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sábado, junho 20, 2009

MAIS VADIAGEM

Seria mais chic e teria mais charme vir informar os prezados leitores do QuintoPoder que amanhã parto para viligiatura, para banhos, ou para gozo de merecidas férias. Ou, melhor ainda, que devido a inadiáveis afazeres profissionais, era forçado a estar uns quantos dias fora do País...
Mas não pode ser. Adquiridos os direitos da terceira idade, melhor dizendo, de sénior e de jubilado, tenho de informar que vou simplesmente vadiar...
Quando regressar, a vida política paroquial deve estar mais animada, agora que só falta o já cansado candidato Duarte Silva ( será candidato do PSD?..ou será do PPD/PSD?- Nota) comunicar publicamente a sua inestimável disponibilidade para liderar uma lista (qual será?..) para a Câmara Municipal da Figueira.
De qualquer maneira, agradeço muito penhorado os votos de boa viagem que seguramente os pacientes leitores do QuintoPoder não deixarão de me desejar...

Nota
Soube da apresentação da candidatura através de uma pequena imagem de publicidade paga, num orgão da imprensa regional. Curiosamente, nem o nome nem o símbolo de PSD aparecem nesse anúncio. Curiosamente, nada , absolutamente nada sobre esta apresentação consta da página da internet do PSD local. Os deuses saberão porquê, se há algum porquê.

A PEQUENA DENÚNCIA E A MEGA OPERAÇÃO

Esta notícia hoje lida na página da internet da Lusa :

Lisboa, 19 Jun (Lusa) - A Polícia de Segurança Pública iniciou hoje de manhã uma "mega operação" nacional no âmbito do "combate ao crime, prevenção e segurança dos cidadãos", disse hoje à agência Lusa a comissária Paula Monteiro da Unidade Especial de Polícia.

mereceu no mesmo site este comentário de uma leitora :

"hoje tive de fazer uma denuncia na policia da pontinha sobre um individo que tinha uma carrinha em cima de um passeio muito estreito e eu para passar com o carro de bébé tive que ir para a estrada eu disse que ele era estupido porque já na quarta-feira tinha acontecido o mesmo e ele disse-me que já me tinha pedido desculpa o que não evitou eu ter que ir para o meio da estrada com o bébé só que depois ele começou a mandar vir eu disse que chamava a policia onde ele me disse que á terçeira me dava nas trombas eu meti os pés a caminho e fiz queixa e eles foram indentificar o sujeito porque eu tirei-lhe a matricula mas o policia avisou-me que para seguir com a queixa tinha de arranjar um adevogado e pagar 200 e tal euros oara seguir com o prosseso agora pergunto se uma pessoa não tem dinheiro não pode apresentar queixa e seguir com o caso para a frente ,quer dizer uma pessoa é ofendida e amiaçada de porrada e tem de se calar ."

sexta-feira, junho 19, 2009

O NOME DO CANDIDATO

Segundo informação recolhida em primeira mão numa consulta ao colega Politica de Choque, o PS apresenta o seu candidato à Camara Municipal da Figueira da Foz com o nome de João Ataíde. Enquanto juiz desembargador, era conhecido pelo nome Ataide das Neves. Era, é e penso que será.
Não está mal achado, não senhor. A alteração revela instinto táctico e argúcia política. Demasiada argúcia, para meu gosto.
Por um lado, poderá servir para branquear levemente a condição de juiz desembargador já associada ao nome de Ataíde das Neves, envolvido num pleito politico-partidário. Circunstância que muitos cidadãos encararão com maus olhos, tendo em conta o que a opinião pública em geral pensa do estado da Justiça, e dos perigos de uma promiscuidade entre poder executivo e poder judicial.
Por outro lado, o nome agora escolhido terá uma ressonância menos aristocrática do que o nome anteriormente divulgado, Ataíde das Neves, que sempre leva uma partícula no meio, conquanto inofensiva . O que, reconheça-se, encaixa melhor num candidato auto-classificado como do centro esquerda, embora com matiz liberal...
Não haveria nisso nada de mal , não cheirasse a opção a razões de arguto marketing político.

A EVOLUÇÃO DOS EXAMES EM PORTUGAL

Suspeito que me esteja a repetir. Lembro-me vagamente do QuintoPoder já ter publicado isto, mas não estou muito seguro. Na dúvida, e neste tempo em que a Ministra da Educação festeja grandes progressos do ensino, traduzidos em melhores resultados nos exames, aqui deixo a história .

