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quinta-feira, janeiro 31, 2008

GRANDE ENTREVISTA!!!....
...a dada esta noite à SIC Notícias pelo Prof. José Silva Lopes! Embora a interveção tenha sido ao nível de mais um diagnóstico, este foi feito de forma tão clara, tão convincente, tão verdadeira, em linguagem tão terra a terra, que merecia ser transmitida em horário nobre numa televisão de sinal aberto. O velho professor tem oitenta e tal anos a respirar juventude, mas talvez ainda pudesse dar uma grande ajuda para explicar aos portugueses os perigos das situações que vivemos, de sermos um país pobre a gastar à rico. Alegremente....

OS CONVERTIDOS...

Mais de 50 toneladas de resíduos industriais perigosos (RIP’s) deram anteontem entrada na fábrica de cimento da península de Setúbal.
Depois de estridentes berrarias, umas quantas providências cautelares, e muitas manobras de manipulação dos espíritos, deu-se por fim início à co-incineração dos RIP’s.
Dando a cara à comunicação social, cantando loas à bondade da co-incineração na cimenteira, lá esteve, na porta da fábrica, José Manuel Palma, consultor da SECIL para questões ambientais, e que fora coordenador do estudo de impacte ambiental realizado para o acidentado licenciamento do processo.

José Manuel Palma é licenciado em Psicologia, doutorado em Psicologia Social, na “especialidade” mais especial de Psicologia Ambiental, e professor da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Como parece evidente, trata-se de formação científica e de currículo académico altamente recomendáveis para quem quiser tornar-se um emérito ecologista, ambientalista ou consultor sobre ambiente...Para que será necessário estudar Química, Física, Termodinâmica, Biologia, se com um curso de Psicologia se pode ascender a conceituado especialista sobre questões ambientais?...
Falta esclarecer um ponto. Aqui há uns anos, o Prof. José Manuel Palma era Presidente da Quercus , cargo que ocupou durante bastante tempo. Pois...então está tudo esclarecido....

quarta-feira, janeiro 30, 2008

A VITÓRIA DA PATULEIA...

A espíritos farisaicamente “humanistas”, e no clamor de hossanas à demissão do Ministro da Saúde, que se estende da esquerda à direita, isto vai soar a terrível heresia.
Lamento a saída de Correia de Campos, acho-a chocantemente injusta, e não me cheira nada que dela venham a resultar boas consequências.
Assim numa muito preliminar avaliação, e a julgar pelas múltiplas declarações que logo começou a fazer, ainda antes de tomar posse, a nova Ministra parece uma re-edição da antiga Ministra Maria de Belém Roseira, muito boa senhora, sempre charmosa, sempre muito sorridente, mas de uma ineficácia política clamorosa. Ficarei a aguardar alguns indícios de que possua coragem e arcaboiço político para continuar a fazer as reformas indispensáveis a assegurar a sustentabilidade do SNS, enfrentando os interesses corporativos instalados, como os dos médicos e os dos autarcas, sobretudo dos que sabem organizar uma “patuleia”. Para já, prometeu diálogo, repetindo a palavra por três vezes, em declarações aos jornalistas logo proferidas após ter tomado posse...Mau sinal!....

Estou de resto inteiramente de acordo com o que, sobre o assassinato político de Correia de Campos, escreve Vital Moreira no seu blogue Causa Nossa :

“O afastamento do Ministro da Saúde na esperada remodelação governamental constitui uma clara vitória da rua, do aparelho do PS e da oposição. Decididamente é impossível fazer reformas contra os interesses estabelecidos, contra as visões localistas e contra o clamor demagógico dos média.Resta esperar que a reforma do SNS que Correia de Campos concebeu e iniciou - absolutamente necessária para a sua sobrevivência - não fique pelo caminho, para gáudio dos que apostam sobretudo na sua insustentabilidade. Mas o mais prudente nestes cenários é temer a contra-reforma...”

Como se desfaz um ministro

Primeiro monta-se uma metódica campanha de assassinato político, com a prestimosa colaboração das televisões-tablóide. Depois passa-se a mensagem de que "o ministro é insustentável"...”

terça-feira, janeiro 29, 2008

VEM AÍ TORMENTA POLITICA
...e da grossa. É o que me cheira depois de ouvir mais uma diatribe do actual Bastonário da Ordem dos Advogados, em registo populista, qual Zorro da sociedade portuguesa, disparando e zurzindo o chicote para todas as direcções, aqui há minutos, em plena sessão solene de abertura do ano judiciário. A rua e as galerias vão gostar e aplaudir. Talvez até vão pedir para que se candidate a Primeiro-Ministro ou mesmo a Chefe do Estado. Há muitos que se fizeram desta massa. Geralmente com maus resultados.
Não deixa de ser curioso um aspecto, talvez ao nível da anedota.
Clamando por uma reforma radical do sistema judicial, e por uma Justiça mais rápida, o Bastonário iniciou o seu discurso gastando mais de um minuto a enunciar todo o longo rol de "excelentíssimos " senhores a quem se ia dirigir. No total, coisa de uma vintena de excelentíssimas individualidades.

CORRUPÇÃO E CONVERSA DE CAFÉ

Palavras amargas e duras de um Bastonário da Ordem dos Advogados(OA), com as quais exigisse e mobilizasse um maior empenhamento em cruzada contra a corrupção nos meios políticos, se proferidas com sentido de responsabilidade, seriam desejáveis e louváveis. Aplaudiria com as duas mãos.
Mas as proclamadas pelo advogado Marinho Pinto, aqui há dias, no seu já habitual estilo irresponsavelmente desbocado, e com conteúdo substantivo que nao ultrapassa o nível de conversa de café, contribuem para o desprestígio da figura de Bastonário, por muito que se convença de assim poder ser adorado como portavoz do povo anónimo. Logo deste se levantaram vozes contra os políticos, que são todos uns malandros, que só se querem governar, e que o que faz falta é dar cabo dessa gente.
Já conheço o processo, o discurso, e o estilo. Já conheço as consequências que muitas vezes deles resultaram ou podem resultar.

Enquanto Bastonário da OA, o que se poderá desde logo exigir-lhe, é que se ocupe do que se passa lá dentro da casa onde agora tem competência e grandes responsabilidades, a corporação dos advogados.
É que em matéria de corrupção e de ausência de deontologia profissional, os advogados, enquanto entidade corporativa, defensora dos seus próprios interesses corporativos, não têm uma imagem muito boa junto da opinião pública.

RETOMA...

