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terça-feira, julho 24, 2007

ENCENAÇÕES E ENCENADORES
"Cesteiro que faz um cesto, faz um cento" , reza a sabedoria popular.
Parafraseando o sábio dito, bem se poderá dizer que, na acção política excessivamente baseada na encenação mediática, " político que encena uma cena, encena um cento".
Os actuais dirigentes do PS , no Governo e fora dele, parecem querer demonstrar serem exímios especialistas na arte de encenar. E exageram no seu afã demonstrativo.
Já se sabia que a licenciatura em engenharia do Primeiro-Ministro na Universidade Independente havia sido encenada.
Eram conhecidos os sucessos mediáticos das encenações feitas em apresentações de triviais programas de melhoria, com espectaculares e coloridos "power-points", como no badalado "Simplex" e, mais recentemente, na "casa pronta"...
Houve ainda a encenação da festa da vitória de António Costa, feita com actores idosos contratados através de castings realizados em Cabeceiras de Basto, no Teixoso e no Alandroal.
Ontem, foi a lamentável encenação da apresentção de um novo e mais moderno modelo de sala de aula, onde estavam estudantes, sendo estes desempenhados por criancinhas pagas a 30 euros à hora ( talvez com um extra de uma visita ao McDonalds mais próximo...), contratadas por uma empresa de casting especializada .
Em tudo isto, o PS não fica nada bem na fotografia.
O Zé eleitor e contribuinte não costuma ser parvo. Desconfiado e manhoso, como o retrata Bordalo Pinheiro, poderá começar a convencer-se de que toda a acção política do actual governo não passará afinal de mera encenação.
Depois queixem-se.

segunda-feira, julho 23, 2007

LENDO O ABRUPTO
Haverá candidatos, haverá mais candidatos para além de Marques Mendes, podem estar certos, sejam quais forem as coreografias do momento. É que, com directas em finais de 2007, a direcção que for eleita vai poder escolher as listas dos deputados para as eleições de 2009.
Do ponto de vista do poder partidário interno, esta é a questão fundamental, que movimenta montanhas.
Nota do QuintoPoder:
Certas figuras locais do PPD/PSD, em especial actual deputados, que candidato irão apoiar ?...Vai ser divertido observar...
------
Santana Lopes tem toda a razão: "Candidatos em relação aos quais não se conhecem programas, propostas, ideias e diferenças é a mesma coisa que manequins numa passerelle". E fala com autoridade porque conhece bem essa passerelle.

O "EDUQUÊS" E A TABUADA
A propósito da aprendizagem da tabuada no ensino básico ( antiga escola primária...), e de certos ilustres mestres do "eduquês" que defendem o uso da calculadora nessa fase de aprendizagem, lê-se hoje no editorial do PUBLICO :
" Vale a pena aprender a nadar? Para quê, se há barcos e, nos barcos há boias?
Vale a pena aprender a andar de bicicleta? Para quê, se há motos, automóveis, autocarros, comboios?
Vale a pena aprender a ler?Para quê, se os computadores já são capazes de ler por nós e basta conhecermos o significado das palavras?
(..)
Aqui há uns anos(...) o professor Alexandre Castro Caldas, professor de Neurologia, recordou aos desmemoriados ( o termo é apropriado) que o cálculo mental, tal como a memorização, tanto de como se escreve uma palavra ou de como se trauteia a tabuada, permite o desenvolvimento de partes do cérebro que, sem esse treino, ficam atrofiadas.
Como essas regiões do cérebro são necessárias para outras actividades, evitar a "chatice" da tabuada, as regras da soma das parcelas ou a utilização correcta de números decimais inferiores à unidade tem inúmeras consequências perversas.
A primeira, imediata, é tornar-nos numericamente iletrados(...) "

KGB HIGIÉNICO...
...é como Helena Matos chama à ferocíssima...e famosíssima ASAE, na sua crónica de hoje do PUBLICO.
E mais Escreve:
(...) o meu propósito é simplesmente descobrir como sobreviver num país que persegue nas praias os vendedores de bolos, enquanto nas falésias se alinham os mais monstruosos projectos urbanísticos saídos da mente humana.
(...)
Os poderes omnipotentes dos "copinhos de leite" da ASAE só são tolerados porque a alimentação se tornou numa obsessão. Os alimentos são cada vez mais vistos como medicamentos e não há dias em que não se atormentem as famílias com enumerações daquilo que as criancinhas deviam comer e não comer" (...)

