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domingo, outubro 30, 2005

UM POLITICO PROFISSIONAL

Tenho de convir que a alegação de Cavaco Silva de que não é um político profissional, não é feliz , é equívoca e pode ser interpretada como tendo um sabor um tanto a roçar a demagogia. Para além de obviamente não corresponder à verdade quando aplicada por Cavaco Silva a si próprio.

Ele deveria certamente pretender um certo aproveitamento do sentimento de distanciamento e repulsão para com os chamados “políticos” que, com razão ou sem ela, se vem espalhando pela opinião pública, de forma crescente e inquietante.
Tudo o que seja alimentar esse sentimento, apoucando, desdenhando ou mesmo diabolizando a actividade política, uma actividade que se não está rodeada da devida nobreza, deveria estar, é negativo para a estabilidade e bem estar do regime democrático, o qual tem obviamente de ser governado por políticos.
Nunca gostei de ouvir, em determinados contextos, expressões tais como “ eu cá não sou político”, “ a política a mim não me interessa”, “os políticos são todos iguais”, ou aquela outra, muito comum no tempo da ditadura ( até mesmo da boca de tantos convertidos depois em “anti fascistas” do 26 de Abril ) de que “ a minha política é o trabalho”.

Cavaco Silva poderia ter dito “ não sou um profissional da política “, o que soaria de forma diferente. Poderia, ou poderá dizer “ nunca precisei nem preciso da política para viver” , ou “ nunca enriqueci à custa da política”, o que é rigorosamente verdade. Poderá mesmo acrescentar, querendo juntar alguma mordacidade ao seu discurso, que não tem nem nunca teve dinheiros para criar uma fundação, a qual, para se constituir, necessita obviamente de “fundos”...
Agora que é um político, é . Importa pouco juntar ou não o adjectivo profissional.
E é inegável que faz política com profissionalismo, como pode concluir-se da forma como soube gerir os seus silêncios, a oportunidade das suas intervenções, e até a encenação da apresentação da sua candidatura.

Todavia, foi desproporcionado e descabelado o ataque que, directa e explicitamente lhe fez anteontem Mário Soares, a propósito daquela sua afirmação.
Mais do que propriamente as palavras que proferiu, a crispação do seu rosto, o timbre da sua voz, a tonalidade do seu discurso e a sua linguagem corporal, denotaram claramente um grande nervosismo, e uma crescente irritação , e deram sinais que o verniz lhe estará quase a estalar. Como costumava ( e decerto costuma ainda) acontecer, quando se sente acossado nos seus desígnios ou nos seus caprichos.
A dar assim tiros nos pés, não chegará à segunda volta, se a esta realmente tiver de se chegar.

Mais serenas, subtis e polidas, foram as declarações de Manuel Alegre, também proferidas a propósito de outra parte das declarações de Cavaco Silva.
Por isso mesmo mais eficazes, junto da opinião pública e do eleitorado.

LIDO, NO FIM DE SEMANA

A moscambilha.
(...)
É por isso que se torna absolutamente necessário esclarecer se a lei que põe termo a um privilégio dos autarcas – o de cada ano de mandato contar a dobrar para a reforma – foi ou não propositadamente retida no Parlamento o tempo suficiente para que os eleitos de Outubro possam ainda beneficiar desse luxo.
Numa altura em que o Governo está a exigir mais anos de trabalho aos funcionários públicos, é imperioso esclarecer se os aparelhos partidários e o lóbi autárquico fizeram, de facto, valer a sua própria lei.
É que, nesse caso, estaremos perante uma moscambilha indigna pela qual alguém tem de responder cabalmente.
E de cujo esclarecimento o primeiro-ministro não deve, pura e simplesmente, alhear-se. “

(Fernando Madrinha, in Expresso de 29.Outubro.2005)

“ (...)
Dito com brutalidade, temos de ter maior insegurança nas nossas vidas, temos de viver diferente, trabalhar diferente, correr alguns riscos que hoje não nos passam pela cabeça, e, em muitos casos empobrecer ainda mais, porque estamos a viver acima das nossas posses.
Todos os demónios estão à solta, a China, a demografia, o declínio da cultura empresarial etc., etc.
As medidas de contenção orçamental que cortam “direitos” adquiridos na função pública, e nos corpos do Estado, são paliativos e adiamentos, mas são inevitáveis.
Na pior das hipóteses serão sacrifícios em vão, na melhor, um ganhar de tempo para mudanças mais efectivas(...)”

(Pacheco Pereira, in Sábado de 28.Outubro.2005)

sábado, outubro 29, 2005

OBJECTIVOS E METAS

À sexta feira, é para mim leitura obrigatória a do Inimigo Público, suplemento satírico e sarcástico do PUBLICO.
Transcrevo do último esta pequena notícia, uma caricatura- retrato, ainda que a traço grosso, do que por aí ouvimos e lemos em matéria de fixação de objectivos.. :

Hospital de Évora quer deixar menos tesouras no corpo de pacientes até 2008
A nova administração do Hospital de Évora foi empossada esta semana e já traçou a estratégia para esta unidade de saúde até ao ano de 2008, que se pretende uma referência em todo o País.
O IP ( Inimigo Público) falou com o novo administrador do hospital, Paulo Santos, um antigo motorista de Jorge Coelho. “ Sabemos perfeitamente que os objectivos traçados para 2008 são ambiciosos, mas por respeito à população não poderímos agir de outra forma" .
Nos próximos anos, pretendemos diminuir o número de tesouras esquecidas nos corpos dos pacientes, dos actuais 23 mil para 5678, bem como o número de compressas, de 45 mil para apenas 23 mil.
Queremos ainda que os pacientes a quem é amputada uma perna quando têm uma dor de ouvidos não ultrapassem os 500 por ano, que as grávidas com contracções não esperem mais do que 12 dias para entrar na sala de parto, que o número de doentes que entrem em coma após administração de uma dosagem excessiva de anestesia não ultrapasse uns meros 400 por ano. (...) “

sexta-feira, outubro 28, 2005

LIDO HOJE
...no PUBLICO, da autoria da jornalista Ana Sá Lopes :
" O manifesto presidencial ontem apresentado na Alfândega do Porto dificilmente deixaria de ser subscrito por qualquer eleitor de esquerda"

quinta-feira, outubro 27, 2005

OMNIPRESENÇA E OMNISCIÊNCIA DE UM SUPER POLÍTICO

Quando ontem me disseram , não quis acreditar e por isso evitei comentar de imediato.
A Pereira Coelho, Vereador eleito da Câmara Municipal da Figueira da Foz, e simultaneamente deputado, foram atribuídos os pelouros da gestão financeira e da gestão dos recursos humanos, além de outros.

Não consigo, de todo, vislumbrar como é que poderá conciliar aquelas duas qualidades. Possivelmente exercendo as duas de forma deficiente.
Desde logo porque não dispõe do dom da omnipresença.

No plano jurídico-legal, e à precisa luz da letra da Lei, pode ser que não exista incompatibilidade. É questão a ser apreciada e dirimida em sede própria. Mas se não existe, deveria obviamente existir.