... não da crise dos mercados financeiros, mas do autor deste blogue, depois de curar um ataque de maleita do tempo de inverno.

domingo, janeiro 20, 2008

OBCECADOS COM A PROPAGANDA

Na sua habitual crónica do PUBLICO dos domingos, escreve hoje António Barreto :

“Governam para a televisão. Fazem legislação para as sondagens. Tomam medidas para mostrar trabalho feito. São peritos em encenação. Vivem obcecados com a propaganda.
Anunciam a ideia, anunciam o projecto, anunciam a correcção, anunciam a revisão, anunciam o concurso, anunciam a adjudicação, anunciam a decisão prévia, anunciam a nova correcção, anunciam a primeira inauguração, anunciam a segunda inauguração....”
(...)
Só nos resta acreditar no aforismo : quem governa pela propaganda pela propaganda morre.”

Não será dificil reconhecer os sujeitos dos tiques comportamentais tão bem retratados na crónica. Encontram-se nos governantes nacionais , tanto actuais como antecedentes. E encontram-se tambem, e em larga escala, em muitos e muitos governantes locais. Trata-se do exercício da política orientada e condicionada predominantemente por critérios mediáticos e de propaganda. Para o efeito, há geralmente muitos assessores, consultores, gestores de imagem, licenciados em ciências da comunicação e em relações públicas. Andam por aí, neste nosso torrão luso . Mas andam também , por aqui, nesta nossa ex-rainha das praias de Portugal.

ESCOLA FÁCIL IGUAL A VIDA DIFICIL
Da entrevista concedida pelo Prof. Valadares Tavares ao PUBLICO de hoje :
"Costumo dizer aos meus alunos : escola fácil igual a vida difícil, escola difícil igual a vida fácil. A escola não deve ser fácil. A escola deve ser acolhedora, mas muito exigente, difícil. A escola tem de preparar as pessoas para a sociedade moderna. Mas no nosso país tem havido ideias erradas em relação a isto.Ainda há pouco tempo havia quem defendesse que os níveis de exigência deveriam ser definidos na escola, resultantes da interacção entre professores e alunos. Isto é uma patetice. Os níveis de exigência são os necessários para eles se prepararem para a competição global em que vão viver".
Aqui há uns tempos, vi na Figueira da Foz publicidade a uma escola local do ensino básico, privada, cujo nome era "Estudos e Brincadeiras". Admito que essa escola até possa ter qualidade e sucesso pedagógico. Não sei. Mas o nome é francamente infeliz, por sugerir que a escola aceita e adopta uma das vertentes do paradigma pedagógico ainda predominante no ensino em Portugal, alimentado pelos chamados "cientistas da educação" indígenas. No quadro do qual, as criancinhas devem aprender como se estivessem a brincar, sem se cansarem e sem sofrerem muito, sem traumas, e sem queimarem as pestanas. Costuma ser este o discurso glicodoce de muitos psicólogos, psicólogas, pedagogos, educadores de infância e equiparados que por aí se vão ouvindo.
A irradicação radical daquele paradigma terá, a meu ver, mais efeitos positivos do que muitos milhões de euros despejados no sistema de ensino em Portugal. A actual Ministra da Educação fez alguma coisa no sentido de conseguir essa irradicação. Mas foi ainda pouco.

sábado, janeiro 19, 2008

REPUGNANTE...
...é o adjectivo mais suave que encontro para qualificar o aproveitamento, como arma de arremesso político, por parte de alguns meios da comunicação social , bem como dos líderes do PSD e do CDS/PP, da trágica morte do bébé de dois meses, chegado já cadáver à porta dos hospital de Anadia.
Haja ao menos algum respeito pelos destroçados pais da criança!

sexta-feira, janeiro 18, 2008

A REPRESENTATIVIDADE DAS ASSEMBLEIAS MUNICIPAIS

Presidentes de Juntas de Freguesia, e também outras pessoas com responsabilidades políticas
(como por exemplo o Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz) têm-se manifestado, com ar mais ou menos indignado, contra o impedimento dos Presidentes das Juntas poderem votar em determinadas deliberações da Assembleia Municipal (AM) , como porventura ficará previsto na nova lei sobre o funcionamento dos municípios, agora em preparação na Assembleia da República.
No caso dos presidentes das Câmaras, qualquer que seja a sua côr política, compreende-se que fiquem preocupados com o novo regime legal. No ainda vigente, contam geralmente com todos os votos favoráveis dos presidentes das juntas, nas votações sobre os orçamentos anuais, mesmo com os dos eleitos por partidos diferentes do próprio presidente. A verdade é que é muito lindo o respeitinho; e que se não se portarem bem...podem ter menos cacau para a respectiva freguesia...

Mas a verdade é que a capacidade concedida aos presidentes das Juntas de votarem , nas Assembleias Municipais, sem qualquer limitação, pode distorcer e desvirtuar gravemente o princípio da proporcionalidade. O cumprimento deste é essencial para garantir que a AM representa, com autenticidade, a vontade do eleitorado. Esta é uma regra de ouro da democracia representativa.
Analisemos a questão em abstracto.
Tome-se, por exemplo o caso do Município da Figueira da Foz .
Suponhamos então o seguinte cenário político resultante de umas eleições autárquicas.
Na Assembleia Municipal, o PSD ficou com 14 membros, e o PS com 13.
Nas Juntas de Freguesia, o PSD ganhou as sete Juntas de Freguesia de S.Julião, Buarcos, Tavarede, Lavos, Vila Verde, Alhadas e Marinha das Ondas , enquanto o PS ganhou em todas as outras 11 freguesias do Município. As sete do PSD representam cerca de 66% da população do Município.
E assim, no quadro legislativo vigente, numa votação sobre matéria politicamente relevante, como por exemplo para aprovação de um Orçamento, poderia assistir-se ao seguinte resultado.
A favor, votavam os 14 membros do PSD na AM, mais os 7 presidentes das freguesias afectos ao PSD, num total de 21 votos. Contra, votavam os 13 membros eleitos pelo PS, mais os 11 presidentes de juntas afectos ao PS, num total de 24 votos. Ou seja : o Orçamento seria chumbado, contra a vontade do eleitorado, representativamente expressa nas percentagens de que haviam resultado 14 membros da AM para o PSD e 13 para o PS. O que seria tanto mais chocante quanto se apurava que, além disso, os sete presidentes de juntas que haviam votado a favor do Orçamento, representavam, em teoria, 66% da população .
Ficaria assim gravemente distorcida a tal regra de ouro da democarcia representativa.

Dir-se-à ser pouco provável que tal cenário possa ocorrer, e argumentar-se que ele é acima analisado demasiadamente em abstracto.. Pois é!. Mas é em abstracto que as leis devem ser preparadas.

PRUDÊNCIA E DISCRIÇÃO NA ACTIVIDADE BANCÁRIA

Vitor Constâncio vai hoje ao Parlamento prestar contas da intervenção do Banco de Portugal (BP) na recente crise do BCP. Fez bem e foi prudente em aceitar só ir depois de realizada a Assembleia Geral do banco privado, depois de assentar um pouco a poeira levantada.
Verdadeiramente irresponsável teria sido se houvesse ido antes, assim como a tentar apagar o fogo com gasolina, cedendo à berraria de certos sectores do PSD, em especial do seu líder. Os quais mais pareciam estar interessados, no caso em apreço, numa estratégia de quanto pior melhor.

