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quarta-feira, janeiro 25, 2006

CONFIANÇAS E DESCONFIANÇAS

Na vida política da Figueira da Foz passam-se por vezes coisas bastante patuscas.
O Presidente da Câmara Municipal não tem confiança no seu ex-Vice Presidente, e homem forte do aparelho local do PSD, Pereira Coelho.
Este retribui, e não tem confiança nem no Presidente da Câmara, nem no restante executivo municipal, que é também do PSD.
Por sua vez, o Presidente da Comissão Concelhia do PSD, igualmente vereador do executivo municipal liderado pelo Presidente da Cãmara ( o qual não confia em Pereira Coelho) declara à comunicação social que " mantemos a confiança tanto no executivo do Engº Duarte Silva", de que faz parte, "como no dr. Paulo Pereira Coelho ".
O leitor fica confuso?
Deixe lá que não será o único.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

QUE VÓMITO!...
o causado por este postal de Vital Moreira!....

REFLEXÕES DO DIA SEGUINTE (3)

Ainda da análise Director do PUBLICO, na edição de hoje:

“(...) não percebeu a tempo que este já não era o seu tempo e não quis ouvir os que o avisaram disse. Mostrou ser um grande combatente - e com isso paradoxalmente também mostrou como o país desejava algo difrente.
Honra-se o lutador, mas acrescenta-se que também foi triste assistir a alguns episódios que protagonizou. Ao querer ser “o político”, não percebeu que já lhe faltava o instinto, o timing e, pasme-se, a empatia. “

texto que importará cruzar com uma análise feita por Pacheco Pereira antes do acto eleitoral, que o Quinto Poder reproduziu há dias e que pode ser lido aqui :

SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS COM CHURCHILL
Estou inteiramente de acordo com o teor do último parágrafo do artigo de opinião de Pacheco Pereira do PUBLICO de ontem, que a seguir transcrevo :
Soares vai sair mal destas eleições. Mais do que uma dúvida, parece-me uma quase certeza.
Soares está a fazer tudo para sair muito mal de uma eventual derrota eleitoral. Está a conduzir uma campanha agressiva, ressabiada, sem dimensão de qualquer tipo, nem de Estado, nem política, nem pessoal.
Se perder, será uma derrota entendida como humilhante, que ensombrará o fim da sua carreira política.
Mas, a prazo, talvez a derrota que parecerá humilhante agora, possa vir a dar uma dimensão trágica á sua vida política.
Como Churchill, Soares concorreu à eleição fatal que o fará passar à história com uma imagem de perda e não de glória.
No entanto, como Churchill, a prazo, é o seu perfil de político compulsivo, de “animal político” que ganhará uma luz mais humana, mais apaziguada e compreensiva.
Os seus muitos defeitos, o muito de negativo que indubitavelmente mostra nesta campanha será episódico, face à imagem que entrará na história, onde ele tem um lugar garantido.
Porque esta campanha eleitoral é o fim da carreira política de Mário Soares com uma dimensão de inevitabilidade que nenhum sonoro ( e falso) “basta” teria capacidade para dar.

REFLEXÕES DO DIA SEGUINTE (2)

Da análise do Director do PUBLICO, na edição de hoje:

“(...) No seu discurso de vitória disse o que devia ser dito. Sem falhas. Sem sinais de emoção que por certo sentia. Com o mesmo profissionalismo demonstrado ao longo da campanha.
E fê-lo em particular sintonia com o que, minutos antes, dissera o primeiro-ministro, José Sócrates, mas com uma grande diferença : enquanto ao sobrepor o seu discurso ao de Manuel Alegre, afastando-o dos directos televisivos, Sócrates deixou vir ao de cima o lado mais sombrio do seu carácter e cedeu ao tipo de manobra baixa que não dignifica os políticos, Cavaco falou como Presidente, na pose de Presidente, num cenário presidencial.(...)

