sexta-feira, julho 18, 2008
ASSIM É COMPLICADO ... A PONTE DO GALANTE, MAIS UMA VEZ
Em novo regresso à linda terra, posso ler no colega Amicus Ficaria um post ( já antigo de uma semana) do meu amigo António Jorge Pedrosa , com uma dezena e meia de apontamentos reflexivos sobre questões da vida socio-económica da Figueira da Foz. De alguns deles retira interrogações, de outros conclusões. Concordo com algumas, discordo de outras.
Não estou de acordo, por exemplo, quanto ao que escreve, logo no início do seu texto, sobre o bloco de apartamentos que se vai erguendo na Ponte do Galante ; que designa por Aparthotel, porventura em jeito de eufemismo...Pela minha parte, sinto-me incomodado com a sua construção, e com o seu número de pisos. Não tanto pelo negativo impacto visual causado à paisagem da marginal. Não sei se alguem mais já reparou : a Avenida 25 de Abril, observada para norte a partir da Esplanada Silva Guimarães quase parece um beco, tapado ao fundo por aquela gigantesca massa de betão, talvez no futuro recoberta por reluzente vidro, ao estilo de Dallas.
Mas sobretudo por duas ordens de razões, que acho mais relevantes :
- por ser mais um contributo para a crescente “ caracazição” ( neologismo que agora mesmo inventei, derivado de Caracas, a capital da Venezuela...) de uma paisagem urbana que já foi equlibrada e atractiva, de uma cidade bonita, agradável e com qualidade de vida.
- porque vai reforçar o perfil da Figueira da Foz, não como cidade de vocação turística ( isso já foi, deixou de o ser, e não há mal nenhum nisso...) mas como cidade dormitório de 2ª habitação, utilizada em fins de semana e no mês de Agosto.
É possivel que aquele imenso volume de construção comece por ser um Aparthotel, lançando no mercado de hotelaria local mais 600 camas, como foi anunciado. Os estabelecimentos de hotelaria já existentes, cuja taxa de ocupação média anual anda pelos 23 a 25% vão sentir a concorrência. Tal como o dito Aparthotel vai sentir a concorrência dos já existentes.
Não sei que contas terão feito os chamados “investidores” quanto ao retorno do investimento ali realizado. Mas duvido muito que o novel e gigantesco Aparthotel possa subsistir por muito tempo ocupado a 1/3 da capacidade, e tendo que amortizar, como terá de ser. Vai aumentar muito o afluxo de torrentes turisticas para a Figueira? Através de que milagre da economia portuguesa ? Ou através de que radical inversão da tendência actual da actividade turística nacional, em que os destinos reconhecidamente com potencial de crescimento são o Douro, Alqueva, o Alentejo, Porto Santo, e a Costa Vicentina ?
A prazo ( curto ou médio?...) os “ investidores” irão provavelmente reconhecer que aquilo não é negócio. Fecham a coisa. Fazem uma série de requerimentos e exposições ao poder local e nacional. Colocam em acção algum tráfego de influências junto de quem manda, a nível local e/ou nacional, usando amigos e cúmplices. Apresentam estudos provando que o negócio não dá, que estão em causa postos de trabalho, que isto e mais aquilo. Que a única solução é vender aquilo a retalho, para apartamentos. Do mal o menos, irão pensar os responsáveis locais. Entre ter aquilo ao abandono ou vendido como apartamentos, a pagar IMI e a dar receitas à Câmara Municipal, do mal o menos, mais vale deixar vender.
Aí teremos então o hotel de 5 ou 4 estrelas, depois convertido em Aparthotel, transformado realmente em bloco de apartamentos.
Quanto ao já muito polémico e nebuloso processo da Ponte do Galante, contado, glosado, analisado e investigado , pela opinião pública, pelos meios de informação, pelas forças políticas e pelas autoridades policiais, já há muito que exprimi e publiquei a minha opinião. Não tenho apenas “reservas”, como António Jorge Pedrosa diz ter. Tenho a opinião de que processo está ferido, desde o princípio, com erros políticos, com erros de avaliação causados por ingenuidade e vontade de “tapar” erros alheios, de irregularidades e até de ilegalidades decorrentes de não terem sido cumpridas a condições da hasta pública de um bem público.