Para uma mais sensata avaliação do desempenho do BP em toda esta história, convirá, além do mais, atentar ao que escreve Alan Greenspan, que foi presidente da Reserva Federal dos EUA durante 18 anos, num seu livro recentemente publicado em Portugal, e citado por Nicolau Santos numa crónica publicada no EXPRESSO de há dias :

“Por muito que alguns reguladores da banca se esforcem por promover o exercicio saudável da actividade, é muito dificil descobrir uma fraude ou um desfalque sem que alguem tenha dado o alerta”.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

AS QUOTAS DE FILIPE MENEZES
...aqui analisadas com sarcasmo por Pacheco Pereira .

A SUPER EXCELÊNCIA DOS ALTOS GESTORES ...

Da crónica de Rui Tavares no PUBLICO de ontem :


(...) como revelou um estudo especializado da Mercer, Portugal é o país da UE em que a diferença salarial é maior : os administradores ganham 32 vezes mais do que os funcionários, contra 15 vezes em Espanha, 14 vezes no Reino Unido e 10 na Alemanha. E isso não é só porque os funcionários ganham pouco : os altos gestores portugueses ganham os segundos melhores salários da UE, em termos absolutos, só atrás dos ingleses.
E o que nos dizem a isto os defensores do statu quo? Que os gestores, para serem de qualidade, têm de ser bem pagos. E que os gestores portugueses têm de ser bem pagos porque a qualidade não abunda. Sim, é contraditório. Sim, é circular. A conclusão é que os gestores portugueses têm de ser extravagantemente bem pagos, porque sim.

FALTA DE MEIOS?...

Falta de meios no sistema judicial português é que não serve de explicação para o facto dele ser o mais determinante factor de bloqueamento da modernização de Portugal, e do Estado português.
É o que será razoável deduzir deste números hoje lidos no PUBLICO, em notícia sobre a divulgação de um estudo intitulado “ A justiça cível em Portugal : uma perspectiva quantitativa”.

Número de tribunais de 1ª instância por milhão de habitantes:
- em Portugal : 34,0
- na Alemanha : 13,2

Número de juizes por 100 mil habitantes:
- em Portugal : 14,9
- em Espanha : 9,8

Número de funcionários judiciais por 100 mil habitantes:
- em Portugal : 115,4
- em Espanha : 102,1
- em França : 73,3

Só senhores juizes desembargadores, existem em Portugal 325 ( como consta do site do Conselho Superior da Magistratura)...Trata-se daqueles senhores juizes de 2ª instância que, sobre sentenças já antes pronunciadas, escrevem aquelas longas, prolixas, circulares , palavrosas sentenças, em estilo gongórico-esotérico, de cujo conteúdo substantivo o comum dos cidadãos não enxerga patavina.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

FLASHES DE (MAIS UMA...) ASSEMBLEIA GERAL....

.... do BCP, ontem realizada.

1.
A Assembleia Geral iniciou-se com cerca de 40 minutos de atraso relativamente à hora fixada. Está visto, deve ser atávico. Nem num evento desta importância, com todo o mediatismo que teve, de uma
instituição bancária, privada, portuguesa, de reconhecida qualidade, parece ser possível dar cumprimento ao valor da pontualidade . Quase dá para desesperar.

2.
Na votação do ponto 2 da Ordem de Trabalhos(OT), para eleição do novo CAE (Conselho de Administração Executivo) do BCP , a lista apresentada por Miguel Cadilhe ganhou...em número de accionistas. 516 accionistas votaram a favor dela, 283 votaram na outra lista, a vencedora, que teve o apoio de 97,8 % do capital accionista. Houve ainda 15 accionistas que se abstiveram e 66 que votaram contra..sabe-se lá contra o quê. Ao que ouvi, o banco tem um total de cerca de 150 mil accionistas.

3.
O pior que poderia ter acontecido ao BCP e, em geral, ao sistema financeiro nacional, era uma vitória de uma das listas por um resultado assim do género de 55% - 45% ; ou mesmo de 60% - 40% .Os accionistas institucionais seguramente que pressentiram isso . Eu também pressenti. Daí que não seja dificil adivinhar qual foi o sentido dado aos meus microscópicos votos. Mais com a razão do que com a emoçao. Porque se tivesse sido com a emoção, o meu voto talvez tivesse sido diferente.

4.
Antes da OT, o Presidente do CAE cessante, Filipe Pinhal, fez uma excelente intervenção em que revelou grande sentido de responsabilidade, serenidade, e uma exemplar deontologia, enviando uma mensagem de confiança no futuro para os accionistas, empregados e clientes. Não houve nem amargura nem acrimonia nas suas palavras.

5.
A anteceder a votação do referido ponto 2 da OT, o Presidente da Mesa concedeu cerca de 45 minutos para intervenções dos accionistas que o quisessem fazer. E foram bastantes os chamados “pequeno accionistas”, muito namorados por Miguel Cadilhe, que quiseram fazer-se ouvir, no seu momento de glória, em ambicionado tempo de antena, com muitos aplausos à mistura. Algumas partes desse período de debate mais pareciam tirados de um comício do PSD... Outros, faziam-me lembrar alguns daqueles mais expressivos momentos do Forum TSF , diariamente radio-difundido todas as manhãs, ou até do antigo programa “desportivo” chamado “bancada central”, da mesma TSF .

6.
A Assembleia chumbou o nome do comendatore Berardo para o Conselho de Remuneração. Por umas escassíssimas 6 centésimas de ponto percentual, ou seja, uma muito tangencial tangente.O nome e a figura do comendatore causam acessos de urticária a muita gente, accionistas e não só.Nessa gente me incluo. Mas veja-se lá...acabei por votar em favor do homem. A anteceder a votação, houve um advogado, representante de algum accionista institucional, que chamou a atenção, com meridiana clareza, para o ponto seguinte.
E argumentou assim:
O novo CAE vai tomar posse amanhã . A partir dessa data, vai passar a receber remunerações que vao ser fixadas pelo actual Conselho de Remunerações, pelo mesmo que fixou as remunerações dos administradores cessantes. O qual certamente irá adoptar, relativamente aos novos membros do CAE, os princípios e critérios que já usara para as remunerações dos cessantes. Nada leva a crer que irá agora mudar de critérios. Se o senhor comendador fosse eleito, pelo menos algo se sabia já quanto aos novos critérios a adoptar : os que estivessem em linha com as considerações que sobre a matéria o senhor comendador já vinha a anunciar pela comunicação social desde há tempos.
A explicação, ou não convenceu, ou terá passado despercebida. Pela minha parte, achei pertinentes as razões e argumentos adiantados pelo senhor advogado. Tapei os olhos...e votei a favor do comendatore. Segui afinal o princípio, pelo qual me oriento com frequência, de votar e escolher o mal menor. Mas de pouco serviu.

