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sexta-feira, fevereiro 27, 2009

CIMEIRAS, PRESENÇAS E AUSÊNCIAS

As violentas críticas acerbamente hoje verbalizadas pela líder do PSD relativamente à ausência do Primeiro-Ministro ( e Secretário Geral do PS...) da “cimeira extraordinária” dos líderes da União Europeia, em Berlim, convocada para este próximo fim de semana, são a meu ver exageradas, descabidas e porventura apenas compreensíveis no contexto da guerrilha política que antecede um período eleitoral. Não ficam bem a um líder de um partido democrático que se propõe como alternativa e alternante. Assim como não lhe fica bem, rotular um congresso partidário de “festa” , com ar desdenhoso, por muito que se ache ( como acho...) que, hoje em dia, os chamados congressos partidários ( de todos os partidos...) são realmente meras cerimónias litúrgicas, e não verdadeiros e frutuosos foruns de reflexão, análise e de decisão política.
Possivelmente, se a decisão do Secretário-Geral do PS fosse a de ir à cimeira e anunciar, alto e bom som, que não ia ao encerramento do Congresso, em respeito pelos altos interesses nacionais, das mesmas vozes ouviríamos acusar que estava a ser populista e a fazer demagogia. É a política que temos.
Este tipo de cimeiras, sobretudo as de um dia só ou de escassas horas, são mais encenações do que propriamente reuniões das quais sejam de esperar resultados substantivos. Estes conseguem-se mais pela acção diplomática diária e sistemática, pela troca de posições passadas a escrito, por contactos bilaterais, e sobretudo pelo empenhado esforço de verdadeiros líderes e estadistas europeus dos Estados mais determinantes da União Europeia, que aliás é coisa que hoje vai sendo cada vez mais rara.
E depois, aqui para nós que ninguém nos lê. Tendo em conta o que está em causa, o Estado português estará muito melhor representado na cimeira pelo Ministro de Estado e das Finanças. Um bom e sábio ministro, a quem os cabelos brancos dão autoridade e carisma, e que percebe muito mais da crise económico-financeira, das suas causas, das suas consequências, e dos remédios que importa adoptar, que o Primeiro-Ministro, licenciado, a trouxe-mouxe, em não sei que curso de engenharia civil ou sanitária, pela defunta e mal afamada Universidade Independente.

JUSTIÇAS IBÉRICAS

Queixamo-nos muito, e com razão, do estado degradado a que chegaram a eficácia, a imagem e o prestígio do sistema judicial português. Em Espanha, as coisas estarão um pouco melhores, mas não muito.
Fazendo fé em notícia lida (e há , muito frequentemente, histórias mal contadas na imprensa portuguesa), em Espanha, um cidadão foi condenado a um ano de cadeia, por ter roubado um pão. Em Portugal, por ter comprovadamente cometido um crime de corrupção activa, um ilustre “empresário” foi condenado a pagar 5000 euros. Assim como se fora uma multa de trânsito, alguém disse.
Mesmo tomando em conta a diferente escala de gravidade entre um crime e outro, a coisa parece justa e proporcionada... né? Feitas bem as contas, afinal, o que o ilustre “empresário” vai pagar, corresponderá talvez ao que o pobre gatuno do pão deverá ganhar durante ano.

SONDAGENS QUE VALEM O QUE VALEM...

....como agora soi dizer-se.

No inquérito de opinião realizado ontem à tarde, no programa Opinião Pública da SIC Noticias, perguntava-se aos tele-espectadores como avaliavam e classificavam o desempenho deste Governo ao longo destes quatro últimos anos.
Enquanto 48% dos tele-espectadores que responderam acharam positivo esse desempenho, 52% acharam negativo. Se acaso for ou fosse possível extrapolar destes resultados para as próximas eleições legislativas, e tendo em conta os partidos concorrentes e as regras eleitorais, bem...isso quereria dizer que o PS teria, muito provávelmente, maioria absoluta.

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

LITORAL OESTE

Não percebo bem ; há aqui qualquer coisa que me escapa. Afinal, isto trata-se de mais auto-estradas, ou não?

BANQUETES E BEBERETES
Banquetes talvez não haja nesta algo parola e delirante obsessão de fazer cerimónias por tudo e por nada, para assinar protocolos, colocar a primeira pedra, assinar os contratos de adjudicação, celebrar o início da obra e finalmente para inaugurar depois, com mais pompa e circunstância. Mas que o Primeiro-Ministro e o Governo exageram nessa preocupação pre-eleitoral de agora reforçar o esforço de propaganda, lá isso é verdade. Por muito barata que ela seja ou que fique. Ou por pouco que custe a tenda, mais os croquetes, os bolos de bacalhau e os sumos de laranja.
E por mais que o Primeiro-Ministro não goste e vocifere. Mais contenção neste tipo de gastos ficava-lhe muito bem, mais não fosse pelo exemplo que dava e pela consciência que promovia.

CHICO ESPERTICE EDITORIAL?
Quer-me cá parecer que o livro que deu origem a esta recambolesca e ridícula rábula ainda se vai trasformar num grande "best-seller". E não sei mesmo se não andará ali também chico espertice do editor português . O livro tem o título de "Pornocracia", tradução directa da versão original francesa . Só que o livro desta não tinha qualquer imagem na capa. A reprodução, na versão portuga, de uma pintura famosa com aquele conteúdo, de um artista consagrado, que até parece mesmo uma fotografia, serviu e serve obviamente de parola e pindérica forma de promover a venda. " Vous pigez" ?....

A ECONOMIA , A CRISE E OS ESTADOS DE ALMA

Imprensa, rádio e televisões dão hoje grande relevo, aparentemente com muita mágoa, à notícia de que o índice de confiança dos consumidores em Portugal está muito em baixo. Ao que dizem, nunca esteve tão baixo.
Nos tempos que vivemos, os estados de alma dos cidadãos comuns são substancialmente condicionados e determinados pelos modelos e estilos de informação adoptados pelos media. Quando a generalidade destes se rendem ao estilo tabloide, porque as más notícias é que fazem vender, facturam, e podem manter os empregos dos jornalistas, sobretudo se dadas em prime time ou em parangonas de primeira página, atormentando-nos a toda a hora com a terrível crise que é grave e aumenta, com o desemprego, com as muitas empresas que encerram, com os bancos que estão perto da falência, que é que seria de esperar? Que o pessoal encarasse o próximo futuro com optimismo?