REFLEXÕES DO DIA SEGUINTE (1)

Tudo aponta para que, passo a passo, José Sócrates vai ordenando, reformando e modernizando o campo da esquerda democrática.
Talvez daqui a uns tempos possamos contar com um Partido Socialista mais ao modelo anglo-saxónico e escandinavo, e menos ao jeito afrancesado, e muito retórico, dos europeus latinos.
Arrumou há tempos Manuel Carrilho e João Soares . Baldeou agora parte importante da tribo do socialismo jacobino, ou seja o soarismo, de que fazem parte vultos como Vítor Ramalho ou Almeida Santos.
Falta ainda livrar-se de vez da rede macaísta ( de Macau... ), tipo Jorge Coelho e seus muchachos e muchachas.
Pretendia também desfazer-se do socialismo sonhador e proclamatório de Manuel Alegre.
Não o conseguiu, de todo. Talvez não devesse.
Ao fim e ao cabo, a área da esquerda democrática necessita sempre de algum sonho.
E este, quanto baste, cabe sempre nela, exactamente por ser democrática.

domingo, janeiro 22, 2006

UM DESEJO E UM VOTO

Como nesta noite eleitoral sublinhou José Sócrates, depois de 3 eleições em 11 meses, nos próximos 3 anos e meio não haverá lutas eleitorais em Portugal.
Terão de ser 3 anos e meio a aproveitar, inexoravelmente, para a indispensável chicotada psicológica que Portugal e os portugueses necessitam para vencerem a crise social e económica.
Quase me atreveria em falar na necessidade de uma revolução cultural. A levar a cabo em curto período, pois a história não pode esperar.
O tandem a que o QuintoPoder já se referiu, pedalado em conjunto por Cavaco Silva e José Sócrates tem de funcionar, tem marchar em frente.
Ninguém no futuro perdoará se esta oportunidade for perdida.
Estou seguro que Cavaco Silva e José Sócrates compartilham também desse entendimento.

sábado, janeiro 21, 2006

QUE SECA DE SILÊNCIO...

E de repente, veio finalmente o silêncio.
Acabaram-se as horas e horas seguidas de emissões de rádio e de televisão dedicadas a mostrar os candidatos no meio de multidões, beijando velhinhas e criancinhas, berrando do cima de um púlpito, fazendo as inevitáveis e sempre iguais declarações para a chusma de câmaras e de microfones chegados quase aos queixos dos candidatos .
Hoje de manhã, as notícias difundidas de meia em meia hora eram sobre a pipa de massa do euromilhões, sobre a vitória do Benfica, sobre o Beto que afinal sempre vai sair do Sporting e sobre o professor José Tavares desmentindo o ministro Gago no assunto do MIT...
Nem novidades ou casos políticos havia para ler no Expresso, neste sábado!...
Que seca...

DA VIDA DISSOLUTA À SANTIDADE

Só agora tive oportunidade de ler as actas das 2 últimas sessões de 2005 da Câmara Municipal da Figueira.
Na de 22 de Dezembro, depois de alguma discussão, foi aprovado realizar a revisão de nada mais nada menos que 23 Protocolos celebrados entre a Câmara Municipal e várias colectividades do Concelho, envolvendo todos eles, claro está, responsabilidades financeiras mais ou menos vultuosas para os cofres municipais
Achei muito curiosa uma comparação feita nessa sessão pelo Vereador António Tavares , intervindo a propósito da nova e surpreendente postura de rigor financeiro e de contenção de gastos do Presidente e dos Vereadores Executivos , expressa com particular fundamentalismo por parte do vereador Pereira Coelho .
Transcrevo parte dessa intervenção :

