógicos.

A teoria e a receita poderão ser verdadeiras e encontrar aplicação numa grande economia, relativamente bem fechada às trocas com o exterior.
Mas é desastrosa quando aplicada à risca numa pequena economia aberta como a portuguesa, e num contexto socio-cultural como o actualmente vivido em Portugal.
Entre nós, mal o cidadão da classe média se sinta um pouco mais aliviado no seu cinto, e ouça tilintar nos bolsos mais um euros, vai pela certa correr a consumi-los em electrodomésticos, televisores de plasma, telemóveis de último modelo, leitores de DVD, ou coisas do género, nos shoppings, nos supermercados do Engº Belmiro ou nas lojas dos chineses.
O aumento deste consumo e desta procura irá assim ajudar o aumento da oferta e da produção, não do tecido produtor nacional, mas da restante Europa, de Singapura, da Coreia do Sul ou de Xangai.

A produção nacional e consequentemente o emprego, esses irão sentir de forma limitada os efeitos do aumento da procura interna.
Crescerá assim o défice de transacções correntes.
Para fazer face a esse crescimento, a solução tem sido pedir dinheiro emprestado. Pelo qual se tem de pagar mais juros.
Assim se mergulha no vórtice e na espiral devoradora, dos quais é sempre muito doloroso sair. Como se tem visto.

sábado, novembro 25, 2006

NÃO VIVER EM LISBOA

De uma excelente crónica de Nicolau Santos no EXPRESSO de hoje :

“A continuar por este caminho, dentro de uns anos não teremos cidades dormitórios à volta de Lisboa.
Lisboa é que será uma cidade-escritórios, sem munícipes residentes.
A classe média será obrigada a viver fora de Lisboa, por falta de capacidade económica.
Os que ficarem serão muito velhos para partir e estarão em instalações degradadas.
Ou serão muito ricos e viverão em condomínios fechados, com segurança por todo o lado, enquanto bandos de arruaceiros e vagabundos passeiam pelas ruas desertas espalhando o terror e o horror.
É assim que se perde competitividade. Porque de nada valerá ter excelentes hotéis, auditórios, anfiteatros, estádios de futebol.
Ninguém vem fazer turismo, congressos, espectáculos de música ou eventos desportivos numa cidade sem “glamour”, envelhecida e insegura.”

“ISTO SÓ ACONTECE EM PORTUGAL

Um comentário de João Vieira Pereira no caderno de Economia do EXPRESSO de hoje :

“A aprovação pela Câmara de Lisboa do loteamento para construção num terreno por onde passará o traçado do TGV é um daqueles casos onde se acaba por dizer “ Isto só acontece em Portugal”.
Não faz qualquer sentido tomar esta decisão sem ser coordenada com o Governo, só que Carmona sempre mostrou que para coordenar coisas com outras famílias não tem lá muito jeito.
Pior ainda é quanto esta precipitação pode custar ao Município.
As contas do “Diário de Notícias” apontam para 60 milhões de euros de indemnização.
Se assim for, deviam ser pagos por quem aprovou o projecto”

Num debate que vi ontem na SIC Notícias, o Prof. Saldanha Sanches comentou que quem possivelmente se irá abarbatar com uns largos milhões de euros de indemnização, será a empresa imobiliária promotora do loteamente aprovado, de que é proprietário ou sócio, o Sr. Luís Filipe Vieira, presidente do Sport Lisboa e Benfica...

AS ÁRVORES MORREM...
Mais uma velha árvore que morreu no Parque das Abadias, na Figueira da Foz.
Foi vítima do vento, da chuva e do temporal de ontem.
Começam a faltar árvores no Parque das Abadias.

Nota: Faça clique sobre a foto, se quiser ampliá-la

sexta-feira, novembro 24, 2006

TLEBS, TLEBICES e TLEBICÊS


TLEBS é um modernaço palavrão do eduquês linguístico.
Significa : Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário.
Um palavrão muito fino, com montes de chic, para substituir a palavra Gramática, mais simples e simplista, que era assim que lhe chamávamos nos velhos tempos em que se aprendia português na 4ª classe .
A TLEBS contem um incontável número de pérolas de fazer rebolar de riso a mais sisuda das criaturas.

Já tomei conhecimento de algumas.

As “orações”, que antes tinham virado “sintagmas” ( acho eu...) agora viram para “frases”.
Deixa de haver “substantivos”. Passam a chamar-se “nomes”. Vá la´, sempre é mais curto.
Os nomes podem ser, como eram os substantivos, próprios, comuns ou abstractos. Mas passam também a existir nomes epicenos, agentivos e nomes de qualidade.
Topam?
Um “adjectivo qualificativo” passa a ser ou um “adjectivo de possibilidade”, ou um “adjectivo relacional”.
Como se define um “adjectivo de possibilidade”?
Assim : um adjectivo derivado de uma base verbal, e podem ser parafreados por uma expressão VPP, sendo VPP a forma do particípio passado da base verbal derivante.
Não percebi patavina.

Depois, o eduquês linguístico tem expressões tão divertidas como :

“ amálgamas de tempo-modo-aspecto e pessoa-número”
“ compostos morfo-sintáticos coordenados”
“ coerência pragmático-funcional “

O Ministério da Educação continua com os seus serviços contaminados com teóricos das ciências pedagógicas que alimentam esta tralha toda. Há que limpar a casa o mais rapidamente possível.
Não se pode mandá-los para o banco dos excedentários?

A propósito do TLEBS, tem de ler este bem humorado texto de Ruben de Carvalho, publicado no Diário de Notícias de ontem.

INQUIETAÇÕES - 2

Como já tinha feito o QuintoPoder, neste post de ontem, referindo-se ao 28 de Maio a propósito de uma declaração de um oficial ( “Não foi para isto que os militares fizeram o 25 de Abril”), recorda hoje Vasco Pulido Valente na sua crónica do PUBLICO:

(...) convem lembrar ao Sr. Torres que se os militares “fizeram” o 25 de Abril, também “fizeram” o 28 de Maio e a ditadura e, durante a I República, dezenas de golpes de uma radical irresponsabilidade.
(...)
O Sr. Torres, consciente ou inconscientemente, ameaçou o poder civil(...).Este episódio não é inócuo, por muito inconcebível que seja qualquer nova “quartelada” .
O Governo e o Presidente da República têm de mostrar, com toda a clareza, os limites do permissível. Se o conseguirem.
(...)
Quantos “levantamentos”começaram por um simples protesto corporativo?
Na altura em que se permitiram associações profissionais de militares, com a saloiíssima desculpa de que também se permitem na “Europa”, era de prever que elas, tarde ou mais cedo, levassem a um sarilho sério.
Proibido pela lei, pelo Governo e pelos Chefes de Estado Maior, o “passeio” do Rossio põe o poder civil numa situação sem saída : ou engole e se desautoriza, ou reprime e agrava o caso, ou deixa andar e pune à socapa os cabecilhas, com uma cobardia que o irá fatalmente enfraquecer.
Escolha o que escolher, perde sempre.

INQUIETAÇÕES - 1

Subscrevo inteiramente a pergunta formulada neste post do blogue Causa Nossa.
Bem como partilho da inquietação contida neste outro dasabafo do mesmo blogue:

Ai do poder civil que consinta manifestações militares”.

O Ministro da Defesa não poderá assobiar para o lado, pretendendo que a manifestação teve participação muito escassa, menosprezando-a com a alegação de que as forças armadas têm cerca de 50 mil efectivos, só no activo ; e que pela baixa pombalina de Lisboa só se “passearam” umas poucas centenas.
Causa por isso alguma inquietação o teor de declarações que já prestou esta manhã, sobre esta questão.