A este propósito, transcrevo a seguir uma história em jeito de parábola e ao estilo brasileiro, que há tempos me foi enviada por correio electrónico:

"Um homem vivia à beira duma estrada e vendia cachorros quentes.
Ele não tinha rádio, televisão e nem lia jornais, mas produzia e vendia bons cachorros quentes.
Ele se preocupava com a divulgação do seu negócio e colocava cartazes pela estrada, oferecia o seu produto em voz alta e o povo comprava.
As vendas foram aumentando e, cada vez mais ele comprava o melhor pão e a melhor salsicha.
Foi necessário também adquirir um fogão maior para atender uma grande quantidade de fregueses, e o negócio prosperava... Seus cachorros quentes eram os melhores de toda a região!
Vencedor, ele conseguiu pagar uma boa escola ao filho. O menino cresceu e foi estudar economia numa das melhores faculdades do país.
Finalmente, o filho já formado, voltou para casa, notou que o pai continuava com a vidinha de sempre e teve uma séria conversa com ele: - Pai, então você não ouve radio? Você não vê televisão e não lê os jornais? Há uma grande crise no mundo.
A situação do nosso país é crítica. Esta tudo arruinado. O mundo vai desabar.
Depois de ouvir as considerações do filho doutorado, o pai pensou: bem, se o meu filho que estudou economia, lê jornais, vê televisão, acha isto então só pode estar com razão.
Com medo da crise, o pai procurou um fornecedor de pão mais barato (e claro, pior) e começou a comprar salsichas mais baratas (que eram, também, as piores). Para economizar, parou de fazer cartazes de propaganda na estrada.Abatido pela noticia da crise já não oferecia o seu produto em voz alta.
Tomadas essas 'providências', as vendas começaram a cair e foram caindo, caindo e chegaram a níveis insuportáveis e o negócio dos cachorros quentes do velho, que antes gerava recursos até para fazer o filho estudar economia na melhor faculdade, faliu.
O pai, triste, então falou para o filho: - 'Você estava certo, meu filho, nós estamos no meio de uma grande crise. ' E comentou com os amigos, orgulhoso: - 'Bendita a hora em que eu fiz meu filho estudar economia, ele me "avisou" da crise... '"

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

O GOVERNO ENSANDECEU ?

Gostava mesmo de ficar convencido de que a denúncia feita hoje na Assembleia da República pelo deputado Paulo Rangel, líder parlamentar do PSD, sobre a hipotética construção de uma terceira auto-estrada ligando Lisboa ao Porto, possa ser uma história mal contada, inserida no quadro da luta política nesta fase quase pre-eleitoral. A resposta ( ou melhor a não resposta ) do Primeiro-Ministro não me convenceu.
Mas se de facto a história estiver bem contada, isto é, se o Governo se prepara para decidir dar uma concessão para uma nova tal auto-estrada, então tenho de manifestar a minha mais viva indignação, por estar em presença de uma acção terrorista de espatifar recursos financeiros escassos, de uma decisão criminosa atentatória do bom senso, da inteligência, da economia e do interesse nacional.
A situação é já hoje ridiculamente inconcebível. Não conheço nenhum país rico da Europa onde, numa faixa de 70 a 80 quilómetros de largura, haja dois percursos alternativos de auto-estradas ligando duas grandes cidades, que em certos pontos distam entre elas uns escassos 4 a 5 quilometros. Como será possível passar pela cabeça de alguém que , nessa faixa litoral, em vez de duas, passaremos a ter 3 auto-estradas?. O Governo e o Primeiro-Ministro ensandeceram?



E A GALIZA AQUI TÃO PERTO...

As fotos acima ilustram o equilíbrio e a harmonia urbanística da frente marítima da praia de Sanxenxo, na Galiza, numa soalheira manhã de Fevereiro. Não há variações volumétricas disformes, nem altos e imponentes prédios à Caracas ou ao jeito de qualquer outra capital sul americana. Cinco-seis pisos é o máximo.
Uma localização previligiada, uma amena baía dentro da ria, um passeio marítimo com excelente piso, onde apetece e é confortável caminhar ou correr. E no qual as mamãs gostam de levar a passear os carrinhos com as crianças.
(clicar nas imagens para as ampliar)

terça-feira, fevereiro 24, 2009

O SURREALISMO DESTES CARNAVAIS

(...)
Mas o que é evidente é que os próximos meses serão dramáticos : para milhares de pessoas que trabalham em empresas com dificuldades de sobrevivência, mas também para o Estado, que começará, tarde ou cedo, a ter dificuldades em manter o equilíbrio das contas públicas. (...)
(...)
O drama de um surto descontrolado de desemprego é possível, o descontrolo das contas públicas é admissível, o colapso de economias sólidas como a alemã, onde se vislumbram quebras do produto na ordem dos cinco por cento esta ano, é provável, o facto das perdas e os produtos tóxicos dos bancos estarem ainda muito longe da sua superação é crível. (...)
(...)
É por isso que todo o ruido de fundo que se fez em torno dos recentes números do desemprego soa a corrida eleitoral. Nada de anormal. O PS e o Governo tentam reduzir os danos que lhes podem ser fatais nos poucos meses que lhes restam antes das legislativas; e a oposição foi constatando nas últimas semanas que a degradação acelerada da situação económica se transformou na tábua de salvação que lhe resta para derrubar José Sócrates do poder. Nos momentos de aflição, o valor das ideologias esvazia-se, a complexidade das medidas de combate à crise cristaliza-se em impressões vagas e o que começa a contar são emoções como a insegurança e o medo”
(...)
(Manuel Carvalho, in Editorial do PUBLICO de hoje)

E entretanto, a que assistimos em Portugal, nestes dias de surrealistas e de animadíssimas festas de Carnavais, promovidas ou estimuladas por autarquias locais? A milhões de euros espatifados em efémeros momentos de ilusão ( na Figueira da Foz terão sido, só dos cofres municipais, mais de 170 mil euros) geradores de estados de esquizofrenia ( no genuino significado da palavra). Nas televisões, em reportagens das dezenas de Carnavais por esse país fora, vêm-se imagens sem conta de foliões, exibindo uma alegria exuberante, sobre os quais nos podemos interrogar se muitos deles terão ou não consciência do que os espera a curto-médio prazo. Quantos deles não estarão, dentro de semanas ou poucos meses, a engrossar multidões de revoltados contra o sistema, clamando e gritando contra tudo e contra todos, sabe-se lá com que escala de violência, pelos dramas que bateram à porta da sua despreocupada e ilusória vida. E quantas daquelas promotoras ou estimulantes autarquias não estarão daqui a umas semanas ou poucos meses a clamar que aqui d’el - Rei não têm recursos suficientes para acudir às situações de emergência social com os quais se vêm confrontadas .