“ (...) Disse que o Executivo lhe fazia lembrar um pouco a Santa Teresa de Ávila que, durante muitos anos levou uma vida dissoluta e que depois se decidiu penitenciar, e tanto se penitenciou e sacrificou que chegou a Santa.
Portanto, depois deste Executivo ter levado a vida que levou, vai finalmente encetar a vida da virtude que certamente os conduzirá à santidade.
Acrescentou que estão disponíveis a colaborar nessa lavagem de alma, apoiando-os nesse caminho que agora querem, que não é tortuoso, antes pelo contrário é um caminho virtuoso.
Não é difícil mas, como o Vereador sabe, a Via Sacra, a via em que Cristo se penitenciou, também se chamou a “Via da Paixão”, e se forem pela via da paixão é certamente uma forma de alcançarem essa ascese ( ...) .

sexta-feira, janeiro 20, 2006

DECLARAÇÃO DE VOTO (2)

A declaração de voto do QuintoPoder, propriamente dita, já fora explicitamente indicada num postal do dia 8 de Fevereiro de 2005 , vai quase um ano passado. Lembro que as eleições legislativas que deram a vitória a José Sócrates foram a 20 de Fevereiro .
Pode ser lida aqui, e reproduzo a seguir a sua parte essencial :

UM TANDEM NO TOPO DO ESTADO ?...
Um possível cenário de José Sócrates como 1º Ministro e Cavaco Silva como Presidente da República será, em minha opinião, uma luz de esperança no ambiente sombrio, toldado de pessimismos e de medos, que actualmente parece ter-se instalado nos espíritos de muitos portugueses.
Digo-o com sinceridade e sem complexos de esquerda : Cavaco Silva e José Sócrates fariam juntos um bom tandem no topo do Estado.
O qual tornaria menos difícil a gestão política dos difíceis tempos que se avizinham, e viabilizaria a realização das reformas que é imperioso levar a cabo.
Não se trata de "bloco central". O PSD permaneceria e deveria permanecer na oposição.Manter-se-ia aquele princípio de que o povo português não gosta de "colocar os ovos todos no mesmo cesto".
No plano ideológico, não há praticamente diferença substantiva entre um e outro.Cavaco Silva é reconhecidamente um “neo-keynesiano” ( Mário Soares dixit...) e José Sócrates não esconde pretender emular Tony Blair.
São ambos políticos racionais, algo frios, determinados e obstinados ( quiçá às vezes até com alguma dose de exagero...), resistentes a ceder a emoções. Não são instáveis, irreflectidos, emocionais, erráticos e imprevisíveis como Santana Lopes.
Cavaco Silva tem uma preciosa experiência política, um indesmentível sentido de Estado.
Já demonstrou independência e desinteresse relativamente à eventual retoma da vida partidária propriamente dita.
A sua presença junto de José Sócrates como 1º Ministro, a colaboração e a co-responsabilização entre os dois , seriam factores de estabilidade e ao mesmo de incitamento para que as reformas necessárias sejam levadas à prática pelo governo do PS.

Cavaco Silva poderia, com sucesso, desempenhar o papel daquilo que em inglês se designa por “coacher” . Alguma coisa entre o treinador e o conselheiro.
Uma simples maioria relativa do PS, não proporcionará todavia condições para um cenário como o descrito.
Em tal caso, Santana Lopes cantaria vitória, iria agarrar-se ao poder dentro do PSD, e este não seria saneado da deriva populista que o descaracteriza e o descaracterizaria ainda mais .
Cavaco Silva recearia então que não houvesse um mínimo de estabilidade, para poder intervir eficazmente.E talvez não avançasse com a sua candidatura.

Dois esclarecimentos adicionais:
Um tandem é uma bicicleta para duas pessoas. Só se mantém em pé se ambas se equilibrarem bem em cima dela. E só anda depressa se ambas derem ao pedal com igual força e determinação.