Tem o dever de ordenar a identificação e a exemplar punição de alguns ou de todos os “passeantes-manifestantes” que, com amplamente fotografada e filmada evidência, assim se atreveram a desafiar o poder civil e democrático, cometendo o crime de desobediência qualificada.
Sob pena de, não o fazendo, causar grave dano à autoridade do Estado.
Um Estado nacional que perde autoridade perante a tropa, perde também prestígio perante os seus cidadãos; perde também prestígio a nível europeu e internacional.

quinta-feira, novembro 23, 2006

SINAIS DE HESITAÇÃO

Do editorial do PUBLICO de hoje :

Uma cedência aqui, uma excepção ali, um ligeiro recuo mais além. São pequenos sinais que podem ser passageiros, ou reflectir alguma hesitação do Governo em áreas essenciais”

E a finalizar :
“ Serão sinais pontuais, ou reflectem com fidelidade alguma hesitação do Governo?”

Assalta-me a dúvida : acaso poderá estar o Governo a esquecer aquele conselho sábio do antigo primeiro-ministro socialista da Suécia : “ Stick to the plan”?....

UM NOVO 28 DE MAIO?

A propósito desta história dos oficias pretenderem fazer uma manifestação pública ( um simples passeiozito pelo Passeio Público da baixa lisboeta, tadinhos, tão inocentes que eles são!...) , um senhor comandante qualquer declarou, segundo transcrição do PUBLICO :

Não foi para isto que os militares fizeram o 25 de Abril

Para além de ser curioso saber se o dito oficial participou de facto no 25 de Abril ( ou seja , no dia 25 de Abril mesmo, não no dia 26 de Abril...) importaria tambem perguntar-lhe se acaso estará a pensar em fazer um novo 28 de Maio...

FOLCLORES, FESTIVAIS, ENCONTROS, CANTORIAS, MÚSICAS...

Na reunião da Câmara Municipal da Figueira da Foz do passado dia 16 de Outubro, teve lugar um animado e algo bizantino debate entre, por um lado, o Presidente da Cãmara e outros Vereadores “Executivos”, e por outro, os Vereadores “Não Executivos, ou seja, da “oposição” .
Pelo meio, e sempre com 5 votos a favor e 4 abstenções, foi aprovado um grande ror de subsídios para festas, festivais, folclores, encontros recreativos, e eventos do estilo, que fazem geralmente a delícia das “populações”, e sobretudo a fidelização das clientelas partidárias.
Todas as propostas vieram à apreciação e votação da Câmara Municipal pela mão diligente do Vereador executivo José Elíseo.
Muito embora o Presidente da Camara, aparentemente agastado com observações dos vereadores “não executivos”, fizesse questão em insistir que as propostas eram de todo o colégio dos “vereadores executivos” .

Assim, de uma penada, foram então aprovados os seguintes “subsidiozinhos” :

- 1000 Euros : à “Bruna”, Tuna Académica da Figueira da Foz, para o 7º Certame Nacional de Tunas
- 250 Euros : ao Centro Recreativo Cultural Carvalhense, para o 3º Encontro de Grupos de Cantares.
- 250 Euros : à Associação Musical Filarmónica Maiorquense, para um Encontro de Bandas.
-250 Euros : à Filarmónica Quiaiense da Casa do Povo de Quiaios, para um Encontro de Bandas.
- 700 Euros : à Junta de Freguesia de Buarcos, para o 26ª Festival de Folclore
- 400 Euros : ao Grupo Desportivo e Amizade do Saltadouro, para o 10º Festival de Folclore.
- 250 Euros : Sociedade Musical, Recreativa, Instrutiva e Beneficiente Santanense para um Encontro de Bandas.
- 250 Euros : à Sociedade Musical, Recreativa, Instrutiva e Beneficiente Santanense, para um Encontro de Orquestras.
- 2000 Euros : à Associação Cultural, Recreativa e Desportiva da Gândara, para o 11º Festival da Canção Jóvem
- 700 Euros : à Assembleia Figueirense, para um Festival de Xadrez
- 7500 Euros : ao Grupo Recreativo Vila Verdense, para o 28º Grande Prémio de Atletismo
- 250 Euros : à Sociedade Boa União Alhadense, para o 7º Encontro de Filarmónicas
- 1000 Euros : à Associação das Colectividades do Concelho da Figueira da Foz, para a comemoração dos 250 anos do nascimento de Mozart !!!!!!......

Tudo somado, aí temos um total de 14800 Euros alegremente distribuidos, de uma penada, para a animação e a alegria das “populações”....
Pouca coisa. O montante total e , sobretudo, as pequenas pingas de 50 contos pr’áqui e 50 contos pr’áli, até poderão nao impressionar assim muito.
Dá para pensar é que aquele “milho” assim espalhado, junto com outros “milhos” para os vários “subsidiozinhos” que toda a gente se sente no direito de vir implorar aos cofres municipais, para “animação”, acabam por compor verba grauda.
Depois, e não para as “populações”, mas para as pessoas, falta dinheiro para o resto, ai falta, falta.
E o resto é frequentemente o essencial e o prioritário.

MANIAS PATERNALISTAS
Um rematado disparate é a intenção do Governo, hoje anunciada, de legislar no sentido de proibir, às estações de televisão, alterações de última hora da sua programação. Só o poderão fazer até 48 horas antes da emissão.
O Governo não terá mais nada com que se preocupar, além de meter o bedelho em questões ridículas como esta? Soa nitidamente a preocupação populista, terceiromundista e politicamente correcta em agradar aos “espectadores compulsivos “ das telenovelas.
Cuja qualidade, actualmente, anda por um nível geral muito baixo. Esta é a minha opinião; não a será de muita gente. Eu não vejo, e essa muita gente vê. Eu estou no meu direito, e essa muita gente está tambem no seu direito.
Quando não estiver satisfeito com uma estação, o “consumidor de televisão” tem ao seu dispor uma arma : o comando.
Com um simples clique, muda de programa ou orienta a sua preferencia por outra televisão. Não precisa da protecção paternalista do Estado.
É mesmo muito antipedagógico que a tenha em matérias como esta.

Nota:
Por este andar, ainda vamos ter um dia destes o Governo a legislar sobre os blogues...
Assim, por exemplo : cada blogue terá forçosamente de garantir , no mínimo, a publicação de um post por dia.
Os que não cumprirem, serão retirados da blogosfera.
Será para o efeito criada uma Comissão de Acompanhamento, uma Entidade Reguladora, uma Alta Autoridade, um Observatório, e uma Unidade de Missão.
Muitos blogues que se cuidem

quarta-feira, novembro 22, 2006

O COBRADOR DO FRAQUE

Leio na imprensa diária de hoje o título de uma entrevista dada pelo Presidente da Associação dos Industriais de Construção Civil :

Autarquias demoram mais de seis meses a pagarem dívidas aos construtores

No corpo da entrevista, acrescenta : “havendo mesmo inúmeros casos em que os atrasos são superiores a um ano”.

Estou a ver que, por este andar, ainda vamos um dia ver os empreiteiros e outros credores das Camaras Municipais a recorrerem aos serviços da empresa Os Senhores do Fraque.