UM PAÍS COM RESMAS DE CARNAVAIS

Assim num inventário muito preliminar, registo ter havido corsos carnavalescos nas seguintes animadas terras do nosso animado Portugal : Figueira da Foz, Torres Vedras, Loulé, Ovar, Mealhada, Caldas da Rainha, Gafanha da Nazaré, Pinhão, Elvas, Sines, Funchal, Albufeira, Vila Real de Santo António, Bombarral, Cadaval, Montalegre, Coja, Marinhais. A lista está obviamente incompleta e merece ser actualizada...
As imagens acima são do alegre e sempre muito concorrido Carnaval de Marinhais. Não faço a mínima ideia onde fica Marinhais...
(clicar nas imagens para as ampliar)

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

IMAGENS PORNOGRÁFICAS EM LOCAIS PÚBLICOS

Parece que o despachado despacho da senhora procuradora de Torres Vedras era fundamentado num decreto-lei de 1976, do tempo de Pinheiro de Azevedo, o Almirante sem medo. O corpo de delito era esta página do Google...
E teremos de reconhcer que grandes promoções receberam ontem e hoje o Magalhães ( o socrático computador, não o navegador...) e o carnaval de Torres Vedras.!....


DO DESCRÉDITO À CHACOTA

Assim vamos. O sistema judicial, e em particular o Ministério Público , já não são só alvos de descrédito . Do descrédito passou-se agora para a chacota.

PS
Ninguem poderia recomendar ou mandar dizer à procuradora Cândia Almeida para estar mais calada, e deixar de querer virar estrela do show business ?

CENSURA OU INCOMPETÊNCIA
O que está verdadeiramente em causa nesta história recambolesca e carnavalesca de mandar retirar umas imagens , quese podem hoje em dia ver em qualquer capa de revista exposta num quiosque, não é uma questão de propensão censória, mas sim uma questão de mera incompetência. A senhora procuradora adjunta ( é assim que se diz, não é?...), de seu nome drª Cristina Anjos nem se deu ao trabalho de ir lá ver as tais imagens. Alguém foi ao seugabinete queixar-se, e zás, vá de enviar logo um fax a mandar retirar até às não sei quantas horas da tarde, para se saber quem de facto manda em Portugal....Terra agora transformada em "magistradocracia", e não qualquer "anarquia", "teocracia","talassocracia" ou "plutocracia" como em qualquer república das bananas tipo Burkina Fasso.



A POLÍTICA , O CHARME E A ECONOMIA

Aqui há dias fui dar uma volta para ver os campos inundados em redor de Montemor-o-Velho, imagem que sempre me seduziu, pela promessa de verde que trazem. De caminho, passei por Maiorca e dei uma vista de olhos pelo exterior do seu Paço . Pensava que iria ver já obras, uma ou outra grua, tapumes, andaimes, um estaleiro, movimento de trabalhadores da construção civil. Nada disso. O velho edifício por ali continua, como mostra a fotografia, com ar meio abandonado, numa praça de aspecto deprimente, rodeada de prédios quase em ruína. Por onde andará o várias vezes propagandeado plano de converter aquilo num hotel de charme ?
Em 16 de Dezembro de 2004, o diário As Beiras publicava a notícia acima reproduzida.
Mais recentemente, em 16 de Abril de 2008, o QuintoPoder publicou este post . Anunciava-se então um novo e definitivo impulso para tornar realidade tal charmoso propósito. Já lá vai quase um ano e não se vêm obras iniciadas. Possivelmente terá ficado tudo em águas de bacalhau, mais uma vez?.
Claro que adivinho a explicação : a culpa é da crise. Bendita seja a crise para muitos políticos. Vem-lhes mesmo a calhar, para justificar o insucesso da concretização de muitos dos seus ambiciosos e charmosos sonhos, e tapar o incumprimento de muitas das suas insensatas promessas.
( clicar nas imagens para as ampliar )

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

INDICE DE SITUACIONISMO

Pacheco Pereira quer avaliar índice de situacionismo do Diário da República
(...)
O comentador/historiador/político/manifestante anti-futebol está desconfiado que os textos publicados [no Diário da República] são mesmo escritos directamente pelo Governo e nem sequer são ditados pelo telefone por Silva Pereira como diz acontecer noutros orgãos.
“ É de longe o jornal mais situacionista em Portugal. Já viram que os decretos-lei, as portarias e os despachos são todos assinados por membros do Governo ? Perderam completamente a vergonha.”, diz Pacheco Pereira enquanto manda três novos posts para o seu blog Abrupto : uma foto, um poema do século XV em latim e um comentário, em antecipação, a defender as próximas palavras de Manuela Ferreira Leite.
( In INIMIGO PUBLICO de 5ª feira )

CALDO DE CULTURA DE CAUDILHOS POPULISTAS

“ (...)
É que, recorda Soares dos Santos, em tempos de crise são os populistas que muitas vezes são ouvidos. Quando lhe contrapomos que vivemos num tempo em que a democracia parece consolidada, responde que foi na civilizada Alemanha que Hitler chegou ao poder. “ Ele ganhou quando existiam na Alemanha três mihões de desempregados e, antes da liberdade, as pessoas querem comer. Se aparecer alguém a prometer mundos e fundos, pode ter o apoio do povo”
O cenário, após 35 anos de democracia, parece demasiado longínquo, mas Soares dos Santos diz-nos que nunca há-de esquecer do que viu poucos dias antes do 25 de Abril : o Estádio de Alvalade inteiro, de pé, a ovacionar o então chefe do Governo, Marcelo Caetano. “ Eu estava lá, eu vi. As multidões não pensam, vão atrás...” (...)