“Keynesiano” é uma palavra derivada de Keynes.
John Maynard Keynes foi um eminente economista inglês dos anos 30 e 40 do século XX, inspirador do “new deal” de Roosevelt, nos Estados Unidos, e do trabalhismo britânico do após guerra.
Keynes advogava uma política de intervencionismo do Estado visando mitigar os efeitos das ondas de recessão e expansão económicas, através de medidas fiscais e monetárias .
Foi isso o que Cavaco Silva quis dizer quando, na fase terminal do guterrismo, escreveu que era precisamente em tempo de recessão que o Estado devia gastar mais. Só que para gastar mais, precisava de ter antes amealhado. E foi isso o que o guterrismo não fez nos tempos de “vacas gordas”.
O prefixo “neo” serve para indicar a introdução de algumas correcções ao modelo inicial do “keynesianismo” , decorrentes de lições da história e da experiência entretanto adquirida, e de alterações impostas por novos paradigmas sociais, culturais e tecnológicos.

DECLARAÇÃO DE VOTO (1)
Esta , com a qual o QuintoPoder se identifica quase integralmente, é do blogue Bloguitica, que o QuintoPoder considera um blogue de referência.
O mesmo deverá acontecer, presumo, com muitos milhares de eleitores que nas eleições legislativas de Fevereiro de 2005 deram a vitória ao Partido Socialista liderado por José Sócrates, fazendo deste Primeiro Ministro.
Primeiro Ministro de um Governo ao qual se tem reconhecer uma acção governativa corajosa e determinada. Na qualidade do seu desempenho, a muitas e muitas milhas de distância do modelo gelatinoso do guterrismo.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

CAMPANHA ELEITORAL NUMA FONA

Tomei conhecimento, pela imprensa, do programa organizado pelo MASP3 para as visitas de Maria Barroso, esposa do candidato Mário Soares, nos dias de hoje e de amanhã, pelo distrito de Coimbra.
Num breve aparte, devo confessar que, como já sou velho, isto me faz lembrar um pouco as meritórias e patrióticas actividades do saudoso Movimento Nacional Feminino, dos idos dos anos sessenta.

O ritmo das visitas é verdadeiramente alucinante, digno de figurar no Guiness.
A pobre senhora vai ter de andar numa fona, decerto viajando de helicóptero a jacto entre as instituições em que vai fazer campanha eleitoral ; dentro daquelas , as visitas terão de se fazer ou de patins ou de trotinete.
Vejamos por exemplo hoje, 5ª feira:

10:00 – Visita à Liga dos Amigos dos Hospitais da UC
10:30 – Visita à unidade de Saúde de Coimbra “Fernão Mendes Pinto”
11:00 – Visita ao Centro comunitário de acolhimento de mulheres em risco
11:30 – Visita à Cozinha Económica
12:30 – Visita à Casa dos Pobres
13:00 – Visita à Associação Integrar-Casa Aninhas

Às 13:30, a pobre senhora bem deve precisar de descansar um pouco, coitada.

Tem por isso previsto um almoço das 13:30 até às 16:00 . Bem merecido, para retemperar forças.
Porque logo a seguir, terá mais 4 visitas. Menos mau que agora sejam intervaladas de uma hora entre cada uma, e não dos brevíssimos 30 minutos da manhã.


Uma delas, será ao Sr. Bispo, no paço Episcopal.
O programa faz questão de sublinhar , num assomo de leve pudor, que é uma visita “sem comunicação social” , não fosse esta esquecer-se que a sua presença era esperada, sugerida, desejada, se não mesmo exigida, em todas as outras visitas deste glorioso dia.

Mas o dia de amanhã, 6ª feira será ainda mais alucinante. Trata-se não só de visitas na cidade de Coimbra, mas sim em todo o distrito de Coimbra, num programa incluindo Penacova, Arganil, Poiares, Gois, Pampilhosa da Serra, Penela, Miranda do Corvo e Condeixa. Assim uma espécie de Rally do Vinho do Porto por estradas mais ou menos bem pavimentadas, embora com muitas curvas.
Logo às 10.00 horas, visitará, em Penacova, a Fundação Mário Brito. Viaja logo depois para Arganil, onde às 10:45 inicia uma visita à Santa Casa da Misericórdia.