Todavia, o que realmente importa é situar a análise no plano político ( afinal o trabalho de um deputado parece não ser assim muito absorvente!...) e sobretudo no plano operacional.
E nestes, para um simples cidadão com elementar bom senso, existe porém óbvio conflito entre os dois exercícios.
Se há pelouros que requerem disponibilidade, presença assídua e próxima nos Paços do Município, são precisamente aqueles dois. Não são áreas cuja gestão se possa fazer com eficácia por telemóvel, a correr permanentemente da Figueira para Lisboa e de Lisboa para a Figueira, ou através de obedientes e fieis assessores mandados. (Nota 1)

No caso em apreço, com o devido respeito, e em minha modesta opinião, não se trata somente de falta de tempo. Trata-se também de falta de vocação, de falta de competência e de falta de autoridade. (Nota 2)

Duas notas complementares :
(Nota 1) – Será oportuno esclarecer se Pereira Coelho vai tornar a dispor de viatura municipal e motorista próprio, pessoalmente atribuídos, a fim de se poder deslocar acima-abaixo e abaixo-acima, por forma a tentar arranjar alguma forma de compatibilização operacional para o exercício das suas duplas funções, na Câmara Municipal da Figueira da Foz e na Assembleia da República.
(Nota 2) – Convirá recordar, por exemplo, que foi quando Pereira Coelho exerceu a Presidência da CCDR do Centro que esta promoveu a desastrada e totalmente falhada campanha publicitária visando a criação de uma marca chamada Lusitanea ( já ninguém se lembrará?...) na qual foram autenticamente espatifados cerca de 5 milhões de Euros ( 1 milhão de contos!....).

MAIS RECURSOS PARA A JUSTIÇA?...

Na crónica falada “ mel com fel” que anteontem ouvi na TSF, José Lelo fez uma certeira mas impiedosa análise crítica do funcionamento da estrutura judicial Portuguesa, a propósito, claro está, da sua quase completa paralização ontem ocorrida.
O colega Amicus Ficaria tem um oportuno link directo para a respectiva gravação.

Vale a pena divulgar por escrito alguns dos números e rácios que José Lelo apresentou.
Pena é que o terceiro mundista sistema estatístico nacional só tenha permitido apreciar valores referidos a 2001, e não a 2003 ou mesmo a 2004.

Assim:
1.
De 1992 a 2001, o número total de funcionários judiciais passou de 6000 para 9000.

2.
Em 2001, os racios de números de juizes por 100 mil habitantes, eram :
- em Portugal : 14
- em Espanha : 10
- em França : 11

3.
Em 2001, os racios de números de funcionários judicias por 100 mil habitantes, eram:
- em Portugal : 93,5
- em Espanha : 89,2
- em França : 26,1

4.
Em 2001, os racios de números de tribunais por 100 mil habitantes eram :
- em Portugal : 3,2
- em Espanha : 1,3
- em França : 0,8

5.
Em número de tribunais por mil quilómetros quadrados, Portugal tinha 4 vezes mais tribunais que a França.

6.
Em 1992, cada funcionário administrativo judicial despachava, em média, 117 processos. Em 2001, o valor médio foi de 69 processos por funcionário.

José Lelo rematava a sua crónica comentando, com ironia, que os investimentos entretanto feitos foram muito úteis ... para a qualidade de vida dos funcionários judiciais.

Os azougados sindicalistas dos funcionários delegados do Ministério Público e dos juizes deveriam ser confrontados com aqueles números.
Tenho imensa curiosidade em saber que tipo de comentários fariam ou que tipo de justificações apresentariam.

CAVACO VERSUS SOARES

Para quem queira estar atento e compreender a vida política Portuguesa, é indispensável ler o excelente e pedagógico artigo de opinião de Pacheco Pereira, no PUBLICO de hoje.
Nele faz uma inteligente e precisa comparação entre as características de personalidade dos dois candidatos a Presidente da República, Cavaco Silva e Mário Soares , entre os seus estilos de discurso e de postura pessoal, e entre os respectivos modelos de encenação e de campanha eleitoral.

quarta-feira, outubro 26, 2005


FAZ HOJE 36 ANOS...
...realizavam-se as primeiras "eleições" depois da subida de Marcelo Caetano ao poder do Estado Novo. Um regime corporativo,convirá lembrar. Salazar chamava-lhe "democracia orgânica".
Claro que o partido único, antes União Nacional e depois rebaptizada de Acção Nacional Popular por Marcelo Caetano, ganhou as " eleições", com oitenta e tais por cento a nível nacional.
No concelho da Figueira da Foz, a percentagem atingiu os 72% dos votantes.
Estes foram 59,8 % dos eleitores recenseados, os quais eram somente 9416...

MAIS UM MARCO NA HISTÓRIA DO (MEU) MUNDO

Contados também 40 anos depois da sua constituição como empresa, então como Celulose Billerud, a Celbi vai ser colocada à venda pelo grupo StoraEnso, detentor da quase totalidade do seu capital. Chama-lhe “desinvestimento”, em bom dialecto “economês”. Será também um virar de página na história da Empresa.
Assim vai ser, porque a Celbi já não tem importância estratégica para a StoraEnso, concretizado que está o grande investimento feito por este gigantesco grupo na Veracel ( Brasil), numa enorme e moderníssima unidade de produção de pasta de celulose de eucalipto, a qual iniciou uma bem sucedida laboração há uns 3 ou 4 meses.
A notícia não constitui grande surpresa para quem andasse razoavelmente atento aos sinais que iam surgindo.
Por exemplo, a StoraEnso não escondia ultimamente a sua crescente preferência por uma estratégia orientada para investimentos em mercados emergentes, tais como a China, a Rússia e a América do Sul.
Algo surpreendente, sim, é que tenha sido tão cedo.

INTOLERÁVEL SABOTAGEM

Intolerável acto de sabotagem do funcionamento e do prestígio do Estado democrático de direito é como se pode classificar a alegação feita num órgão das Nações Unidas pelo “funcionário” judiciário António Cluny, dirigente do Sindicato dos “funcionários” do Ministério Público, de que as reformas tomadas pelo Governo põe em causa a própria independência da justiça.
Pronunciando-se ontem sobre o caso, o Primeiro Ministro foi contido nas palavras. Teve de o ser, por dever do cargo.Chamou-lhe só “acusação absurda e injusta”.
Mas, feita por quem a faz, para o cidadão comum, ela é simplesmente mentecapta e criminosa.

A “GREVE” DOS “JUIZES”

A República e a soberania popular, delegada e exercida através dos seus órgãos representativos, têm de meter os juizes na ordem....constitucional.

Importa que procedam, sem complexos e sem titubear, a uma vassourada saneadora do corpo de magistrados judiciais, transformado agora em corporação de interesses e de cumplicidades mútuas, o que é todo intolerável num estado democrático.

É isso mesmo o que quero dizer.
O Governo não deverá recuar um milímetro neste confronto com aquela corporação.
Perante a “greve” dos “juizes”, quem de direito terá de promover um verdadeiro saneamento naquele corpo de juizes ( agora sem aspas ).
Os que se colocarem fora da ordem constitucional, fazendo “greve” ( agora com aspas) devem pura e simplesmente ser despojados da sua qualidade de órgãos de soberania, que são e dizem ser.

Há uns dias, o chamado Conselho Superior da Magistratura, qual órgão de defesa da corporação, em sessão plenária extraordinária, considerou lícito o exercício do “direito” à greve por parte dos juizes.
Em argumentação mentecapta e do mais refinado cinismo, alegou que do seu estatuto(deles próprios, juizes) emerge uma dupla condição de titulares de órgãos de soberania e de profissionais de carreira. Como se para os militares e para os agentes das forças de segurança, profissionais de carreira também, fosse lícito também fazer greve!
Ora quem tem de se pronunciar sobre se a “greve” dos “juizes” é lícita ou ilícita, não pode ser o Conselho Superior da Magistratura, julgando em causa própria.
Tal declaração é por isso simplesmente chocante, mesmo para um mero e comum cidadão dotado de elementar bom senso .
Quem terá de julgar nessa matéria é o Tribunal Constitucional, a quem a Assembleia da República, detentora da capacidade de representação da soberania popular, deverá urgentemente colocar a questão da ilegitimidade da greve e da existência de um sindicato de juizes.
Importa que o faça quanto antes.
Importa dizer, sem papas na língua, que é indispensável, em defesa dessa soberania popular, partir a espinha à corporação dos “juizes” .
E colocá-los na ordem... constitucional.