(in entrevista de Soares dos Santos a José Manuel Fernandes, in PUBLICO de hoje )

Acrescento eu. Não estava lá, no Estadio de Alvalade, mas lembro-me bem de ter visto na televisão...E já na altura era visível a agonia do regime e pairava no ar um pouco de cheiro a golpe militar.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

O CASINO DOS CARDEAIS

Mais um dia com falta de notícias, logo pensei. Os serviços noticiosos da TSF das 07:30, das 08:00 , das 08:30, abriam todos com o “bombástico” relato de mais cardenalícias declarações, ditas ontem à noite, também por um cardeal português, também na Figueira da Foz, também no Grande Casino Peninsular, tambem em resposta a perguntas provocatórias de Fátima Campos Ferreira, agora convertida numa espécie de versão lusa de Larry King.
As perguntas foram sobre os incontornáveis ( como agora soi dizer-se...) temas do momento : os casamentos entre senhoras católicas ( no dizer do senhor cardeal) e senhores muçulmanos, e os “casamentos” entre pessoas de mesmo sexo. Às quais o Cardeal Saraiva Martins deu respostas cautelosas, quase politicamente correctas. Todavia, talvez não o bastante politicamente correctas para evitar o novo e patusco sururu mediático que por aí já vai ( aqui, mais aqui, tambem aqui, ainda aqui e sabe-se lá onde mais...).

Ainda meio ensonado, meditei depois com os meus botões, para o caso, do pijama. Ora ainda bem que a manhã informativa não abre com a notícia de mais um encerramento de uma fábrica textil , da existência de mais um banco em risco de iminente ruptura, da descoberta de mais graves casos de bolsas de pobreza, do aumento do desemprego ou das últimas previsões do Banco de Portugal, ainda mais pessimistas que as anteriores.
E ainda bem que o nome da Figueira da Foz aparece na comunicação social relacionada com jornadas de reflexão tão determinantes para o futuro da economia ou do ambiente, como as tratadas em terras tão famosas como Davos ou Kioto. Antes isso que aparecer badalada por factos tão deprimentes como a grande dívida da Câmara Municipal aos seus fornecedores, investigações em curso pelo Magistério Público sobre putativos negócios mal esclarecidos, ou irascíveis tricas e guerrilhas entre inimigos interpartidários.

Mas o papel nuclear (tambem um qualificativo em moda...) da Figueira da Foz na divulgação “urbi et orbi” das posições da Igreja sobre os temas do momento, aparece a meu ver reforçado com o bairrista e orgulhoso testemunho de um cidadão da “jetssética” audiência, o qual interveio revelando que, estando há dias de visita a Roma, e tendo ido ver o Papa à Praça de S. Pedro, claramente ouviu o Santo Padre pronunciar os nomes de Portugal e da Figueira da Foz. Solicitado a comentar, o senhor Cardeal, muito diplomático, fugiu a fazê-lo.
A ajudar ao bairrista e patriótico testemunho, o Presidente da Câmara, presente na primeira fila , logo veio acrescentar que a Figueira da Foz se orgulha de ter uma freguesia, Tavarede, onde existe um paço de uns ilustres descendentes do Beato Nuno Alvares Pereira, (o Condestável d'el Rei Dom João 1º) , o qual pelos vistos já fez milagres e deve virar santo um dia destes.
Ali por perto de mim, alguém comentava que a próxima iniciativa do Casino deveria ser levar à cena “A Ceia dos Cardeais” de Júlio Dantas, o inspirado dramaturgo, tornado mais conhecido pelo surrealista Almada Negreiros.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

NAVEGAR À VISTA....DE ELEIÇÕES

"(...)
Quem diz ter soluções eficazes e seguras para a crise financeira e para a crise económica é inconsciente ou irresponsável. A única maneira de tentar evitar o pior neste enorme nevoeiro de incerteza é navegar à vista. Mesmo assim, nada garante que o barco não encalhe.

Mas não se trata de navegar à vista de eleições, distribuindo generosamente dinheiro dos contribuintes para captar votos, com a desculpa da crise. Esta é uma tentação à qual o nosso Governo ainda não deu sinais de resistir."

(Francisco Sarsfield Cabral , in PUBLICO de hoje)

DOIS ESTILOS

“(...)
Nesse mesmo dia, a televisão relatava em directo, a partir da Assembleia República, o debate sobre as questões económicas e, por inevitável consequência, o pacote de medidas tomadas pelo Governo. O que se viu era confrangedor. De envergonhar qualquer cidadão. Governo e partidos esganiçavam-se e berravam, insultavam-se mutuamente. Acusavam-se das piores selvajarias. Ninguém estava interessado em convencer ou esclarecer, fundamentar ou simplesmente reflectir. Todos se acham titulares de uma bula para dizer disparates e de uma dispensa de pensar.
(...)
Nem um só deputado, num total de 230, pensou em fazer um apelo ao entendimento, à cooperação entre alguns partidos, à convergência de esforços para encontrar soluções.
(...)
Aqueles deputados têm os mesmos reflexos, os mesmos comportamentos e a mesma visão do mundo que um bando de hooligans em claques de futebol.

-------------------------------------

Ali ao lado, com um clique de televisão, tínhamos a possibilidade de ver o canal que transmitia o debate, no Senado americano, sobre o mesmo problema : ajuda e apoio à economia, programas sociais, intervenção colossal do Estado e políticas sociais de emergência.
Os senadores falavam devagar, com razão, defendiam os seus pontos de vista, argumentavam. Tratavam-se delicadamente, com cerimónia. Diziam por vezes frases de enorme violência no conteúdo, nunca na forma. Mostravam que faziam um esforço para chegar a um qualquer ponto de cooperação. Aprovaram um pacote com 65 por cento dos votos. De ambos os lados, do sim e do não, havia democratas e republicanos. Ali, votava-se por nome e por estado, não por partido, em bloco. Após dias ou semanas de intenso trabalho conjunto, conseguiram chegar a acordos suficientes para que as medidas e os dinheiros tenham uma qualquer eficácia. A legitimidade e a autoridade dos programas de emergência estavam assim garantidas.

Ficámos a perceber mil vezes melhor a natureza, o alcance, o sentido e os objectivos das medidas americanas do que o programa português."
(António Barreto, in PUBLICO de ontem)

domingo, fevereiro 15, 2009

UM ARGUMENTO PESADO...DE CHUMBO!...