7.
De entre os accionistas que subscreveram a lista 1 , a vencedora, constavam os nomes de Jardim Gonçalves e de sua mulher.

8.
Filipe Pinhal, na sua intervenção, deu enfâse à importância dos negócios internacionais do BCP, na Grécia, na Polónia, na Roménia e, muito em particular, em Angola . Nisto encaixa o papel nuclear de relevante accionista assumido pela Sonangol no encontro de solução para a crise de liderança do BCP. Papel que, é claro, foi compreendido e bem reconhecido por outros accionistas institucionais, tais como a Teixeira Duarte ( com negócios em Angola) ou como o próprio BPI ( banco também com negócios em Angola). Poderemos chorar muitas lágrimas e carpir muitas mágoas por causa do mundo dos negócios ser assim. Mas é assim mesmo...

9.
Desta vez, o sistema logístico colocado de pé para as votações e apuramento dos resultados, funcionou na perfeição. Foi espectacularmente melhorado relativamente ao que fora adoptado na Assembleia Geral de Agosto último. Desde a rapidez das operações de acreditação, até à facilidade dos acessos à sala, e até à prontidão dos apuramentos das votações e da apresentação dos resultados. A recolha dos votos ( com códigos de barras, contendo toda a informação da identidade do accionista e do respectivo número de votos) demorava menos de 5 minutos. O conjunto das operações de leitura, apuramento, validação pelos auditores e divulgação nos vários monitores existentes, não demorava mais de 12 a 15 minutos.

JÁ NÃO TENHO PACHORRRRRA....

Confesso que já me rrrrrrrecuso a ter pachorrrrra para ouvir o rrrrrégulo Francisco Louçã a rrrrrasgar vestes rrrrrabiando em rrrrabulas rrrrecalcadas , com rrrrrodrigunihos rrrrrídiculos rrrrreivindicando rrrreferrrendo para rrrratificar o Tratado de Lisboa.
Hoje, na Assembleia da RRRRRRepública ouvi-o citar Lock e Hobbes !.Fiquei literalmente estupefacto!...Oh deuses do Olimpo!...Se o ouvisse, na sua tumba, Trotsky daria mil voltas. No que deu um trotskista!...Ou já não será trotskista? E se já não é, desde quando?

domingo, janeiro 13, 2008

IDEIAS TOLAS...

Aí temos, nesta notícia, mais uma ideia tola, a que algumas almas cândidas irão chamar de “emblemática” e de “muito pedagógica”...Será que se vai proteger o ambiente aumentando a dimensão das facturas-recibo das gasolineiras, do pequeno talão actual para umas folhas A4 ou A5, por forma a conterem, de forma legível, toda aquela informação detalhada? Estou mesmo a ver o automobilista a pegar no impresso de tamanho A4 ou A5, a lê-lo atentamente, reflectindo depois no malefício que vai em seguida causar ao ambiente ao circular na auto estrada a 140 km / hora !....
Não seria suficiente, para sossegar as consciências, um aviso na própria bomba de gasolina indicando o putativo conteudo de bio combustível, ou um grande cartaz na área de serviço, indicando quanto CO2 é emitido por cada litro de combustível consumido?. E depois, os bio-combustíveis, quando queimam, não emitem também CO2 para a atmosfera?
Aqui há uns anos, um economista americano ( de que não me lembro o nome) dizia que o barril do petroleo a 100 dólares iria valer por dois ou três protocolos de Kyoto. Não tinha inteira razão. Talvez seja necessário espera pelo barril do petróleo a 200 dólares .
Mas entretanto, deixem-se de infantilidades pseudo ecológicas.

sábado, janeiro 12, 2008

VOTAR POR EXCLUSÃO DE PARTES...

Depois de semanas de intenso desgaste da imagem do Governo e do Primeiro-Ministro, em particular a construida pela opinião publicada, uma sondagem revelada ontem mostra que ainda há 43 % de intenções de voto no PS, se as eleições fossem agora. O PS não teria maioria absoluta, ficando dela a uns 2 ou 3 pontos percentuais.
Não se pode considerar um mau resultado, a 3/5 da legislatura. E que deixa confortável margem de melhoria daqui até às eleições legislativas agendadas para 2009.
Feito o grande do esforço da conquista de um melhor equilíbrio orçamental ( demonstrando que afinal, no seio da União Europeia, há pouca “vida para além do deficit “, e que este é um parametro essencial como alavanca do crescimento económico) na primeira parte da legislatura, e se não derem em grande trovoada as escuras núvens do horizonte da economia americana e mundial, é mais que certo que lá para o final de 2008-principios de 2009, o Primeiro-Ministro dará directivas para desapertar o cinto. Em particular no domínio fiscal. Vão chover raios e coriscos por parte das oposições, acusando-o de eleitoralismo e de outras malfeitorias. Mas, sejamos francos, fará então o que qualquer governante no poder faria . Sobretudo depois de ter gerido com alguma sabedoria o ciclo eleitoral.

José Sócrates está muito longe de ser um políico perfeito. Há muitos aspectos da sua prática política que acho detestável. Poderia e deveria ter actuado muito melhor em muitas decisões. Não gostei nada da história da sua “licenciatura” e de toda aquela história toda da passagem oportunista dele pela Universidade Independente. Mas tambem tem características pessoais muito positivas, se comparado com antecedentes seus, como António Guterres e sobretudo Santana Lopes. Feito um balanço global da obra feita ( a que voltarei mais tarde, se puder), o seu desempenho tem, em minha opinião, nota positiva.

Se as eleições fossem amanhã, voltaria a votar nele? Voltaria.
De há muito tempo a esta parte que, em política como em mais outros domínios, me habituei a escolher e a votar por exclusão de partes, chegada a hora de escolher e de votar. E para mim, como para muitos portugueses, porventura neste momento muito desiludidos e muito zangados com José Sócrates, na hora de votar, por exclusão de partes, como eu costumo fazer, tal resultaria em desde logo excluir Filipe Menezes. Para já não falar em Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa e Paulo Portas.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

SER DE ESQUERDA, HOJE...

A fazer inteira fé na veracidade dos valores ontem divulgados pela revista Visão, sobre as remunerações médias dos administradores de 25 grandes empresas portuguesas, estamos, a meu ver, perante uma situação escandalosamente terceiro-mundista, cuja consciência tem estado adormecida na opinião pública e nas escolhas dos eleitores. E que as palavras do Presidente da República, no seu discurso de ano novo, vieram de certo modo despertar.
O escandalo é bem mais grave nas empresas privadas do que nas públicas.
Assim, nas privadas, os racios entre as médias das remunerações dos administradores executivos e os custos médios por trabalhador, serão por exemplo :
- de 128 para 1 , na PT
- de 62 para 1, na Brisa
- de 57 para 1, no BCP
- de 11 para 1, na Altri
No grupo das empresas públicas, o caso mais chocante é o do Metropolitano de Lisboa (ML), empresa na qual o Estado ( ou seja, os contribuintes...) tem injectado milhões e milhões. E onde o racio é da ordem de 10 para 1, significativamente superior ao da CGD ou ao da CP, por exemplo. Vá lá saber-se porquê, conhecida a prática alegremente despesista das administrações do ML ao longo das últimas duas décadas.