Estas são as top+ das desculpas mais habituais dadas pelos devedores.
E nesta outra página, lendo algumas das questões mais frequentes, podemos ficar a saber que, depois da cessão de créditos, a actuação da empresa perante o devedor, ou o “inadimplente”, é a seguinte:

Depois do processo instruído e documentado, o devedor é notificado da transmissão da dívida e é de imediato instado ao pagamento voluntário. Posteriormente todo o seu relacionamento económico é averiguado nomeadamente, o paradeiro efectivo dos seus bens. Depois de uma 1ª fase de reconciliação baseada no mero diálogo a fim de um desfecho profícuo, é instaurado o acompanhamento personalizado que é sobejamente conhecido denunciando sucessivamente os seus interesses económicos onde mora, onde trabalha, junto da Comunidade onde se insere, dentro do âmbito da lei

Nota
Confesso a minha igmorância, mas não conhecia o termo “inadimplente”. Do dicionário, tão pouco consta.
Encontrei, isso sim, a palavra “ inadimplemento” : não cumprimento de um contrato.

terça-feira, novembro 21, 2006

DESEMPENHO, EFICIÊNCIA E RENDIMENTO

Ouço hoje na rádio, e rio-me.
A Ministra da Cultura afirma , no seu estilo empertigado :

Nunca se gastou tanto na cultura em Portugal como em 2006”

Na vida política, afirmações deste tipo ouvem-se tambem, frequentemente, e com idêntico registo, sobre a saúde e o ensino, por exemplo.
Revelam a meu ver grave incompetência e ignorância.
Mas acaso o “nível de gasto” numa determinada actividade ou processo pode servir de indicador da bondade, da eficiência ou da excelência do seu desempenho?

A eficiência, o rendimento, ou o desempenho de um processo medem-se através da avaliação mais ou menos quantificada, do valor (económico ou social) dos seus resultados ( os “outputs”).
Ou, melhor ainda, através do quociente entre o valor dos resultados ( os “outputs”) e o valor dos gastos ( os “inputs”).

CULTURA E CIÊNCIA

Enquanto, para os chamados “intelectuais” indígenas, a vertente cultural científico-tecnológica não for colocada em perfeito e exacto pé de igualdade com a vertente cultural das humanidades, das letras e das artes, Portugal nunca se poderá reivindicar de ser culturalmente adulto, continuando a dar à cultura uma dimensão arcaicamente escolástica.
Vem isto a propósito da Semana da Ciência e Tecnologia que está em curso, alargada a todo o País.
Na Figueira da Foz, consegui descobrir, através de
www.cienciaviva.pt , que vão ter lugar apenas duas singelas iniciativas.
Uma, no Jardim-Escola João de Deus, nas Alhadas. A outra, é uma visita, em 23 e 24 de Novembro, organizada pelo INETI, à ETAR urbana, em Vila Verde.
É pouco, é muito pouco.
Se acaso haverá mais, elas deveriam ser divulgadas com uma escala publicitária ainda maior do que a normalmente usada para as “festas”, ou para um concerto no CAE , dos "The Gift" , de Nuno Guerreiro, ou de um qualquer cantador popular.

O Museu Municipal da Figueira continua exclusivamente virado para a exibição de velharias e de peças artísticas, pinturas, cerâmicas e coisas do género, visitadas entre dois bocejos.
Pela minha parte, bem preferia que ele pudesse conter 3 ou 4 salas totalmente orientadas para a Ciência e a Tecnologia.
A serem visitadas, com grande frequência, pelos estudantes de todas as escolas do Concelho

segunda-feira, novembro 20, 2006

COMO RESOLVER O OE DE 2008

De uma das últimas saborosas crónicas do Comendador Marques de Correia, habitualmente publicadas na última página da revista Unica do EXPRESSO, recolhi a seguinte excelente sugestão, que faço minha :

Eu tenho uma ideia fantástica que te posso ceder a título quase gracioso : a taxa sobre respiração.
Penso não ser a primeira vez que alguém se lembra disso, mas vem muito a propósito.
E é ecologista, uma vez que do ar (oxigénio e azoto) que inspiramos, expiramos uma porcaria irrespirável que é o CO2 ou dióxido de carbono. Por isso, a transformação de ar puro em CO2 deve ser taxada. É o princípio do utilizador-pagador!.
Um taxa normal, para pessoas normais, uma taxa agravada para asmáticos e uma sobretaxa de soluço, que é uma forma egoista e privilegiada de inspirar mais ar do que aquele que é necessário.
Poderias, ainda, pensar em pequenos impostos de suspiro e aerofagia, mas isso poderia complicar o sistema em demasiado, além de, eventualmente, não poderem existir fiscais suficintes para uma eficaz colecta.
E pronto, assim podes resolver o Orçamento de 2008.

O QUE DIZIA VASCO...

Perante o frenesim de Marques Mendes nos últimos dias, ao apoucar de forma tão obsessiva e acrimoniosa o esforço reformista do actual governo, em resposta oblíqua ao que disse Cavaco Silva na entevista à SIC, vem à minha lembrança uma crónica de Vasco Puldo Valente no PUBLICO de há umas semanas, da qual transcrevo uma parte :

Quando o Governo tem a maioria absoluta, o chefe da oposição é sempre a personagem mais criticada da política portuguesa.
Não pelo Governo, evidentemente, ou pela Imprensa, mas pela gente do seu próprio lado.
(...)
(...) o incidente torna a demonstrar que em Portugal se confunde a oposição com a crítica, se possível espectacular, ao Governo. O próprio Marques Mendes não resiste em espalhar soundbytes sem espécie de significado ou de interesse.
O primeiro dever da oposição está em estudar e tornar pública a situação do País, por dura e triste que pareça.
O segundo dever está em definir uma estratégia geral de reforma ( se quiserem , uma “doutrina”).
E o terceiro em estabelecer e propor um plano de acção pormenorizado, sério e viável.
Reagir caso a caso ou apresentar uma ou outra “alternativa” não chega para fazer da oposição uma hipótese real de mudança.
Só serve para a transformar num depósito de descontentamento e a levar ao poder sem uma ideia na cabeça e uma dúzia de promessas falsas.
Como aliás costuma suceder.
(...)

domingo, novembro 19, 2006

VISÃO SANTANOCÊNTRICA

Ouvi este fim de semana ( creio que terá sido no Eixo do Mal, da SIC Noticias) uma definição muito curiosa e sugestiva das características pessoais de Santana Lopes : tem uma visão vivamente “santanocêntrica” da vida política.
Talvez não apenas à escala nacional; mas porventura mesmo à escala planetária, apetece-me acrescentar...

NOVAS GRAMÁTICAS...

Desculpem a minha iliteracia , mas alguem saberá, ou alguem irá entender, o que são “ advérbios disjuntos restritivos da verdade da asserção”....?

Parece que é uma das definições da nova gramática, inventadas por uns senhores e umas senhoras especialistas em linguística ou em ciências pedagógicas....

TEMPO DE UM CURTO BALANÇO

Votei em José Sócrates nas últimas eleições legislativas e votei em Cavaco Silva Presidente da República.
Passe a presunção, sinto-me no direito de lembrar, num curto balanço global, que tive razão aos fazer as escolhas que fiz.
Se novas eleições, da mesma natureza, se realizassem amanhã, e depois de amanhã, tornaria a votar da mesma maneira. Sobretudo tendo em conta as hipotéticas alternativas que decerto se iriam colocar.