OS DESÍGNIOS E OS PERIGOS

Dois curtos comentários pessoais sobre as declarações hoje produzidas por Mário Soares, na apresentação do seu manifesto eleitoral.
1.
Se dúvidas ainda eu tivesse, depois de hoje ouvir as suas declarações e o longo enunciado daquilo a que chamou os seus 16 “desígnios”, quase em jeito de programa eleitoral de governo, caso fosse Presidente da República, aquelas dúvidas desvaneceram-se.
Mário Soares como Presidente da República, a intervir directamente na governação para fazer cumprir aqueles seus “desígnios” seria para o governo de José Sócrates uma permanente dor de cabeça e um foco de instabilidade.

Mário Soares afirmou ( parole..parole...) apreciar e dar garantias de estabilidade política.
Pela minha parte, é precisamente por considerar que é um imperativo nacional ter estabilidade política nos próximos 2 a 3 anos, que não quero Mário Soares como Presidente da República.
E é precisamente por isso que em minha opinião, é Cavaco Silva, dos candidatos anunciados, aquele que melhor exercerá a função de Presidente da República, de forma consistente com os normativos constitucionais sobre as suas atribuições e as atribuições do Governo.
Este juizo não tem rigorosamente nada de ideológico, mas decorre tão só de uma avaliação comparativa das personalidades dos dois candidatos.

2.
O argumento, logo adiantado por Mário Soares no início das suas declarações, de que se candidatava porque estaria a “surgir à direita um messianismo revanchista” é feio, tonto, descabido, ridículo e, convenhamos, um tanto torpe.
Se pensa que, com argumentos desse jaez e de um tal primarismo, consegue assustar muitos eleitores, desengane-se.
Poderá sim, é virar muitos eleitores e muitos votos contra ele.

sexta-feira, outubro 21, 2005

UMA BELA MANHÃ...
Finalmente, uma bela manhã de chuva...

A CONVENIÊNCIA DA REPÚBLICA

Se há um cidadão português que :

- desempenhou por longo período um alto cargo da política da República;
- adquiriu por essa circunstância um grande capital de experiência sobre as dificuldades da governação;
- tendo deixado aquele alto cargo político regressou ao exercício da sua actividade profissional anterior, e não para nenhuma dourada sinecura;
- é conhecido por não ter fortuna pessoal e não ter saído do seu alto cargo mais rico do que quando para ele entrou ;
- mantem, e soube manter durante muitos anos um posicionamento distante da vida partidária e da vida política activa;
- demonstrou grande sabedoria e mestria na gestão dos seus silêncios, das suas intervenções, e do tempo próprio do anúncio da sua candidatura;
- não obstante esse grande distanciamento, sempre que falava ou escrevia, dava origem a um caso político, e a classe política tremia;
- provocava tanta agitação e expectativa na opinião pública e na opinião publicada, e nelas conseguia causar tamanha influência, mesmo estando calado;

então, é porque esse cidadão tem verdadeiro valimento, “saber fazer” e peso no domínio da Política ( dando a esta palavra o seu sentido mais nobre), e a República, para reforço e garantia da sua estabilidade, terá conveniência em tê-lo como Presidente.
E por isso creio que o eleitorado da República o irá certamente escolher.

quinta-feira, outubro 20, 2005

CONSENSOS E CONVERGÊNCIAS

O programa Quadratura do Círculo de ontem, na SIC Notícias, foi bastante atípico.
Desde logo porque faltou Lobo Xavier ; mas sobretudo porque se assistiu a uma conversa muito cordial entre Pacheco Pereira e Jorge Coelho, cujas opiniões convergiram em muitos dos temas debatidos.

Jorge Coelho aludiu à insensatez de um artigo de opinião de Morais Sarmento, recentemente publicado, e no qual ele declara esperar um maior intervencionismo de Cavaco Silva como Presidente da República, ao jeito “gaulista” na 5ª República de França . Pacheco Pereira logo concordou, e desenvolveu o tema, num sentido inequivocamente condenatório de Morais Sarmento.
Pacheco Pereira considerou globalmente positiva a proposta de Orçamento Geral do Estado para 2006, apresentada pelo Governo, e Jorge Coelho obviamente concordou.
Pacheco Pereira elogiou as qualidades de Cavaco Silva como candidato a Presidente da República. Claro que Jorge Coelho não podia concordar totalmente, e colocou muitas reticências . Mas reconheceu que era um bom candidato, que seria eventualmente um bom Presidente, e não deixou de sublinhar que Cavaco Silva havia contribuído, de forma determinante, para a derrota da deriva populista de Santana Lopes

Um grande consenso, muito mais que uma simples convergência, mereceu obviamente a discussão e análise do perigo que a gripe das aves poderá representar para Portugal e para a Europa.

Bem..era o que mais faltava..., que alguém fosse criar carga ideológica ou clivagem partidária nas ameaças da gripe das aves...Como alguns irresponsavelmente já fizeram, nos casos da barragem de Fozcoa, da co-incineração, da luta contra os incêndios, ou da necessidade do reforço da autoridade do Estado.

Portugal está a precisar de mais consensos, ou pelo menos de mais convergências, entre os responsáveis e decisores políticos, sem prejuízo da indispensável separação das águas, e da diversidade e clareza de posições.
Isto é, sem bloco central...

quarta-feira, outubro 19, 2005

EDITAIS E NOVAS TECNOLOGIAS...

Segundo li num edital publicado na imprensa regional, está em inquérito público, pelo prazo de 30 dias, um projecto de regulamento para esplanadas na zona do Urbcom, o qual fora já submetido à Assembleia Municipal da Figueira da foz, na sua sessão de 23 de Setembro último.
O edital, em letra minúscula, difíceis de ler, informa que o mesmo vai ser afixado nos “lugares públicos habituais”, e que o referido projecto pode ser consultado nos Paços do Município, no Gabinete de Atendimento ao Munícipe, no Departamento de Obras Municipais e nas Sedes das Juntas de Freguesia.

Todavia, no site da internet da Câmara Municipal da Figueira, não estão disponíveis nem o edital (e deveria obrigatoriamente estar, pois o site tem de ser considerado, para todos os efeitos, como um “lugar público habitual” ), nem o regulamento propriamente dito.

Aqui está um edificante exemplo de como a Câmara Municipal da Figueira, em matéria de utilização das modernas tecnologias da informação, se encontra ainda numa era jurássica.

De notar que, em claro contraponto com aquele atraso tecnológico, todo o Orçamento Geral do Estado para 2006 estava disponível anteontem no site da Direcção Geral do Orçamento, uma escassa hora depois de ter sido entregue, na forma de CD-ROM, ao Presidente da Assembleia da República.

A CRISE NO SPORTING
Ao ouvir nestes dias as rádios e as televisões, interrogo-me se assunto mais importante da actualidade que preocupa os portugueses, será o Orçamento Geral do Estado para 2006, e as consequências que dele irão resultar, ou se será...a crise no Sporting...

terça-feira, outubro 18, 2005

VIDA PARA ALÉM DO DÉFICE

Afinal, parece que de facto não há muita vida para além do défice...
Ganha felizmente um crescente consenso nacional a conclusão de que, sem equilibrar e pôr em ordem as desequilibradas e desordenadas contas públicas, não é possível provocar a animação e o progresso da vida económica.
Isso é verdadeiro quer à escala nacional, quer à escala de qualquer município, cumpre assinalar com reforçada ênfase.