O Ensino em Portugal
ENSINO FASCISTA - ANOS 60
Um camponês vendeu um saco de batatas por 100$00.As suas despesas de produção foram iguais a 4/5 do preço de venda.Qual foi o seu lucro?
ENSINO DEMOCRÁTICO - ANOS 70
Um camponês vendeu um saco de batatas por 100$00.As suas despesas de produção foram iguais a 4/5 do preço de venda, ou seja, foram de 80$00 e sobraram 20$00. Qual foi o seu lucro?
ENSINO MODERNO - ANOS 80 ( do tempo de Roberto Carneiro)
Um camponês troca um conjunto B de batatas por um conjunto M de moedas. O cardinal do conjunto M é de 100 e cada elemento de M vale 1$00.Desenha o diagrama de Venn do conjunto M com 100 pontos que representam os elementos desse conjunto.O conjunto C dos custos de produção tem menos 20 elementos do que o conjunto M.
Representa C como sub-conjunto de M e escreve a vermelho o cardinal 20 do conjunto L do lucro.
ENSINO RENOVADO - ANOS 90 ( do tempo de Ana Benavente)
Um agricultor vendeu um quilo de batatas por 100$00. Os custos de produção elevam-se a 95$00 e o lucro é de 5$00.Trabalho a realizar: Sublinha a palavra "batatas" e discute-a com o teu colega de carteira.
ENSINO ACTUALIZADO - ANOS 2000
Um kampunes ressebeu um subssídio de 50000 euros pra purdusir bué de sacos batatas o qual vendeo por 50 euros kadaum e gastou nenhums euros dele. Analiza o testo do iserçício, cunverte 1 euro emescudos e em ceguida dis o que penças desta maneira de henriquesser.
ENSINO NO SECULO XXI, NO TEMPO DO CHOQUE TECNOLÓGICO E DO “MAGALHÃES”
Um industrial agricola go to buy 10 Trucks de Tubérculos de Batata no site mail.vegeta.come. A cotação do vegetal em bolsa sofre um "Bull" e o industrial obtém um profit de 100 K eurodolars. Define,através de um report em power-point, e consultando o Google, o plano estratégico de enriquecimento para a produção off-shore desses vegetais sem recurso a subsídios on-line.

CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS

Nos dialectos pós-modernos, obviamente politicamente correctos, do “eduquês” , do “politiquês” e do “consultês”, há expressões que me causam urticária. São exemplos : “as acessibilidades” , “os colaboradores”, “os projectos pedagógicos”, “as populações”, “os programas estruturantes”, as “preocupações economicistas”, e outra tralha do género.
Duas delas, ouvia-as ontem da boca da Ministra da Educação, mais uma vez. Falava sobre a alegada e exultada (mas muito suspeita também...) melhoria dos resultados dos chamados “exames” de aferição do ensino secundário, realizados há semanas.
A tal propósito, referia-se a uma não sei quê de “aprendizagem” e a uma não sei quê de “competências”...Ora aí está. Antigamente, dizia-se estudo, agora diz-se aprendizagem. Antigamente dizia-se conhecimento ( isso mesmo, o conceito sobre que Kant teorizou...), agora fala-se em competências.
Parece a mesma coisa, mas não é. Experimente-se, por exemplo dizer que fulano de tal tem “sólidos conhecimentos de matemática”. E veja-se ao que soa quando comparado com o dizer-se que fulano de tal tem “sólidas competências de matemática” . É a diferença que vai entre o conhecer o verdadeiro conceito matemático de logaritmo e o saber (ter a competência para) determinar um logaritmo numa máquina de calcular .

quinta-feira, junho 18, 2009

BONOMIA E DEFERÊNCIA

O Primeiro-Ministro parece estar agora sob cerrado fogo de artilharia das chamadas “oposições” parlamentares por ter pronunciado ontem, numa entrevista, umas palavras de desencanto pela forma dupla como a Comissão de Inquérito à actuação do Banco de Portugal no caso BPN tratou algumas das pessoas que ali foram ouvidas e interrogadas.
Através do canal Parlamento, aqui há umas duas semanas, assisti à maior parte da audição de Oliveira e Costa, ex-patrão do BPN, arguido de graves crimes e trafulhices.
Posso por isso testemunhar que, sem margem para qualquer dúvida da minha parte, uma significativa parcela dos senhores deputados da referida Comissão de Inquérito tratou efectivamente o dito arguido com vergonhosa bonomia e deferência. Recordo-me perfeitamente, em particular, dos desempenhos que nessa sessão tiveram os deputados Nuno Melo, do CDS, e João semedo, do BE .