CONTINUA NO MAPA...
...a Figueira da Foz. Noticias como esta também dão uma ajudinha...

domingo, julho 22, 2007


MUITA OFERTA, POUCA PROCURA

Na Travessa da rua Dr. Calado, em pleno Bairro Nova da Figueira da Foz, quase encostado à face norte do Casino, foi construido, vai para uns largos anos, um conjunto de blocos de apartamentos (ditos de luxo) e de espaços comerciais ( ditos de qualidade).
Toda a área apresenta, pelo menos desde há dois anos, o aspecto vazio e desolador que as imagens ilustram.
Dá que pensar.
Dá que pensar, se de facto o futuro da actividade turística na Figueira será assim tão risonho quanto alguns auguram e sonham.
Dá que pensar como é que e para que continuam a ser promovidos na Figueira novos negócios imobiliários, novas urbanizações, novas frentes de construção, novos blocos de habitação.
Tenho a sensação de haver um hálito de irracionalidade em tudo isto.
(Clicar nas imagens para as aumentar)

sábado, julho 21, 2007

A FALTA DE MEIOS

Mal se anunciou que iria haver uns tantos milhares de infracções por criminoso excesso de velocidade, detectadas pelos novos sensores instalados em várias vias lisboetas, logo veio um senhor do Sindicato dos Funcionários Judicias proclamar que ia ser uma desgraça, os tribunais iam ficar entupidos com processos, e que havia “ falta de meios”...
É uma velha pecha portuga dar quase sempre a desculpa gasta da “falta de meios”. Em muitos casos, vai-se a ler depois algumas estatísticas, índices e rácios, e fica-se perplexo, por não se observar onde está então essa “falta de meios”. E por não se compreender o que é que o mau desempenho tem a ver com os “meios”, como os números demonstram.
Vejamos somente dois exemplos, retirados de elementos divulgados pelo Eurostat ( referentes a 2005) .

Nº de médicos por 1000 habitantes
Portugal – 3,4
França – 3,4
Alemanha – 3,4
Suécia – 3,4
Reino Unido – 2,4
Espanha – 3,8

Nº médio de alunos por professor no ensino básico
Reino Unido – 21
França – 19
Irlanda – 18
Holanda – 16
Espanha – 15
Portugal – 11

Num caso como noutro, onde estará a “falta de meios” que possa justificar os maus desempenhos do sistema de saúde e do sistema educativo nacionais?

sexta-feira, julho 20, 2007

O HOTEL DE CINCO ESTRELAS

Aqui há uns dias, num colóquio organizado pela Associação Figueira Viva, sobre “Os percursos do Turismo na Figueira da Foz”, foram entoadas hossanas à esperança de um futuro mais ou menos radioso do turismo na Figueira e na região centro.
De entre muitos comentários e opiniões, foi suscitada uma dúvida quanto à viabilidade de um hotel de cinco estrelas cá pelo burgo.
Ou seja, dúvidas se tal hotel seria/será de facto um negócio bom e sustentável.
Eu cá por mim, por mim falo.
Se alguém vier propor-me para eu subscrever, a bom preço, acções ou quotas de uma empresa para ela investir na construção de um tal hotel de cinco estelas, a minha resposta será : não, muito obrigado.
Se houver quem quiser aplicar dinheiro em tal, pois que lhe preste.
Agora, que depois não venha dizer que aqui d’el rei o negócio do hotel afinal não tem viabilidade por si só, e que só a terá se for acompanhado por uma componente imobiliária...