Transcrevo declarações de Medina Carreira sobre o Orçamento Geral do Estado ontem apresentado, reproduzidas no PUBLICO de hoje :

“ Fiquei com uma impressão positiva. Retiro três ideias gerais do que ouvi:
- os que andaram a dizer que a drª Ferreira Leite tinha uma obsessão pelo défice são aqueles que estão a procurar pôr as contas em ordem, o que traduz uma evolução positiva e eu agora estou de acordo com o PS;
- a prioridade dada ao controlo das públicas é fundamental;
- o Governo não se limitou a cortar nos desperdícios, mas age sobre os salários da administração pública e sobre as prestações sociais, sem o que não será possível consolidar as contas públicas (...) “

A CIGARRA NO INVERNO

Vêm aí tempos muito duros e difíceis para os portugueses. E, já a curto prazo, tempos de muita agitação, política e social.
Era inevitável. Para quem esteja minimamente atento, disponha de algum bom senso, e saiba fazer algumas contas simples, não será de surpreender.
Não era possível prolongar por muito tempo a vida de país rico que um país pobre ( ou pelo menos muito remediado) andava a fazer.

Andamos, andaram muitos, governantes, decisores políticos, autarcas, a cantar alegremente, como a cigarra no Verão.
Chegou agora o verdadeiro Inverno ; como antes já nos tinha chegado o pântano e o tempo de usar tanga...

Farão agora imensa falta muitos dos recursos financeiros que positivamente foram desbaratados na voragem do despesismo que muitos responsáveis andaram a alimentar anos a fio.

segunda-feira, outubro 17, 2005

UM PRÓXIMO ANO MUITO DIFÍCIL

Aí está, já foi divulgado o Orçamento Geral do Estado para 2006.
No tocante à Figueira da Foz, haverá a fazer duas curtas notas, por agora :

1.
Ainda não vai ser para o ano que se vão iniciar as obras de construção da nova ponte sobre o braço sul do estuário do Mondego, para substituir a decadente e bloqueante ponte dos arcos.
O PIDDAC não prevê qualquer verba para o efeito. Para a Figueira, ficam nele dotados 8,266 milhões de Euros (ME), dos quais 5,355 serão para as obras no porto.
A fazer fé nas notícias e das promessas que por 3 vezes vieram , de forma exultante e apoteótica, publicadas na brochura chamada FigueiraINforma, de ampla distribuição, já neste momento a nova ponte deveria estar quase pronta, e ainda este ano os felizes condutores figueirenses estariam a atravessá-la...
Claro que agora se vai dizer que a culpa por aquele incumprimento é deste Governo chefiado por José Sócrates....

2
As transferências para o Município da Figueira da Foz é exactamente igual ( em termos nominais) às realizadas em 2005, ou seja, de 9,513 ME . O que, em termos reais, representa uma diminuição de cerca de 2% relativamente ao valor do ano corrente.
Daquele montante, 5,708 ME serão como transferências correntes, enquanto 3,805 ME serão como receitas de capital .
Em números redondos, o mesmo sucede com todos os outros municípios Portugueses.

OS ORÇAMENTOS

Não me recordo de alguma vez o Orçamento Geral do Estado ter sido aguardado com tamanha atenção e expectativa, como agora está acontecendo.
Tal demonstra a crescente importância que a opinião pública atribui àquele fundamental instrumento de gestão política, pelo menos a nível nacional.
Infelizmente, já o mesmo não se poderá dizer quando se passa para a escala da gestão municipal.
Num grande número de casos ( presumo que a maioria...) o Orçamento e Plano Anual de Investimentos de cada Município tem sido, e é encarado, a começar pela própria Câmara Municipal, como uma mera formalidade e um quase puro exercício de faz de conta.
Na Figueira da Foz, por exemplo, temos visto a Câmara Municipal prever cobrar e consequentemente gastar oitenta e tais milhões Euros por ano , para se ficar depois por 40 a 50 milhões de Euros na execução do exercício anual .
E, em geral, sem que a perda de credibilidade que desse facto deveria resultar, tenha consequências no plano político-eleitoral.

Com as severas restrições orçamentais e o aperto dos cintos que aí se prenunciam, veremos então qual vai ser o grau de fantasia do Orçamento da Câmara Municipal da Figueira para 2006.

Este poderá ser aprovado pela Assembleia Municipal até ao final do mês de Abril de 2006, segundo o bizarramente estipulado na lei em vigor, em virtude de se terem realizado eleições autárquicas em 2005.
As estimativas das receitas e das despesas poderão assim ser realizadas já com as contas de 2005 encerradas, o que permitirá uma melhor avaliação do seu realismo ou do seu grau de fantasia.
Fica por saber, para já, se a Câmara Municipal da Figueira da Foz se irá manter até Abril de 2006 sem orçamento ordinário anual, funcionando entretanto com o regime de duodécimos baseados no Orçamento de 2005, o qual, como se sabe, foi construído com uma exuberante sobre avaliação de receitas.

domingo, outubro 16, 2005

SOBRE A RESPONSABILIDADE EM POLITICA

O menos que posso dizer é que me parecem patéticas algumas das lucubrações que li há dias na imprensa, do líder do PS do distrito de Coimbra, fazendo rebuscados malabarismos com os números e as percentagens, para tentar explicar e mitigar a escala do desastre eleitoral da sua própria candidatura, em Coimbra, e da candidatura por si parcialmente manipulada, na Figueira da Foz.

Muito mais inteligentes e sensatas foram as explicações ouvidas a JoãoSoares ( em Sintra), a Francisco Assis ( no Porto) e a Alberto Souto(em Aveiro) , que dignamente reconheceram terem sido claramente derrotados, assumindo as suas responsabilidades, e dando a entender que as mesmas não deixarão de ter consequências no seu posicionamento relativamente aos órgãos dirigentes do PS . Por exemplo, Alberto Couto demitiu-se já do cargo de presidente da distrital do PS de Aveiro.
Como de resto cumpre fazer, dentro da lógica e da ética partidária ( se é que se poderá falar disso...), a cidadãos que se envolvem na via política de forma responsável.

UMA ANÁLISE DAS PESSOAS E DAS AUTÁRQUICAS

Com a sua habitual e reconhecida lucidez, Pacheco Pereira, num artigo publicado na última revista Sábado, faz algumas análises sobre casos de derrotas e vitórias nas últimas eleições autárquicas.
Vale a pena destacar algumas delas, que de resto subscrevo quase por inteiro.

Sobre Carmona Rodrigues .
“ Carmona tinha tudo contra ele. Tinha a sombra eleitoral de Santana Lopes, o pior trunfo eleitoral nos dias de hoje. Tinha todas as trapalhadas da sucessão na Câmara, e tinha um mandato inconclusivo e pobre. Não tinha “obra feita”. Parecia um tecnocrata pouco fadado para ser mais do que um segundo, o mouro de trabalho, a que Lopes daria a cobertura da sua flamejante personalidade.
(...)
O que Carmona revelou foi ter exactamente o que se dizia que não tinha-qualidades políticas.
Depois fez quase tudo bem. Ao escolher a sua equipa, afastou o grupo de militantes de carreira do PSD que viera de Lopes e o tinha hostilizado.
(...)
Este tipo de discurso foi recebido por muitos lisboetas com um enorme alívio. A sua vitória, junto com a de Rio, mostrou que nas grandes cidades o populismo ainda não é a regra”.

Sobre Manuel Maria Carrilho
(...) revelou-se incapaz de trazer para a campanha qualquer das virtudes que era suposto ter como intelectual de mérito.
Nem rigor, nem seriedade, nem saber.
A sua campanha foi um desastre, dominado pelo protagonismo negativo, pela má educação e pelo exibicionismo.
(...)
A sua declaração final foi um retrato da campanha, quase insolente no seu mau perder.

Sobre Francisco Louçã
Fez a campanha nacional mais populista que se possa imaginar, assente num justicionalismo moralista, de um lado o BE impoluto e do outro os “candidatos bandidos”.
(...)
Será bom que o BE olhe para o destino de Portas: o preço que se paga pelo moralismo em política é sempre elevadíssimo.