CALCULISMO ELEITORAL

O PSD defende agora a realização das eleições legislativas e autárquicas no mesmo dia.
Cheira-me que se trata de ladino pensamento táctico e habilidoso exercício de calculismo eleitoral. Se fosse o PSD que estivesse com responsabilidades governamentais, também defenderia o cenário de eleições simultâneas?

PULSÕES SUICIDÁRIAS

A recusa da maioria dos trabalhadores da Auro-Europa (AE) de aceitarem um acordo preliminarmente celebrado com a sua Comissão de Trabalhadores, parece ser uma perigosa brincadeira com o fogo, indiciando a existência de pulsões suicidárias no seio daquele colectivo de trabalhadores.
Pulsões e tentações desta natureza afloram em Portugal com demasiada frequência. Afloram noutras empresas, como ocorre aqui e além na TAP. Têm também aflorado no colectivo nacional, por exemplo através do comportamento alegre e irresponsávelmente despesista de cidadãos, municípios e governo central.
O líder da CGTP-Intersindical já veio aplaudir a decisão dos trabalhadores da AE. Certamente que o PCP e o BE virão a fazer o mesmo, cantando hinos de louvor ao corajoso combate das massas operárias da Auto-Europa.
Isto de referendos e de votações secretas para a tomada de certas decisões de um determinado colectivo, foi coisa que nunca foi do meu agrado, pelos efeitos perversos que podem causar. Como se vê, causam.
Se porventura se vierem a confirmar os cenários pessimistas que se levantam quanto ao futuro da Auto-Europa, e se ocorrer a verdadeira tragédia nacional que seria a “descontinuidade” ( leia-se encerramento...) da sua laboração, não se irão conhecer os nomes dos responsáveis, desconhecidos e escondidos por trás do voto secreto.
Como para eles quanto pior melhor, a CGTP , o PCP e o BE, esses virão depois dizer que a culpa foi do Governo .

quarta-feira, junho 17, 2009

ABSTENÇÃO SATÂNICA

Há uns anos, o caquético ayatollah Khomeini , que Allah e Maomé tenham em santo descanso, decretou uma fatwa, condenando à morte Salmon Rusdhie por este ter escrito um livro intitulado “Versículos Satânicos”.
Pelos vistos, o Presidente da Junta de Freguesia de S. Pedro, na Figueira da Foz, decretou agora uma fatwa contra um cidadão que teve a tentação satânica de se abster numa votação.
Bem...não o condenou à morte, valha-nos isso.
Fatwa : um pronunciamento legal no Islão emitido por um especialista em lei religiosa, sobre um assunto específico.

NO AUGE DA CRISE, O CIRCO CONTINUA

“ (...)
O que a contratação milionária de Ronaldo prova é que, no auge da crise, quando a economia real bate no fundo, o circo continua a ser um negócio tentador, mesmo que não se saiba se vai ser rentável.
O negócio de Ronaldo é um símbolo de que a velha economia especulativa não morreu com a crise, nem há qualquer novo modelo que a substitua. O dinheiro, portanto, continuará a ser a única regra que conta neste futebol (...) “

(Miguel Gaspar, na sua crónica do PUBLICO de ontem)

FRACTURAS DENTRO DO BLOCO

Fiquei agradado que Rui Tavares, o excelente autor das crónicas do PUBLICO que sempre atentamente leio, tivesse sido eleito para o Parlamento Europeu.
Reparando bem, é possível notar diferenças significativas, que se podem vir a acentuar, entre o “discurso “ político de Francisco Louçã, populista e cinicamente moralista, qual Cónego Remédios revisitado, e os “discursos” políticos de Miguel Portas, de João Semedo e sobretudo de Rui Tavares. As diferenças não são apenas de estilo ou de registo, antes há indícios que possam ser também de substância. O PS faria bem em estudar aquelas diferenças, e porventura em procurar aproveitá-as politicamente.


A VILA DE PONTE DE LIMA

Lia-se no editorial do PUBLICO de ontem :

“ O paroquialismo sempre foi um dos nossos maiores defeitos. Ainda na semana passada se viu com a ridícula elevação a cidade ou a vila de um conjunto de povoações que, por vezes, mal passam de um bairro dos subúrbios”

Ponte de Lima é a mais antiga vila portuguesa. É vila desde os tempos de D. Teresa, a Mãe de Afonso Henriques, o rei fundador. É uma das terras mais bem conservadas e cuidadas do nosso País. Tem um vasto acervo de património monumental, e um centro histórico que é uma verdadeira preciosidade : exemplarmente restaurado, aproveitado e limpo. É servida por um magnífico conjunto de acessos rodoviários. Por auto-estrada, está a 20 minutos de Viana ou de Braga ; e a 45 minutos do Porto ou de Vigo. É uma terra com excelente qualidade de vida.

