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quinta-feira, julho 31, 2008

CHOQUES TECNOLÓGICOS E ILITERACIA

O Primeiro-Ministro, segundo ontem declarou, esteve toda a semana a ler tudo sobre o novo computador Magalhães. Caspité!...Até soube dizer que ele ia incorporar um microprocessador Intel de última geração, falando em 30 gigabytes, ou coisa parecida.
Todas as crianças do ensino primário, dos 6 aos 11 anos vão ter um computador Magalhães, quase de borla. Agora é que elas se vão divertir na Escola. Agora é que elas vão aprender a taboada, a fazer contas e a exercitar o cálculo mental. Agora é que elas vão ler livros, fazer ditados e escrever pela sua própria mão. Agora é que vão aprender a escrever português sem erros ; não escrevendo “há” quando devia ser “à” e não escrevendo “à” quando devia ser “há”.
Esta crença ingénua de que, por um toque de mágica, distribuindo computadores a eito, se eleva a cultura e o nível técnico-científico dos jovens portugueses, tem um halo de detestável provincianismo tecnocrático . Espero que ao menos lhes expliquem, às criancinhas, quem foi Magalhães.

O Primeiro-Ministro tem aprendido depressa, com os muitos “power-points” que tem visto e apresentado nas numerosas inaugurações e cerimónias celebratórias a que se tem dedicado nos ultimos tempos, já próximos de eleições...
Contudo, aqui há uns tempos, os seus conhecimentos sobre informática eram bastante limitados. Como revela a transcrição seguinte de uma conversa entre ele e o Ministro da Ciência, obtida por uma ilegal e anticonstitucional escuta telefónica.

- Prof. Mariano Gago? É o Zé Sócrates. Oh, pá, ajuda-me aqui. Comprei um computador, mas não consigo entrar na Internet! Estará fechada?

- Desculpa?....

- Aquilo fecha a que horas?

- Zé, meteste a password?

- Sim! Quer dizer, copiei a do Pinho.

- E não entra?

- Não, pá!

- Hmmm....deixa-me ver... qual é a password dele?

- Cinco estrelinhas (*****) ...

- Oh, Zé!... Car....... Bom, deixa lá agora isso, depois eu explico-te. E o resto, funciona?

- Também não consigo imprimir, pá! O computador diz: "Cannot find printer"! Não percebo, pá, já levantei a impressora, pu-la mesmo emfrente ao monitor e o gajo sempre com a porra da mensagem, que não consegue encontrá-la, pá!

- ??????....Vamos tentar isto: desliga e torna a ligar e dá novamente ordem de impressão.

Sócrates desliga o telefone. Passados alguns minutos torna a ligar.

- Mariano, já posso dar a ordem de impressão?

- Olha lá, porque é que desligaste o telefone?

- Eh, pá! Foste tu que disseste, estás doido ou quê?

- !?!?!!???... Dá lá a ordem de impressão, a ver se desta vez resulta.

- Dou a ordem por escrito? É um despacho normal?

- Oh, Zé... !!!.... Eh, pá! esquece.... Vamos fazer assim: clica no "Start" e depois...

- Mais devagar, mais devagar, pá! Não sou o Bill Gates...

- Se calhar o melhor ainda é eu passar por aí... Olha lá, e já tentaste enviar um mail?

- Eu bem queria, pá!, mas tens de me ensinar a fazer aquele circulozinho em volta do "a".

- O circulozinho... pois.... Bom... vamos voltar a tentar aquilo da impressora. Faz assim: começas por fechar todas as janelas.

- Ok, espera aí...

- Zé?...estás aí?

- Pronto, já fechei as janelas. Queres que corra os cortinados também?

- ???#?!$!?$@&&... Senta-te, OK? Estás a ver aquela cruzinha em cima, no lado direito?

- Não tenho cá cruzes no Gabinete, pá!...

- Ai... que caralh*... Zé, olha para a porra do monitor e vê se me consegues ao menos dizer isto: o que é que diz na parte de baixo doécran?

- Samsung.

- Eh, pá! Vai para o...

- Mariano?... Mariano?... Tá lá?... Olha... Caiu a chamada...

quarta-feira, julho 30, 2008


ABUNDÂNCIAS DE PAÍS POBRE

Este artigo de opinião ( a que tive acesso através do blogue Causa Nossa) merece sem dúvida séria reflexão. Por cem mil habitantes, Potugal tem tantos quilómetros de auto-estradas como a França e a Bélgica ; tem mais que a Alemanha, a Holanda e a Itália. Nalguma coisa havemos de estar à frente, c’o caneco...
O blogue Causa Nossa, neste post, discorda das ilacções retiradas pelo autor do artigo. As razões que invoca não me parecem minimamente relevantes para o que está em causa. Pouco importa que as auto-estradas sejam construidas por privados ou pelo Estado. Em qualquer caso, quem as paga são os recursos da economia portuguesa.
Talvez de facto em Portugal não haja excesso de estradas e/ou auto-estradas no e para o interior do território. Mas há seguramente grande excesso na faixa litoral de 50 a 60 km de largura. É só pegar num mapa de Portugal e observar que, nessa faixa, de Lisboa à fronteira norte, há dois itinerários por auto-estradas separados por distâncias entre os 50 e os 3 quilómetros, às vezes quase se sobrepondo no mapa !....Exemplo parecido não se encontra em outra parte da Europa. Nem na rica nem na pobre.
Ainda mais bizarra e chocante é a comparação do número de quilómetros por bilião de dólares do PIB. Portugal, com um rácio de 8,3, está à frente de todos os países europeus. O rácio da Alemanha, por exemplo, é só de 4,7 . Uns pelintras, estes alemães...