AS INEVITÁVEIS PROVIDÊNCIAS CAUTELARES

Ora aí está. Mais uma.
Por causa da construção de uma nova cela no aterro intermunicipal, na zona sul do concelho da Figueira da Foz, irá provávelmente ser solicitada ao tribunal uma providência cautelar.
Como os senhores juizes são em geral muito sensíveis ao politicamente correcto, e têm apetite por uma boa imagem na comunicação social, vai ser decerto dado deferimento ao pedido.
A moda pegou, e continua.
Actualmente, é sem dúvida o desporto favorito dos portugueses.

O ESTADO DA NAÇÃO
Para meu gosto, houve triunfalismo e euforia a mais na intervenção do Primeiro-Ministro hoje feita no debate do estado da Nação, na Assembleia da República.
É bem certo que a situação económica continua a estar entre o mau e o medíocre ; que a competividade das empresas portuguesas é ainda muito fraca; que Portugal tem crescido menos que a média europeia, e muito menos que a Espanha; que houve uma grande discrepância entre as promessas irrealistas feitas na campanha eleitoral e o posteriormente executado; que o sistema judicial continua a ser vergonhosamente lento e ineficaz; e que se têm verificado lamentáveis ( e até algo preocupantes) casos de tiques de autoritarismo, de nepotismo e de abuso do poder.
Mas pesado o bom e o mau, o bem feito e o mal feito, o executado e o omitido, do desempenho do Governo, terei de reconhecer, pela minha parte, que o balanço geral de dois anos de actividade é positivo.
E se as eleições para o Parlamento fossem amanhã ?
Considerado o balanço, a evidente falta de alternativa credível, e que em geral não se pode escolher o óptimo, mas tão só o melhor que houver, voltaria a dar o meu voto e a minha confiança ao actual primeiro-ministro para novo mandato.
Post Scriptum
Valerá a pena ler o artigo de opinião de Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças do actual governo, no PUBLICO de hoje.
Dele destaco :
“ A situação da economia está, sem margem para dúvida, a melhorar, e disso deu nota o Bdp. E só não estamos melhor porque uma parte das reformas está no tinteiro”.

quinta-feira, julho 19, 2007

A SAUDE DA NOSSA DEMOCRACIA

Do Editorial de ontem do PUBLICO :

(...)
Depois do desastre eleitoral desse mesmo Santana Lopes – alguém que, em lugar de “andar por aí”, devia antes “desandar daqui” – que a liderança de Marques Mendes nunca levantou voo.
(...) sobram outros caminhos?. Poucos face ao que é hoje é hoje um partido que, como o PS, é mais clientelar que portador de um projecto de país.
O que significa que um outro PSD teria de ser feito contra o actual PSD e, sobretudo, contra a sua rede de figuras que ninguem conhece mas que cominam os bastidores e estiveram com Barroso como tinham estado com Marcelo, depois estiveram com Santana e até há bem pouco não se lhes ouvia um sussurro contra a liderança de Marques Mendes.
Essa massa amorfa de “rolhas” que só querem permanecer à superfície e controlar os seus pequenos poderes dará sempre cabo de qualquer partido que se queira de poder e reformista.
(...) “

FREGUESIAS EM MEIO URBANO

Li ontem no diário As Beiras, em crónica assinada por Paulo Marques :

“ Quando era ministro, António Costa teve meia dúzia de intervenções públicas de algum arrojo. Não concretizou uma única.
Um dia, porém, deixou escapar uma provocação : é precso acabar com um punhado significativo de municípios e resolver de vez este anacronismo das freguesias em meio urbano – servem para alguma coisa? “

Pensando bem. De facto, para que servirão, em Lisboa, a Junta de Freguesia da Madragoa, ou a de S. Domingos de Benfica ? .
Haverá muitos municípes moradores na freguesia de Alvalade, em Lisboa, que saibam o nome do Presidente da respectiva Junta de Freguesia, ou que tenham conhecimento do desempenho político desta durante um mandato?

quarta-feira, julho 18, 2007

BOFETADA E COMPROMISSO (2)
A declaração de Rui Rio, a que aludo no anterior post, acaba de ser actualizada. Aqui.