Depois das pesadas e imaginosas providências cautelares, de entre os argumentos mais estapafúrdios, mais patuscos e de maior peso que li terem sido argumentados, alegadamente com estupefacta indignação, contra a autorizada demolição da carreira de tiro na Figuera da Foz, destaco aquele do
“será que foi feita a medição de resíduos de chumbo (tóxicos)(....) pelo que a licença de demolição, que desconhecemos se existe, não deveria ser aprovada sem esse estudo estar feito? ”
de que o diário As Beiras fez diligente e porventura empenhado eco.
Mas então...na carreira de tiro, imprópriamente localizada em plena malha urbana da cidade, também se praticou tiro aos pratos ou aos pombos, ao longo de 50 anos? Não era sómente tiro ao alvo, com balas ? E não existe uma fossa, junto aos alvos contra os quais se disparam as balas? E os olímpicos atiradores e tão preocupados ambientalistas, ao longo de 50 anos, não cuidaram ou cuidavam em limpar essas fossas, recolhendo as “plúmbeas” balas, evitando que elas ficassem por ali abandonadas ?....

QUE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL?

“Ingleses perplexos com o facto de a carta rogatória alusiva ao Freeport e por eles enviada ter surgido nos nossos media.
Que cooperação internacional resiste a isto?"

(Maria João Avillez, in SÁBADO da semana passada)

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

CESTEIRO QUE FAZ UMA CHICO – ESPERTICE...

Pela minha parte, e pelo que dele sei e avalio, não é o caso Freeport que retira credibilidade ao Primeiro-Ministro como governante. Tenho o caso como uma autêntica tentativa de lapidação e linchamento, político e pessoal, na praça pública, instigada pela doentia avidez dos media em subirem nos shares, em vender, facturar e fazer receitas.
O que lhe retira essa tão necessária credibilidade, são chico-espertices que não resiste a fazer, tal como a da publicidade descarada da grande medida “justicialista” de reduzir as deduções ao IRS dos “ricos” para “dar” à classe média, pretendendo aliciar esta, enganando-a ; ou a do relatório da OCDE, mas que afinal não era da OCDE ; ou a de tirar uma licenciatura à pressão, para ganhar o título de “engenheiro”, cavalgando o facilitismo vigente na altura. Ao fazer tais “chico-espertices”, que até podem parecer pecadilhos politiqueiros de ordem menor, José Sócrates coloca-se a jeito para depois dele se poder desconfiar por tudo e por nada. Pois não é que, como a velha sabedoria popular diz, e como gosto de referir, “ cesteiro que faz um cesto, faz um cento” ?...

VIVER DO SOL ...

“Mais importante do que aumentar impostos é garantir que as pessoas declarem os rendimentos que têm. Há empresários que não têm ordenados. E vivem de quê? Do sol? “

( Henrique Neto, citado pelo PUBLICO de hoje)

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

PONTUALIDADE "À LA PORTUGUAISE"...
A sessão de hoje da Assembleia da República, com o debate quinzenal com o Primeiro-Ministro, começou com 20 minutos de atraso. Ninguém pediu desculpa a ninguém. Ninguém pareceu ligar importância a tal falta de pontualidade. Uma vergonha!.



POLITIQUICE FISCAL (2)

Façamos então umas continhas, para avaliar quanto vale realmente a genial, espectacular e vistosa proposta/promessa largamente publicitada por José Sócrates ( e que já mereceu o silêncio comprometido e comprometedor do Ministro das Finanças...) de reduzir as deduções fiscais que os “ricos” possam fazer no IRS, e assim, em compensação, aliviar o imposto a pagar pela chamada “classe média”.
Não irei negar a justiça e a lógica da medida. O seu anúncio dará auréola de esquerda a quem o fizer ; num comício partidário, arrancará seguramente aplausos e gritos de apoiado.
E convenhamos que seriam ainda de maior justiça, uma ou ambas das seguintes medidas que em minha opinião poderiam e deveriam ser tomadas :
- criar um novo escalão de IRS, digamos de 45%, acima portanto do escalão máximo de 42%, para os muito altos rendimentos ;
- considerar como rendimentos tributáveis em IRS as chamadas “fringe benefits” ou benesses usufruidas por gestores e quadros de empresas , tais como carro para uso privado (eventualmente com motorista), telemóvel, e cartão de crédito com plafond para compras pessoais.
Num caso como noutro, nada que não exista nos países nórdicos e nos Estados Unidos, por exemplo. Todavia, num caso como noutro, os efeitos quantificáveis e substantivos para “aliviar” a carga fiscal sobre a classe média seriam pouco significativos. Mesmo assim, não seria por isso que as medidas justas não deveriam ser tomadas.

Façamos então as tais continhas. Para facilidade de análise, fazemos as continhas sobre um modelo teórico e simplista, descrito como uma comunidade composta por 1200 famílias, todas iguais na sua composição, e em que :
- há uma família “rica” por cada 20 famílias da “classe média” ( era bom, não era?...))
- todas as famílias ricas têm idêntico rendimento bruto anual, igual a 5 vezes o rendimento das famílias da “classe média”, também estes todos idênticos entre si ;
- as taxas de IRS são de 42% para as familias “ricas” e de 25% para as da “classe média".

No quadro 1, acima indicado, representando o cenário-base, as famílias "ricas" deduzem à colecta um total de 20 unidades de conta (UC’s); e as famílias da “classe média” deduzem 15 UC’s
O quadro 2 representa o cenário alternativo, correspondente à vistosa, espectacular e “muitissimo esquerdista" proposta/promessa de Jose Sócrates. Neste caso, as famílas ricas só podem deduzir à colecta 5 UC’s de despesas de saúde e, nas outras deduções ( por exemplo PPR’s...) não podem deduzir nada.
Ora as tais continhas demonstram que, neste cenário alternativo, e não indo recolher o Estado mais receita do IRS, a colecta líquida por família da “classe média” seria reduzida de 35 UC’s para 34,3 UC’s, ou seja, cerca de 0,7 UC’s . Se considerarmos uma “unidade de conta” como valendo 500 euros, por exemplo, cada família da “classe média” veria reduzido o seu IRS de 350 euros por ano. Ou seja, teria o seu rendimento mensal aumentado de 29 euros. Daria de facto para pouco mais do que beber uma bica por dia, mas só um dos elementos da família!....E note-se que estamos a definir como média da “classe média” uma família com um rendimento bruto anual de 100 mil euros!....Ou seja, uma família em que, trabalhando marido e esposa, ganhasse cada um deles cerca de 3500 euros por mês...Um sonho para Portugal, é bom de ver. Era bom, não era?...
(clicar nas imagens para as ampliar)

terça-feira, fevereiro 10, 2009


POLITIQUICE FISCAL (1)