As gentes de Ponte de Lima não querem que a sua terra seja “promovida” a cidade . Querem que continue a ser vila. A mais antiga vila de Portugal. Feitios!...
(clicar na imagem para a ampliar)

terça-feira, junho 16, 2009

UM REGIME MAGISTRADOCRÁTICO ?
Isto agora está assim. Tudo leva a crer que o poder executivo da República, quer à escala nacional como local, passa a ser detido pelos tribunais, sobretudo os administrativos, e por juizes.
Em vez de leis e decretos, vão legislar por sentenças e por decisões dando provimento a providências cautelares. Assim irão exercer o dito poder executivo. Será ao arrepio da Constituição da República, mas os actores estarão borrifando-se para isso.
No Irão existe um regime teocrático. Melhor dizendo, uma ditadura teocrática
Por cá, a continuarem as coisas assim neste pé, e se o poder democrático popular não colocar na ordem as magistraturas, acabaremos por ter de suportar um regime "magistradocrático".



DESENCANTOS E ARRELIAS NUMA CHEGADA (3)

Enquanto esperava que fosse reparada a arreliante fuga de água aqui na avenida, para poder tomar o reconfortante duche, ia lendo a blogosfera local e a imprensa regional da última semana.
A grande notícia do diário As Beiras era que o concelho passava a ter 8-vilas-8. Assim o havia decidido, em dia de glória, a Assembleia da República. As propostas tinham sido apresentadas pelos ilustres deputados figueirenses Miguel Almeida e João Portugal, dois verdadeiros pilares do regime democrático português. Possivelmente ambos a tentar fazer pela vidinha e por arranjar um lugarzito elegível nas respectivas listas de candidatos ao Parlamento.
Ao ler o corpo da notícia viria a descobrir que o provincianismo pindérico daquelas gloriosas decisões era ainda ultrapassado pelo nível de verdadeira parolice do júbilo efusivo e triunfalista do Presidente da Junta de Freguesia de S. Pedro. Ao referir-se à excelsa conquista, e segundo o mesmo diário, declarara :” (...) é com felicidade e muito orgulho que constato que, depois de muitos anos de luta e trabalho intensivos, fomos compensados”.

Fiquemos agora a aguardar. Dentro de uns tempos, vamos ver logo ali a seguir à ponte dos arcos, uma placa indicando “Vila Cova-Gala” ou, melhor ainda, “A Vila Cova-Gala saúda-vos”. Como já imagino o que a casa gasta, a inauguração da importantíssima placa terá lugar lá para Outubro, em plena campanha eleitoral para as autarquias locais. Vai meter banda de música, rancho folclórico e foguetes. Vão estar presentes o Presidente da Junta e o Presidente da Câmara. E os dois deputados, obviamente. Talvez nessa altura sejam dois ex-deputados, não sei, logo veremos.

(clicar na imagem para a ampliar)


DESENCANTOS E ARRELIAS NUMA CHEGADA (2)

Chegado a casa, não tenho água. Ali mesmo junto das bandeirolas celebrantes do 7º aniversário do magnífico Centro de Artes e Espectáculos, um imenso lençol de água indiciava uma rotura na velhinha e gasta canalização que se estende ao longo da avenida das Abadias.
Costuma haver uma por ano, em média. Afinal, não nos poderemos queixar. É muito menos que o número de grandiosos espectáculos de "show business" que o CAE “oferece” por ano a alguns públicos figueirenses e a muitos públicos coimbrinhas.
A reparação da rotura foi relativamente rápida, vamos lá, do mal o menos.
Ao fim da tarde lá pude tomar finalmente um duche, depois de uma noite inteira a tentar dormir um pouco numa carruagem de um lento, ruidoso, trepidante e pouco limpo comboio, que pachorrentamente atravessou a extensa meseta ibérica.


DESENCANTOS E ARRELIAS NUMA CHEGADA (1)

De regresso à divertida paróquia da Figueira, deu-me para reparar mais atentamente, logo à entrada, numas bandeiras nacionais, símbolos da Pátria, esfarrapadas e desbotadas, certamente restos e farrapos ali "hasteados" desde os tempos gloriosos dos Europeus da bola, quando o lider Scolari mobilizava o futebolístico patriotismo indígena.
Nos Estados Unidos, ter hasteada uma bandeira nacional, a dos "Stars and Stripes", no estado em que está a bandeira de Portugal ilustrada na fotografia acima, seria considerado como crime, possivelmente com direito a prisão efectiva.
Por cá, parece que não. Ou se é, ninguém se interessa ou importa em aplicar a lei. Nem as autoridades responsáveis nem o poder político, a qualquer nível, parecem incomodar-se muito com a cena. Minudências ou picuinhices, dirão. Somos todos os gajos porreiros...