Comparações semelhantes deveriam tambem ser feitas relativamente aos pavilhões polidesportivos, aos estádios de futebol, aos centros de artes e espectáculos, às rotundas arrelvadas, às feiras de actividades locais, às segundas habitações, aos festivais com grandes estrelas da musica pop, ao consumo de electricidade para iluminação pública. Isto para já não falar nos automóveis, nos DVD’s, nos telemóveis, nos televisores de plasma ou nas cilindradas das negras viaturas oficiais...

terça-feira, julho 29, 2008

FUNDAÇÕES

Agora que a Casa dos Bicos foi destinada, pela CML, à Fundação Saramago, parece-me ser de acautelar o destino da Torre de Belém, do castelo de Guimarães e quiçá das próprias ruínas de Conímbriga. Dada a velocidade a que a pátria produz escritores não haverá pedra sobre pedra neste rectângulo que não corra o risco de ser afectado a uma fundação.

(Helena Matos, in PUBLICO de 29.Julho.2008)

Nota:
Estou desde já a pensar pedir à Câmara Municipal da Figueira da Foz o velho Castelo Engº Silva, mesmo estando quase completamente em ruínas, para nele instalar a Fundação QuintoPoder . Ou há moralidade, ou comem todos...

MANUAIS

Manuais escolares gratuitos. O anúncio governamental de que no próximo ano lectivo vai triplicar o número de alunos carenciados que têm acesso a manuais escolares gratuitos é uma péssima notícia para todos os portugueses à excepção daqueles que editam livros escolares. Em primeiro lugar, ninguém valoriza e respeita o que é gratuito. Todas as famílias deveriam contribuir, com pouco que fosse, para custear os manuais e demais material escolar.
(...)
(...) não faz sentido que no fim de cada ano lectivo, os manuais, sejam eles pagos pelas famílias ou dados pelas escolas, acabem no lixo. Eles podem e devem ser reutilizados. Aliás são-no em países muito mais ricos que Portugal e mesmo entre nós em algumas escolas privadas.
Afinal, não por acaso o assistencialismo e o desperdício costumam andar de mãos dadas.

( Helena Matos, in PUBLICO de 29.Julho.2008)

MÚSICAS E FOLCLORES

Com reduzido público, ao que leio, houve aqui na Figueira da Foz um muito pomposamente chamado 1º Encontro Internacional de Filarmónicas. Oito bandas eram cá do concelho, duas vieram da Galiza. De “internacional”, o encontro virou portanto “figueiro-galaico”.
Pelos vistos, houve muitos convites endereçados a bandas estrangeiras. Não vieram. Por falta de patrocínios. Por todo o lado os tempos estão dificeis, e não dá para alimentar muitas festas e foguetório, toda a gente deveria saber disso.
Mas haja fé. Para o ano, a festa ainda vai ser melhor, promete o Vereador das colectividades. Anuncia um encontro internacional de folclore, “com tantos ranchos estrangeiros como os do concelho que aderirem ao evento”. Como estes vão ser da ordem da dezena ou da dúzia, virão outros tantos do estrangeiro. Falta saber a que porta irão bater para arranjar os patrocínios. Depois “ logo se vê”...para usar uma saborosa expressão da cultura portuga.
Cá por mim, seria bem melhor pousar bem os pés na terra e deixar de ter a mania das grandezas. Um festival concelhio, com 8 bandas da terra, já animaria umas 3 ou 4 noites figueirenses, já para essas bandas era um bom estímulo e com certeza uma boa ajuda para as suas meritórias actividades.

segunda-feira, julho 28, 2008

FORNO PIROLÍTICO

A Figueira da Foz está de novo no mapa. Por boas e más razões. As más, sabemos quais são. Sabe quem esteja minimamente atento à leitura da imprensa.
Uma das boas, é a de que a nossa linda terra tem um novo crematório. É o único no País com forno pirolítico. Foi inaugurado com a habitual pompa e circunstãncia. E também, pois claro, com a “incontornável” ( adjectivo muito na moda...) placa celebratória, de mármore, com letras doiradas. Não se cuida bem dos vivos. Ao menos cuide-se bem dos mortos.

domingo, julho 27, 2008

O ESTADO DA NAÇÃO

«Portugal é um país onde, pelo contrário, há a arreigada convicção de que a liberdade é não pagar impostos, não respeitar limites de velocidade, não obedecer a regras sobre condução com álcool no sangue, não cumprir as regras sobre estacionamento, não cumprir as normas urbanísticas, não cumprir as regras sobre ambiente e paisagem, não respeitar as leis e os regulamentos. No fundo, para os portugueses, a Liberdade é o oposto da Rule of Law [império da lei]».
(J. Miguel Júdice, no Público de 6ª feira passada , citado no blogue Causa Nossa )