O editorial do PUBLICO de hoje, acima parcialmente reproduzido, faz todo o sentido e merece o meu acordo. O Primeiro-Ministro, se não sabe fazer contas ou não percebe muito de fiscalidade, deveria primeiro aconselhar-se com o Ministro das Finanças ( a quem os cabelos brancos dão imagem de seriedade e de rigor, que realmente possui) antes de se pôr a anunciar, com grande alarido, medidas de aplauso fácil pela galeria do circo, mas de poucas consequências no plano das coisas práticas.Será só fazer as contas...como dizia o outro. Ou apenas umas simples continhas, daquelas que antigamente se aprendiam a fazer, e bem, na escola primária.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

A ALEGRE VIOLAÇÃO DO SEGREDO DE JUSTIÇA

(...)
Toda a gente tem andado a violar o segredo de justiça de forma alegre e irresponsável. A carta rogatória da polícia inglesa, um documento que obviamente está em segredo de justiça, é conhecido e publicado pelos jornais, é lido em programas de televisão e nenhuma autoridade meteu uma providência cautelar para evitar a sua publicação. É caso para perguntar: porquê?.

( Luís Marques, in Expresso do passado sábado)

Acrescento eu : e ainda por cima agora, que qualquer zeca mete providências cautelares, actualmente o desporto preferido de certos zecas indígenas...

DISTRAINDO O PAÍS

(...) acho “ intolerável que se vá queimando a honra de alguém em lume brando, num processo que vai tragicamente distraindo o país enquanto lavra um incêndio que parece imparável. É que a crise da economia vai queimando tudo, deixando a desolação do desemprego e a miséria da pobrreza. Esta é a prioridade real do país, este é o verdadeiro interesse público, que devia convocar a boa vontade de todos sem distinção política ou força institucional “.

João Lobo Antunes, citado no Expresso do sábado passado .

UMA PROPOSTA COM SENTIDO...

No meio da abundante verborrrrrrreia, demagogia e publicidade de banha de cobra que o querido líder Francisco Louçã costuma bolsar para o circo mediático, sempre surge, uma vez por outra, uma proposta que faz algum sentido. A meu ver, é o caso da lançada, no último fim de semana, da proibição de que as empresas que recebam apoios do Estado distribuam lucros pelos seus accionistas. Será de inteira lógica e elementar justiça que assim deva ser. Pelo menos enquanto as ditas empresas não ressarcirem o Estado do valor equivalente ao apoio que este lhes concedeu. Parece-me tão evidente, tão óbvio, que até não percebo porque é que tal princípio não está já consagrado em legislação. Se é que o não esteja.

sábado, fevereiro 07, 2009

UMA EXPRESSIVA MÚSICA CELESTIAL

Sentindo-se provavelmente atingido pela condenação e pelo sentimento de náusea de uma parte mais esclarecida da opinião pública, o Expresso vem, no seu editorial de hoje, cantar uma lindíssima música celestial. Qual virgem ofendida, o autor do editorial começa assim : “ O Expresso não aceita ser tratado como parte de uma campanha contra quem quer que seja “. É a tese da cabala, requentada e desta vez virada contra o impoluto Expresso...Este mostra ter ficado realmente enxofrado! Um desaforo!
E mais adiante : “(...) o Expresso não beneficiou, senão muito secundáriamente (sic...) de qualquer informador no processo ou de qualquer fuga de informação”. Registe-se aquele relativismo patusco do “ muito secundáriamente” . Para a seguir confessar que “ as principais notícias que temos publicado sobre o assunto provêm de fontes identificadas ; e aquelas que são de fontes anónimas resultam, como é da nossa deontologia (sic...) de mais de uma fonte com interesses diversos e reportando factos e não opiniões”. Pois, aí temos as tais fontes identificadas, ou “anónimas”, ou “com interesses diversos”, que certamente o Expresso não revelará escondendo-se no sacrossanto ( e muito deontológico, pelos vistos...) direito de...as não revelar. O que dá para tudo, como se sabe.
Vêm depois comovedoras declarações . Como esta : “ Porque entendemos que a função da imprensa continua a ser uma nobre missão da qual também faz parte controlar os actos que são feitos em nome do povo e a que todos afectam” . Estaria certo se fosse assim tudo muito linear e límpido : o quarto poder a “controlar” o primeiro, o segundo e até o terceiro . Seria de facto uma nobre missão, não fora o facto de pelo meio se meter a realidade nua e crua desse quarto poder necessitar de ganhar dinheiro, de facturar, logo de vender e dar emprego a uns tantos cidadãos privilegiados. Ou seja : necessidades que justificam a propensão “tabloidista” a que nem o circunspecto e institucional Expresso escapa.
E quem controlará esse endeusado quarto poder? Deveria ser o terceiro, mas este, ineficaz e desacreditado no seu exercício assobia para o lado, e não o faz. O quinto poder ( não se trata deste blogue, obviamente...), o da blogosfera, é ainda fraco para tambem fazer esse controlo com eficácia. E também ele está algo desacreditado, convenhamos. Mas porque é um poder mais disperso, mais democrático e menos dependente do dinheiro e dos poderes e interesses económicos, tem potenciais condições para o fazer de forma mais eficaz. Bem..presunção e água benta, cada um toma a que quer...dirá o leitor....

Outra comovedora declaração é esta, verdadeiramente farisaica :
O Expresso não tem, como é óbvio, a intenção de julgar (...) “ Ai não tem ? Ora então vejamos um “expressivo “ exemplo .
Na primeira página noticia, em sub-título : “Manuel Pedro destruiu documentos antes da busca” Assim mesmo. Como se fora já uma sentença inequivocamente condenatória, uma verdade e um facto provado e comprovado. Nem um suavisador “alegadamente”, nem o tempo verbal condicional, assim do género “teria destruido...” . Categóricamente, no particípio passado, sem margem para dúvidas e sem o “expressivo arguido” ter o direito ao contraditório.
Já no corpo da notícia, mas ainda na primeira página, o Expresso afirma mais, a jeito de um juiz que lê uma sentença. Que “ Manuel Pedro, um dos intermediários do negócio Freeport, foi avisado das buscas aos seus escritórios em 2005 (....) “. Como chega o Expresso a este inapelável juizo? Pois muito simplesmente: depois de ter ouvido dois testemunhos de ex-funcionários de Manuel Pedro. Cuja identidade o Expresso deverá obviamente esconder, em respeito do tal direito de não revelar as fontes. A Santa Inquisição não faria melhor .
Desenvolvendo as “notícias”, agora na página 14, já “informa” porém que o “ expressivo arguido” ordenou a destruição dos documentos “ indiciando (sic...) que terá sido informado previamente das diligências da PJ “ .
O Expresso bem pode colocar-se numa piedosa e inocentíssima postura e jurar pelos anjos que não tem intenção de julgar. Objectivamente julga. Na praça pública, e substituindo-se aos tribunais.