IMPETO REFORMISTA

Depois de duas a três semanas desastrosas ( uma delas designada por “ semana horribilis”) junto da opinião publica, designadamente com as trapalhadas do tarifário da electricidade, as explicações esfarrapadas sobre o fim do regime SCUT em algumas auto-estradas, e a sempre penalizadora discussão do Orçamento de Estado para o ano seguinte, José Sócrates e o Governo parecem ter ganho conforto e um novo élan, com os resultados do Congresso do PS e com a entrevista do Presidente da República.
Até talvez com as reacções à dita entrevista , nervosas e completamente inoportunas, da direcção do PSD e do seu líder Marques Mendes.
São disso sinais, vários comentários de alguma opinião publicada e de alguns “fazedores” de opinião.
Apareceram exemplos neste fim de semana, tais como por exemplo:

Quem disse ou escreveu na campanha presidencial que Cavaco era, de longe, o melhor candidato para Sócrates, teve toda a razão.
Agora, pode-se acrescentar que o bom entendimento entre os dois é um trunfo precioso para o país e que, sob nenhum pretexto ou interesse pontual de qualquer das partes deve ser desperdiçado.
(...)
O apoio declarado de Cavaco ao primeiro-ministro (...) é também gerador de grande incomodidade em alguns sectores do PSD, que gostariam de ter em Belém uma muleta para ajudar à longa travessia dté 2009. O caso é que, por mais legítimas que sejam as conveniências do PSD, ninguém pode levar a mal que o Presidente ponha o País à frente delas”
Fernando Madrinha , “Expresso” de 18.11.2006


O Governo vais fazendo as coisas e gerando descontentamento mas as pessoas não vêm alternativa
Rui Rio, “Sol” de 18..11.2006

O Governo do PS é neste momento uma praça-forte perante a qual todos os esforços dos adversários serão inglórios. Não vale a pena a oposição gritar. Será preferível guardar os cartuchos para quando puderem ser mais úteis”
José António Saraiva, “Sol” de 18.11.2006

Do Congresso do PS à entrevista do Presidente da República, passando pelas sondagens, a semana deixou-nos uma quase certeza: Sòcrates é o homem do leme e não há alternativas
Paulo Baldaia , “Jornal de Notícias” de 18.11.2006

E, suprema ironia, até a badalada entrevista de Santana Lopes, e os numerosos comentários que suscitou, quase sempre num registo e gozão, trazendo à memória dos portugueses o que foram aqueles poucos meses de desorientação do seu governo, e as características esquizofrénicas daquela mediática personalidade, veio dar reforçada razão à escolha dos portugueses nas últimas eleições legislativas.

Tenho esperança que José Sócrates mantenha e reforce agora o seu ímpeto reformista.
Nas palavras e na acção concreta, obviamente.
Estou seguro que lhe não faltará o apoio da maioria dos portugueses ( por muito que se queixem, resmunguem e manifestem), nem o apoio do Presidente da República.

sexta-feira, novembro 17, 2006

SÉGOLÈNE

É uma boa notícia para a esquerda moderna a escolha de Ségolène Royal como candidata do PSF às eleições presidenciais previstas para França em 2007.
Já seria tempo do PS francês levar a cabo a sua renovação, deixar a sua herança jacobina, abandonar o tempo arcaico em que tem vivido, deitar fora a sua ganga ideológica jurássica.
Boa notícia é também que Laurent Fabius, um exemplo típico do politqueiro oportunista que não tem pejo de se travestir de esquerdista, quando lhe convem, apenas tenha obtido 18% dos votos dos militantes socialistas
.

ANDA POR AÍ , E OLHEM QUE VEM AÍ....

Na sua patética entrevista de ontem à SIC, Santana Lopes admitiu como bastante possível a hipótese de regressar à vida política partidária, talvez já em 2008.
Tanto mais que, como sublinhou, está muito sensibilizado com as muitas palavras de apreço e as mensagens de estímulo que tem recebido ultimamente ( presumo que verbais, na rua, telefonemas, mensagens SMS, se calhar também e-mails!...).

Seguramente que muitas terão vindo da Figueira da Foz, onde deram o seu nome ao Centro de Artes e Especáculos, e onde conta com inúmeros admiradores e fieis prosélitos.
Daqueles que, imitando o chefe, faziam questão em também dizer pê-pê-dê/pê-esse-dê.
Não sei se ainda dizem
.

A NOVA LEI DAS FINANÇAS LOCAIS

A Assembleia da República aprovou ontem a nova Lei das Finanças Locais.
Qual verdadeiro sindicato das autarquias, e com o oportunismo que lhe é permitido por estar na oposição, o PSD votou contra.

Daquilo que já pude conhecer do seu texto, parece-me genéricamente uma boa Lei, exigente e não embarcando no facilistimo.
Revogará e substituirá a Lei ainda em vigor ( Lei nº 42/98), preparada e aprovada no tempo de António Guterres. Essa sim, uma Lei permissiva e desresponsabilizadora que, de certa maneira, foi em parte também responsável pelo estado de calamidade financeira em que se encontra um grande número de Municípios portugueses.

Há uma disposição na nova Lei que suscita a oposição de uma coligação constituida pela maioria dos Municipios, sobretudo dos que revelam maior propensão despesista, pelo PCP, pelo BE e pelo PSD.
É aquela que fixa uma participação directa dos Municípios no IRS, podendo cobrar, se assim o quiserem, um adicional de 5% sobre o montante de IRS cobrado aos contribuintes de cada Município.
Percebe-se que não gostem, e prefiram continuar a cobrar a derrama sobre o IRC, quase sempre fixada ( como acontece na Figueira da Foz) no tecto máximo de 10%.

E percebe-se igualmente porquê. Por uma razão bem simples.
O IRS é um imposto que atinge as pessoas singulares. As pessoas singulares, os cidadãos , votam. Nas eleições legislativas e nas autárquicas. Tal como nas legislativas, votarão agora tambem nas autárquicas influenciados pelo nível de impostos a que estiverem sujeitos .
A derrame incide sobre o IRC, que é um imposto sobre as pessoas colectivas, as empresas. E as empresas não votam.

Contados os votos na Assembleia da República, e aprovada a Lei, já cá faltava o aceno da ameaça da sua inconstitucionalidade, e a queixinha ao incontornável Tribunal Constitucional
Um dos argumentos invocados é anedótico : o IRS é um imposto nacional que, defendem, deve ser igual para todos os cidadãos nacionais, e não pode variar de município para município.
Essa é boa!
Então o IRC não é também um imposto nacional ? E ele não varia, por efeito das derramas aplicadas, de município para município ?

quinta-feira, novembro 16, 2006

RECTIFICAÇOM

Afinal, não são três, mas sim quatro, as veses que na redáçom referida no último post, aparesse escrito “à” em vez de “há”.
É neste remate desconcertante:

“ Ainda à poucos dias fecharam a Maternidade, já anunciaram que vão transformar as urgências em serviços de urgência básica. BASTA.
Chega de sermos politicamente correctos”

Com franqueza, também não percebi esta do “politicamente correctos”...

NÃO À PACHORRA!....

Este serteiro e muito juxtamente indignado post do noço presado colega lucal Lugar para Todos suxcitou a minha duentia curiusidade em saber quem teria sido o brilhante deputado autor do têsto referido.
Acabei por encontrar a revista. É o número dois da Figueira 21.
Verifiquei que avia dois depoimentos, de dois deputados. A bem da berdade, era inportante saber qual deles era o depuente em cauza. Lá tive que ler o longo relambório de ambos.
E descubri que a çitada redáçom pertenssia ao deputado Miguel Almeida, conhessida perçonalidade figueirense .

Dela transcrevo os três trexos seguintes:

“Lamento não fazer parte desse coro Figueirense de cânticos de hossanas ao PIDDAC, porque considero que este fica aquém das justas expectativas que os Figueirenses tinham para as várias obras, que à muito vem sido prometidas para o Concelho”

( Transcrevi com tutal fidelidade; figueirense e figueirenses estão açim, em maiúsculas)

E mais adiante:

“Depois com o Governo do Engº Sócrates, foi garantido o cumprimento dos compromissos assumidos, mas como já vem sendo hábito, de pouco serviu essa garantia, porque na primeira oportunidade lá se deixou de fora uma obra que à mais de dez anos anda a saltar de ano para ano”

E finalmente:

“Este PIDACC não traz nada de novo, nem nada que a Figueira à muito não mereça”

Devo exclarecer que uma redáçom com três erros como os açinalados, dados num ezame da 4ª claçe do meu tempo, dava xumbo, pela serta.
A abitual moleta do corrector word, uzada hoje em dia por muito boa jente, não funssiona, como é óbvio, para corrigir “há” quando deve ser “à” , e visse verça.
Nesses casos, só pode mesmo ser eficax o conhessimento da língua purtuguesa, a nível bázico, que se tem ou não se tem.