BOFETADA E COMPROMISSO

Através de uma declaração verbal que acabo de ouvir na rádio, e sobre a qual esta notícia é incompleta, Rui Rio, enquanto vai pacientemente marcando o seu estilo, e reforçando a sua imagem, com o seu próprio calendário, dá uma bofetada com luva branca a Durão Barroso.
E de certa maneira , também a Santana Lopes. Não era este Presidente da Câmara de Lisboa, quando se deixou fascinar pela ambição de ser Primeiro-Ministro, desconhecendo o famoso princípio de Peter?...

terça-feira, julho 17, 2007

ALGUNS PASSEIOS DE IDOSOS...

Da crónica assinada, no PUBLICO de hoje, por Helena Matos, transcrevo o seguinte trecho :

Os idosos de Cabeceiras de Basto desorientados no meio da festa socialista lisboeta são sintomáticos daquilo em que o poder local, de esquerda e de direita, transformou o povo deste país : os reformados, os que precisam disto e daquilo, os que pediram a casa no bairro municipal, os que nunca estarão suficientemente agradecidos pelo emprego dos filhos e da nora na câmara, os que esperam pela vaga para os netos na creche....estão sempre disponíveis para fazerem um passeio “daqueles da câmara” que os levam a Fátima, à Nazaré e se for preciso a um qualquer acontecimento partidário.
(...)
Calculo que vá agora grande tumulto em Cabeceiras de Basto por algum inábil ter deixado os jornalistas aproximarem-se de microfone na mão daquelas pessoas que só deviam ter agitado a bandeirinha.
(...)
(...) os lisboetas não vão em excursão animar as festas partidárias de Cabeceiras de Basto, mas isso não os tem isentado do pagamento dum largo tributo ao caciquismo político

O REGISTO DA ORATÓRIA

Quando é que o Primeiro-Ministro deixará ou corrigirá o seu estilo de discursar, numa oratória e num tom de voz mais própria de uma Câmara novecentista, aos gritos, com grandíloquas vibrações de voz? Faz lembrar os sermões das novenas e das festas religiosas, nos idos dos anos 40 e 50.
Já não se usa. Muito menos num Parlamento moderno, onde há microfones e instalação sonora para que todos possam ouvir bem.
Acaso se poderá ver algum líder europeu discursar no registo e no timbre de voz habitualmente adoptados pelo primeiro-ministro português? Eu não conheço.

A AUDITORIA À FGT

O relatório de uma recente auditoria à empresa municipal Figueira Grande Turismo (FGT) tem suscitado comentários e apreciações divergentes.
Há quem diga que dela constam denúncias ou relatos de graves ilegalidades. Enquanto outros aduzem que apenas contem irregularidades formais ou administrativas.
Pela parte que me toca, eu gostaria de o ler, para depois fazer sobre a matéria um juizo próprio mais fundamentado.
E penso ainda que a opinião pública e o eleitorado figueirenses deveriam tambem poder fazer esse juizo.
A fim de prestar obediência ao princípio de que a gestão municipal se deve reger por uma cristalina transparência, não seria possível tornar disponível aquele relatório no sítio da internet da Câmara Municipal da Figueira da Foz, ou da FGT?

segunda-feira, julho 16, 2007

COMOVEDORAS AMIZADES

Jorge Coelho, importante figura do PS, e Dias Loureiro, importante figura do PSD, reflectiram em Figueiró dos Vinhos, sobre a desertificação do interior. Disseram ambos coisas muito bonitas.
Disso dá notícia a imprensa regional, no passado sábado.
Dois antigos ministros de governos de cores diferentes, sublinha a mesma imprensa, mas com percursos de vida semelhantes, fez questão de realçar Jorge Coelho.
De facto, ambos são actualmente importantes homens de negócios, com reconhecido sucesso na vida social e económica portuguesa. Ambos chegaram à vida política com “uma mão à frente e uma mão atrás”, como diz o povo . Ambos fizeram da política a sua carreira profissional.
São muito amigos um do outro. Serão até compadres.
É bonito e comovedor ver amizades assim....