UNS PINGOS DE ESPERANÇA

“ (...) [ entre a actual crise e a dos anos 30 do séxulo XX ] há grandes diferenças e a primeira é que nos anos 30 a crise foi gerada pelas leis proteccionistas. Em 2009 poderão aparecer algumas medidas proteccionistas, mas a realidade é diferente. Além disso, nas primeiras décadas do século XX não houve grande conjugação de políticas entre bancos centrais e os Estados encararam a evolução das empresas dentro da lógica do laisser faire.(...)
“(...) A Bolsa tende a antecipar, em cerca de 6 meses, as melhorias na economia. Por isso é preciso estar atento às bolsas “

(Pierre-Marie Valenne, in suplemento Economia do Expresso de hoje )

Os principais índices bolsistas deixaram de baixar sistemáticamente. Já estão em patamar desde há 2 meses . Em baixo, mas em patamar.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

O TENEBROSO E ATERRADOR CHIP

O Conselho de Ministros aprovou um diploma que estabelece a instalação obrigatória de um chip electrónico nas matrículas dos veículos automóveis, reboques, e motociclos.
Logo se levantou um alarido que ai Jesus, aqui d’el Rei, isto é o Big Brother, vai-se perder o direito à privacidade, vamos todos ser controlados, está em perigo a democracia. Já há quem apele para o Presidente da República, qual guardião último das liberdades democráticas, para chumbar o diploma. Os sujeitos do costume.
Quase falta sugerir que as viaturas não deveriam é ter matrícula nenhuma. Nem com chip, nem sem chip. Pois não é que a matrícula, com letras e algarismos, permite identificar a viatura, por onde ela anda, se está mal estacionada, se foi roubada, se o seu proprietário tem multas por pagar ?
É evidente (e o Governo faz mal em não o dizer claramente, sem subterfúgios) que o tenebroso chip não vai ser só para fazer os pagamentos das portagens nas auto-estradas. Cedo ou tarde vai servir tambem, sim senhor, para mais facilmente serem identificados veículos roubados, para controlar e facturar as viaturas que entrarem nos centros das grandes cidades ( como já acontece em Londres), para medir, controlar e reprimir os excessos de velocidade, para registar, de forma simples e rápida, os veículos mal estacionados, para identificar os veículos que não tenham seguro, não tenham ido à inspecção periódica, ou não tenham pago o imposto de circulação automóvel.
E daí? Acaso se trata medir e controlar aspectos da vida privada dos condutores? Nada disso. Tratam-se, pura e simplesmente, de aspectos da vida em comunidade, ligados à inter-acção de cada condutor ou cada viatura com os outros e as outras. Ou seja, com os direitos dos outros.

AFINAL...COMO SERÁ?
Em que ficaremos e em que ficará o caso Freeport, se esta notícia se confirmar ?


A TEORIA DO ENSINO DIVERTIDO

Com a devida vénia, transcrevo do De Rerum Natura :


O metro é a décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre e para o cálculo dar certo arredondaram a Terra!

O cérebro tem uma capacidade tão grande que hoje em dia, praticamente, toda a gente tem um.

O piloto que atravessa a barreira do som nem percebe, porque não ouve mais nada.

O teste do carbono 14 permite-nos saber se antigamente alguém morreu.

Nos aviões, os passageiros da primeira classe sofrem menos acidentes que os da classe económica.

O índice de fecundidade deve ser igual a 2 para garantir a reprodução das espécies, pois precisa-se de um macho e uma fêmea para fazer o bebé. Podem até ser 3 ou 4, mas chegam 2.

Em 2020 a caixa de previdência já não tem dinheiro para pagar aos reformados, graças à quantidade de velhos que não querem morrer.

A água tem uma cor inodora.

A luta greco-romana causou a guerra entre esses dois países.

O tabaco é uma planta carnívora que se alimenta de pulmões.

Quando dois átomos se encontram, vai dar uma grande merda.

Princípio de Arquimedes: qualquer corpo mergulhado na água, sai completamente molhado.

Mas não são as modernaças teorias pedagógicas que dizem que o ensino e “a aprendizagem” têm de ser actividades divertidas?

NESTES TEMPOS DE CRISE
In blogue 31 da Armada:

“Nestes tempos de crise, não me parece que os Portugueses estejam muito preocupados com as promessas não cumpridas de Sócrates, mas sim com as alternativas a Sócrates. “

Ler mais aqui .


A MAJESTÁTICA POSE...
... a emblemática elegância e o charme de um político ambicioso, construido através de uma carreira "Jota".

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

MAUS EXEMPLOS...

O artigo 49º da Lei das Finanças Locais estipula claramente que :

“As autarquias locais (...) e as entidades do sector empresarial local devem disponibilizar no respectivo sítio da Internet os documentos previsionais (...) nomeadamente :
a) (...)
b) Os planos plurianuais de investimento e os orçamentos (...)

Aquele “devem” não deixa dúvidas. Tem uma carácter de obrigação legal, e não é indicativo de uma mera boa prática, apenas recomendável por isso.
Já decorreram quase dois meses desde que a Câmara Municipal da Figueira da Foz aprovou o seu orçamento para 2009 . Este continua sem estar disponível no seu sítio da Internet. O mesmo se pode dizer dos orçamentos das empresas municipais FGT e Figueira Domus.
Nos sítios dos municípios de Pombal e de Cantanhede, por exemplo, já podem ser consultados os respectivos orçamentos para o corrente ano.
A Lei manda igualmente que sejam publicadas na íntegra, no site da Internet, as actas das reuniões dos orgãos municipais. No caso do Município da Figueira da Foz, a última acta disponível da Assembleia Municipal é a da sessão de 27 de Setembro de....2007! E a última acta da Câmara Municipal é de 11 de Novembro de 2008, ou seja, de há quase 3 meses.
Num estado de direito, as violações da lei por parte de orgãos de soberania, são muito maus exemplos dados aos cidadãos. Sobretudo se ficarem sempre impunes.

