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terça-feira, fevereiro 24, 2009

O SURREALISMO DESTES CARNAVAIS

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Mas o que é evidente é que os próximos meses serão dramáticos : para milhares de pessoas que trabalham em empresas com dificuldades de sobrevivência, mas também para o Estado, que começará, tarde ou cedo, a ter dificuldades em manter o equilíbrio das contas públicas. (...)
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O drama de um surto descontrolado de desemprego é possível, o descontrolo das contas públicas é admissível, o colapso de economias sólidas como a alemã, onde se vislumbram quebras do produto na ordem dos cinco por cento esta ano, é provável, o facto das perdas e os produtos tóxicos dos bancos estarem ainda muito longe da sua superação é crível. (...)
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É por isso que todo o ruido de fundo que se fez em torno dos recentes números do desemprego soa a corrida eleitoral. Nada de anormal. O PS e o Governo tentam reduzir os danos que lhes podem ser fatais nos poucos meses que lhes restam antes das legislativas; e a oposição foi constatando nas últimas semanas que a degradação acelerada da situação económica se transformou na tábua de salvação que lhe resta para derrubar José Sócrates do poder. Nos momentos de aflição, o valor das ideologias esvazia-se, a complexidade das medidas de combate à crise cristaliza-se em impressões vagas e o que começa a contar são emoções como a insegurança e o medo”
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(Manuel Carvalho, in Editorial do PUBLICO de hoje)

E entretanto, a que assistimos em Portugal, nestes dias de surrealistas e de animadíssimas festas de Carnavais, promovidas ou estimuladas por autarquias locais? A milhões de euros espatifados em efémeros momentos de ilusão ( na Figueira da Foz terão sido, só dos cofres municipais, mais de 170 mil euros) geradores de estados de esquizofrenia ( no genuino significado da palavra). Nas televisões, em reportagens das dezenas de Carnavais por esse país fora, vêm-se imagens sem conta de foliões, exibindo uma alegria exuberante, sobre os quais nos podemos interrogar se muitos deles terão ou não consciência do que os espera a curto-médio prazo. Quantos deles não estarão, dentro de semanas ou poucos meses, a engrossar multidões de revoltados contra o sistema, clamando e gritando contra tudo e contra todos, sabe-se lá com que escala de violência, pelos dramas que bateram à porta da sua despreocupada e ilusória vida. E quantas daquelas promotoras ou estimulantes autarquias não estarão daqui a umas semanas ou poucos meses a clamar que aqui d’el - Rei não têm recursos suficientes para acudir às situações de emergência social com os quais se vêm confrontadas .

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