Ainda podia haver uma certa esperança de que , durante o campeonato do Mundo na África do Sul, em 2010, pudesse haver uma limpeza e uma renovação dos milhares de símbolos nacionais que por esse Portugal fora estão naquele mísero estado. Mas como a selecção nacional de futebol, mesmo recheada do Ronaldo dos 94 milhões, não deve chegar lá, nem isso poderemos esperar.

(clicar na imagem par a ampliar)

segunda-feira, junho 08, 2009

UM PAÍS INGOVERNÁVEL?
Os resultados eleitorais de ontem , se e quando transferidos para as eleições legislativas de Setembro, deixariam o país ingovernável.
Ninguém tenha ilusões. Se a crise económica se não agravar entretanto, e puderem ser contidas e superadas as suas consequências, qualquer que seja o partido vencedor, qualquer que seja o governo que se consiga constituir, até mesmo um incorporando o BE, vai ter que ou subir os impostos, ou reduzir drásticamente as despesas, ou ambas as coisas. Vamos a ver quem virá falar a linguagem nua e crua da verdade, e quem virá prometer o "bacalhau a pataco", os "amanhãs que cantam" ou "o Sol a brilhar para todos nós"...
Vou dar uma pequena volta, viajar um pouco. Desanuviar. Que por aqui o horizonte está a ficar mesmo muito cinzento escuro.

UM CALDO DE RAZÕES

A explicação do “colapso rosa” é um caldo de várias razões. A base desse caldo é decerto constituida pelas consequências da crise financeira e económica que se abateu sobre o mundo, e sobre os portugueses também, inevitavelmente. Pior ainda : abateu-se no último terço da legislatura , em ano de 3 eleições, e na continuidade do combate que foi indispensável travar contra o desequilíbrio orçamental que ameaçava a credibilidade do Estado português. Combate que obrigou tanta gente a apertar muito o cinto, embora não toda, sublinhe-se.
No caldo entraram porém outros condimentos, que o Primeiro-Ministro poderia ter evitado.
Cito três.

Desde logo, o mau desempenho na campanha eleitoral do cabeça de lista do PS, como neste post assinalei :

Ao longo da campanha, o debate foi descambando para o nível da “politiquice”. O candidato Vital Moreira não resistiu ao desafio e à tentação. Desprovido de qualquer bonomia democrática, e embalado pela sua já atávica arrogância, resolveu usar de chicana pura e dura, ao trazer à colação uma insinuada relação entre o escandaloso caso BPN e o PSD. Sem da manobra recolher quaisquer dividendos políticos. Creio que o seu comportamento demonstrado durante a campanha não contribuiu para alargar a base eleitoral de apoio ao PS, antes pelo contrário.


O outro condimento tem, em parte, a ver com o que escrevi neste post de 26 de Março último :

Se o Primeiro-Minstro insistir, teimosamente, em manter o TGV Lisboa-Porto na parte cimeira das suas preocupações, em matéria de obras públicas, e se tal debate chegar até às próximas eleições legislativas, pode ter de vir a enfrentar um sério dissabor eleitoral. Ai pode, pode!...Mesmo sabendo-se que o PSD , e em particular a sua líder, por aquilo que sobre os tê-gê-vês anunciaram num passado recente, não tenham grande autoridade para criticar tal opção.

Um terceiro, tem a ver também com o que aqui escrevi.

domingo, junho 07, 2009


SONDAGENS E RESULTADOS

O que mais surpreende da comparação entre as sondagens e os resultados reais acima indicados, é a diferença de 10 pontos percentuais nos valores do PS. Alguma coisa vai mal nas técnicas das sondagens. Alguma coisa os chamados "politólogos" por elas responsáveis vão ter que corrigir. Ou então, será o eleitorado que está mais volátil...
(clicar na imagem para a ampliar)

VOTAR : UM DEVER OU UM DIREITO?

Discute-se muito se votar é um dever, se um direito. Se é um dever, o seu não cumprimento deveria ser sancionado.
Por outro lado, há quem proclame, com razão, que o direito de votar foi uma conquista, alcançada e não outorgada, por quem lutou pela democracia. Assim sendo, existirá pelo menos o dever de exercer tal direito. Dever cujo incumprimento deve tambem ser sancionado.
Isso acontece em algumas democracias. Na Bélgica, por exemplo, existe uma sanção pecuniária. Na Inglaterra, existe pelo menos uma sanção social, por parte de vizinhos, de amigos e de colegas, muito mais eficaz que qualquer sanção legal.