Sobre Pinto da Costa
Pinto da Costa é um típico cacique local populista que foi instrumental na criação de um regionalismo provinciano muito agressivo.
(...)
A sua intervenção na campanha merecia ter tido mais atenção da comunicação social, mas esta, em particular a local, ou concorda ou tem medo dele. Pinto da Costa, que várias vezes ameaçou concorrer à Câmara e nunca o fez, falou em nome dos mais necessitados, dos moradores dos bairros sociais, de quem se arvorou em protector.

Sobre Rui Rio
O PS chamou-lhe o “contabilista” porque ele queria pôr as contas em ordem, nunca percebendo que, ao assim o tratar, dava-lhe a rara oportunidade de poder ser visto como um político diferente.
Os portuenses, que são pessoas de boas contas, sabem bem que, por detrás das contas, está uma postura que separa a confiança da desconfiança.
A cidade é uma cidade de “trabalho”, de “burgueses” e de “progresso” e Rio apareceu como um candidato natural para esta identidade.

CONTINUANDO...
Apesar das substanciais alterações verificadas no modelo do meu quotidiano, vou tentar manter o hábito de ir alimentando este blogue com algumas dicas (seria presunçoso chamar-lhe reflexões...) sobre a vida local e nacional, as quais, sobretudo no plano político, irão certamente ganhar uma nova animação dentro das próximas duas semanas.
Veremos até quando .

segunda-feira, outubro 10, 2005

DESTAQUE
...para esta transcrição de um artigo de opinião de Saldanha Sanches, publicado no Expresso da semana passada ( ainda antes do acto eleitoral) :

"Que não haja demasiadas preocupações com os resultados das próximas autárquicas : ganhe quem ganhar, o saque dos fundos públicos vai diminuir.
Já não há muito a que se possa deitar a mão.
Depois das eleições vem o Orçamento.
As transferências para as autarquias vão diminuir, as obras sumptuárias estão por pagar e ainda há os estádios do Euro 2004 com as suas dívidas e os custos de manutenção ".

UM PREVIO BALANÇO

O eleitorado é uma entidade colectiva, cuja vontade se avalia periodicamente, à falta de melhor método, por acto eleitoral com voto secreto. O que quer dizer que, quando houver necessidade de atribuir responsabilidades pelas escolhas e opções feitas, não se sabe bem a quem atribuir essas responsabilidades...
O eleitorado é composto por um mais ou menos elevado número de pessoas individuais, e estas sim, são responsabilizáveis. Ou pelo menos deveriam ser.

Nas eleições de ontem, a minha opinião/vontade foi convergente com a opinião/vontade do eleitorado da Freguesia de S. Julião, convergência traduzida na, quanto a mim, inteiramente justa vitória de Vitor Coelho para a respectiva Junta de Freguesia.

A minha opinião/vontade foi todavia divergente da opinião/vontade do eleitorado do Município da Figueira da Foz.
Este achou que a lista candidata do PSD, na sua globalidade, lhe dava confiança e garantias de um futuro desempenho, na Câmara Municipal, que vá de encontro ao interesse e aos desafios que se vão colocar à comunidade figueirense.

Eu achei que não, e continuo a achar que não.
Com o meu voto, dei pelo menos um contributo para que a composição do elenco camarário seja menos desequilibrado que nos 4 anos anteriores.
Com o que talvez se possa mitigar um pouco o modelo de arrogância e de atropelo das regras de transparência da gestão municipal que imperou durante aquele período.

Vamos então acompanhar com sentido crítico o desenvolvimento daquele desempenho.
Veremos mais tarde quem tinha razão .

domingo, outubro 09, 2005

CITAÇÃO PARA O DIA DE HOJE
Um bom amigo e leitor dedicado do Quinto Poder quis ter a simpatia de me enviar uma citação, que muito agradeço, e que aqui ouso reproduzir :

“Os homens de carácter são a consciência da sociedade a que pertencem. A medida natural dessa força é a resistência às circunstâncias.”
Ralph Waldo Emerson

sexta-feira, outubro 07, 2005

UM MARCO HISTÓRICO

Hoje não me apetece escrever muito.
Hoje é um dia que é um marco histórico no mundo.
No meu mundo; porque mundo, para mim, é aquele que vejo e revejo no meu umbigo, aquele no qual vivo, enquanto for vivo
.

DESTAQUE

….para este artigo de Francisco José Viegas, e para esta transcrição do blogue Abrupto.

"Rotundas, rotundas, rotundas, por todo o lado. Em Chaves, vi uma no meio duma rua que não tinha nenhum cruzamento. A meio, de repente, uma rotunda que não distribui trânsito nenhum, para quê? Todas com estátuas, emigrantes, burros, camponeses, blocos de ferro a saírem de correntes, uma torneira, antas, monólitos diversos, monumentos grandiosos ao desperdício. Em meia dúzia de pequenas cidades, devemos ter mais estatuária urbana do que em Berlim. Muitas destas terras não têm saneamento básico."

e ainda para esta outra de um comentário de uma leitora ( Teresa) do mesmo Abrupto:

"Sabe o que me aborrece mais nas rotundas? Não é o dinheiro que custaram, a tacanhez que muitas vezes representam, a estátua pindérica lá em cima. É que na relva e florzinhas das rotundas, naqueles jardins de anedota, esgota-se o orçamento municipal para espaços verdes. Depois os miúdos jogam futebol nas playstation , os “shópingues” servem para passeio de domingo e o autarca moderno, regressado de mais uma viagem de confraternização com a cidade “germinada”, promete construir o grande parque como viu lá fora quando os da cor chegarem ao governo e libertarem aquela verbazinha..."

quinta-feira, outubro 06, 2005

DECLARAÇÃO DE VOTO (2)

As razões do meu voto para a Câmara Municipal da Figueira não se fundamentam no cotejo entre as ideologias ou princípios partidários do PS e do PSD, irrelevantes para efeitos de eleição autárquica.
Nem muito menos na avaliação crítica e comparativa entre os respectivos “ programas” ; ambos dão acolhimento a promessas fantasistas, que não são para tomar a sério, embora o PSD nessa matéria exagere muitíssimo mais…

A bem da verdade, reconheço e importa anotar duas muito relevantes diferenças entre aquelas duas listas candidatas à Câmara Municipal da Figueira.

Primeira diferença
Muito embora a lista do PS tenha resultado, como foi notório, de intervenções ou mesmo imposições do aparelho partidário de nível distrital, concretamente da sua liderança, a presença directa do aparelho partidário de nível concelhio na sua composição, é muito reduzida, se não mesmo nula.
Pelo contrário, a presença do respectivo aparelho partidário concelhio na lista do PSD é de enorme peso.
Está lá o aparelho partidário, na sua versão pura e dura.

Segunda diferença
Na campanha eleitoral desenvolvida, o PS tem feito gala em divulgar ao eleitorado, como por exemplo nos outdoors e nos folhetos, não apenas o nome, a figura e o rosto do cidadão que encabeça a lista e se candidata a Presidente da Câmara, mas também, e em larga escala, a constituição da equipa que o acompanha : os seus nomes e os seus rostos.
Pelo contrário, a propaganda eleitoral do PSD tem sido exclusiva e enfaticamente focada na figura, no nome e no rosto do seu candidato a Presidente da Câmara, proporcionando ao eleitorado uma exposição praticamente nula dos nomes e dos rostos dos restantes candidatos a Vereadores que o acompanham.
Obviamente que se compreendem as razões.
Há na lista personalidades bem conhecidas, que são enormes menos valias, e que causam desconfortável comichão a grandes partes do eleitorado local, designadamente ao que por hábito ou tradição tem votado PSD.