Terminada esta, outra a espera às 12:00 a um Lar e Hospital em Poiares. Entre entrar e sair, não poderá demorar mais que 10 minutos, pois logo a seguir, meia hora depois, tem um almoço em Gois com IPSS’s do distrito, com outra visita a um Centro Social.
Pouco tempo terá mais que o suficiente para comer um bolo de bacalhau e um croquete, pois às 15:00 já terá de estar em Pampilhosa da Serra, para uma visita ao Lar da Misericórdia.


E depois, pela tarde fora, terá ainda :
16:00 – Visita ao Lar da Santa Casa da Misericórdia em Penela
16:30 – Visita a um Lar em Espinhal
16:45 ( 15 minutos depois!!!...) – Visita à ADFP em Mirando do Corvo
17:15 – Visita ao Lar da Misericórdia em Condeixa.


Ao fim do dia, a pobre senhora deverá estar mesmo arrasada.
E ainda há quem diga que os políticos não fazem nenhum e que só têm é boa vida!
Felizmente que sábado é dia de descanso. Dizem que de reflexão, também.
Pois que a todos preste, inclusive à esposa do candidato.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

DESTAQUE

para este interessante postal do blogue Hardblog :

Geração rasca
Sei de rapaziada, uns inconscientes com certeza, a quem já podemos chamar de trintões, que pela primeira vez na vida vai votar com toda a convicção.
Por uma vez não é o voto de protesto, não é um voto no mal menor.
É o voto que foram desejando protagonizar à medida que iam crescendo com O Independente religiosamente às sextas-feiras sobre a mesa do café com o respectivo baldanço à aula de geografia do 10ºano.
Entre os primeiros cigarros e as últimas tacadas de snooker viveram um tempos que os marcou. Foram a primeira geração que viveu a democracia plena. Normalizada. Que ainda se lembravam das discussões domésticas sobre a escalada vertiginosa das taxas de juro e a necessária intervenção do FMI, ao tempo do Bloco Central, (a que nunca acharam muita graça pois diminuía os níveis de pancadaria na classe).
Lia-se Miguel Esteves Cardoso e achava-se piada às coisas do eixo Manchester-Guincho-Carrazeda de Ansiães.
Paulo Portas fazia estragos no governo, tratava do acessório enquanto o essencial era a descida da inflação e o acesso à “Europa”.
Vasco Pulido Valente cilindrava a Picareta Falante.
Os primeiros rasgos de modernidade, os BMW’s do Fundo Social Europeu, as primeiras mamas na televisão nacional e o fim dos inenarráveis programas culturais da matinèes televisivas. Gente para quem o suplemento Olá do Semanário era leitura de sanita. E a revista Bravo trazia o último som do mundo desenvolvida - e os respectivos posters. Que daí a pouco tempo descobriria os Smiths e o New Musical Express.
Há uma geração que nunca ficou entusiasmada com o Guterres - a Picareta Falante - não mais que uma emanação de um conspirativo sótão de Algés.
Para quem Marques Mendes mais não era (é) que um apagado oportunista sem rasgo e membro do Grupo da Sueca. Gente que se riu às lágrimas pelas lágrimas sulistas-elitistas-e-liberais do Menezes em pleno Coliseu.
Gente que ainda se ria com as Noites da Má Língua, (que parva aquela Rita Blanco). Que conheceu a Europa pelo inter-rail e viu a primeira MTV e que um dia até achou que a Catarina Furtado era uma bonita rapariga.
Gente que acompanhou José Rodrigues dos Santos nos voos cirúrgicos dos F-16 em Fevereiro de 1991 no início da primeira Guerra do Golfo. E nos dias seguintes nas páginas do Público. Gente que ficou emocionada com o a queda do muro de Berlim e para quem o vai-e-vém lançado da Florida era o futuro hoje. E que até concordou com o Vicente Jorge Silva que os chamou Geração Rasca.
Gente a quem diziam que os propósitos eleitorais e intenções de voto se manifestava dentro de uma parcela populacional mais rural do que urbana, mais rústica que sofisticada.
Gente que jamais compraria um automóvel aos Jorges Coelhos, aos Santanas, aos Torres Couto. Gente que ainda hoje não percebe porque é que os supermercados fecham ao Domingo.
Gente, como este que abaixo assina, que vai votar no Aníbal.E há os outros, claro, os que baixaram as calças numa manifestação anti-PGA.
É a pré-história da democracia. E a história de algumas vidas

