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sábado, junho 06, 2009

REFLEXÕES EM DIA DE REFLEXÃO

1.
Sobre a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, pode ler-se hoje no EXPRESSO :

A UE foi nota de rodapé numa campanha que não evitou a política nacional.

Acho que a campanha não só evitou como, em excessiva escala, se centrou sobre as habituais chicanas políticas da vida nacional. Deve reconhecer-se que quem desde logo puxou o debate da campanha para o tal rodapé foi Paulo Rangel . Aproveitando os seus inegáveis dotes tribunícios, em registo de desafio e de alguma demagogia, deve também dizer-se. Mas não só. A comunicação social, sempre ávida de tricas e de polémicas chunga que façam noticia e sobretudo títulos de primeira página, também deu um relevante contributo.
Dou um exemplo. Logo no debate que houve há dias entre Vital Moreira e Paulo Rangel no Casino da Figueira da Foz, Fátima Campos Ferreira não escolheu melhor maneira de iniciar a discussão do que trazer para a mesma a questão do procurador Lopes da Mota e das pressões que alegadamente terá feito junto de colegas de mister. Na oportunidade, chamei a atenção de que havido sido anunciado um debate sobre a Europa e o Parlamento Europeu, e de que ali se estava a começar por discutir “ mercearia política”. O que parece ter enxofrado muito a D. Fátima.
Ao longo da campanha, o debate foi descambando para o nível da “politiquice”. O candidato Vital Moreira não resistiu ao desafio e à tentação. Desprovido de qualquer bonomia democrática, e embalado pela sua já atávica arrogância, resolveu usar de chicana pura e dura, ao trazer à colação uma insinuada relação entre o escandaloso caso BPN e o PSD. Sem da manobra recolher quaisquer dividendos políticos. Creio que o seu comportamento demonstrado durante a campanha não contribuiu para alargar a base eleitoral de apoio ao PS, antes pelo contrário.

2.
A experiência mostra que, em referendos e eleições europeias, a uma pergunta feita sobre alhos, o eleitorado responde em geral sobre bugalhos. Isso não acontece somente em Portugal, ocorre em maior ou menor escala por todos os outros estados nacionais. Dou um exemplo . Interrogado o eleitorado irlandês sobre o que achava do Tratado de Lisboa, ele respondeu o que é que achava sobre o governo irlandês. O mesmo acontecera já nos referendos realizados em França e na Holanda.
Conhecedores desta propensão ( inevitável?...) os dirigentes políticos efectivamente interessados no desenvolvimento do projecto europeu, deviam dar o exemplo e fazer pedagogia . E não se porem a discutir alhos quando o que está em causa são bogalhos, como em geral aconteceu na campanha eleitoral ontem encerrada.

3.
Amanhã, vou estar menos interessado em conhecer os resultados eleitorais em Portugal, e mais, isso sim, os do Reino Unido. Estes sim, podem vir a influenciar, agravando-os, os problemas e as dificuldades da União Europeia nos próximos tempos. Em especial pelo impacto que poderão vir a ter na sorte do Tratado de Lisboa.
Uma derrota estrondosa dos trabalhistas, como se teme, pode levar a eleições e à chegada ao poder dos conservadores. Estes já anunciaram que poderão rever a posição do Reino Unido sobre o Tratado de Lisboa, e porventura submetê-lo a referendo. Realizando-se este, com o clima social actualmente provocado pela crise económica, o eleitorado britânico votará não, quase de certeza.
Sem Tratado de Lisboa, e sem entrarem em vigor os novos mecanismos nele previstos para
os processos decisórios da União Europeia, esta pode tornar-se praticamente ingovernável com 27 Estados membros. A prazo, poderia vir a acontecer a sua desintegração. Ficaríamos nós, europeus, mais felizes e prósperos, nos tempos dificeis que ainda hão-de vir?

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