No tocante à autoridade do Estado democrático de direito, o Estado da Nação pode também avaliar-se a partir dos pequenos e aparentemente insignificantes pormenores do nosso quotidiano. No meu caso, do quotidiano local.
Era o princípio de uma noite deste cálido mês de Julho. A cena passava-se na Figueira da Foz, num muito tranquilo Bairro Novo, melancolicamente vazio, de forma bem distante do que ocorria, por esta altura da “época balnear”, nos idos dos anos 70. Mesmo à porta do Casino, dois guardas da PSP, de volumosos ventres, estavam em amena cavaqueira. Chegaram depois mais dois outros guardas da PSP, desta vez jovens , dos que andam agora aí pela cidade fazendo algum exercício em modernas bicicletas. A amena cavaqueira estendeu-se naturalmente aos quatro. Não sei se trocavam impressões sobre o destino que os senhores e as senhoras juizes dão às pobres e indefesas criaturas que, detidas por estarem a rezar o terço, são presentes a tribunal pelos senhores guardas da PSP. Mas talvez não. Deveriam estar a discutir as últimas aquisições do Sporting e do Benfica para a próxima temporada da bola...
Ali ao lado, a dois passos, o passeio da rua Dr. Calado, junto ao Casino, estava totalmente preenchido com carros estacionados. De nada valiam umas duas ou três placas de transito proibindo totalmente o estacionamente, que ali foram prantadas. Uma delas indica tratar-se de proibição devida à existência de uma saída de emergência . Havia de ser bonito de se ver se houvesse uma emergência lá dentro do Casino, que obrigasse á utilização daquela porta.

Sabe-se lá para que servem aquelas placas todas. Para fingir, talvez, que aqui na terra há leis e regras do trânsito ; que isto, enfim, não é bem como Caracas, Kabul, ou Calcutá...Além disso, estão a ver, o turista e sobretudo o pato que vai jogar no Casino, e que coloca ali perto o seu pópó, precisa de ser compreendido e acarinhado. A cavaqueira dos quatro guardas da PSP entretanto prolonga-se por largo tempo. Não sei por quanto. Perdi a paciência de estar ali feito parvo a assistir á cena, e fui à minha vida.
As autoridades locais, quer as policiais quer as autárquicas, assistem a estas cenas com uma atitude de lamentável permissividade e de demissionismo. Empurram de uns para outros as responsabilidades pela ocorrência destas cenas. Uma das desculpas, já clássica e gasta, é a de falta recursos e de meios humanos . Que, como se pode perceber, tem plena justificação, perante a serena e porreira cavaqueira com que os 4 guardas da PSP se entretinham naquela cálida noite de Julho.

quinta-feira, julho 24, 2008

NOTÍCIA
Ora aqui está um exemplo de antologia do que, segundo as ciências da comunicação, se chama uma verdadeira notícia. Quando a criança ( ou o homem...) morde no cão, e não quando o cão morde na criança...

quarta-feira, julho 23, 2008

A TORRE ATLÂNTICO – R ... A MINHA OPINIÃO

Não gosto do estilo Dallas da nova reencarnação da torre Atlântico, na marginal da Figueira da Foz. A sua fachada mais parece a de um edifício de escritórios, dos muitos que agora pululam pela degradada paisagem urbana lisboeta.
A relação dos futuros e pupativos residentes com o ambiente da marginal, com o ar da praia e do oceano, até com a fresca brisa marítima, ficou completamente cortada com aquela grande fachada de vidro. Sem varandas onde, sentado num confortável cadeirão, me possa espreguiçar ao sol, aquilo não é sítio onde me agradasse alugar um quarto para disfrutar dos belos fins de tarde com pôr do sol, que a marginal da Figueira por vezes proporciona. Ali ao lado, tenho as belas varandas do Grande Hotel. Mais caro, é certo ; menos modernaço, com certeza. Mas bem mais apelativo para uma estadia na marginal da Figueira. Coisas de outros tempos, de outros interesses, de outras visões, de outras arquitecturas e arquitectos...
Para além disso, quero acreditar que tenha sido levado em devida conta a preocupação do consumo de energia eléctrica para funcionamento do ar condicionado, na concepção da grande parede de vidro virada a poente, apanhando com o sol em cheio a partir das 3 da tarde.
De qualquer forma, não custa reconhecer que entre o que estava antes, uma construção algo tosca e a ficar em ruinas, e o que lá fica agora, é obviamente preferível esta torre Atlantico-R. Escasso consolo.

terça-feira, julho 22, 2008

DAR RAZÃO A QUEM A TEM, SEM CURAR DE SABER DA COR

Para o caso, pouco me importa que Paulo Portas seja um político da direita populista. Para o caso, pouco me importa saber que Paulo Portas tenha um apetite especial para cavalgar estados de descontentamento ou revolta na opinião pública, onde quer que se desenvolvam, e logo que surjam.
Objectivamente, aquilo que Paulo Portas hoje declarou ( ver aqui e aqui) numa conferência de imprensa oportuna e oportunistamente convocada e aproveitada, merece o meu acordo. Acho que Paulo Portas tem razão.
O Governo, o PS, e a esquerda progressista e descomplexada, cometem um grave erro político, por acção, silêncio, e omissão, em deixarem que um partido como o PP e um político como Paulo Portas se apropriem do capital de queixa e de desencanto que se desenvolve nos cidadãos quando assistem, perplexos, aos eventos e situações relatadas.

segunda-feira, julho 21, 2008

ARGUIDOS OU ACUSADOS

O sistema judicial português andava e anda desde há muito de rastos. Hoje ficou atolado na lama. O Estado português vai sair disto com uma imagem muito má.
O Ministério Público decidiu retirar o estatuto de arguido a Roberto Murat e ao casal Mccan. O caso do primeiro afigura-se ainda mais escandaloso. Estava considerado arguido desde há mais de um ano.
O arquivamento foi justificado por “ não se terem obtido provas de práticas de qualquer crime por parte dos arguidos”. Ao comum dos mortais, desprovidos, como nós, coitados, da complexa ciência dos grandes mestres de direito portuga, ocorrerá perguntar : então se não foram obtidas provas de prática de crimes, porque lhes foi atribuido o estatuto, a etiqueta, o laibeu de “arguidos”. ?