O DIA SEGUINTE

Será talvez já altura para começar a pensar no dia seguinte, no quadro do processo eleitoral ainda em curso. Portugal não parará para balanço, na próxima segunda feira.
Três pistas para esse efeito : esta , esta e esta

O FUNDAMENTALISMO DOS RECEM CONVERTIDOS

Correndo embora o risco de parecer presunçoso, o Quinto Poder acha por bem recordar haver já previsto o que poderia vir a acontecer quando, num postal de há 2 meses, escreveu o seguinte, a propósito da surpreendente reencarnação de Pereira Coelho na sua nova personagem de político ressabiadamente apostado no rigor financeiro e na contenção das despesas municipais.

(...)
Abri então a boca de espanto ao ler declarações do Vice-Presidente da Câmara Pereira Coelho (...) tais como : “é de cima que deve vir o exemplo “ e “ enquanto eu estiver na Câmara, os cortes são a valer, doa a quem doer”.
Verdadeiramente estupefacto e comovido fico com a súbita conversão de Pereira Coelho a tais simplórias “preocupações economicistas”, e a tais princípios de contenção e de gestão financeira de dinheiros públicos.
(...)
As conversões e os actos de arrependimento são sempre de saudar com cristã paciência e caridosa compreensão.
Manda todavia a prudência duvidar um pouco da fé dos cristãos-novos e dos recem convertidos.
Para melhor se afirmarem, e para mais facilmente ser branqueado o seu passado, com muita frequência resvalam desse novo estado de alma para o de zelotas fundamentalistas e obstinados.

Aqui poderá ler-se o postal na íntegra.

Pois dois meses volvidos, aí o temos feito um assumido zelota fundamentalista.
Na última sessão camarária, mostrou discordância e quase votava contra ( não fora estar distraido...) uma proposta para isentar de taxas, no valor de 19 mil Euros, a Misericórdia-Obra da Figueira.
Já não se tratava de discordar de um subsídio proveniente dos cofres municipais para aquela Instituição de Solidariedade Social, como muitos dos que têm sido concedidos a actividades de tamanho interesse social como concertos rock ou deslocações de ranchos folclóricos ao Brasil (Nota) .
Tratava-se tão somente de reconhecer à Misericórdia o direito inalienável que lhe cabe , pelo seu estatuto e papel no tecido social figueirense, de ser isentada de taxas, à semelhança das centenas de casos em que tal tem acontecido (como prevê o próprio Regulamento), e de não ser tratada de forma discriminatória relativamente a um qualquer clube de futebol ou a uma qualquer organização de moto cross.
Direito que Pereira Coelho parece não reconhecer, vestida que agora tem a nova pele de "ayatola" estrénuo defensor do rigor financeiro.
A não ser que, como suspeito, tenha escolhido a Misericórdia como primeiro alvo desta sua nova sanha, por outras razões, que não propriamente decorrentes do significado da isenção ou do valor dela.

Nota :
A Misericórdia-Obra da Figueira vai ter em execução durante o corrente ano um programa de investimentos em novas infra-estruturas dedicadas ao exercício do papel de apoio social a quem dele necessita.
Salvaguardadas as mais que devidas proporções, mandará o mais elementar critério de justiça que receba do Município um apoio financeiro da mesma escala da que o mesmo Município antes concedeu a outras instituições de índole semelhante existentes na Figueira da Foz.

SEM PIO DURANTE UNS DIAS...