É certo que os racios referidos são feitos a partir dos valores ilíquidos das remunerações. Calculados com as remunerações líquidas, isto é, após aplicação do IRS, os valores dos racios diminuiriam. Mas mesmo assim, com as taxas máximas de IRS vigentes, o racio da PT, por exemplo, seria da ordem de 50 a 60 para 1.
Racios daquela ordem de grandeza são mais próprios de uma qualquer república sul –americana ou de uma qualquer ditadura africana. Não têm paralelo em qualquer outro país europeu.
A mesma revista cita um discurso recente da Srª Merkel, chancelarina da Alemanha, pronunciado na Associação Alemã de Empregados :
(...) mas dizem-me que, no Japão, também há fábricas de carros muito bem sucedidas. E os patrões, lá, só ganham vinte vezes mais do que os operários “.

Perante todo este quadro, só se poderá dar uma boa gargalhada ao esfarrapado argumento adiantado por Bagão Félix, agora candidato à Administração do BCP :
“ Numa economia aberta, isso [subida de impostos para quem tenha rendimentos elevados] teria como efeito perverso a fuga de cérebros para o estrangeiro” . Estou mesmo a ver Bagão Félix a emigrar para o Chile, ou para a Malásia, ou para a República do Congo, se acaso as novas remunerações dos administradores do BCP forem reduzidas para metade.

A fim de corrigir, pelo menos em parte, aquelas chocantes discrepâncias entre o que se passa em Portugal e nos nossos parceiros europeus, e a exemplo que que sucede nestes, o Estado pode usar ferramentas fiscais, ou seja, os impostos. Pode usar os seus direitos decorrentes de possuir golden shares, na PT e na Brisa, por exemplo. Pode e deve . E deve ainda mais se e quando for governado por quem se diz socialista. Será assim ser de esquerda, hoje.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

FALTA OUVIR A QUERCUS !...

Na SIC Notícias, no programa Opinião Pública sobre o novo aeroporto, está agora um senhor da Quercus, chamado Francisco Ferreira, que aparece sempre nas televisões e nas rádios, para perorar de cátedra sobre questões ambientais, de que se reclama como especialista.
Eh pá! !... Esqueceram-se de ouvir a Quercus! Ganda bronca. Olhem que eles já ameaçam com providências cautelares e com queixinhas a Bruxelas.
Fogo!...Ouçam lá os rapazes. Convidem-nos para uma passeatas ao estrangeiro, e encomendem-lhes uma espécie de estudos ambientais, que eles calam-se.

PRESO POR TER CÃO...

O Governo optou por Alcochete em vez da Ota. Bem, a meu ver. Tanto quanto, assumida a minha ignorância técnica sobre o assunto, me permite avaliar o meu senso comum, o conhecimento da geografia das duas áreas, e as observações que, do ar, por vezes delas faço.
Na linha estratégica de excessiva demagogia adoptada nos últimos tempos pelo líder do PSD, e com a qual está convencido ganhar credibilidade e votos, aquele veio logo fazer grande alarido clamando que o Governo recuou, que o PSD tinha razão, que o PSD sempre tinha dito, que o Governo anda aos zigue-zagues e que agora foi a reboque. Mesmo que, ao longo dos anos em que esteve no Governo, o PSD sempre tivesse mantido a opção Ota em cima da mesa, como a única sobre a qual se debruçava e à qual prestava consideração.
Se acaso a opção do Governo tivesse sido pela Ota, o líder do PSD berraria então que aqui d’el –Rei o Primeiro-Ministro é arrogante e teimoso, o Governo insiste no erro, e não é capaz de ter a humildade de o reconhecer e corrigir.
Já começamos a estar habituados ao estilo. Por isso, a reacção mais sensata será rir e encolher os ombros.

ILUMINAÇÕES PARA O CARNAVAL ?

Estamos em 10 de Janeiro. As festas de fim de ano foram há 10 dias. Já passaram mais de duas semanas desde o Natal. Algumas ruas da Figueira da Foz, que como se sabe regurgitam de gente a passear nestas chuvosas noite de Janeiro, continuam alegremente iluminadas com feéricas iluminações. Não sei calcular bem quanta energia eléctrica se gasta e é paga pelos cofres municipais. Ou seja, pelos contribuintes. Cada pequenina lâmpada não consumirá muito, mas as lâmpadas são milhares. 100 euros por noite? Será muito? Digamos 50 euros? A dez dias, corresponderão 500 euros. Não faziam jeito à Camara Municipal ? Para , por exemplo, liquidar um qualquer já antigo calotezito a algum fornecedor local?
Ando mal disposto, está visto. Estas interrogações devem resultar da minha mentalidade economicista, eu sei. Mas também sei que, muito mais importante do que o eventual desbaratar de uns "míseros" 500 euros, ou do que a consequente emissão de mais uns largos quilogramas de CO2 para atmosfera, é o mau exemplo e a errada mensagem que são dados.
A não ser que já se esteja a pensar no Carnaval. Este ano é cedo. Já falta menos de um mês. Umas iluminaçãozitas nocturnas animavam um pouco o pessoal folião, não?

quarta-feira, janeiro 09, 2008

QUEM MUDOU ?

Quem hoje ouvisse na Assembleia da República o líder do PPD/PSD ( o parlamentar, não o outro...), ficaria perplexo, com toda a legitimidade.
Mas então, foram só José Sócrates e o PS que mudaram de opinião quanto ao referendo ao Tratado ?. A posição formal e institucional do PSD não pode ser considerada como apenas a do seu líder, em particular a do seu líder actual. O PSD, enquanto partido, pessoa colectiva de natureza politico-institucional, não mudou também de opinião, há 3 ou 4 meses?


Post scriptum
Em marcação cerrada ao protagonismo mediático que o lider parlamenter teve esta tarde, apareceu agora, na SIC Noticias, o autarca de Gaia, com ar professoral, a dar uma conferência de imprensa, e fazendo uma dissertação sobre o projecto da União Europeia, armado em farol e guia espiritual da ideia da Europa.