Gostaria de saber quem foi a sumidade jurídica portuga que inventou o conceito e a palavra arguido, aplicada ao mesmo. Quando foi do climax do caso Maddie, verificou-se que nem os jornalistas ingleses nem os espanhois tinham equivalente palavra na respectiva língua. Por isso, na sua falta, usavam a palavra portuguesa, pronunciada à sua maneira. Nem tão pouco percebiam muito bem o conceito.
Em inglês existe a palavra “accused” ; em francês, “ accusé” ; em espanhol “acusado”. Mas accused, accusé, ou acusado, é alguem que vai ou está a responder já em tribunal. Um pouco o antigamente designado por réu, palavra maldita, retirada do léxico judicial , por meio da aplicação das típicas mariquices do politicamente correcto portuga. E que poderia tambem ser designado por acusado, em alternativa.
Arguido, em Portugal, será alguém de quem a polícia e o MP tem uma leve suspeita de terem cometido um crime. Assim uma espécie de suspeito a título preliminar-que-depois-se-vê-se arranjamos-provas....E o que é mais bizarro, é que quando um cidadão é acusado e lhe é marcado julgamento em tribunal, continua a ser designado como arguido. Ou seja : arguido tanto é o suspeito-a-título-preliminar, como é o cidadão de quem o Ministério Público já considerou haver provas suficientes para levar a tribunal. Já não se chama réu ; nem acusado, para distinguir do arguido-suspeito-a-título-preliminar; mas simplesmente arguido.
De onde decorre uma confusão diabólica na mente dos cidadãos em geral. Mas a cultura jurídica e o sistema judicial portugas gostam do confuso, do complicado, de grandes embrulhadas processuais, de muitos prazos pra isto e prà aquilo, de subtilezas semânticas, de sentenças e de doutos acordãos com muitas e muitas páginas e repletas de muita palha, com muitos pareceres, muitas citações, por vezes em latim para parecer bem...

É a justiça que temos. A precisar de um grande abanão, de uma grande reviravolta. De uma revolução, se quiserem. Não vamos lá com o actual Ministro da Justica, o qual já revelou à saciedade ser uma verdadeira nódoa.
Que, como dizia o consagrado Eça do governo da época, só se retira com terebentina...



A figura do arguido destrói a presunção de inocência. Através deste apetrecho jurídico, as autoridades colocam um carimbo de culpa antecipada nas pessoas. No fundo, a lei portuguesa diz o seguinte aos arguidos : “ olhem, meus caros, eu acho que vocês são culpados, mas ainda não tenho provas nesse sentido ; em todo o caso, vou já avisar a sociedade de que vocês não são de confiança” . Dispara primeiro, investiga-se depois. Nos países civilizads, as pessoas são inocentes até prova em contrário. Em Portugal, as pessoas são culpadas até prova em contrário. Dizem-me que a figura do arguido é – em teoria – um formalismo destinado a dar mais direitos aos indivíduos ( ex: o arguido tem o direito de manter o silêncio). Mas, na prática, esta figura jurídica retira direitos, visto que impõe um selo de suspeição que demora uma eternidade a ser removido .
( Henrique Raposo, in EXPRESSO de 5.Julho.2008)

domingo, julho 20, 2008

O DISCURSO DO RIGOR TEM DE SER PARA TODOS...

Manuela Ferreira Leite esteve ontem na Figueira da Foz. Pelos meios de comunicação, soube que teve ocasião para contactar e conviver com alguns altos responsáveis pela governação municipal, eleitos pelo partido de que é agora presidente. Em certo momento, declarou que o dia era de celebração de aniversário, e por isso não era apropriado falar em coisas tristes. Estaria a referir-se ao Governo, mas não estou muito seguro de que a farpa não fosse tambem dirigida a alvos locais...
Apesar de tudo, espero bem que Ferreira Leite, que tanto gosta de falar ( e com razão...) na necessidade de rigor financeiro, de ter as contas públicas controladas e em ordem, na preocupação de evitar o despesismo, o endividamento, e o assistencialismo indiscriminado, e que tão severa foi há tempos na condenaçao da política espectáculo de Santana Lopes, não tenha deixado de aproveitar a oportunidade para dar alguns conselhos, e até alguns puxões de orelhas àqueles governantes autárquicos locais, com quem conviveu tão animadamente...

sábado, julho 19, 2008

ACIMA DAS POSSIBILIDADES

A economia portuguesa vive acima das suas possibilidades.
Os portugueses da classe média vivem, em geral, acima das suas possibilidades.
O estado português vive acima das suas possibilidades.
A grande maioria dos municípios portugueses vive acima das suas possibilidades.
O Município da Figueira da Foz vive muito acima das suas possibilidades.

Como consequência,

A economia portuguesa está cada vez mais endividada.
Os portugueses da classe média estão, em geral, cada vez mais endividados.
O Estado português está cada vez mais endividado.
A grande maioria dos municípios portugueses está cada vez mais endividada.
O Município da Figueira da Foz está cada vez mais endividado.