Estas duas diferenças, não são meramente formais, longe disso.
Configuram diferenças muito substanciais de conteúdo político, na escala da confiança e da credibilidade que uma e outra lista merecem, e bem assim no respectivo valimento político.

A avaliação e consideração destas diferenças configuram igualmente, por si só, razões suficientes para eu votar na lista do PS para a Câmara Municipal da Figueira.

DECLARAÇÃO DE VOTO (1)

Como prometi, em post de 19 de Agosto, aqui estou a fazer a minha declaração de voto para as eleições autárquicas do próximo Domingo.
Vamos então por partes.

As listas candidatas à Assembleia de Freguesia de S. Julião e à Assembleia Municipal da Figueira da Foz, apresentadas pelo Partido Socialista, são encabeçadas por pessoas que muito considero e de quem muito aprecio a sua seriedade intelectual e ética, a sua postura cívica, e a sua reconhecida obra feita na comunidade figueirense.
Por estas óbvias razões, terão inequivocamente o meu voto, sem margem para hesitações.

IR VER O DESASTRE…

Do ponto de vista da arte ou técnica jornalística, a reportagem “cronologia do pesadelo” publicada pelo colega local À Beira Mar, é de excelente qualidade, revelando grande profissionalismo e virtuosismo literário.
Porém, neste outro post, denuncia e censura, e muito bem, a romaria dos automobilistas que ontem congestionou a Serra da Boa Viagem, em jeito do habitual burguês passeio de fim de semana, aproveitando um dia feriado assustadoramente cálido.

Ora eu acho que devo lembrar ao Zé Luís que a curiosidade mórbida dos mirones que querem e vão ver o desastre, é aguçada por reportagens excessiva e pormenorizadamente descritivas, em especial se acompanhadas por muitas e espectaculares imagens e fotografias…

A "GREVE" DOS JUIZES
Sobre a anunciada greve dos juizes, ler este post publicado ontem por Vital Moreira no Causa Nossa.

quarta-feira, outubro 05, 2005

MAIS DELÍRIOS E MIRABOLÂNCIAS...(2)

Entre infra estruturas turísticas, infra estruturas do conhecimento, e desenvolvimento empresarial e industrial, o já referido folheto da candidatura, ou melhor, do candidato do PSD à Câmara Municipal da Figueira da Foz, anuncia, prevê ou promete, como se queira, um montante de investimentos da ordem de 724 milhões de Euros ( estão a ler bem...milhões!...).
O número de postos de trabalho prometidos, como resultado daqueles muitos milhões investidos, é de 12 598 directos ( acho graça à precisão do dígito 8....), mais 24775 indirectos.
Tudo somado, 37273 novos postos de trabalho.

O Primeiro Ministro poderá sorrir de satisfação. Prometeu, levianamente embora, que seriam criados 150 mil postos de trabalho dentro da actual legislatura de 4 anos,
Os 37 mil prometidos agora para o Município da Figueira pelo candidato do PSD serão uma preciosa ajuda para os tais 150 mil serem a atingir. O espectacular contributo da Figueira vai ser de quase 25% daquele número. Já só faltarão por isso 113 mil, que deverão preocupar o Primeiro Ministro. Mais meia dúzia de Municípios com a grande capacidade empreendedora anunciada pelo candidato do PSD, e o objectivo do Primeiro Ministro estará alcançado.
É deste optimismo e desta capacidade que Portugal precisa, essa é que é essa....

Não deixa porém de ser curioso o que afirma o candidato na mensagem que capeia o magnífico folheto. Transcrevo:

“ A responsabilidade sobre a política económica cabe ao Governo ( que aliás prometeu criar 150 000 novos postos de trabalho) mas nós não nos demitimos das nossas responsabilidades e damos o nosso contributo, até porque confiamos nas nossas capacidades e desconfiamos das promessas eleitorais “.

Ah..desconfia ? Pois eu também, e muito.
A grande maioria dos eleitores, como eu, de resto, já não só desconfia. Ri-se delas.

MAIS DELÍRIOS E MIRABOLÂNCIAS...(1)

No graficamente impressionante folheto de propaganda eleitoral do candidato do PSD a Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, este promete não um, nem dois, nem três...mas simplesmente 6 novos hotéis...
Um verdadeiro furacão de investimentos, delirantemente fantástico, configurando um milagre económico sem precedentes, comparável ao Dubai ou à União dos Emiratos Unidos...
O número de camas previstas naquele rol de promessas ascende a mais de 1100.
Como o parque hoteleiro da Figueira tem cerca de 2000 camas, fica assim prometido que, em 4 anos, aquele número vai ter um espectacular aumento de 55%.
Vai ser obra. Ainda bem que há gente com fé.
Faltará depois ver para que valores baixará (melhor, baixaria...porque tudo aquilo é virtual..) o índice de ocupação anual do parque hoteleiro da Figueira, o qual em 2003 era tão somente de 23,5% !...

terça-feira, outubro 04, 2005

ALGUEM DÁ MAIS?...

Na campanha eleitoral em curso, a maioria dos actuais Presidentes de Câmaras e/ou candidatos com hipóteses de chegar a tal, prosseguem a sua hasta pública de promessas de bacalhau a pataco, da lua, do sol, deste mundo e do outro.
Será possível encontrar algumas, poucas, honrosas excepções, mas nenhuma delas, infelizmente na Figueira da Foz.

Com o país meio ardido, com dias de canícula e de fogos florestais em pleno mês de Outubro, com os campos agrícolas secos e castanhos, com a seca persistente de que se não vislumbra o fim, com o Estado quase falido e a ser obrigado, em 2006, a reduzir o seu défice de 6,8% do PIB para 4,8 % do PIB, com os municípios gravemente endividados, com os seus fornecedores económica e financeiramente estrangulados pelas dívidas, o actual Presidente da Câmara da Figueira da Foz e candidato do PSD, e o candidato do PS, parecem não se darem conta da dimensão das dificuldades que vamos ter de enfrentar pelo menos nos próximos dois anos.

Não vão poder cumprir nem a décima parte daquilo que agora andam por aí a prometer. Não sei se o sabem. Deviam sabê-lo e, nesse caso, falar verdade ao eleitorado.
E assim será, pela singela, óbvia e irritante razão de que não haver dinheiro para tamanhas delirantes fantasias. Não vai haver, e ponto.

O pouco que houver vai ter de ser aplicado muito selectiva e criteriosamente, segundo uma exigente ordem de prioridades, para os fins que apresentarem, comprovadamente, verdadeiro retorno, social ou financeiro.
Irá? Assim seja, mas valha a verdade que também não estou muito certo disso.

O que vale, é que a maioria dos eleitores bem o sabem, por isso não levam minimamente a sério aquelas promessas. Uns sorrirão, outros encolherão os ombros, outros talvez lancem um murmúrio de incontida impaciência.
Para outros, como eu, apetece simplesmente dar uma gargalhada.

PARA REFLEXÃO
...este post do Portugal dos Pequeninos

SUBIR À SERRA

Não quero nem vou subir ao Monte de Santa Luzia, em Viana do Castelo, nos próximos tempos.

Já me custa muito vê-lo, cá de baixo, junto ao rio Lima.
Também não quero nem vou subir à Serra da Boa Viagem nos próximos tempos.

A CRISE INSTITUCIONAL

Melhor fora que ontem não se tivesse realizado o debate sobre o estado da Justiça em Portugal, no programa Prós e Contras da RTP1.
Ter-se-ia evitado levar aos portugueses já deprimidos, com a impiedosa evidência das imagens, a situação gravíssima da crise institucional do Estado, a juntar à sua igualmente grave crise financeira, e a juntar ainda à crise económica do País, bem como ao cenário de um país a arder e às perspectivas de uma seca calamitosa.
Tudo somado, parece estarmos perante uma situação de crise de sobrevivência de Portugal.