P.S. – O testo assima que não é de transcrissão, não paçou pelo corrector word do meu PC...

COINCIDÊNCIAS?

Nas duas Câmaras Municipais por onde Santana Lopes deixou o seu rastro perfumado, Lisboa e Figueira da Foz, ocorrem tempos de muitas e sérias dificuldades financeiras, enfrentam-se dívidas muito volumosas, viveram-se e e vivem-se ainda climas de crispação e instabilidade políticas, em especial no seio das respectivas maiorias executivas.
Tudo isto não é, obviamente, mera coincidência .Ou acham que será ?

quarta-feira, novembro 15, 2006

O ENSINO NO CAZAQUISTÃO

Nargiza é uma jóvem proveniente do Cazaquistão que estuda na Escola Bernardino Machado, na Figueira da Foz.
Tem 18 anos, e é uma aluna brilhante, inclusive na disciplina de Português.
É muçulmana, mas não usa véu, e exibe, vaidosa, uns lindos e longos cabelos castanhos.
Gosta muito de viver na Figueira, onde se sente plenamente integrada.
E declarou ao Diário As Beiras:

“ No primeiro ano, não foi fácil, mas rápidamente me adaptei ao sistema de ensino português, que é menos avançado do que o do Cazaquistão”.

Se alguma coisa de bom o regime comunista legou aos povos do leste distante, foi um sistema de ensino exigente, em que é necessário estudar muito, e em que os valores da disciplina e do trabalho são cultivados e promovidos.
Não terá sofrido a contaminação das modernices pseudo humanistas dos senhores e senhoras das ciências pedagógicas, que proliferaram pelos bastidores do sistema educativo português.

PLATAFORMAS LOGÍSTICAS A MAIS

Parece andar por aí uma acerrada compita, não para ver quem faz mais, mas para ver quem anuncia mais plataformas logísticas, aqui na nossa pacata mas divertida paróquia da Figueira da Foz.
Por um lado, 10 municípios da região, liderados e animados pela Câmara Municipal da Figueira, anunciam a construção de uma plataforma logística ali para os lados de Vila Verde. A juntar a umas tantas outras que estarão planeadas por aí fora.

Por outro, com ar empertigado, modernaço e auto satisfeito, um deputado do PS convoca a imprensa ( e ela vai, pressurosa...) para, com um lindo cenário exterior por trás, anunciar que o Governo também mandou fazer um estudo para instalar uma plataforma logística ocupando 12 hectares da área portuária .

Muito possívelmente, à boa moda portuguesa, ainda acabamos por ter aqui nas proximidades, duas plataformas logísticas.
Ah...como se diz agora?..Sim, é isso, deve dizer-se “ plataformas logísticas polinucleadas”...

terça-feira, novembro 14, 2006

CONFISSÃO E PEDIDO DE DESCULPA

No seu último livro, Gunter Grass, escritor alemão e prémio Nobel da literatura, causou escândalo e indignação ao confessar um segredo por si bem escondido ao longo de muitos anos : quando tinha 17 anos, fora membro das SS nazis.
Mais recentemene, foi a vez de José Saramago confessar que havia pertencido, quando era menino e moço, à Mocidade Portuguesa.
Não sendo embora prémio Nobel, achei que também eu não deveria continuar a esconder tal mancha do meu passado, e resolvi confessar que pertenci a essa tenebrosa organização fascista, onde cheguei a chefe de quina. Ainda hoje guardo com desvelo as respectivas divisas.

Numa chuvosa e fria manhã do dia 1º de Dezembro, em Vila Real, tinha eu acabado de fazer 15 anos, e molhado como um pinto, desfilei fardado de calções curtos e camisa verde, diante do Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa, Baltazar Rebelo de Sousa.
Vistosamente fardado, mas de calças compridas, e com umas divisas nos ombros, que pareciam as de um general, assistiu ao desfile, garbosamente aprumado, num palanque coberto, protegido da chuva impiedosa.
A seu lado, também fardado, perfilava-se o temido reitor do Liceu Camilo Castelo Branco, Martinho Vaz Pires. Uns quantos anos mais tarde, já depois de ter sido reitor de um liceu no Porto, viria a ascender a “deputado” da Assembleia Nacional .

A vida escolar e académica da cidade era animada por um conflito surdo entre o reitor do Liceu, gauleiter local da Mocidade Portuguesa, e os estudantes mais matulões, que faziam questão em o desafiar, festejando o 1º de Dezembro, emulando a contestatária academia de Coimbra.
A pacata população citadina, por onde se insinuavam alguns vultos do reviralho, manifestava evidente preferência e simpatia pelas celebrações académicas, com os estudantes vestidos de capa e batina, e que incluiam um baile de gala, numa Assembleia sita ali bem perto do Liceu, em plena Avenida Carvalho Araújo, para o qual as meninas mais crescidinhas iam acompanhadas pelas respectivas mamãs.

Por não haver liceu até ao então designado por 7º ano em Viana do Castelo, eu viera cair desterrado em Vila Real, para lá do medonho Marão.
Ainda mal adaptado, com escassa percepção daquele surdo conflito, resignei-me a participar no desfile, de manhã ; mas depois de almoço vesti tambem a capa e batina, andei pelas ruas a gritar os efe-erriás da praxe, e à noite fui ao baile.
Uma cautelosa atitude de compromisso entre as duas facções, tenho de reconhcer.

Nas celebrações do 1º de Dezembro ano seguinte, no meu 7º ano, já doutrinado por alguns dos matulões meus colegas e amigos, de entre os quais se salientava o Eurico Figueiredo, não tive dúvidas em correr o risco do estigma de uma falta injustificada, e mandei á malvas o desfile da MP .
Vesti logo de manhã a capa e batina, com que me passeei durante todo o dia ; e à noite lá fui de novo, vestido a rigor, para o baile dos finalistas.
O Reitor Martinho Vaz Pires, afinal, não me castigou com falta injustificada.
Nem a mim nem a qualquer dos outros meus colegas do 7º ano .
Ainda hoje estou sem saber porquê.

E “prontos”...Já me sinto mais aliviado depois desta confissão....

segunda-feira, novembro 13, 2006

DUAS REFLEXÕES SOBRE A DISCUSSÃO DO OGE

1
Como foi bem de ver e de ouvir, os discursos do Primeiro-Ministro e do Ministro das Finanças, no debate do Orçamento Geral do Estado para 2007, foram muito condicionados pela proximidade do congresso do PS, que se realizava passados uns dias.
Muito do que disseram e gritaram foi mais a pensar nas audiências e nas eventuais vozes críticas que iriam enfrentar no congresso.
Lição a retirar : um partido que esteja no poder não deverá marcar o respectivo congresso partidário para data próxima do debate sobre o Orçamento Geral do Estado, ou sobre qualquer outro tema quente e sensível da governação.

2
A banca lida com dinheiro, muito dinheiro. Com o que faz o capital, factor de produção de enorme importância para uma economia.
O dinheiro esta quase completamente imaterializado, nesta economia global.
Tem por isso uma enorme volatilidade. No tempo de um clique, pode mudar-se de Lisboa para Xangai.
O negócio da banca dá muito dinheiro de lucro.
Porventura demasiado dinheiro, em Portugal, sobretudo em comparação com o negócio da indústria. O que é chocante para o sentido de justiça de muita gente, a quem por vezes apetecerá que se apertem os calos à devorista banca. É o meu caso.
Mas as coisas são como são, e mandará a sabedoria e a cautela que o afrontamento dos seus privilégios, truques e caprichos se faça com estudada e eficaz serenidade , com estudo ponderado das estratégias e das formas de combate, muito mais do que através de trombetas anunciando uma cruzada.
Esta última forma pode dar maus resultados, por razões que me parecem óbvias.