Como se vai sair disto? Vai ser dificil e vai doer a sério, ninguém duvide.

Não era necessário ser bruxo. Tudo isto era mais ou menos previsível, em particular desde os tempos de facilitismo e de louco despesismo de António Guterres à frente do Governo Central. Tempos quase coincidentes com os de louco despesismo e de esbanjamento de recursos financeiros de Santana Lopes e sucessores, na Câmara Municipal da Figueira da Foz.

sexta-feira, julho 18, 2008

O TIGRE ADORMECIDO

Leio na imprensa regional dos últimos dias um comentário de que, no seio do PSD local, era considerada como “insustentável” a situação de Pereira Coelho, deputado da Assembleia da República, ex-Vice-Presidente e ainda Vereador da Câmara Municipal da Figueira da Foz, o qual desde há muitos meses não põe os pés nas reuniões camarárias, sem que haja solicitado a suspensão do seu mandato.
Tanto quanto posso saber, a Lei nº 169/99, que estabelece o regime jurídico do funcionamento dos municípios, é omissa quanto às consequências directas de uma tal situação de sistemática ausência. Mas não tenho dúvidas de que os restantes membros da Câmara podem perfeitamente clarificar o assunto : é considerar as faltas como injustificadas, por insuficiente e suspeita justificação.
Ao Presidente da Cãmara competiria depois, nos termos da alínea d) do artigo 67º da referida Lei, participar as faltas injustificadas ao representante do Ministério Público local, para os devidos efeitos legais.
O primeiro passo para clarificar e sanear a situação terá todavia de ser obviamente dado pelos actuais membros da Câmara Municipal. A começar pelo seu Presidente.
Só que, nesta altura do campeonato, talvez não interesse muito acordar o “tigre” adormecido.
E depois, com um pouco de jeito, ainda pode acontecer que o experimentado político possa ser "reciclável" na nova ordem partidária interna. E , feitas as pazes, serenados os espíritos, tudo possa voltar a ser como dantes : quartel general em Abrantes...

ASSIM É COMPLICADO ... A PONTE DO GALANTE, MAIS UMA VEZ

Em novo regresso à linda terra, posso ler no colega Amicus Ficaria um post ( já antigo de uma semana) do meu amigo António Jorge Pedrosa , com uma dezena e meia de apontamentos reflexivos sobre questões da vida socio-económica da Figueira da Foz. De alguns deles retira interrogações, de outros conclusões. Concordo com algumas, discordo de outras.

Não estou de acordo, por exemplo, quanto ao que escreve, logo no início do seu texto, sobre o bloco de apartamentos que se vai erguendo na Ponte do Galante ; que designa por Aparthotel, porventura em jeito de eufemismo...Pela minha parte, sinto-me incomodado com a sua construção, e com o seu número de pisos. Não tanto pelo negativo impacto visual causado à paisagem da marginal. Não sei se alguem mais já reparou : a Avenida 25 de Abril, observada para norte a partir da Esplanada Silva Guimarães quase parece um beco, tapado ao fundo por aquela gigantesca massa de betão, talvez no futuro recoberta por reluzente vidro, ao estilo de Dallas.
Mas sobretudo por duas ordens de razões, que acho mais relevantes :
- por ser mais um contributo para a crescente “ caracazição” ( neologismo que agora mesmo inventei, derivado de Caracas, a capital da Venezuela...) de uma paisagem urbana que já foi equlibrada e atractiva, de uma cidade bonita, agradável e com qualidade de vida.
- porque vai reforçar o perfil da Figueira da Foz, não como cidade de vocação turística ( isso já foi, deixou de o ser, e não há mal nenhum nisso...) mas como cidade dormitório de 2ª habitação, utilizada em fins de semana e no mês de Agosto.

É possivel que aquele imenso volume de construção comece por ser um Aparthotel, lançando no mercado de hotelaria local mais 600 camas, como foi anunciado. Os estabelecimentos de hotelaria já existentes, cuja taxa de ocupação média anual anda pelos 23 a 25% vão sentir a concorrência. Tal como o dito Aparthotel vai sentir a concorrência dos já existentes.
Não sei que contas terão feito os chamados “investidores” quanto ao retorno do investimento ali realizado. Mas duvido muito que o novel e gigantesco Aparthotel possa subsistir por muito tempo ocupado a 1/3 da capacidade, e tendo que amortizar, como terá de ser. Vai aumentar muito o afluxo de torrentes turisticas para a Figueira? Através de que milagre da economia portuguesa ? Ou através de que radical inversão da tendência actual da actividade turística nacional, em que os destinos reconhecidamente com potencial de crescimento são o Douro, Alqueva, o Alentejo, Porto Santo, e a Costa Vicentina ?
A prazo ( curto ou médio?...) os “ investidores” irão provavelmente reconhecer que aquilo não é negócio. Fecham a coisa. Fazem uma série de requerimentos e exposições ao poder local e nacional. Colocam em acção algum tráfego de influências junto de quem manda, a nível local e/ou nacional, usando amigos e cúmplices. Apresentam estudos provando que o negócio não dá, que estão em causa postos de trabalho, que isto e mais aquilo. Que a única solução é vender aquilo a retalho, para apartamentos. Do mal o menos, irão pensar os responsáveis locais. Entre ter aquilo ao abandono ou vendido como apartamentos, a pagar IMI e a dar receitas à Câmara Municipal, do mal o menos, mais vale deixar vender.
Aí teremos então o hotel de 5 ou 4 estrelas, depois convertido em Aparthotel, transformado realmente em bloco de apartamentos.