RAZÕES PARA PREOCUPAÇÃO

Não é nada bom, e é muito preocupante, numa democracia representativa, haver uma oposição demasiado fragilizada, durante muito tempo.
Isso acentua no(s) partidos(s) da área do poder uma sensação de euforia, tiques de triunfalismo e de autoritarismo, a convicção de que não têm de prestar contas ao eleitorado, e uma perigosa tentação para o nepotismo e para absolutizar o poder.
Pela minha parte, sinto haver razões para preocupação com o estado actual da atmosfera política.

domingo, julho 15, 2007

FESTEJAR A VITORIA (2)
Ainda a propósito do meu último comentário, cito um outro, de um leitor do ABRUPTO, lido agora mesmo :
Eu sou militante do Partido Socialista, mas fiquei estupefacto ao observar a quantidade de pessoas que a máquina do partido trouxe de fora de Lisboa. Continuam com os mesmos esquemas, com as mesmas fórmulas do antigamente, já gastas, e que só descredibilizam o partido.
E diz também outra coisa. Que não conseguiram mobilizar militantes do partido em Lisboa, para o simples gesto de ir acenar uma bandeirinha no discurso de vitória... Não por acaso, Helena Roseta tem de 10% dos votos...
(Manuel João Orey)

FESTEJAR A VITÓRIA

Segundo deduzo, pelas imagens e depoimentos que vi esta noite numa das televisões, para a festa de vitória de António Costa foram recrutados umas centenas de camaradas de Cabeceiras de Basto, Mirandela, Covilhã, e outras muitas belas terras do Portugal profundo.

Vieram em muitas camionetes, em excursões organizadas, não sabendo muitos deles o que estavam ali a fazer, para agitar bandeiras e fazer número, não fosse a quantidade de camaradas de Lisboa, onde eram as eleições, não chegar para compor as imagens a dar na televisão.
Lembro-me de, há muitos anos, ver coisas assim...Já lá vão muitos anos.
Havia necessidade? Havia necessidade disto, num Partido Socialista moderno, numa democracia, em pleno século XXI ?....

SANHA HIGIENISTA

A sanha higienista de alguns legisladores indígenas roça por vezes as raias do ridículo, do absurdo e até da pura idiotia.
O seu zeloso braço policial é a ASAE, equipada com integristas ayhatolas, que ainda conseguem mais assanhados que os indómitos legisladores.
Há dias ouvi na rádio ums nova história de regulamentação sobre a venda das bolas-de-berlim nas praias portuguesas.
Pensei em escrever duas tretas sobre o ridículo tema. Não foi preciso. Muito melhor do que eu o faria, fê-lo agora Vasco Pulido Valente, no PUBLICO de hoje, com o seu inimitável sarcasmo.
Não resisto a deixar transcritos alguns trechos:

“Não sei como a minha geração, que viveu permanentemente em perigo de morte, conseguiu chegar à idade adulta. A bolas de berlim, por exemplo. Quando, em 1940 ou 50 comecei a ir à praia, comia bolas-de-berlim, com a criminosa colaboração da minha família. Aparecia a D. Aida com a sua lata e, em dez minutos, lá iam as bolas a escorrer de creme, sem qualquer investigação ou autorização do Estado.
O estado nessa altura não se interessava pela minha saúde. Fazia mal, fazia muito mal. Agora felizmente existe uma Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, a ASAE, que vigia este delicado comércio.
As bolas têm de estar em malas térmicas com uma temperatura de, pelos menos 7 graus, têm de ser servidas com pinças ( suponho que para evitar o pernicioso contacto da mão humana) e os vendedores têm, como é natural, de tirar um curso especial de “manuseamento”. As multas vão até aos 3740 euros: coisa que se percebe muito bem quando se trata de combater a bactéria e a toxina e, sobretudo, de proteger a infância.