Em novo regresso à linda terra, posso ler no colega Amicus Ficaria um post ( já antigo de uma semana) do meu amigo António Jorge Pedrosa , com uma dezena e meia de apontamentos reflexivos sobre questões da vida socio-económica da Figueira da Foz. De alguns deles retira interrogações, de outros conclusões. Concordo com algumas, discordo de outras.
Não estou de acordo, por exemplo, quanto ao que escreve, logo no início do seu texto, sobre o bloco de apartamentos que se vai erguendo na Ponte do Galante ; que designa por Aparthotel, porventura em jeito de eufemismo...Pela minha parte, sinto-me incomodado com a sua construção, e com o seu número de pisos. Não tanto pelo negativo impacto visual causado à paisagem da marginal. Não sei se alguem mais já reparou : a Avenida 25 de Abril, observada para norte a partir da Esplanada Silva Guimarães quase parece um beco, tapado ao fundo por aquela gigantesca massa de betão, talvez no futuro recoberta por reluzente vidro, ao estilo de Dallas.
Mas sobretudo por duas ordens de razões, que acho mais relevantes :
- por ser mais um contributo para a crescente “ caracazição” ( neologismo que agora mesmo inventei, derivado de Caracas, a capital da Venezuela...) de uma paisagem urbana que já foi equlibrada e atractiva, de uma cidade bonita, agradável e com qualidade de vida.
- porque vai reforçar o perfil da Figueira da Foz, não como cidade de vocação turística ( isso já foi, deixou de o ser, e não há mal nenhum nisso...) mas como cidade dormitório de 2ª habitação, utilizada em fins de semana e no mês de Agosto.
É possivel que aquele imenso volume de construção comece por ser um Aparthotel, lançando no mercado de hotelaria local mais 600 camas, como foi anunciado. Os estabelecimentos de hotelaria já existentes, cuja taxa de ocupação média anual anda pelos 23 a 25% vão sentir a concorrência. Tal como o dito Aparthotel vai sentir a concorrência dos já existentes.
Não sei que contas terão feito os chamados “investidores” quanto ao retorno do investimento ali realizado. Mas duvido muito que o novel e gigantesco Aparthotel possa subsistir por muito tempo ocupado a 1/3 da capacidade, e tendo que amortizar, como terá de ser. Vai aumentar muito o afluxo de torrentes turisticas para a Figueira? Através de que milagre da economia portuguesa ? Ou através de que radical inversão da tendência actual da actividade turística nacional, em que os destinos reconhecidamente com potencial de crescimento são o Douro, Alqueva, o Alentejo, Porto Santo, e a Costa Vicentina ?
A prazo ( curto ou médio?...) os “ investidores” irão provavelmente reconhecer que aquilo não é negócio. Fecham a coisa. Fazem uma série de requerimentos e exposições ao poder local e nacional. Colocam em acção algum tráfego de influências junto de quem manda, a nível local e/ou nacional, usando amigos e cúmplices. Apresentam estudos provando que o negócio não dá, que estão em causa postos de trabalho, que isto e mais aquilo. Que a única solução é vender aquilo a retalho, para apartamentos. Do mal o menos, irão pensar os responsáveis locais. Entre ter aquilo ao abandono ou vendido como apartamentos, a pagar IMI e a dar receitas à Câmara Municipal, do mal o menos, mais vale deixar vender.
Aí teremos então o hotel de 5 ou 4 estrelas, depois convertido em Aparthotel, transformado realmente em bloco de apartamentos.
Quanto ao já muito polémico e nebuloso processo da Ponte do Galante, contado, glosado, analisado e investigado , pela opinião pública, pelos meios de informação, pelas forças políticas e pelas autoridades policiais, já há muito que exprimi e publiquei a minha opinião. Não tenho apenas “reservas”, como António Jorge Pedrosa diz ter. Tenho a opinião de que processo está ferido, desde o princípio, com erros políticos, com erros de avaliação causados por ingenuidade e vontade de “tapar” erros alheios, de irregularidades e até de ilegalidades decorrentes de não terem sido cumpridas a condições da hasta pública de um bem público.
É este, de resto, o pecado original de todo o processo. E da forma como este foi gerado e depois se desenvolveu, decorrem responsabilidades. Que situo meramente no plano politico, sublinho.