ELE AÍ ESTÁ!...ANDA MESMO POR AÍ!.....

Santana Lopes prometeu que iria andar por aí, e por aí está, por aí anda.
Publicou agora um novo livro de narcisista justificação sobre a sua desastrada, mas felizmente efémera passagem pelo lugar de Primeiro Ministro.
É praticamente nula a credibilidade política deste distinto vulto do jet-set portuga.
Se este novo livro contiver tantas patranhas, tanta treta, tantos factos, dados e números falsos, como aquele outro que escreveu sobre a sua “formidável” obra na Figueira da Foz, vai ser hilariante , mesmo provocando alguma náusea, ler esta sua nova obra de ficcção literária.

domingo, novembro 12, 2006

CONTRA-ARGUMENTO TONTO

No seu discurso do debate do OGE , na Assembleia da Republica, o Primeiro-Ministro aludiu, a meu ver muito bem, à tristíssima figura feita por Marqes Mendes quando, embevecido, contemplava Alberto João Jardim a vomitar uma das suas boçais invectivas contra quem se atreva a travar o seu irresponsável e demagógico despesismo financeiro.
Com razão, sublinhou José Sócrates que uma imagem vale por mil palavras.
Também vi essas imagens, e elas causaram-me verdadeiro enjoo.
Em resposta, Marques Mendes disparou, a jeito de contra argumento :

“(...)
Eu fui à Madeira para defender a autonomia regional. Já o senhor não foi a Felgueiras há um ano, nem teve uma palavra. E enquanto nada disser sobre o assunto, em matéria de credibilidade política estamos conversados”

Confesso não entender patavina da lógica do contra argumento. A resposta , de contra argumento e sobretudo de lógica, não tem nada.
E é muito fácilmente revertível em desfavor de Marques Mendes.
Pois que ele foi à Madeira, apoiar AJJardim, quando, para fazer política de forma responsável e com sentido de Estado, deveria e poderia ter evitado ir.
José Sócrates não foi de facto a Felgueiras . E porque haveria de ter ido?
Não foi, e muito bem, depois do PS ter retirado completamente o seu apoio político a Fátima Felgueiras, embora tarde, e apresentado uma candidatura que não incorporava aquela senhora com contas com a Justiça.
Onde está então a lógica do “eu fui, mas o senhor não foi”...? Lógica tonta, só pode...


ALENTEJO - 2
O grande Lago do Alqueva, uma gigantesca reserva estratégica de água, estende-se a perder de vista, admirada do cima da colina de Monsaraz, uns bons 50 km a norte da barragem.
Uma imensa quantidade de ilhas, enseadas, baías, penínsulas, tudo compondo um fantástico potencial de aproveitamento turístico.
Assim haja bom senso, firmeza, e aplicação implacável das boas práticas ambientais, impostas pelos autarcas e pela Administração Central.

E como seria também um potente instrumento de desenvolvimento local do interior do nosso território, uma albufeira semelhante por todo o vale do rio Côa, não fora a irresponsabilidade de uns tantos e a pusilanimidade de outros políticos de baixa qualidade.
As quais deram origem a um dos maiores embustes e mentiras da politiquice barata dos últimos anos em Portugal : o tal delirante parque arqueológico de Fozcoa que haveria de atrair às terras daquelas sofridas gentes, dois milhões de visitantes por ano.
Está escrito, foi mesmo isso o que foi dito.
Uns poucos, muito poucos, milhares de pândegos ainda por lá vão ao embuste.


ALENTEJO - 1
É um consolo ver o Alentejo coberto de um vivo manto verde . Abençoada chuva de Outubro!...

sexta-feira, novembro 10, 2006

A GREVE NUM FIM DE SEMANA SOALHEIRO

Ouço na rádio, esta manhã, que parece ter aumentado, desde ontem para hoje, o número de professores e de outros funcionários públicos que aderiram à greve.
Achava curioso apurar qual será a taxa de ocupação hoteleira do Algarve, neste fim de semana, em comparação com o anterior .

FRASES BONITAS...

O que é que será “ um projecto coeso e politicamente assumido”, que uma individualidade política do PS diz “não ter “ a Figueira , conforme pude ler , de relance, na primeira página de um semanário local ?
Alguém me poderia explicar o que isso é, como se eu fosse muita burro?...

Já no interior do mesmo semanário posso ler uma afirmação bem menos esotérica:
“ É preocupante a queda vertiginosa da Figueira na competitividade com outros concelhos” . Com a qual estou de acordo.
De facto, a Figueira da Foz, preferencialmente virada para a animação e o cachondeo, cada vez mais fica rodeada de uma verdadeira “cintura industrial".
Um arco que vai de Cantanhede, passando por Montemor e fechando em Pombal.

O QUARTO E O QUINTO PODER

Excelente, a crónica de Pacheco Pereira, publicada no PUBLICO de ontem.
Faz nela uma inteligente reflexão comparativa entre a blogosfera e um quiosque de jornais, ou seja, o local onde se exibe o quarto poder e onde os seus agentes podem ser consultados, nas suas primeiras páginas, ou ser adquiridos.
Creio que deverá estar também disponível no blogue Abrupto, dentro de um par de dias, como é habitual.

quinta-feira, novembro 09, 2006

QUEM DEVE A QUEM

A notícia hoje dada no diário “As Beiras”, de que o Hospital Distrital da Figueira da Foz deve cerca de 50 mil Euros aos Bombeiros Voluntários, requer um indispensável comentário, ou um desmentido, ou um esclarecimento, por parte da Administração do Hospital.
Isto presumindo que , nos tempos que correm, ainda haja algum pudor em ser caloteiro com vários meses de atraso nos pagamentos, e que tal ainda seja mal visto pela opinião pública . Será?
Mas já agora, o Presidente dos Bombeiros Voluntários, que por coincidência é igualmente vereador executivo da Câmara Municipal, poderia empenhar-se em que fosse também revelado e conhecido a quem, quanto, e desde quando deve essa mesma Câmara Municipal.
E já agora, comentando porque deve.

IH..IH..IH..IH....
A ler, este post do Bloguitica

GOVERNAR CONTRA QUEM

“ Não se pode governar contra as pessoas” , é uma afirmação cliché pindérica que aqui e além se ouve da boca de pessoas bem pensantes.
Em especial quando cultivam o estilo do politicamente correcto, e desejam fazer figura de personalidades boazinhas, em contraste com os governantes, que são os malandros, e não têm sensibilidade nem coração.

Contra as pessoas, de facto, não se pode nem se deve governar. Se elas sentem ou não que se esteve a governar contra elas, é avaliado por cada uma, normalmente de quatro em quatro anos, depois de feito o balanço do contrato de legislatura.

Contra as corporações e os interesses corporativos, pode e deve governar-se. Com confrontação, quando não houver outra solução. Habitualmente, quando não gostam, reagem com estridente berraria. Paciência.
Que fazer? Como dizia há dias o antigo Primeiro-Ministro da Suécia, “stick to the plan” .
Ou seja, comportar-se como estadista, mais do que como mero governante.


JEAN-JACQUES SERVAN-SCHREIBER

Aos 82 anos, morreu Jean-Jacques Servan-Schreiber .
Foi um dos ícones do jornalismo de intervenção dos anos 50 e 60, conhecido pelas siglas JJSS.
Antigo colaborador do político socialista francês Pierre Mendès France, fundou o semanário “L’Express”.
Na segunda metade da década de 60, este era minha leitura habitual, nos tempos em que ainda me embevecia com o modelo cultural francês.
Na minha torre do tombo, guardo uma grande colecção de edições daquele semanário, que por vezes a polícia política apreendia, ou não permitia a sua venda em Portugal.
Quando assim era, a D. Maria Helena, da Havaneza, na Figueira da Foz, sempre me guardava o "L’Express", escondido numa gaveta do interior da livraria.