Nos condomínios, passa-se algo de semelhante. Há sempre condóminos que nunca vão às reuniões. Com frequência são aqueles que depois mais impertinentemente reclamam que as escadas estão mal limpas, ou que a porta do prédio está sempre aberta. Tais condóminos são bem conhecidos dos outros, pois as presenças e as ausências nas reuniões ficam registadas em acta.
Creio que também deveria haver um registo homólogo dos que não se dignam sequer ir à mesa de voto para votarem. Por cada freguesia, poderia haver uma lista ordenada, acessível através da Internet. Quando eu visse alguem conhecido a fazer alarido de que “isto está cada vez pior” , que “os nossos governantes são todos uns gatunos e uns incompetentes” , que “ninguém faz nada”, que “este País assim não vai a lado nenhum”, e soubesse que ele não costumava votar, poderia interpelá-lo assim : “ Olha lá ó António..então e como é que tu ao menos não vais cumprir o teu dever de votar? “...

sábado, junho 06, 2009

O DIA D

Faz hoje 5 anos, escrevi isto, neste post :

60 anos depois do Dia D
Há 60 anos , mais ou menos por esta hora , já milhares de corpos de jovens ingleses e americanos juncavam as praias da Normandia . Era o Dia D , o desembarque das tropas aliadas em solo francês . Começava o princípio do fim do terror nazi sobre a Europa .
Faz agora um ano , visitei durante 4 dias todos aqueles locais históricos : as praias de Omaha , Utah , Gold , Juno , Sword , a vila de Arromanches , a aldeia sobre a qual se deu o lançamento dos paraquedistas , a impressionante escarpa cuja conquista custou a vida a quase 90% do corpo de rangers assaltante , a ponte junto da qual aterraram , silenciosamente, vários planadores com tropas especiais , a cidade mártir de Caen .
Não pude deixar de visitar o cemitério dos soldados americanos caídos na Normandia . Um imenso parque verde, impecavelmente relvado ,onde cabem umas dezenas de campos de futebol , e no qual se alinham milhares e milhares de campas assinaladas por simples placas de mármore branco .
É impossível não sentir um arrepio na espinha ao ir desfiando os olhos pelas placas . A grande maioria daqueles jovens americanos tinham de 19 a 23 anos . Vieram de muito longe, do outro lado do oceano, lutar e morrer numa terra que não era a sua , por uma guerra que não era bem sua, e cujas causas porventura não conheciam bem. Interrogo-me como foi possível prosseguir a libertação da Europa , depois de tantos milhares de baixas num só dia e do impacto psicológico e político que tal terá provocado na opinião pública americana . Por todo o cemitério pesava um silêncio só interrompido pelo cantar dos pássaros , que se sobrepunha ao levíssimo sussurrar das vozes dos numerosos visitantes .
De todo aquele silêncio , senti que se soltavam dois clamores . Um em defesa da Paz . Outro contra o pacifismo .
Sim, contra o pacifismo. O pacifismo foi também responsável pela morte daqueles milhares de jovens , convém lembrar . Como o foi ainda de milhões de vidas que tombaram na sangrenta guerra . A França ( e de certo modo a Inglaterra ) foi varrida nos anos 30 por um pacifismo irresponsável , que tinha expressão numa pusilanimidade cívica e política . Hitler pode assim , impunemente, tomar o poder , rasgar tratados, invadir pátrias e estender o seu terror . A isto tudo assistia a França pacifista e gabarola .
A Europa está a ser , nos tempos de hoje, varrida mais uma vez por uma preocupante onda de pacifismo . De um pacifismo revestido de um verniz angelical , por baixo do qual se esconde um gauchismo snob , que se passeia , de papillon e smoking , pelo festival de Cannes ou por entre uma parte pateta da intelectualidade europeia . Nesta incluída alguma nacional , não menos snob nem menos pateta .
Um pacifismo que pode vir a custar muito caro . Como muito caro custou aos jovens ingleses e americanos imolados nas praias da Normandia . Faz hoje 60 anos .

REFLEXÕES EM DIA DE REFLEXÃO

1.
Sobre a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, pode ler-se hoje no EXPRESSO :

A UE foi nota de rodapé numa campanha que não evitou a política nacional.