CORTAR O NÓ GÓRDIO

Como fez Alexandre, importa , de uma vez por todas, cortar um dos mais graves nós górdios que esgana o desenvolvimento económico do País e a modernização do Estado português : o sistema judicial .
É esse também o sentido desta frase de Tiago Guerreiro, no Diario Económico de onte:
“A Justiça tem de ser reformada de alto a baixo, supervisionada por um orgão independente dos juizes”

A LIBERDADE E A LEI

Temos que nos subordinar à lei para podermos ser livres” dizia Cícero, senador da República Romana. Recolho a citação de um artigo de opinião de Manuel Pinto Coelho, no PUBLICO de ontem. Cito tambem do mesmo artigo um relevante excerto :

“ (...) a “dissidência”, assim como “o direito de cada um à própria vida”, têm de ter forçosamente limites. É que numa sociedade democrática nada é do foro estritamente privado. O meio envolvente ( família, amigos, colegas, etc) é sempre afectado. Nós somos gregários por natureza, ninguém é uma ilha. Dependemos uns dos outros. Em democracia, os cidadãos devem subordinar-se ao interesse colectivo e aceitar restringir a sua própria liberdade quando o seu exercício prejudica os direitos de terceiros “ .

REBALDARIA NA EP

Começa a saber-se agora que aquilo na empresa pública Estradas de Portugal (EP) era uma rebaldaria.
Havia 800 carros para um “plantel” total de 800 empregados; havia quem gastasse 10 mil euros por ano em gasóleo; a administração tinha à sua conta 3 potentes veículos “ todo-o-terreno” que, diziam, era para visitar as obras ; no total, a empresa gastava à roda de 6 milhões de euros por ano em carros e combustível.
Ao que se anuncia, já terão sido decididas acções correctivas . Ainda bem.
Era todavia do maior interesse conhecer-se também quem eram os elementos do anterior Conselho de Administração. E o que terá acontecido ao respectivo Presidente, depois de ter saido da EP.
Não me custaria a crer que já esteja bem instalado nalgum outro lugar de responsabilidade, quiça num qualquer outro Conselho de Administração de uma outra empresa pública. Que isto dos gestores públicos é um pouco como no voley-ball...Vão rodando.

terça-feira, janeiro 08, 2008

LIBERALISMO DE PACOTILHA

Em jeito de resposta crítica a recentes crónicas desatinadas, de sabor anarco-liberalista, de Vasco Pulido Valente, Miguel Sousa Tavares e António Barrteo, e a um editorial do PUBLICO do passado domingo, a edição de ontem deste mesmo diário tem um excelente artigo de Pedro Magalhães, cuja leitura na íntegra recomendo vivamente. Excertos desse artigo podem ler-se aqui, no blogue Da Literatura .

A ROTUNDA DO PÓVEL

Muito modernaça, muito pra-frentex, muito elegantemente british, a deliberação tomada ontem pela Câmara Municipal da Figueira da Foz, propondo o nome de Baden Powell a uma rotunda ( esse símbolo do Portugal moderno...) na rodovia urbana. Denota uma visão humanista, progressista, internacionalista, de carinho e preocupação pelos jóvens, por parte dos proponentes da proposta e dos seus aprovadores.
Terá monumento lá no meio, pela certa. Vai ser muito bonito, conhecida que é a fértil imaginação dos artistas figueirenses, agora incentivados a apresentar ideias. Vai dar origem a uma linda festa de inauguração, com descerramento de lápide e tudo. Bem mexidos uns cordelinhas, ainda pode conseguir candidatura ao QREN, quem sabe.
Vai provavelmente ser conhecida, na vox populi, pela rotunda do Póvel.

O TRATADO DE LISBOA E O REFERENDO

O dito não é de Mário Soares, mas ele gostava de o citar : “ só os burros é que não mudam”.
José Sócrates cometeu um erro ao ter dito, há 3 anos, que convocaria um referendo para fazer aprovar o que então era designado por Constituição Europeia. Foi imprudente, e não o deveria ter feito, pode concluir-se agora. É certo que agora, formalmente, não estamos perante uma “Constituição”, antes perante um tratado. Não é a mesma coisa, mas a opinião pública não distinguirá uma coisa da outra.
Entretanto, o contexto político-institucional da União Europeia alterou-se, tendo-se conseguido atingir um consenso mínimo entre 27 estados membros, através do Tratado de Lisboa. Se um deles não ratificar o tratado, este morre na praia e terá tudo de voltar à estaca zero. A União Europeia entraria em nova crise e em nova paralização, que afectariam muito negativamente todos os estados membros, e consequentemente todos nós.
Caso em Portugal se decida convocar um referendo, o facto poderá ter, como já tem sido sublinhado, um efeito dominó sobre outros estados onde a convocação de um referendo poderá inviabilizar a ratificação do tratado. Será brincar com o fogo. Portugal correrá então o risco de vir a ser acusado de dar início a um processo de morte do tratado de Lisboa, e por isso responsabilizado. Seria irresponsável fazer Portugal correr esse risco.
Nesta matéria, José Sócrates cometeu já um erro, há 3 anos. Não deverá agora cometer outro, de mais graves consequências.
Poderá dizer que se enganou. E lembrar que só os burros é que não mudam. Com um pedido de desculpa, os portugueses perdoarão o não cumprimento daquela imprudente promessa. Pela minha parte, está perdoado. Daquela, que não de outras.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

AMIGOS E INFLUÊNCIAS...

Reconheço o pequeno drama humano criado ao arqueólogo referido nesta notícia. Lamento a situação que assim lhe é criada, que não se deseja a ninguém. Situação que, de resto, é comum a muitos outros milhares de trabalhadores portugueses .
Mas talvez fosse legítimo não misturar as coisas. A preocupação por ele manifestada deveria referir-se mais claramente ao seu interesse pessoal , e muito menos à alegada gravíssima falta de fiscalização de uns trabalhos arqueológicos por ele considerados como importantíssimos.
A notícia prova outra coisa. O referido arqueólogo parece dispor de uma bem organizada rede de amigalhaços, padrinhos ou influências na agência Lusa. Há classes profissionais, como a dos arqueólogos ou dos artistas, que têm esse privilégio. Os outros milhares de trabalhadores é que não.

TRANSFÚGIOS NA BANCA , COMO NO FUTEBOL

Eis que aí temos então o processo de escolha do novo Conselho de Administração do BCP transformado numa competição político-partidária entre PS e PSD. O que é péssimo. Para o BCP, para a credibildade e reputação da banca portuguesa, para a imagem do país e até para o rating da República nos meios financeiros internacionais.
O transfúgio súbito de Santos Ferreira da CGD para o seu principal concorrente pode ser chocante para quem tenha uma sensibilidade ética mais apurada. Mas no mundo dos negócios é coisa comum. Também o é no mundo do futebol . Figo deixou o Barça num dia e estava no Real de Madrid praticamente no dia seguinte. Depois, aguentou bem com as vozes de “pesetero” com que as claques do Barça o mimoseavam. Ninguém se espantaria se José Mourinho tivesse porventura passado do Chelsea para o Arsenal de um dia para o outro.
Ora, pelo seu desempenho na CGD dos últimos tempos, Santos Ferreira poderia ser “acomparado” assim a uma espécie de José Mourinho da banca. Por isso, o facto de um núcleo de accionistas do BCP o ter ido buscar, quando terminava o seu contrato na CGD, parece ter sido opção natural e inteligente.
O que veio desencadear a inquinação de todo o processo, foi a infeliz inclusão ( por escolha directa do mesmo Santos Ferreira?...) de Armando Vara na sua lista. Como o QuintoPoder já havia sublinhado neste postal de há dias.
Nota:
Transfúgio : acto de transfugir
Transfugir : fugir como um trânsfuga
Trânsfuga : pessoa que deserta para o campo inimigo

domingo, janeiro 06, 2008

ESTAREMOS PERANTE UMA EPIDEMIA?