O famoso livro de Servan-Schreiber “ O Desafio Americano” foi um sensacional best-seller, e agitou imenso os meios culturais e políticos franceses e europeus.
Li-o de um trago, em 1968, no ano da "Revolução " de Maio em Paris, depois de o ter comprado na histórica Galeria Divulgação, no Porto .
Irei relê-lo no próximo período de férias no ripanço.
Em muitos aspectos, o conteúdo do livro foi premonotório.
Como por exemplo neste curto trecho, transcrito do seu capiítulo 11 :

“A América de hoje, assemelha-se ainda, com uma quinzena de anos de avanço, à Europa.
Ela pertence ao mesmo sistema ; o mesmo conceito de “sociedade industrial” abrange uma e outra.
Em 1980, os Estados Unidos estarão noutro mundo. Se aí não tivermos chegado ainda, pela nossa parte, eles irão deter o monopólio da técnica, da ciência, do poder moderno”

terça-feira, novembro 07, 2006

40 anos

Faz hoje precisamente 40 anos que cheguei à Figueira da Foz.
Regressado há uns dias da Suécia, dei um salto a Viana para ver a família, e rumei depois à Figueira.
Cheguei à estação de caminho de ferro numa manhã de um dia muito soalheiro. O verão de São Martinho tinha chegado nesse ano segundo o calendário tradicional.
Deixei uma pesada mala no depósito da estação,contra uma senha lentamente preenchida à mão por um empregado.
Fui caminhando ao longo da marginal ribeirinha adiante. À esquerda, no velho cais do trapiche, reparei numa velha grua metálica imobilizada sobre uns carris.
Continuei a minha marcha para poente, até vislumbrar, surpreendido, o que ao tempo já era um largo areal.

A extensão deste decepcionou-me.
A imagem que retinha da Figueira era de 1952 ou 1953, quando aqui vim numa excursão do Liceu.
Estava na altura em construção o Grande Hotel, conforme posso rever de uma fotografia do grupo de estudantes tirada com a fachada do hotel ao fundo, recoberta com os toscos andaimes de madeira que então se montavam.
Recordei-me de termos baixado da avenida até à praia, pelas escadas de pedra que ainda lá estão, e de ter brincado numa faixa de areia de uns 10 a 15 metros, entre o paredão e a orla marítima, onde descarregavam umas pequenas ondinas, que o ar calmo e cálido e sem vento proporcionava.

O longo molhe construido mar adentro, inaugurado há uns meses pelo venerando Almirante Tomás, conforme rezava um grande bloco de pedra ali perto colocado, já fizera crescer o areal umas poucas centenas de metros . Mas da avenida marginal, num dia tranquilo como aquele, já não se ouvia o mar.

Era hora de comer. Sentei-me ao balcão do snack-bar da SACOR, para pedir um prego com batatas fritas. Estava a meter o garfo, quando sinto alguem sentar-se no banco ao lado, e gritar-me : “Olha olha, tu por aqui? “.
Era o Gabriel Leite, engenheiro do meu tempo na Faculdade, a trabalhar desde há cerca de 2 anos na fábrica do carboneto em Lares.
Conversamos dos nossos ainda curtos percursos profissionais. E de como era a vida na Figueira. “Isto aqui é uma pasmaceira” – informou.
À despedida, sugeriu que eu aparecesse depois de jantar lá em cima pela pastelaria Caravela. Era lá que a “malta” às vezes se encontrava.

Assim fiz, mas passando antes a dar uma vista de olhos pela montra da livraria Havaneza.
A mesma que agora fechou as portas, soube-o através do colega A beira mar.
Irá só mudar de mãos, mas irá manter-se como livraria.
Assim seja. Faz parte do “meu” património da Figueira da Foz.

segunda-feira, novembro 06, 2006

A MODA DAS PROVIDÊNCIAS CAUTELARES

Decididamente, as providências cautelares estão na moda.
O chico-espertismo portuga inventou um novo instrumento para, aproveitando a formalista, burocrática e entupida estrutura judicial, procurar empatar as decisões legítimas tomadas pelo poder executivo.
Na maioria dos casos, trata-se de meras encenações circenses para os da galeria, que costuma aplaudir as grandes tiradas teatrais dos seus representantes, e censurar estes quando acham que falam, falam mas não fazem nada.
Por isso eu me interrogo se, também na maioria dos casos, tais comportamentos não caberão na figura jurídica de “litigância por má fé”.

Quer-se empatar a queima de resíduos numa cimenteira, em acesa discussão pública desde há muitos anos?.
Zás...à última hora, pede-se uma providência cautelar.

Julga-se que encerrar uma maternidade, anunciada desde há muito tempo, é socialmente lesiva do interesse das “populações”?
Zás...à última hora mete-se uma providência cautelar no tribunal.

O novo regime de carreiras dos professores não agrada ao seu Sindicato?
Zás..., para empatar, e como último recurso, aí vai mais uma providência cautelar para eventualmente o senhor juiz ou a senhora juiza poder chatear o Governo, ganhar algum protagonismo mediático e quiça aparecer até na televisão.

Não se gosta de algumas disposições do próximo Orçamento Geral do Estado?
É o meu caso. Estou chateado, claro que estou chateado.
Porque vou pagar mais IRS em 2007.
Zás..lá vou eu meter uma providência cautelar...Podem crer.

É um truque ilegítimo procurar contrariar ou empatar decisões legítimas do poder executivo, tomadas no ambito da sua competência, e com o amparo do poder legislativo. O qual, por sua vez, está democraticamente suportado pelo voto popular.
As decisões do poder executivo podem ser politicamente boas ou más ; podem ser socialmente justas ou injustas.
Mas neste domínio, não cabe ao poder judicial apreciar e julgar.
Cabe isso, sim, ao eleitorado.
De quatro em quatro anos, nos termos constitucionais.

domingo, novembro 05, 2006

TRÊS BREVES APRECIAÇÕES SOBRE O OE

Perguntava o EXPRESSO deste sábado :

O Orçamento corta mesmo na despesa ou disfarça com mais receita fiscal?

respondeu Mira Amaral :

Embora a despesa pública total, a despesa corrente e a despesa corrente primária ( sem juros da dívida) ainda aumentem, em termos relativos elas descem – porque o PIB cresce.
Do lado da receita, há aumento da carga fiscal.
É o orçamento possível face à incompressibilidade de componentes da despesa, o que mostra quão fundamental é a reforma da Administração Pública”

e respondeu Paulo Azevedo :

“O orçamento limita~se quase integralmente a traduzir em números o quadro dos compromissos do Estado, decorrentes de leis e contratos.
Nessa medida, afigura-se rigoroso, com pressupostos cautelosos. Não se espera que sejam os orçamentos a produzir as reformas.
É certo que a despesa pública não desce em termos absolutos mas seria injusto não realçar que a descida é significativa”

À pergunta do EXPRESSO :

Concorda com o pagamento de 5 euros / dia nos internamentos hospitalares?

respondeu Henrique Neto :

“ Não se pode querer que o Governo corte na despesa e, ao mesmo tempo, estar em desacordo com os cortes.
Só que nunca houve tanta demonstração de riqueza em Portugal, o que nos sugere que o Governo está a proteger sectores da sociedade que não merecem ser defendidos, à custa de uma excessiva concentração dos sacrifícios nos trabalhadores por conta de outrem”.