Mas não se julgue que a ASAE fica por aqui. Sendo uma policia cumpridora, não esquece esse outro foco de infecção, que tanto envergonha Portugal : a festa popular.
O povo, manifestamente, precisa de quem o defenda de si mesmo. E a ASAE não hesita. Na festa de Odivelas, fechou 16 barracas que vendiam “alimentos” por “falta de higiene” e “deficientes condições técnico funcionais”, e apreendeu 25 qulos de produtos “fora das regras”.
Quantas vidas não salvou com esta intervenção paternal? E que exemplo não deu a dezenas de loucas localidades, que preparam festas sem o escrúpulo e a assepsia que o nosso querido corpo exige.
(...)
Às vezes penso que, sem as bolsa-de-berlim da D. Aida, sem as feiras populares por onde inconscientemente andei e sem cow-boys, seria com certeza uma pessoa muito melhor.
Mas, por má sorte, o Estado do dr. Salazar não me educou, nem educou o povo, como o Estado benemérito e providencial da “Europa” e do engº Sócrates.
Não se imagina o que sofri com isso. E o que ainda sofro."

sexta-feira, julho 13, 2007

GALEGOS E HOLANDESES

A imprensa regional anunciou aqui há uns dias que um grupo empresarial galego irá ficar com os Estaleiros do Mondego. Referem-se “ avultados investimentos “ e “ duplicação do número de trabalhadores”. Assim seja.
Mas mandará a sabedoria popular guardar alguma prudência neste entusiasmo. Como ela bem diz, “quando a esmola é grande, o pobre desconfia”.
Já antes eu lera a mesma lenga lenga a propósito de um anunciado grupo holandês ; que deu em nada, como se sabe.

SONDAGEM

Em viagem de carro de regresso à Figueira da Foz, na manhã de hoje, vim a ouvir o Forum da TSF, dedicada ao próximo acto eleitoral para a Câmara Municipal de Lisboa.
Foi praticamente um despudorado tempo de antena da candidatura da CDU, ou seja, do PCP.
Na linha da técnica de “agit-prop” a que os militantes pêcêpês são capazes de se dedicar, com acrisolada militância.
A julgar pelo número, tipo e conteúdo das numerosas participações dos “ouvintes”, a CDU, ou seja o PCP, ganhará as eleições de domingo aí com uma percentagem de 80 a 90%...

quinta-feira, julho 12, 2007

TELHADOS DE VIDRO

Com direito a título a toda a largura da primeira página, noticia hoje o Diário Económico :

“A Paínhas SA é a sócia maioritária da FIX e paga mil euros por mês a Luís Marques Mendes por ser presidente da Assembleia Geral.
A ligação do líder do PSD à FIX e à Painhas tornou-se polémica porque Mendes reencaminhou para a PT um mail em que a empresa se queixava de ter perdido um concurso
.”

Também aqui surgem más notícias sobre Marques Mendes.

Quem assim mostra ter tão frágeis telhados de vidro, deveria ter muito mais cautela e recato em levantar publicamente insinuações e suspeitas, que depois não prova, sobre eventuais interesses de Manuel Salgado, número dois da lista de António Costa, no aproveitamento dos terrenos do aeroporto da Portela, quando este for desactivado.

Marques Mendes alega ser perfeitamente normal reencaminhar daquela maneira um e-mail que lhe foi dirigido. Normal, talvez seja em Portugal , terra na qual os cidadãos quase já se habituaram a presenciar descarados tráfegos de influência daquele tipo no mundo dos negócios.
Mas é feio, e intolerável em político partidário que queira fazer da ética emblema da sua bandeira.
Recebido aquele e-mail, correcto teria sido Marques Mendes, enquanto dirigente partidário , devolvê-lo ao remetente. Eventualmente, enquanto membro dos corpos gerentes da empresa reclamante, deveria acompanhar a devolução com o avisado conselho de que reclamações daquele tipo devem ser dirigidas directamente ao reclamado.
Perderia porventura a sua pequena sinecura da empresa? Paciência. Um alto dirigente de partido que pretenda conquistar credibilidade, não pode ter tudo.

quarta-feira, julho 11, 2007

FANTASIAS AEROPORTUÁRIAS

Volta meia volta, volta a entreter-se o pessoal com a história da abertura do aeroporto de Monte Real à aviação civil, solução erigida à categoria de varinha mágica capaz de levar a actividade turística da zona centro em geral, e da Figueira da Foz, em particular, à escala de Cancun, de Punta Cana ou de Bali.