Depois de Vasco Pulido Valente (VPV) e de Miguel Sousa Tavares (MST), veio agora António Barreto (AB) escrever, no PUBLICO de hoje, uma crónica doentiamente repleta de fel e vinagre, clamando que, aqui d’El Rei, estamos a entrar num estado de terror, as liberdades individuais estão ameaçadas, e outras fantasias do género.
Sem se dar conta do registo patético que está a usar, dispara contra perigos tão terríveis como o dos novos modelos do bilhete de identidade e da carta de condução, da videovigilância, da extinção dos partidos políticos fantasmas, bem como, não poderia deixar de ser, da ASEA e da lei de protecção dos não fumadores.
Escreve mesmo uma falsidade ( ou uma mentira?...) quando refere que “ a retirada dos nomes dos santos de centenas de escolas (...) é um acto ridículo de fundamentalismo intolerante “. A notícia era título a toda a largura de primeira página do Correio da Manhã de há dias, jornal a que pelos vistos António Barreto dá todo o crédito. Sucede que ela é totalmente falsa, e já foi oficialmente desmentida.
A aleivosia da crónica culmina com uma insinuação acusatória e insultuosa, mais própria de um tabloide britânico ou do antigo Pravda da extinta URSS :

“ Não sei se Sócrates é fascista. Não me parece, mas, sinceramente, não sei.
(...) O primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra a autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas três últimas décadas “.

A escrita de um tal quadro aterrador, possivelmente depois de uma noite mal dormida, retira credibilidade a críticas pertinentes que faça à actuação de José Sócrates e do seu Governo, e que estes realmente merecem. Se porventura adoptar uma estratégia de vitimização, o primeiro-ministro vai colher dividendos deste tipo de ataques.

VPV, MST e AB são três comentadores de que sou fiel leitor, e cuja talentosa forma de escrever muito aprecio. Por isso me doi ler escritos da sua autoria através dos quais parecem ter-se passado e ensandecido.

sábado, janeiro 05, 2008

SOBRE ALGUÉM COM SÉRIOS PROBLEMAS MENTAIS

Portugal é um país de polícias e de eunucos. Quem o afirma é Miguel Sousa Tavares (MST), na sua longa e mal humorada crónica do Expresso de hoje. Um verdadeiro case study psiquiátrico , exibindo nítida sintomatologia de esquizofrenia, do princípio ao fim :

Entre outras pérolas, escreve MST estes delirantes pedaços de prosa, de autêntica antologia :

“(...) um país onde o terror passou a ser lei e o Estado democrático republicano foi substituido por um Estado policial onde a totalidade dos cidadãos assume a condição de vigilantes da lei e da virtude (...)”

“Com a entrada em vigor da famigerada Lei 37/07 (...) passa a vigorar entre nós uma lei do terror e o país rencontra-se com a sua velha vocação de proibicionismo, delação e repressão dos direitos individuais “ ( sic...)

Ou ainda :

“Só alguém com sérios problemas mentais poderia ter feito esta lei anti-tabaco . E só uma Assembleia de deputados incompetentes e sem coragem nem vontade própria a poderia ter aprovado. É uma lei à medida de um país de polícias e de eunucos”.

Deduz-se por isso que, no sapiente julgamento de MST, países de eunucos serão também a Inglaterra, a Noruega, a Suécia, a Irlanda, a Itália, uma parte considerável dos Estados Unidos. Enfim, uma Europa inteira cheia de eunucos. Fumar em qualquer local, isso é na China ; que, como sabe, é um exemplar Estado com uma democracia muito avançada.
Homens com tomates, de barba rija, haverá muito poucos na Europa, para além dele, Miguel Sousa Tavares.
Todavia, com sérios problemas mentais, porventura resultantes da sua toxico-dependência ao tabaco. Deve tratar-se.
De qualquer forma, porque escreve habitualmente com inegável talento (1), e porque gosto de o ler, estou certo que o resto do pessoal portuga, quase todos eunucos ou polícias, lhe perdoará a pesporrência. E até, vamos mais longe na nossa caridade cristã, perdoamos a sua má educação.
(1) Embora o seu colega comentador Vasco Pulido Valente diga o contrário...

A VANTAGEM DE TER SIDO MINISTRO

No tempo de Salazar, dizia-se, muito em surdina, que o bom não era ser Ministro. O bom era ter sido Ministro. Frequentemente, saía-se de Ministro para um lugar de sinecura designado por Delegado do Governo, equivalente a Admiinistrador de um banco, de uma seguradora, ou de uma outra qualquer empresa pública ou privada.
Passados 40 anos, no nosso indiscutível mas imperfeito regime democrático, mesmo quando estão no poder os socialistas do PS, continua a ter aplicação aquele sábio dito.

A GRANDE FAMÍLIA DOS GESTORES DE TOPO

Segundo um estudo ontem divulgado, os valores médios dos leques salariais nas empresas públicas e privadas são:
- em Portugal : de 33 para 1
- na Alemanha : de 10 para 1

Há alguns opinion makers , e dos bem conceituados, comentando que não são os de cima que ganham muito, mas os de baixo que ganham pouco . E que aquela bizarra discrepância de valores se deve ao livre jogo do mercado. Uma treta.
Numa pequena economia e num pequeno mercado como os que há em Portugal, onde os empresários e os gestores de topo são sempre, entre si, ou amigos, ou primos, ou tios, ou cunhados, ou afilhados, o universo dos ditos gestores de topo comporta-se com uma bem afinada estratégia de uma “loja” ou de uma ordem corporativa fechada, dentro da qual se protegem uns aos outros na defesa dos seus privilégios.

É certo que os graves problemas da economia do país não ficariam resolvidos assim por um passe de mágica que reduzisse o leque salarial português para metade . Mas releva de algum cinismo limitar a análise daquela chocante discrepância entre a Alemanha e Portugal a saber se ela é causa ou consequência no nosso relativo sub-desenvolvimento. Do que se trata é de avaliar o seu significado e a sua dimensão ética. E tambem de interrogar como é que, face a essa discrepância, poderão os gestores de topo das empresas portuguesas ter lata, credibilidade e autoridade para mobilizar o colectivo dos seus trabalhadores e pedir contenção na evolução dos níveis salarias mais baixos.