APAGÃO GLOBALIZADO
Isto, que ontem aconteceu, é mais um dos bons exemplos dos aspectos negativos da globalização.
Já o tem dito Mário Soares : a globalização é uma coisa muito má. Por isso é contra.
Creio que o BE é da mesma opinião.

A ALTERNÂNCIA PENDULAR DAS OPINIÕES

Sobre o encerramento já consumado do bloco de partos do Hospital da Figueira da Foz, disseram à imprensa regional :

- o líder concelhio do PSD :
“A Maternidade tem excelentes profissionais e condições para continuar a funcionar. Além disso, no Verão, a Figueira quase duplica a sua população.
O seu encerramento vai prejudicar a cidade “

- o líder concelhio do PS :
“(...)não obstante a qualidade dos profissionais do Hospital da Figueira, que é excelente, as figueirenses vão ficar a ganhar, em questões de segurança e qualidade, ao serem encaminhadas para hospitais centrais(...) as distâncias a percorrer são curtas devido às vias de comunicação”

Pessoalmente, perfilho da opinião expressa pelo líder local do PS.
Mas quase que apostava que, se em vez do actual governo ser do PS fosse do PSD, o líder do PSD manifestaria a opinião acima expressa pelo líder do PS, e vice versa.

São tiques e vícios da vida politico partidária nacional que fazem com que desta se afaste muito boa gente.

sábado, novembro 04, 2006

CUMPLICIDADES

Se Marques Mendes ( a quem agora A.J.Jardim chama de “meu querido amigo”) pensa que com a cumplicidade e o apoio prestado ao Dux da Madeira ganha credibilidade política e conquista eleitorado, deve desenganar-se, ou ser vivamente desenganado.
A meu ver, no segmento do eleitorado que oscila entre o PS e o PSD, já ninguém tem pachorra e tolerância para o comportamento mal educado e trauliteiro do dito personagem.

CULTURA DE SUBSÍDIO DEPENDÊNCIA

Segundo consta do site da Câmara Municipal do Porto, o seu Presidente exarou este despacho, com cuja substância estou inteiramente de acordo, no essencial :

A partir de de Janeiro de 2007, não será concedido pela Câmara do Porto qualquer subsídio pecuniário a fundo perdido”

Mais adiante, o mesmo despacho critica sublinha que “ se impõe tomar medidas que contrariem uma visão socialmente injusta de que o Estado a todos deve e que tudo deve suportar”.

Não tem, não senhor. Tem apenas de procurar ajudar e compensar, o mais que lhe fôr possível, e numa missão social de redistribuição, quem não teve a sorte de nascer em berço económicamente favorecido.

CHEGAR-SE À FRENTE

Através do prezado colega Amicus Ficaria tomei conhecimento de uma entrevista “concedida” por Carlos Beja ao semanário local “O Figueirense” .
Li-a com desvelada atenção. Destaco alguns excertos que me parecem particularmente curiosos e sintomáticos.

No primeiro, responde a uma pergunta directa do entrevistador.

Esta disponível para encabeçar, caso lhe seja solicitado, uma candidatura à presidência da Câmara Municipal da Figueira da Foz?
Este não é o momento de me pronunciar sobre esta matéria. Mas sempre adianto que face aos projectos em que estou envolvido e aos que penso envolver-me, não estão, neste momento, criadas condições que permitam disponibilizar-me para um eventual convite do meu Partido para uma candidatura à Câmara Municipal da Figueira da Foz.

O subtil detalhe do “neste momento”, deixa então tudo em aberto.

Tanto mais que, anteriormente, na mesma entrevista, apreciava assim o desempenho dos actuais vereadores do PS na Câmara Municipal :.

Os vereadores da oposição socialista na Câmara Municipal da Figueira da Foz têm realizado um meritório trabalho. Não é fácil ser oposição num executivo municipal, e eu sei-o por experiência própria.

Sublinhe-se agora a subtileza e o tom contido da qualificação de " meritório trabalho” .

E que contrasta com a forma entusiasmada como, por sua vez, aprecia o desempenho político da Comissão Politica Concelhia (CPC) do PS :

A renovada CPC, com a liderança de António João Paredes, é uma saudável lufada de ar fresco na política figueirense.
O PS tem hoje nos mais diversos órgãos da política partidária local e nas diferentes sensibilidades internas, um vasto conjunto de cidadãos politicamente maduros, competentes e determinados a fazer crescer a política e eleitoralmente o Partido Socialista.

Poderá chamar-se a isto, sem papas na língua, “ chegar-se à frente” .
Porventura com excessiva antecedência, logo se verá.
Ou talvez não seja o caso. Talvez seja mais apropriado dizer-se que “chamaram-no à frente”.
Quem? A resposta fica deixada à imaginação do leitor.
Talvez, sei lá, o próprio jornal que publicou a entrevista...

quarta-feira, novembro 01, 2006


SOBRE A ENERGIA DE ORIGEM FOTO VOLTAICA

Falou-se muito nos últimos dias da produção de energia eléctrica fotovoltaica.
Portugal poderá efectivamente tornar-se um país lider nesta tecnologia.
Não temos petróleo, nem carvão, nem gás natural.
Temos todavia, sobretudo na parte sul do território, muita energia radiante proveniente do sol . De resto, a fonte e a origem de toda energia, incluindo aquela que foi “condensada” nos combustíveis fósseis, ao longo de milhões de anos.

Mas a produção de energia fotovoltaica não deixa de causar também impactes ambientais muito importantes.
A central de paineis a ser construida em Moura, no Alentejo, irá ocupar uma área de ordem dos 140 a 150 hecatres. Qualquer coisa como outros tantos campos de futebol.

Parece hoje comprovado ( e espero que o esteja de facto...) que o chamado “ energy payback time” ( o tempo que um painel solar fotovoltaico leva a produzir toda a energia gasta para o fabricar) é da ordem dos 2 anos.
O tempo de vida de um painel pode ser de pelo menos 25 anos. Produzirá por isso, ao longo de toda a sua vida útil, dez vezes mais energia do que aquela que foi utilizada no seu fabrico.

Estima-se que seriam precisos 200 km2 de paineis solares para produzir toda a electricidade consumida em Portugal durante um ano.
Qualquer coisa como todo o concelho da Figueira da Foz inteiramente coberto por paineis . Parece muito?
Bem, lembremos que o total da área asfaltada em Portugal, de estradas e auto estradas, é estimado em cerca de 900 km2. Quatro vezes mais.

Na foto:
Uma pequena central fotovoltaica, com uma potência de 4,1 kWp (kilowatts pico), instalada em Santa Comba Dão, e ligada à rede de baixa tensão, num posto de transformação, desde Maio de 2005.
Dá para produzir energia eléctrica para uma família de 4 pessoas, e custará à roda de 25000 Euros.
Como investimento, é ainda bastante caro.
Mas também os telemóveis eram muitos caros, ao princípio...

O IMI E OS ESTÁDIOS DE FUTEBOL

Forma muitos os que embarcaram, de forma entusiasta mas irresponsável, na aventura do Euro 2004.
Cujo retorno para o País e para a nossa economia foi muito reduzido, se não mesmo práticamente nulo.
Embarcaram adeptos e clubes de futebol, imprensa “desportiva”, câmaras municipais e autarcas.
Também embarcou nela, e muito a promoveu, o Governo que estava no ano da candidatura portuguesa.
No qual José Sócrates era Secretário dos Desportos, recorde-se.
Por isso não deixa de ser irónico e algo bizarro que venha agora um Governo cujo Primeiro-Ministro é o mesmo José Sócrates a forçar os clubs, ou as SAD’s respectivas a pagarem o IMI sobre os estádios de futebol que construiram.
Por muito justo que seja, em abstracto, os negociantes do futebol pagarem impostos, como pagam os empresários de qualquer outro negócio.

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