Acho que a campanha não só evitou como, em excessiva escala, se centrou sobre as habituais chicanas políticas da vida nacional. Deve reconhecer-se que quem desde logo puxou o debate da campanha para o tal rodapé foi Paulo Rangel . Aproveitando os seus inegáveis dotes tribunícios, em registo de desafio e de alguma demagogia, deve também dizer-se. Mas não só. A comunicação social, sempre ávida de tricas e de polémicas chunga que façam noticia e sobretudo títulos de primeira página, também deu um relevante contributo.
Dou um exemplo. Logo no debate que houve há dias entre Vital Moreira e Paulo Rangel no Casino da Figueira da Foz, Fátima Campos Ferreira não escolheu melhor maneira de iniciar a discussão do que trazer para a mesma a questão do procurador Lopes da Mota e das pressões que alegadamente terá feito junto de colegas de mister. Na oportunidade, chamei a atenção de que havido sido anunciado um debate sobre a Europa e o Parlamento Europeu, e de que ali se estava a começar por discutir “ mercearia política”. O que parece ter enxofrado muito a D. Fátima.
Ao longo da campanha, o debate foi descambando para o nível da “politiquice”. O candidato Vital Moreira não resistiu ao desafio e à tentação. Desprovido de qualquer bonomia democrática, e embalado pela sua já atávica arrogância, resolveu usar de chicana pura e dura, ao trazer à colação uma insinuada relação entre o escandaloso caso BPN e o PSD. Sem da manobra recolher quaisquer dividendos políticos. Creio que o seu comportamento demonstrado durante a campanha não contribuiu para alargar a base eleitoral de apoio ao PS, antes pelo contrário.

2.
A experiência mostra que, em referendos e eleições europeias, a uma pergunta feita sobre alhos, o eleitorado responde em geral sobre bugalhos. Isso não acontece somente em Portugal, ocorre em maior ou menor escala por todos os outros estados nacionais. Dou um exemplo . Interrogado o eleitorado irlandês sobre o que achava do Tratado de Lisboa, ele respondeu o que é que achava sobre o governo irlandês. O mesmo acontecera já nos referendos realizados em França e na Holanda.
Conhecedores desta propensão ( inevitável?...) os dirigentes políticos efectivamente interessados no desenvolvimento do projecto europeu, deviam dar o exemplo e fazer pedagogia . E não se porem a discutir alhos quando o que está em causa são bogalhos, como em geral aconteceu na campanha eleitoral ontem encerrada.

3.
Amanhã, vou estar menos interessado em conhecer os resultados eleitorais em Portugal, e mais, isso sim, os do Reino Unido. Estes sim, podem vir a influenciar, agravando-os, os problemas e as dificuldades da União Europeia nos próximos tempos. Em especial pelo impacto que poderão vir a ter na sorte do Tratado de Lisboa.
Uma derrota estrondosa dos trabalhistas, como se teme, pode levar a eleições e à chegada ao poder dos conservadores. Estes já anunciaram que poderão rever a posição do Reino Unido sobre o Tratado de Lisboa, e porventura submetê-lo a referendo. Realizando-se este, com o clima social actualmente provocado pela crise económica, o eleitorado britânico votará não, quase de certeza.
Sem Tratado de Lisboa, e sem entrarem em vigor os novos mecanismos nele previstos para
os processos decisórios da União Europeia, esta pode tornar-se praticamente ingovernável com 27 Estados membros. A prazo, poderia vir a acontecer a sua desintegração. Ficaríamos nós, europeus, mais felizes e prósperos, nos tempos dificeis que ainda hão-de vir?

sexta-feira, junho 05, 2009

A FIGUEIRA DA FOZ E A ANALISE POLITICA DA D. CELESTE

Fui anteontem à Figueira da Foz por uma auto-estrada deserta. Literalmente deserta : um camião ou outro, uma dezena de automóveis, mais nada. A auto-estrada, claro, vai mudando de nome.
(…)
(…) começa quase à minha porta, em Lisboa, e só pára em Aveiro. É quase paralela à velha A1 do prof. Cavaco e parece que nasceu da exuberante cabeça do eng.Guterres ( quem senão ele?) e que este Governo construiu o pouco que faltava.
A ideia de uma auto-estrada, por assim dizer, suplementar ou concorrente – uma ideia de gente rica ou de gente pródiga - , não deve ser comum. Na Figueira, essa extravagância vem sempre à conversa ( à frente de estranhos) entre o desdém pelos poderes que misteriosamente a conceberam e o habitual desconsolo com disparates de Lisboa e da Pátria.
A Figueira, apesar de um debate público entre Paulo Rangel e Vital Moreira, não está muito interessada no ruído a que por aí se chama “eleições” para a “Europa”.
Segundo percebi no restaurante da D. Celeste, uma PSD e “santanista" ferrenha, as pessoas só se importam com as locais, que terão em principio cinco listas de grupos que historicamente não se estimam.
(…)
Comendo as primeiras sardinhas do ano, achei a Figueira típica do país : melancólica, desiludida e sem esperança. Que lhe pode trazer um novo regime : uma terceira auto-estrada ?
(Vasco Pulido Valente in PUBLICO de hoje)

quinta-feira, junho 04, 2009

DO ALGARVE À FINLÂNDIA
" Nós europeus", "Mais Europa", "Europa connosco", " O partido da Europa" etc. etc. (...)
Em Portugal o célebre " Do Minho a Timor" deu lugar a uma espécie "Do Algarve à Finlândia".
( Helena Matos, in PUBLICO de hoje)

MATIZ LIBERAL...