Quanto ao já muito polémico e nebuloso processo da Ponte do Galante, contado, glosado, analisado e investigado , pela opinião pública, pelos meios de informação, pelas forças políticas e pelas autoridades policiais, já há muito que exprimi e publiquei a minha opinião. Não tenho apenas “reservas”, como António Jorge Pedrosa diz ter. Tenho a opinião de que processo está ferido, desde o princípio, com erros políticos, com erros de avaliação causados por ingenuidade e vontade de “tapar” erros alheios, de irregularidades e até de ilegalidades decorrentes de não terem sido cumpridas a condições da hasta pública de um bem público.
É este, de resto, o pecado original de todo o processo. E da forma como este foi gerado e depois se desenvolveu, decorrem responsabilidades. Que situo meramente no plano politico, sublinho.

terça-feira, julho 08, 2008

UM BOM EXEMPLO...

...o que leio na imprensa regional de ontem, sobre a Escola Secundária Bernardino Machado, da Figueira da Foz :

“Esmagadora maioria dos finalistas que frequentam cursos técnicos e tecnológicos da Bernardino Machado tem lugar garantido no mercado de trabalho “

“(...)
O universo de estudantes que enveredaram pelos cursos de formação/educação, técnicos e tecnológicos é constituido por cerca de 400 rapazes e raparigas. Ou seja, cerca de metade do corpo discente da escola optou por aquelas alternativas (...) “

Não vão ser dótores ou dótoras !...Deixem lá. Vão encontrar mais rápida e fácilmente ocupação profissional e ganhar muito mais, que a maioria dos dótores e dótoras que por aí são despejados no mercado de trabalho por algumas “universidades”...

segunda-feira, julho 07, 2008



CONSTRUAM A BARRAGEM DE FOZCOA...

O tema parece estar a aparecer de novo na agenda política, pelo menos na sua expressão mediática. É um primeiro passo. Assinalem-se assim dois artigos de opinião publicados na imprensa nacional da semana passada. O de Helena Matos no PUBLICO de 1 de Julho; e de Miguel Sousa Tavares, no EXPRESSO de anteontem . Excertos de um e outro são apresentados acima ; o primeiro é o de Miguel Sousa Tavares .
Seria também altura do quinto poder ( não este singelo blogue, mas o poder da blogosfera nacional...) nele pegar e levá-lo a um amplo debate público.

Nos tempos da República romana, Catão, o velho senador, terminava sempre os seus discursos, qualquer que fosse o tema em discussão, com as históricas palavras “ Delenda Carthago” ( destruam Cartago). Faz falta no Parlamento português a voz de um representante do povo que faça o mesmo relativamente à barragem de Fozcoa. E que exclame sempre, no final das suas intervenções, de forma teimosa e persistente : “Construam a barragem de Fozcoa”...
Haverá algum deputado, nomedamente socialista, com coragem ( com tomates...em linguagem terra a terra..) para o fazer?...

domingo, julho 06, 2008

MELHORAR...COM BATOTA, TAMBÉM EU...

A média nacional dos exames de Matemática do 12º ano subiu 3 valores de 2007 para 2008!...Já estava à espera. Fantástico...!Formidável..! Assim se vê a capacidade desta ministra da educação em conseguir maior sucesso escolar. Segundo ela, tal aumento deve-se ao melhor trabalho feito nas escolas neste santo ano lectivo de 2007-2008. Como consequência, é óbvio, da assombrosa acção governativa do seu ministério. Foi capaz de dizer mais ou menos isto, sem se rir.
Alguém de boa fé, ou no seu perfeito juizo, pode pensar que as acções desenvolvidas para a melhora do ensino em Portugal ( e bastantes foram desenvolvidas nos últimos 2 anos, deve reconhecer-se...) poderiam dar tão espectaculares resultados no curto período de 1 ano?
Toda a gente sabe já o truque de batota que foi feito. Uma verdadeira chico-espertice. O exame foi bastante mais fácil que nos anos anteriores; as notas melhoraram, voilà...
Usando um truque semelhante, talvez se pudesse construir aqui na lusa terra uma pista de atletismo um pouco inclinada. Os atletas portugueses iriam pela certa obter cada vez melhores tempos nas provas dos 100 metros e dos 100 metros barreiras. Portugal poderia então ufanar-se de deter os recordes mundias daquelas provas. O primeiro – ministro ia gostar. Aumentava a nossa auto- estima e o pátrio orgulho de sermos os melhores do mundo.

