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terça-feira, novembro 07, 2006

40 anos

Faz hoje precisamente 40 anos que cheguei à Figueira da Foz.
Regressado há uns dias da Suécia, dei um salto a Viana para ver a família, e rumei depois à Figueira.
Cheguei à estação de caminho de ferro numa manhã de um dia muito soalheiro. O verão de São Martinho tinha chegado nesse ano segundo o calendário tradicional.
Deixei uma pesada mala no depósito da estação,contra uma senha lentamente preenchida à mão por um empregado.
Fui caminhando ao longo da marginal ribeirinha adiante. À esquerda, no velho cais do trapiche, reparei numa velha grua metálica imobilizada sobre uns carris.
Continuei a minha marcha para poente, até vislumbrar, surpreendido, o que ao tempo já era um largo areal.

A extensão deste decepcionou-me.
A imagem que retinha da Figueira era de 1952 ou 1953, quando aqui vim numa excursão do Liceu.
Estava na altura em construção o Grande Hotel, conforme posso rever de uma fotografia do grupo de estudantes tirada com a fachada do hotel ao fundo, recoberta com os toscos andaimes de madeira que então se montavam.
Recordei-me de termos baixado da avenida até à praia, pelas escadas de pedra que ainda lá estão, e de ter brincado numa faixa de areia de uns 10 a 15 metros, entre o paredão e a orla marítima, onde descarregavam umas pequenas ondinas, que o ar calmo e cálido e sem vento proporcionava.

O longo molhe construido mar adentro, inaugurado há uns meses pelo venerando Almirante Tomás, conforme rezava um grande bloco de pedra ali perto colocado, já fizera crescer o areal umas poucas centenas de metros . Mas da avenida marginal, num dia tranquilo como aquele, já não se ouvia o mar.

Era hora de comer. Sentei-me ao balcão do snack-bar da SACOR, para pedir um prego com batatas fritas. Estava a meter o garfo, quando sinto alguem sentar-se no banco ao lado, e gritar-me : “Olha olha, tu por aqui? “.
Era o Gabriel Leite, engenheiro do meu tempo na Faculdade, a trabalhar desde há cerca de 2 anos na fábrica do carboneto em Lares.
Conversamos dos nossos ainda curtos percursos profissionais. E de como era a vida na Figueira. “Isto aqui é uma pasmaceira” – informou.
À despedida, sugeriu que eu aparecesse depois de jantar lá em cima pela pastelaria Caravela. Era lá que a “malta” às vezes se encontrava.

Assim fiz, mas passando antes a dar uma vista de olhos pela montra da livraria Havaneza.
A mesma que agora fechou as portas, soube-o através do colega A beira mar.
Irá só mudar de mãos, mas irá manter-se como livraria.
Assim seja. Faz parte do “meu” património da Figueira da Foz.

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