Fala-se da coisa desde há quase 30 anos, se não mais, desde os tempos da ressaca da bebedeira de sonhos e ilusões que se seguiu à conquista da Liberdade, em 25 de Abril de 1974.
Trata-se, a meu ver, de uma imaginosa fantasia, que não resiste a uma prosaica análise orientada pelo bom senso, e com os pés bem assentes na terra. Quase tão imaginosa como aquela outra que fez história nos anais da Figueira da Foz, no final da década de 80, do grande aeroporto ligando-a a Fátima através de um moderníssimo TGV...

Quem gosta sempre de trazer a fantasiosa coisa à baila, porque fica bem no discurso politicamente correcto a nível regional, são os “especialistas” em fazer e vender “estudos de planeamento estratégico” , assim do estilo da empresa Fordesi , do Prof. Luís Tadeu.

AMBIENTALISMOS FARISAICOS
Merece um oportuno destaque este recente comentário do blogue Currupto :
Acho piada a essa coisa do Live Earth. É porreiro a história de um protesto em jeito de concerto musical contra a poluição (temos de importar o conceito cá para a parvónia).
Uma questão porém: alguém contabilizou o custo ambiental da operação? Os camiões de material, os aviões para transportar as estrelas e respectivos convidados, os milhões de watts dispendidos em luz e som, os transportes para a malta ir ver os concertos (e para os jornalistas – a RTP teve pelo menos uma enviada especial a Nova Jersey), os custos energéticos e ambientais das transmissões televisivas, da impressão do material de divulgação, dos palcos e sei lá que mais.
Terão, porventura, tais custos sido contabilizados?
A iniciativa é louvável. Parece, porém, mais do mesmo: mais do estilo da Quercus e da Green Peace cujas deslocações para protestar contra tudo e mais alguma coisa, como bem sabemos, são feitas essencialmente a pé e de bicicleta. E, ainda não esqueci a maior árvore de natal da Europa.
A Europa e os Estados Unidos estão na génese de quase dois terços de todo o problema do aquecimento global, pelo que não seria má ideia terem convidado, usando de toda a persuasão possível George Bush e Durão Barroso, enquanto guardiães máximos do, strito sensu, lixo.
Pela minha parte, vou contribuir para um ambiente mais verde, e vou dormir. Enquanto dormimos, pelo menos não estragamos, …mais!

terça-feira, julho 10, 2007

BUROCRACIA JURÁSSICA

Esta notícia dá um belíssimo exemplo da mentalidade jurássica de muitos dos burocratas indígenas, e das suas típicas "mariquices" à portuguesa.
Os radares foram instalados no final do ano passado. Estiveram mais de 6 meses a filmar, para o boneco, centenas e centenas de transgressões dos aceleras lisboetas. Faltava o parecer ou a assinatura de uns tantos senhores comissários.
Eles vieram , por fim, não sem que antes ficasse bem demonstrado à opinião pública e aos contribuintes que esses senhores têm poder, e que a sua existência é indispensável, por serem garantes da defesa dos inalienáveis direitos humanos consagrados na Constituição...
Talvez ainda vá haver alguns condutores aceleras a recorrer para o Tribunal Constitucional. Temos debate jurídico entre os nossos doutores em direito, por muitos anos.

segunda-feira, julho 09, 2007


FLASHES DE DUBLIN

1.
Mau grado os dias chuvosos ( por vezes mesmo de chuva persistente) , e o vento frio que fazia virar os guarda-chuvas, em pleno mês de Julho, as ruas do centro de Dublin fervilham de gente durante o dia.
E também à noite, embora de forma mais limitada às ruas e ruelas do Temple Bar.