Foi deprimente ver ontem o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça (e pelos vistos antigo Presidente do Sindicato dos Juízes…), com voz titubeante e mãos trémulas, e faltando ao seu dever de discrição, balbuciar uns quantos argumentos justificativos do intolerável comportamento dos juízes, ali representados pelo seu omnipresente Presidente, Baptista Coelho (o Ministro da Justiça sublinhou e reforçou a designação de sindicato, o que parece não ter agradado ao tal presidente, insistindo este no termo Associação Sindical…).
O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça (terceira figura do Estado, ao que julgo), talvez desorientado e nervoso, chegou mesmo ao ponto de ali, em directo pela televisão, sentado num imponente cadeirão de Conselheiro, criticar e repreender o Primeiro Ministro pelo seu desempenho neste confronto com a corporação dos magistrados judiciais.
Estamos na Venezuela, ou em qualquer outro país da América Latina?

Claríssimo foi o Professor Jorge Miranda, ilustre constitucionalista. Entrevistado, não teve papas na língua e deu a sua opinião: a anunciada greve dos juízes é manifestamente anti constitucional.

A soberania popular está representada nos órgãos directamente eleitos, designadamente no Presidente da República e no Parlamento.
São estes que, por delegação, têm, acima de qualquer outro, o poder de exercer essa soberania.
Se o titular de um outro órgão, como um juiz, ofender a ordem constitucional, aqueles outros órgãos eleitos terão por isso o direito e a obrigação de promoverem a retirada daquela titularidade, ou seja a respectiva demissão.
Os órgãos de soberania eleitos não podem é ficar reféns da chantagem dos juízes.

A fim de evitar que continue a degradação da autoridade do Estado democrático de direito, importaria deixar bem claro, de imediato, dois princípios : à luz da nossa ordem constitucional, os juízes não podem ter sindicato, e os juízes não podem fazer greve.

O Governo poderia, com a maior urgência, colocar essas duas questões ao Tribunal Constitucional.
E se, arrastado por uma onda de corporativismo irresponsável, o Tribunal Constitucional dissesse que, sim senhor, o sindicato dos juízes pode existir, e que estes podem fazer greve?
Bem. Cumprindo a ordem constitucional, haveria uma solução. Fora dela, haveria outras, mas nem quero pensar nelas.
Seria reunir no Parlamento uma maioria de dois terços, creio que possível de constituir no actual chamado arco democrático (o PC e o BE, sempre irresponsáveis pescadores de águas turvas, de certeza que quereriam ficar de fora…) e proceder a uma revisão extraordinária (diria mesmo de emergência) da Constituição, ou aprovar Lei Constitucional que de uma vez por todas clarificasse a matéria.
No sentido, obviamente, de tornar viável e adulto o Estado democrático de direito, com subordinação do exercício e da independência dos juízes à soberania popular.

segunda-feira, outubro 03, 2005

DESTAQUE...
...para este post do blogue Portugal dos Pequeninos.
O Quinto Poder dedica a transcrição aos numerosos santanistas indefectíveis do PPD/PSD que seguramente ainda haverá na Figueira da Foz.
Ou já não há?

NINGUÉM PÁRA!...
Afinal, não é só a Figueira...

VALE A PENA...
... e é divertido dar uma vista de olhos por este blogue.

BREVIÁRIO DO CANDIDATO AUTÁRQUICO

Por achar que poderá ter (como aliás já está a ter…) muita aplicação aqui na nossa paróquia da Figueira da Foz, não quero deixar de transcrever, com a devida vénia ao Dr. Balsemão, o chamado “ Breviário do Candidato Autárquico”, publicado na revista Única do EXPRESSO do sábado passado.
É o meu contributo, humilde mas generoso, para a excelência do debate político pré eleitoral.

Breviário do Candidato Autárquico
Vocabulário Essencial das Promessas Eleitorais

Quais são as palavras-chave que devem nortear o meu discurso?
1) Pavilhão
2) Parque
3) Parceria
4) Pólo
5) Plano

Porque é que começam todas por P ?
Para facilitar a memorização. A mnemónica é “Pa-pa-par Po-pla” quem em latim quer dizer “ comer a população”.

Que é isso do pavilhão?
Um qualquer. O importante é que seja multiusos, para que não se saiba ao certo para o que serve.

Comecemos pelo parque. Dá para lá deixar o carro?
Dá. Mas não é - pelo menos à partida um parque de “estacionamento” . Tem de ser um parque tecnológico ou de ciência ou de outra coisa qualquer.

Pode-se ir lá passear?
É precisamente para isso que servirá. Isto é, se for construído, hi hi hi…

Hi hi hi…e as parcerias são o quê? São dessas coisas “gays”?
Não necessariamente. As parcerias são a palavra que deve usar quando lhe perguntarem como é que vai pagar o pavilhão multiusos, o parque tecnológico e o diabo a sete.

Como faço?
Responde simplesmente : “Através de parcerias”.

E se insistirem?
Especifica que serão parcerias com a iniciativa privada.

Eles é que vão pagar tudo?
Tudo.

E os pólos também? Que vem a ser isso?
Bem, em termos estritamente astrofísicos e geoplíticos, são o centro magnético das várias forças de gravidade e impulsos positivos gerados pela interacção dos parques e pavilhões multiusos.

Ah!
Sim, e finalmente tem o plano, que é essencialmente o documento, precedido de muitos estudos, que permite pôr tudo isto de pé, de um ponto de vista teórico.
Perguntar-me-à o que distingue um plano – municipal que seja – de um programa…

Já chega.
Está muito bem. Próximo!

PROMESSAS EM HASTA PÚBLICA

Alinhando pela onda geral, o que sinceramente lamento, e parecendo desejar entrar à compita com o PSD local, coube agora a vez à candidatura do PS à Câmara Municipal da Figueira participar também na hasta pública de promessas, através da divulgação do seu “programa” eleitoral.
No rol daquelas promessas, constam por exemplo:
- uma plataforma intermodal;
- a extensão da zona ribeirinha até Vila Verde;
-o parque urbano da várzea de Tavarede ( pelo menos já existe à entrada da cidade uma patusca placa de sinalização indicando “futuro parque urbano”…)
- uma marina adequada, com intervenção na frente ribeirinha, edificando os equipamentos necessários a este “espaço emblemático da cidade” ;
- uma nova Zona Industrial;
- uma pousada da Juventude ;
- uma quota de 5% dos funcionários a admitir para deficientes ( chamados de PNE’s..que quer dizer “portadores de necessidades especiais”…);
- a limpeza e abertura de caminhos na Serra da Boa Viagem ;
- a requalificação das lagoas de Quiaios ;
- uma central de tratamento mecânico-biológico de RSU’s ;
- um Centro de Investigação Ambiental;
- uma central termoeléctrica de biomassa;
- um museu militar;
- produção cultural própria ;
- criar uma companhia de teatro profissional;
- criar um serviço editorial junto na Biblioteca Municipal;
- promover eventos culturais;
- criar um Gabinete do Desporto;

e por aqui me fico, que já estou cansado.

Será que ainda não chega a experiência colhida e as lições retiradas do cotejo entre as promessas e a dura e crua realidade a elas posterior, de José Sócrates para as últimas eleições legislativas, ou de Duarte Silva nas eleições autárquicas de 2001?
E será que pensam que os eleitores são mesmo tolos, para se deixarem enganar por promessas e bolos?....

domingo, outubro 02, 2005

INCÊNDIO EM CAMPANHA ELEITORAL

Regresso à Figueira na tarde de um Domingo de Outono, e vejo perfilada a norte, no céu restante ainda azul, uma imensa e assustadora mancha de fumo muito negro.
Presumo estarem a arder mais uma vez vários hectares de floresta verde, da pouca que já vai havendo. Dentro de horas, serão mais umas longas manchas de árvores de folhagem castanha, em solo cinza ou negro. Um cheiro a queimado e um nevoeiro de fumo espalha-se pela cidade.
À porta de casa, passa entretanto um pequenino carro, creio ser um Smart, com cartazes eleitorais colados.
Sobre uma música de sabor pimba como fundo sonoro, ouve-se uma voz convencida, provavelmente de um Jota : no próximo dia 9 de Outubro, vota em.....
Não pude deixar de suspirar fundo, tanto quanto me deixou a pesada atmosfera.