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

A VOTAÇÃO POR CORRESPONDÊNCIA

A alteração à lei eleitoral que previa a proibição da votação por correspondência dos emigrantes, foi vetada , e muito bem, pelo Presidente da República. Tal proibição não fazia qualquer sentido e ia ao arrepio de tudo o que há a fazer para modernizar o modelo de expressão da vontade do eleitorado num estado democrático. Esta não tardará a ser feita por meios electrónicos, talvez até em terminais tipo caixa multibanco. Votar por correspondência já se faz em grande parte das instituições da sociedade civil : ordens, sindicatos, misericórdias, clubes de futebol, ACP....Na Suécia, já nos anos setenta, quer os emigrantes suecos ( e alguns havia na Figueira da Foz), quer os cidadãos que estavam de férias, ausentes da sua residência no dia da votação, podiam enviar o seu voto por correspondência para a assembleia de voto.


O ESPORÃO, A EROSÃO E A CONSTRUÇÃO

Os violentos temporais dos últimos dias têm feito graves danos na costa portuguesa constituida por formações dunares. Nem de propósito, foi dada esta notícia de uma controversa sentença do
Tribunal Administrativo do Porto dando o direito, a um proprietário de uma casa construida nas proximidades da costa, em Esposende, a receber uma indemnização de 60 mil euros. A serem pagos, pelo Estado, com certeza. Ou seja, por nós todos, contribuintes.
Numa rápida ronda que fiz há dias para observar os estragos nas praias na parte sul do concelho da Figueira da Foz, tirei a fotografia acima reproduzida. É na praia da Cova-Gala. Nela se vê uma bela moradia, com umas belas vistas, a muito poucos metros do então tormentoso mar. Para alguns ficará a dúvida se é o mar que avança pela duna dentro, se foi a moradia que avançou pela duna fora. Pela minha parte, inclino-me por esta última hipótese.
Claro que se a erosão continuar, a norte e/ou a sul do esporão que se situa mesmo em frente à moradia, esta poderá correr risco de desmoronamento. É de prever que, obviamente, o seu proprietário irá gritar que ó da guarda o Estado tem de proteger a casa ; ou irá pedir para ser indemnizado num qualquer tribunal administrativo. E será que vai reclamar que a sua moradia não senhor, não está dentro do domínio público marítimo?
O que, de momento, eu gostaria de ver explicado é quando, como, porquê e por quem foi autorizada a construção daquela moradia .

segunda-feira, fevereiro 02, 2009


ALEGADAS LUVAS , ALEGADOS E-MAILS

O QuintoPoder recebeu o e-mail acima reproduzido. Fazendo fé no seu conteúdo, poderá do mesmo inferir-se que, alegadamente, alguem, intitulando-se director do SOL, terá alegadamente pago luvas a um alegado jornalista, pela compra de um documento, e alegadamente cobrando uma comissão de 100 mil euros pela alegada cedência do mesmo documento a outro director de um conhecido e conceituado tabloide. Isto tudo, alegadamente, claro. Pois como fazem questão de declarar muitos jornalistas e comentadores, de forma verdadeiramente farisaica, toda a pessoa considerada suspeita ou arguida ( e muito mais se o não for, de todo...) “ tem direito à presunção da inocência até ser condenada como culpado em tribunal, em sentença transitada em julgado”....É assim que se diz, não é? Esta é uma linda frase, todavia ao nível do clichet mais pindérico, muito usada em conversas de café, sobretudo depois de quem a pronuncia ter estado muitas horas a proclamar que não há fumo sem fogo, ou que o gajo tem cara de quem está mesmo metido na tramoia.... Porquê? Porque sim, prontos, não gosto do gajo.

Em tempo....
Como o leitor mais arguto já terá facilmente concluido, a cópia do e-mail é assim uma espécie de parábola, um exercício de simulação, através do qual se pretende e se poderá evidenciar o valor demonstrativo e probatório de um qualquer e-mail vadio...Que é igual a zero...
(clicar na imagem para a ampliar)

domingo, fevereiro 01, 2009


QUATRO ALTERNATIVAS

São quatro as soluções alternativas que Daniel Bessa coloca na sua sintética crónica publicada no Expresso de ontem (acima reproduzida) , perante as perspectivas bem sombrias da evolução da situação sócio-económica portugesa a médio prazo. Sistematizando, são estas :

1.
Redução da despesa interna, pela adopção e activo desenvolvimento de uma cultura intensiva e obstinada de poupança.

2.
Redução da despesa interna pelo congelamento ou eventual redução dos rendimentos das famílias em geral.

3.
Gestão controlada da nossa economia ( e da nossa soberania...) pelos credores externos.

4.
Saída da área do euro seguida da desvalorização do “novo escudo” em 20 a 30 %, a que inevitavelmente se seguiria de imediato a elevação em flecha da taxa de inflação e das taxas de juro.

Iremos ainda a tempo de poder adoptar pela primeira alternativa?... Se o não formos, cedo ou tarde estaremos inevitavelmente caidos na escolha entre as alternativas 3 e 4. Muito trágicas e dolorosas. E por isso nada, mas mesmo nada recomendáveis.
(clicar na imagem para a ampliar)

LIDO..
...num comentário de um leitor a uma notícia da Lusa sobre o caso Freeport :
"O meio-irmão mais novo do Presidente dos Estados Unidos foi detido no Quénia por posse de droga. George Obama alega inocência mas terá que comparecer em tribunal segunda-feira"
Ainda bem que o Obama não é português senão o Sol tratava-lhe da saúde!

FUGAS DE INFORMAÇÂO E INFORMAÇÃO
Citada neste oportuno post do blogue Camara Corporativa, uma jornalista pergunta porque estarão, alguns, mais preocupados com a fuga da informação do que com a informação em si. É fácil. Porque a fuga de informação descredibiliza a Justiça e cria desconfiança no sistema judicial. E porque a fuga de informação é em geral, depois, selectiva e perversamente manipulada, espalhando lama e retirando credibilidade à própria informação.

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