No sábado, dia em que o sol despontou um pouco mais, às 4 da tarde, as ruas de Dublin pareciam as do Porto na noite de S.João .
Todo o comércio, sem excepção, esteve aberto até às sete. Incluindo o imponente edifício dos correios, na larguíssima O’Connell Street. Na Crafton Street, e arruamentos adjacentes, espraiavam-se esplanadas cheias de irlandeses e turistas, ao sol que muito frequentemente alternava com meia dúzias de pingos soltos de umas núvens mais cinzentas que persistiam.

2.
Os irlandeses não se puseram com “mariquices” e “esquisitices” à portuguesa.
Quando foi de proibir fumar em espaços fechados, não estiveram com meias medidas. É proibido fumar em todo os pubs, bares e restaurantes lado. Tenham lá a área que tiverem.
Houve de início alguns protestos, muito ténues, sobretudo vindos dos proprietários dos incontáveis e típicos pubs irlandeses, onde a cerveja corre a rodos.
Os pubs continuam cheios, literalmente a abarrotar, até às portas. Respira-se muito melhor lá dentro
Junto daquelas, mas da parte de fora, na rua, dois ou três viciados dão a sua passa. A prisca não vai para o chão. Tambem é proibido, censurado pelas pessoas, e punido. À porta, há cinzeiros especialmente aí instalados para recolher o lixo das priscas.

3.
Claro que na Irlanda continua a haver os velhos galheteiros nas mesas dos restaurantes. À moda antiga.
Estes irlandeses são uns atrasados!....Deviam criar por lá uma polícia de costumes, tipo ASAE.

4.
Lido num típico pub irlandês, en Dublin.

I only drink beer on days beginning with a T :
Tuesday
Thursday
Today
Tomorrow
Thaturday
Thunday
Nota : Clicar na imagem para a aumentar

domingo, julho 01, 2007

BONS E MAUS EXEMPLOS

A propósito da situação vigente na Câmara Municipal da Figueira da Foz, merece atenta reflexão isto que li no EXPRESSO do sábado deste fim de semana:


“ Quando há 12 anos abriu os primeiros concursos públicos na Câmara de Amarante, Armindo Abreu tinha, em regra, duas a três empresas a concorrer.
Hoje, com fama de bom pagador reconhecida no mercado, o presidente da autarquia inflaccionou a concorrência, multiplicando por dez o número de candidatos às obras do município.
“ O nosso princípio de gestáo é pagar tudo no prazo. Um empresário que fica dois anos sem receber, nunca mais quer trabalhar conosco” frisa o socialista Armindo Abreu, líder de umas das quatro câmaras que registam zero dias de atraso nos pagamentos de bens e serviços, segundo o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses, de 2005.
(...)
Em Lisboa, Valongo ou Oliveira de Azemeis a regra é fazer agora e pagar um ano depois.
É uma tentação a que sempre resistiu o social-democrata João Carvalho, há 22 anos na Câmara de Penedono ( Viseu).
“Aqui só se faz o que se pode. É como em nossas casas, se há dinheiro fazem-se planos e avança-se. Se não, espera-se para nao ficar com dívidas até ao pecoço”, comenta.
Empregado bancário, encontrou a autarquia quase no limite do endividamento. Optou por não fazer plano de actividades nos primeiros três anos de mandato. “ A prioridade foi pagar dívidas, salários e despesas correntes” , lembra.
Acabou por ser recompensado nas urnas e nas adjudicações de obras, ao beneficiar de preços “ bem abaixo” dos previstos nos cadernos de encargos.

Segundo o acima citado Anuário Financeiro, a Câmara Municipal da Figueira da Foz pagava aos fornecedores, em 2005, com um atraso médio de 279 dias.
No ranking das camaras municipais portuguesas mais atrasadas nos pagamentos, estava na 16 ª posição.
No grupo das camaras municipais de dimensão média, estava na 6ª posição ; depois de Oliveira de Azemeis, Valongo, Vagos, Santarém e Aveiro.
No “quadro de honra “ das boas pagadoras, estavam as câmaras de Vidigueira, Penedono, Braga e Amarante...com zero dias de atraso no pagamento das facturas dos fornecedores e empreiteiros.

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