Primeiro foi uma ausência da Figueira da Foz, por paragens não muito longínquas mas onde era muito difícil o acesso cibernáutico ; depois uma arreliadora gripe que sempre causa alguma prostração .
O Quinto Poder ficou assim sem pio durante mais de uma semana.
Mas não foi ainda desta que perdi de vez a pachorra de escrevinhar umas dicas e de mandar umas bocas de vez em quando.

sábado, janeiro 07, 2006

PEQUENOS SINAIS DE MELHORIA

Há uns dias tive de registar uma viatura automóvel em meu nome.
Para o efeito, dirigi-me à Conservatória de Registo Automóvel na Figueira da Foz, já na posse do documento de transacção com a identificação e assinatura das duas partes.
Foi no dia 12 de Dezembro de 2005.
Entreguei os dois documentos antigos de identificação da viatura : título de registo de propriedade e livrete.
Não houve necessidade de preencher mais nenhum impresso. Apenas tive de passar um cheque no valor de 63 euros, de que uma funcionária, devidamente identificada, me passou rapidamente uma guia comprovativa.
A minha assinatura foi expeditamente reconhecida por simples apresentação do bilhete de identidade.
Título de registo e livrete antigos foram agrafados juntos num “ certificado provisório”.
Depois, fui informado que o novo “documento único” seria directamente enviado para minha casa.
Recebi-o no correio de hoje.
No total, e incluindo o transito pelo correio postal, todo o processo demorou 24 dias.
Um desempenho nada mau, se atendermos a que pelo meio se meteu o período das festas e dos feriados de Natal e Ano Novo.
Deve sem dúvida ser possível fazer melhor, isto é, em menos tempo.
Importa que os serviços competentes sejam incentivados e responsabilizados para atingirem esse objectivo.
Mas, para já, registe-se e louve-se a melhoria relativamente ao que sucedia antes.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS COM CHURCHILL

Estou inteiramente de acordo com o teor do último parágrafo do artigo de opinião de Pacheco Pereira do PUBLICO de ontem, que a seguir transcrevo :

Soares vai sair mal destas eleições. Mais do que uma dúvida, parece-me uma quase certeza.
Soares está a fazer tudo para sair muito mal de uma eventual derrota eleitoral. Está a conduzir uma campanha agressiva, ressabiada, sem dimensão de qualquer tipo, nem de Estado, nem política, nem pessoal. Se perder, será uma derrota entendida como humilhante, que ensombrará o fim da sua carreira política.
Mas, a prazo, talvez a derrota que parecerá humilhante agora, possa vir a dar uma dimensão trágica á sua vida política.
Como Churchill, Soares concorreu à eleição fatal que o fará passar à história com uma imagem de perda e não de glória.
No entanto, como Churchill, a prazo, é o seu perfil de político compulsivo, de “animal político” que ganhará uma luz mais humana, mais apaziguada e compreensiva.
Os seus muitos defeitos, o muito de negativo que indubitavelmente mostra nesta campanha será episódico, face à imagem que entrará na história, onde ele tem um lugar garantido.
Porque esta campanha eleitoral é o fim da carreira política de Mário Soares com uma dimensão de inevitabilidade que nenhum sonoro ( e falso) “basta” teria capacidade para dar.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

TELHADOS DE VIDRO

Mário Soares faz mal em trazer para debate e discussão questões sobre financiamentos e financiadores.
Nessa delicada matéria, tem conhecidos telhados de vidro.
Suportados em vigas, traves e barrotes como Macau, Emaudio, Stanley Ho, Ilídio Pinho, ou Fernanda Pires da Silva, só para citar alguns exemplos.

ESSENCIAL OU ACESSÓRIO ?

E por falar em polémicas, no postal anterior.

Pedrosa Russo, num postal do Club Privado, parece desvalorizar por completo a importância de uma responsável e rigorosa gestão orçamental, bem como de um equilibrado e são estado das finanças municipais, para a correcta avaliação da bondade da acção política municipal.
Considerada somente a sua qualidade de ilustre causídico, tal não seria grave.