DEBATE, NÃO HÁ?....
Não está previsto nenhum debate entre os diversos candidatos a Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz?
Já não digo numa estação de televisão, tipo SIC Notícias ou RTPNorte , como aconteceu e acontece relativamente a outros municípios nacionais, mas ao menos numa rádio local, co'os diabos!
Nem quero acreditar que ninguém se tivesse lembrado disso, seja um qualquer dos candidatos, seja a própria comunicação social radiofónica cá da paróquia.
Fico por isso na expectativa que até à próxima 6ª feira, último dia da campanha eleitoral, ainda possa ouvir esse debate .
Que deveria ser decerto muito mais esclarecedor para uma considerável parte do eleitorado local, do que as ribombantes frases lançadas pelos diversos outdoors enxameando a paisagem da terra, do que os luxuriantes folhetos de propaganda com promessas de feitos mirabolantes, do que as esferográficas e aventuais distribuidos no mercado, entre beijinhos às peixeiras e um bailarico com música de Quim Barreiros.

sábado, outubro 01, 2005

UM TESTEMUNHO

Eram cerca das 12:40 de hoje, sábado.
Eu circulava na estrada Figueira da Foz-Leiria, de norte para sul. O termómetro do carro indicava uma temperatura exterior de 23ºC.
Um pouco depois da Marinha das Ondas, creio que já dentro do concelho de Pombal, passei por dois guardas e uma viatura da Brigada de Trânsito da GNR ( BT-GNR), estacionada em vigilância na berma direita da estrada.
Cerca de 200 a 30 metros adiante, passada uma leve curva para a direita, observo fumo abundante do lado esquerdo da estrada.
Abrandei, e observo que um grupo de pessoas, junto de uma carrinha de um snack-bar ( estava identificado com letras verdes, mas lamento ter-me esquecido do nome) estacionada na berma da estrada, em sentido contrário ao meu, já dentro da floresta existente na área.
Preparavam uma refeição, num fogareiro a carvão, aceso e a fumegar abundantemente.
Andei para sul mais uns metros e dei meia volta, parando de novo junto dos referidos guardas da BT-GNR pelos quais passara antes.
A quem informei ( denunciei) do sucedido.
Um deles, não parecendo ligar muito ao caso, disse que “iria já ver o que se passava…”
Dei de novo a volta e retomei o caminho para sul, em marcha muito lenta, e olhando pelo espelho retrovisor, estacionando depois por algum tempo um pouco mais adiante.
Haviam passado, entretanto, já cerca de 5 minutos desde que dera a informação aos guardas da GNR, e estes ainda não haviam ido “ ver o que passava..”
Ignoro se realmente chegaram a ir, porque depois retomei a viagem.

Nos noticiários da tarde da rádio, vim a saber que estava a lavrar um violento incêndio no concelho de Pombal.
Deu-me para ficar com um sentimento de culpa, por não ter levado a minha intervenção mais longe. Não sei bem como, mas enfim…

Vou comunicar o sucedido ao Comando da GNR.
Mas começo a ter dúvidas se valerá mesmo a pena…


DÍVIDAS E MAIS DÍVIDAS

Como era de calcular, Santana Lopes, com a conivência de Carmona Rodrigues, que não poderá ser escamoteada, vai deixar a Câmara Municipal de Lisboa (CMLisboa) mergulhada em dívidas.
No debate realizado entre os vários candidatos a Presidente da Câmara, realizado aqui há dias, foram referidos, por todos os adversários de Carmona Rodrigues, valores e números assustadores. A crítica mais implacável veio mesmo da candidata do CDS/PP, Maria José Nogueira Pinto, que aliás tem feito uma excelente campanha, com afirmações de muito bom senso e realismo político, e sem quaisquer concessões à produção de promessas de banha de cobra.

A dívida a fornecedores da CMLisboa era, no final de 2001, de 11 milhões de Euros; ascendia, no final de 2004, a 40 milhões de Euros (8 milhões de contos...). Agora, em Outubro de 2005, deverá ascender a muito mais.
O Município de Lisboa tem 540162 eleitores. Cada eleitor de Lisboa devia assim, no final de 2004, aos fornecedores da CMLisboa, o montante de 74 Euros.

Todavia, pior ainda, em termos relativos, é a situação da Câmara Municipal da Figueira da Foz.
A sua dívida a fornecedores no final de 2004, e fazendo fé nas contas do respectivo exercício, era de 13,5 milhões de Euros (deve ser bem maior agora…) . Cerca de um terço da dívida a fornecedores da CMLisboa, mas para um décimo do número dos seus eleitores.
A dívida da Câmara Municipal da Figueira, àquela data, era portanto de 240 Euros por eleitor, mais de 3 vezes a dívida por eleitor da Câmara Municipal de Lisboa.

JUNTOS CUMPRIREMOS

Tenho para já duas notas a registar sobre o novo cartaz eleitoral do candidato do PSD à Câmara Municipal da Figueira da Foz, recentemente divulgado em muitos outdoors espalhados pelo concelho.

A primeira, é a alteração do pronome pessoal e do tempo de verbo.
De “Eu Cumpro” passou-se para um curioso e esquisito “Juntos cumpriremos”.
Ou seja, da primeira pessoal do singular para a primeira pessoa do plural ; e do tempo do presente do indicativo para o tempo do futuro.
“Cumpro” é afirmativo e procura definir uma natureza, um modo de ser.
“Cumpriremos” é uma promessa, um compromisso. Para julgar da sua credibilidade, será necessário, no entanto, fazer uma avaliação do passado, isto é, se no passado cumpriu.

Cada eleitor fará a sua.
Claro que importaria esclarecer também o eleitorado sobre o que realmente promete ir cumprir quem proclama que “cumpriremos”.
A Lei? O Código da Estrada? As obrigações de uma gestão transparente? As boas práticas da gestão autárquica? Ou será mesmo as numerosas e às vezes algo delirantes promessas feitas?

E “juntos”...com quem? Com o Governo? Com os deputados do PSD? Com Santana Lopes? Ou com os outros elementos da lista candidata, designadamente com o núcleo duro do aparelho partidário, representado por Pereira Coelho e José Elíseo?
E , nesta última hipótese, porque não aparece nenhum deles nas fotografias nem nos cartazes dos tais outdoors?

A segunda, é a de que este segundo e novo cartaz aparece identificado com PPD/PSD, à boa maneira da linguagem e terminologia persistentemente utilizada por Santana Lopes. Mas claramente ao arrepio do que acontecera na campanha autárquica de 2001, cabe recordar.
Terá esta mudança algum significado político?
De algum alinhamento com a corrente santanista afastada da liderança do PSD depois das últimas eleições legislativas, por exemplo?
Ou será mera forma de mostrar coerência com a prática mimética de designar o partido por PPD/PSD, adoptado pelo seu aparelho local e pelo Presidente da Câmara, durante os memoráveis tempos de Santana Lopes à frente do partido e do governo?
Mais estranho ainda : nos restantes folhetos de propaganda, já distribuídos, aparece simplesmente PSD, de acordo com a linguagem e a simbologia da actual liderança.

Assim fica-se de bem com uma corrente e com outra né?....

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