OS JUIZES E O FUTEBOL

É confrangedor e deprimente ver juizes portugueses, titulares de orgãos de soberania da República, envolvidos e comprometidos nestas trapalhadas do sub-mundo do futebol. Não há ninguém , nos orgãos de soberania da República , que possa por ordem nisto, e fazer parar o continuado processo de desacreditação do sistema judicial português ?

sábado, julho 05, 2008

PESSISMISMO SEM SAÍDA E PESSIMISMO COM SAÍDA

Há dois tipos de discurso do pessimismo : o do pessimismo sem saída, e o do pessimismo com saída. O primeiro cria desespero. O segundo pode ser mobilizador.
Na sua última entrevista televisiva à TVI , Manuela Ferreira Leite adoptou o registo do discurso pessimista sem saída. Assim não irá longe na confiança dos portugueses. Na sua última entrevista à RTP1, o Primeiro-Ministro adoptou um discurso apontando saída, mas sem o necessário pessimismo que se impõe na dificil hora actual, nem para as horas ainda mais dificeis que virão . Poderá criar de novo ilusões aos portugueses, que assim também não irão longe.
Um exemplo histórico de discurso pessimista com saída, foi o feito ao povo britânico por Winston Churchill, em Maio de 1940. Consumada a debandada francesa diante das tropas nazis, conquistada a vitória da retirada de Dunquerque, a invasão da Grã-Bretanha pelos hunos nazis parecia iminente e era esperada a qualquer intstante.
Winston Churchill, acabado de ser empossado Primeiro-Ministro, dirigiu-se ao povo britânico através do Parlamento, a Câmara dos Comuns, nestes termos :


(...)
Direi ao Parlamento, como já disse aos que se quiseram juntar a este governo : “ Não tenho nada mais para vos oferecer senão sangue, árduo trabalho, suor e lágrimas”.
Temos na nossa frente um desafio do mais doloroso tipo. Temos na nossa frente muitos, muitos longos meses de combate e de sofrimento. Perguntam, qual é a nossa política? Posso dizer : é empreender a guerra, por mar, terra e ar, com toda a nossa força e toda a energia que Deus nos puder dar ; empreender a guerra contra uma monstruosa tirania, nunca ultrapassada no tenebroso e lamentável inventário do crime humano . É essa a nossa política.
Perguntam, qual é o nosso desígnio ? Posso responder numa só palavra : é a vitória, vitória a qualquer custo, vitória apesar de todo o terror, por muito longa e duro que o caminho possa ser; porque sem vitória não há sobrevivência .
(...)

I would say to the House, as I said to those who have joined this government: "I have nothing to offer but blood, toil, tears and sweat."
We have before us an ordeal of the most grievous kind. We have before us many, many long months of struggle and of suffering. You ask, what is our policy? I can say: It is to wage war, by sea, land and air, with all our might and with all the strength that God can give us; to wage war against a monstrous tyranny, never surpassed in the dark, lamentable catalogue of human crime. That is our policy.
You ask, what is our aim? I can answer in one word: It is victory, victory at all costs, victory in spite of all terror, victory, however long and hard the road may be; for without victory, there is no survival
.


O discurso do líder que se propuser governar Portugal no futuro a curto prazo não necessitará nem deverá obviamente adoptar literalmente este discurso. Não precisará de pintar o futuro com tintas tão negras como as que se justificavam numa Grã-Bretanha exausta, apavorada, à espera de ser invadida. Nem precisará de falar em sangue.
Mas, à devida escala, e ressalvando através desta a diferença do dramatismo das situações, deverá adoptar um registo semelhante. Falando, lealmente e sem papas na língua, na promessa de árduo trabalho, suor e lágrimas.
Nas horas graves e nos tempos difíceis, os políticos com estatura de homens ou mulheres de Estado falam para os seus povos a linguagem da verdade. Se o souberem fazer sem tremendismos desesperadores, mobilizam os cidadãos. Até acredito que poderão assim captar o seu apoio, desde logo no plano eleitoral.

sexta-feira, julho 04, 2008

ESTAMOS ESCLARECIDOS...

As chamadas FARC’s colombianas constituem uma quadrilha de narcotraficantes travestida de forças populares e revolucionárias.
Para ficarmos com uma ideia do tipo de gente que nos governaria se o PCP um dia ganhasse a maioria na Assembleia da República, bastaria tomar conhecimento de que o PCP votou hoje contra uma moção no Parlamento saudando a libertação de Ingrid Betancourt e condenando aquela quadrilha pela monstruosa acção de manter alguém sequestrado e preso durante 6 anos, nas condições desumanas em que foi mantida.
No debate, o Ministro dos Assuntos Parlamentares ressaltou o repugnante cinismo do PCP ao “congratular-se pela libertação de alguém sem ao mesmo tempo condenar o sequestro”. E acrescentou : “ É essa omissão do PCP que diz tudo sobre a sua concepção da democracia”.

Jules Moch, um velho socialista , era ministro do Interior do governo francês por volta de 1947-1948. Com a sua acção corajosa, conseguiu evitar que a França tivesse então a mesma sorte da Checoeslováquia ou da Polónia, países em que os partidos comunistas tomaram o poder, instalando regimes de ferozes ditaduras.
Dizia ele, nesses anos agitados : “os comunistas franceses não estão à esquerda nem à direita; estão a leste”. Hoje em dia, poderia também dizer-se : os comunistas portugueses não estão à esquerda ou à direita : estão lá longe muito a leste, na Coreia do Norte; ou lá longe, muito a oeste, na selva colombiana, com as FARC’s como “compagnons de route” !...

CASA ONDE NÃO HÁ PÃO...

Vou deixar de ouvir ou de ver, na rádio ou nas televisões, os chamados “foruns” nos quais intervem quem para lá telefona. Fico cada vez mais deprimido quando os ouço ou vejo, a jeito de poder confirmar a inteira verdade daquele dito da sabedoria popular : casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.
Faço ardentes votos que os tempos muito difíceis que aí estão ( e a coisa ainda não bateu no fundo...) resultem somente em ralhetes, resmungos, protestos, algazarras ou veementes protestos verbais. E que todos saibam manter um mínimo de serenidade e sangue frio. Enfim, de inteligência. Não queira Deus que, às tantas, as tensões dêm para a trolha e a batatada.