Sucede porém que Pedrosa Russo é também membro influente da Assembleia Municipal.
E nessa qualidade, a referida desvalorização reveste-se, a meu ver, de bastante gravidade.
Como já tenho repetidamente sublinhado, um orçamento municipal fantasioso, com receitas muito sobre estimadas, é meio caminho andado ( se não mesmo o caminho inteiro) para o descontrolo das finanças e da tesouraria municipais. A prazo, da sua própria ruptura.

A uma Câmara Municipal que se queira reclamar de uma cultura de rigor e exigência, de que costuma falar Cavaco Silva, cumpre preparar orçamentos e realizar execuções orçamentais com uma visão de médio-longo prazo, com sentido de responsabilidade, e sentido das proporções. E resistindo o mais possível a tentações eleitoralistas.
Não se trata obviamente de um fim, mas tão só de um instrumento.
É uma condição necessária a uma acção política frutuosa, embora não suficiente.
E não nos servirá de nenhum consolo saber que não haja nenhuma “Câmara Municipal em Portugal com a sua situação financeira em bom estado”. Com o mal dos outros podemos nós bem, como diz a sabedoria popular.

Claro que é muito importante também discutir e discorrer sobre as opções ou sobre as estratégias, como agora é moda dizer. Em Portugal e na Figueira da Foz temos porém estratégias a mais, e realizações a menos.

De resto, para responder às legítimas preocupações de Pedrosa Russo, quando interroga :

Que pensam disto comerciantes, pequenos empresários e fornecedores de serviços do nosso concelho ?

convirá recordar que as Câmaras Municipais têm um excelente meio para dinamizar o tecido económico local, e contribuir para o reforço da capacidade competitiva dos seus agentes.
É pagar-lhes a tempo, dentro de prazos decentes, dando uma ajuda para aliviar a situação de sufoco financeiro em que por vezes se encontram.

CLUBE PRIVADO

O Quinto Poder dá calorosas boas vindas à blogosfera figueirense ao novo blogue local Clube Privado. O seu corpo redactorial é um excelente e louvável exemplo de pluralismo, que importa assinalar e louvar.
O Quinto Poder deseja-lhe longa vida, persistência, muita vivacidade e....porque não, umas estimulantes polémicas de vez em quando.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

O DIREITO ÀS AVESSAS

Ontem, Mário Soares declarou esta pérola :

Eu não tenho que apresentar factos nem sou réu. Eu tenho direito de fazer críticas, visto que todos os dias sou criticado. São eles que têm de demonstrar que são imparciais .

Eles, são a SIC e SIC Notícias , a quem o candidato acusa de o prejudicarem com a cobertura televisiva, e que haviam pedido para ele referir factos concretos.
Mário Soares procurava assim condicionar, assustar ou manipular aqueles órgãos da comunicação social.
A defesa de uma tal tese, invertendo o ónus da prova, e chocando qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade jurídica, se feita num exame de uma cadeira do 1º ano de Direito, dava chumbo, pela certa .
Mesmo que o examinador fosse o Prof. Vital Moreira da Universidade de Coimbra.


SINTOMAS

A expressão facial, o grito vindo da boca muito aberta, o corpo um pouco inclinado para o microfone, o dedo indicador em riste, tudo são gestos através dos quais qualquer razoável psicólogo reconhecerá sintomas de desepero e desorientação.

domingo, janeiro 01, 2006

VOTOS DE FELIZ ANO NOVO

Hoje é dia de fazer previsões, formular propósitos e endereçar votos.
O Quinto Poder não tem cacapacidades para fazer as primeiras.
Quanto a propósitos, formula mas não o revela.
Quanto a votos, o Quinto Poder endereça, aos seus amigos e leitores, este muito singelo : o de um muito feliz ano de 2006.

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