Relatando um encontro que Ataide das Neves , juiz com funções suspensas por uns meses, e candidato pelo PS à Câmara da Figueira, teve ontem com jornalistas, noticia hoje o Diario de Coimbra :

Afirmando-se como «europeísta localizado no centro esquerda e de matiz liberal», Ataíde das Neves - que pensou «que o PS estivesse mais unido»(...) .

Desde logo confesso que começo por ficar confundido. No léxico político habitual, que raio de definição algo contraditória será essa de alguém estar “ no centro esquerda e de matiz liberal “?. Já agora, quererá também significar “neo-liberal” ?...
Concedo que para uma candidatura a um orgão autárquico, isso não importe muito. Em todo o caso, se alguém quer e entende ser necessário definir-se publicamente em termos ideológicos (e continuo a achar que um juiz, mesmo suspenso, não o deveria fazer - Nota) conviria ser muito mais claro e não vir com fórmulas semelhantes à daquele que foi a um bar e pediu “um copo de água ligeiramente seca”.

Nota
Nunca o deveria fazer, publicamente, entenda-se. É parte dos custos da missão social que abraçou de livre vontade e para o qual foi escolhido ; outros benefícios terá para os compensar . Na intimidade da sua consciência, poderá localizar-se e definir-se conforme entender essa mesma consciência.
Além disso, não estou a ver como é que o actual candidato, quando voltar a ser juiz, vai poder retirar o rótulo, ainda que muito ilegível, que em si próprio colocou. Em Portugal, juizes de esquerda, ou de direita , assim mesmo definidos e considerados pela opinião pública e pelos media, só tínhamos, até agora, no Tribunal Constitucional . Com as coisas como estão na Justiça (leia-se sistema judicial) iremos porventura passar a ter também, cada vez mais, nos outros tribunais.

terça-feira, junho 02, 2009

O ESTADO COMATOSO DA JUSTIÇA

Com os vários sectores da Justiça ( leia-se sistema judicial) a degladiarem-se entre si e com poder político-partidário, é aterrador verificar o estado comatoso da Justiça a que chegamos.
Se
esta notícia for verdadeira, falhei estrondosamente na minha avaliação sobre a sensatez e o sentido de Estado do Conselho Superior da Magistratura.
Não se venham a queixar, depois, os titulares dos orgãos de soberania que são os tribunais, ou seja os juizes, os actores mais importantes do sistema judicial, que o poder politico-partidário interfere no poder judicial, ou que a imagem da Justiça está de rastos na opinião pública. Não venha depois o PS acusar que, em muitos casos, os magistrados e os juizes fazem política e intervêm na vida politico-partidária. Ambos terão o que parecem merecer. O pior é que nós, os cidadãos da República Portuguesa, não o merecemos, mas por ele viremos a pagar.

OS DOIS PARTIDOS FIGUEIRENSES QUE SE CUIDEM....

Já aqui o declarei, em post anterior . A candidatura de Daniel Santos à Câmara Municipal da Figueira da Foz, anunciada como independente no plano politico-partidário, pelo simples facto de o ser, tem e teve à partida o meu aplauso.
Enquanto prestador desse aplauso, ou seja na mera qualidade de aplaudente, naquele quadro e por aquele efeito, estive presente na apresentação da candidatura por si encabeçada. Foi hoje, às 19:15, no salão nobre da Assembleia Figueirense.
Salão cheio, surpreendentemente cheio. A surpresa terá sido mesmo do próprio candidato. Estariam presentes entre centena e meia a duas centenas de pessoas. O ambiente era de entusiasmo, talvez num registo excessivamente exaltante, gerador de perigosas expectativas. Mas era de manifesta mobilização política. Que esta possa servir para quebrar o oligopólio dos partidos politicos na intervenção cívica e política é, por si só, uma coisa positiva.
Os dois partidos que, durante o último quartel, têm protagonizado a vida política autárquica figueirense, que se cuidem. Nos planos nacional e local, os próximos tempos vão ser tempos de braza...

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