QUE JUSTIÇA PORREIRA, PÁ!...

Duas criancinhas que participaram naquela famosa cena da agressão a uma professora, por causa de um telemóvel, foram agora sujeitas à pesadíssima e implacável mão da justiça.
Um dos rapazinhos foi condenado a prestar 40 horas de trabalho comunitário. Vai ser numa corporação de bombeiros, onde passará decerto uns inesquecíveis 5 dias entretido e provávelmente divertido com a galhofa que irá fazer sobre o caso sucedido, narrando os seus detalhes ao restante pessoal dos bombeiros. Iria, porque não vai. Perante tão pesada pena, esta foi suspensa por 6 meses.
O outro, que no meio de gargalhadas filmou e divulgou o vídeo, vai prestar 20 horas ( dois dias e meio...) de trabalho junto de uma instalação policial. Onde, quase que aposto, vai poder ver televisão, navegar na internet, conversar e conviver com os condoidos senhores guardas, uns gajos porreiros...E quase aposto, também, que os dias de “trabalho” comunitário não serão ao fim de semana, para que a criancinha possa ir curtir a noite, como é seu indeclinável direito, consagrado não sei em que declaração.
Ah...e é verdade. Não se esqueçam de prestar apoio psicológico às duas matulonas criancinhas, não vão elas ficar muito traumatizadas, tadinhas....

quinta-feira, julho 03, 2008




DUAS VISÕES SOBRE A ENERGIA...

Há uns meses atrás, rumei até Bilbao, para visitar o famoso museu Guggenheim. Por dentro dele andei umas duas horas de uma tarde soalheira. A meio da visita tive que sair um pouco até ao exterior para me aliviar das tonturas que a certa altura comecei a sentir, ao circular por entre tantos espaços de geometrias, linhas e planos encurvados.
À noite, voltei ao seu exterior. Pretendia admirar como seria toda aquela sinfonia de escamas de titânio feéricamente iluminada, como havia visto em algumas fotografias. Quando lá cheguei, dou com a enorme massa metálica ressaltando levemente da sombra da noite, meramente iluminada, aqui e além, por uns tantos focos de luz estratégicamente colocados.
Fiquei decepcionado. De volta ao hotel, perguntei porque não estava o museu iluminado. Ahhh...apenas ligavam a iluminação completa nos fins de semana e em dias de festa.

Dei comigo a cogitar com os meus botões. Chamem-lhes tolos...Mas estes bascos são uns pelintras...Lá na minha linda e rica terrinha, qual património mundial da Unesco, o grande e monumental areal, é sempre iluminado através de 4 altas torres, cada uma delas equipada com oito potentes holofotes, tipo estádio de futebol. Toda a noite (por vezes ainda nem sequer a noite caiu..), todas as noites, de verão e de inverno, chova ou faça bom tempo.
Deve ser porque não estamos a viver qualquer crise energética, a energia é um bem abundante e está barata, o povo é rico, o Município está em situação financeira folgada, e o contribuite é parvo...Só pode....
(Clicar nas imagens para as ampliar)

quarta-feira, julho 02, 2008

O SENTIDO DO DEVER

Acredito ter havido muitos senhores juizes que coraram de vergonha ao saberem que alguns colegas seus, de Santa Maria da Feira, haviam tomado a decisão de se “auto-suspenderem
(que será isso?..) depois de terem sido vítimas de agressão por parte de criminosos que, com o habitual “porreirismo” indígena, deixaram sentar-se ali mesmo à sua frente na sala de audiências. E ao saberem que o Sindicato dos Juizes logo viera apoiar a heroica decisão.
Acredito tambem que aqueles mesmos envergonhados senhores juizes terão igualmente corado ao lerem o artigo de opinião de Helena Matos, no PUBLICO de anteontem. Do qual transcrevo estes excertos:

(...)
Onde param o brio e o sentido do dever dos detentores de poderes não inalienáveis do Estado como a justiça e a segurança? Por exemplo, qual é a noção de dever dos juizes que se auto-suspenderam no Tribunal de Santa Maria da Feira?
(...)
Todos os dias são agredidos contínuos e professores nas escolas, técnicos de saúde nos hospitais, simples cidadãos no meio da rua. Essas pessoas, ao contrário do que acontece quando os juizes são agredidos num tribunal, não só não têm o poder de se auto-suspender como oa seus agressores nunca são apanhados em flagrante delito. Pior, caso os agredidos vão a tribunal na qualidade de queixosos, percebem rápidamente que a lei não os protege e que raramente os juizes tendem a colocar vítimas e agressores no mesmo patamar.
Não faz certamente parte do dever dos juizes deixar-se agredir mas se, ao primeiro revés, em vez de confrontarem a sua tutela, abandonam os cidadãos, lesando todos aqueles que têm processos pendentes e degradando ainda mais a imagem dos tribunais, temos de nos interrogar sobre que juízes tem o país andado a formar.
(...)
O resultado é pouco menos que catastrófico. Aos já conhecidos maus resultados de funcionamento da justiça propriamente dita à descrença que sobre ela se instalou na sociedade portuguesa junta-se agora o óbvio ululante de que as actuais gerações de juizes podem conhecer as leis mas não têm qualquer sentido de dever.
(...)



PORTUGAL DOS PEQUENITOS

...in PUBLICO de hoje.

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