Nota
Leque salarial : racio entre a remuneração mais elevada e a remuneração mais baixa, numa organização
.

sexta-feira, janeiro 04, 2008

OPINIÃO PUBLICA
No programa Opinião Publica desta tarde, na SIC Notícias, debateu-se o cancelamento do rali Lisboa-Dakar. No final, apurou-se o resultado do inquérito.
A pergunta era: " Concorda com o cancelamento do Lisboa-Dakar ? "
As respostas foram:
Sim - 14%
Não - 86%
Suponhamos agora que o debate era outro, e que a pergunta era assim:
"Concorda com a retirada dos 105 militares portugueses da missão da Nato no Afeganistão? "
O meu prognóstico é que as respostas seriam :
Sim - 86 %
Não - 14%

SUGESTÃO...

... para uma notícia de primeira página do Correio da Manhã, do 24 Horas, ou de outro orgão da imprensa portuguesa :

“Ontem à noite, no Porto, cuja Câmara Municipal é presidida por Rui Rio, um guarda da PSP assassinou com um tiro de pistola, e a sangue frio, um canídeo Pitbull indefeso, suspeito de ter atacado um homem e um cachorro, que se passeavam na calada da noite pelo parque da cidade.
Pela Sociedade Protectora dos Animais foi já apresentada queixa ao Procurador Geral da República e ao Tribunal Constitucional.
O Bloco de Esquerda já pediu a comparência do Ministro da Administração Interna e do Comandante Geral da PSP numa comissão de inquérito a constituir na Assembleia da República”

TERRORISMO
Depois disto que agora se passou, ainda vai haver jornalistas a designar aquela gente de guerrilheiros ou de movimentos independentistas? Ou ainda vai haver intelectuais "humanistas" usando "adversativas desculpantes", relativizando o perigo do fascismo de raiz islâmica, e quase insinuando que este se deve à arrogância da civilização ocidental e às maldades que esta fez ao Islão?

HISTÓRIAS MAL CONTADAS

O Forum TSF da manhã de hoje é sobre a saga do encerramento das urgências hospitalares. O Ministro da Saúde vai ser o bombo da festa, com certeza. Vai ser acusado de tomar medidas “economicistas”, esse chavão e lugar comum dos humanistas bem pensantes, os quais normalmente só pensam em obediência a critérios económicos quando se trata de decidir sobre os seus recursos próprios. Quando os recursos são de outros ou de todos, aí já são muito generosos e humanistas.
Devem já estar mobilizados para bombardear o programa com intervenções indignadas, alguns autarcas e muitos militantes de partidos políticos, talvez mesmo Filipe Menezes, líder do PSD.
E no entanto, no meio da berraria que se vai ouvir, e da denuncia desabrida de situações que dizem existir, e de casos que dizem verificar-se ou terem-se verificado, pressinto muita história mal contada, muitas meias verdades que são piores que mentiras, muita descarada manipulação.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

DEMAGOGIA MUITO FEIA

.... a utilizada pelo líder do PSD, dada a conhecer por esta notícia. Afinal, não vai para as portas das fábricas, vai para as portas dos hospitais, onde as audiências são mais faceis de manipular.
A demagogia populista de cavalgar os descontentamento dos “populares”, quaisquer descontentamentos, normalmente não pega em eleitorados conscientes. Mas veremos. Daqui a ano e meio.

NUVENS NEGRAS

O virar do ano e os primeiros dias do novo vieram trazer núvens negras no panorama da economia, a diversas escalas.
As núvens negras da meteorologia, em Portugal, essas foram benvindas, pela chuva que trouxeram. Menos mal. Só faltava agora que ainda por cima se prolongasse a seca que estava a fazer-se sentir.

O crude de petróleo toca e permanece nos 100 dólares por barril ; a bolsa portuguesa sofre quedas muito significativas ( é apenas um indicador de confiança, eu sei...), em Espanha avolumam-se os sinais do esperado rebentamento da bolha imobiliária, já se fala nos inevitáveis novos e grandes aumentos dos preços dos combustíveis, o preço do pão vai subir 30%...
De súbito, virei mais pessimista, e assalta-me o pressentimento de que o ano de 2008 vai ser mau, de mais e de muito sacrifício para muitos portugueses.
Vai ser necessário, pressinto-o, mudar e reformular muitos planos, muitos objectivos, muitos hábitos, muitas aspirações, muitos modelos de vida e de consumo, tanto a nível colectivo como individual.

A ESTRATÉGIA DO CUCO...

A última edição do diário As Beiras de 2007 traz uma curiosa crónica da Figueira da Foz , que poderá ser interpretada como encerrando, quanto a mim, alguma dose de malícia, ainda que involuntária.
O seu título, à largura de 3 colunas, era :“Vem aí o ano de todas as obras
Por baixo, uma foto com a seguinte legenda : “ O nome do Presidente da Câmara vai ficar ligado aos projectos mais importantes das últimas décadas”.

E depois, no corpo da notícia :

Duarte Silva vai ficar na história como o presidente da Câmara da Figueira que participou na inauguração das mais importantes das últimas décadas e assistiu ao lançamento de outras com idêntica importância.
Apesar da maioria delas ser da inicativa da Administração Central e de privados. (...)

Logo a seguir, vem uma listagem das tais mais importantes obras das últimas décadas : a A17, o prolongamento do molhe norte da foz do Mondego, a nova Ponte dos Arcos, as duas centrais térmicas, da EDP e da Iberdrola.

Até ver, quero acreditar que o entusiasmado texto, por onde perpassa uma elogiosa insinuação e uma sibilina associação de ideias, seja exclusivamente da responsabilidade do jornal.
Com o que este parece estar todavia a atribuir ao Presidente da Câmara, porventura de forma injusta, uma propensão para uma estratégia semelhante à do cuco. Ave que, como se sabe, utiliza ninhos alheios para colocar os seus ovos.

quarta-feira, janeiro 02, 2008



QUILÓMETROS DE PRAZER...

Era assim, como ilustra a imagem de cima, que, nos anos setenta, se fazia publicidade ao tabaco, anunciando quilómetros de prazer.
Daqui a uma meia centena de anos, os estudantes das escolas secundárias poderão ler nos livros de texto de português ( espero que sejam ainda de Eça e de Fernando Pessoa, mas não estou muito seguro disso...) tempos do verbo fumar.
Face a esta estranha palavra, se necessitarem de consultar um dicionário, talvez possam encontrar uma definição assim do tipo:

“hábito humano, desenvolvido e mantido por toxico-dependência , que consiste em inspirar gases de combustão de uma erva seca, os quais, depois de contactarem intimamente com as vias respiratórias, são expelidos na expiração”.

Ao lerem esta bizarria, os jovens vão seguramente pensar que o pessoal fumador era um conjunto de tótós...
(Clicar nas imagens , para as aumentar)

O CRUDE A 100 DÓLARES...
A começar mal o ano, aí temos hoje o crude de petróleo cotado a 100 dólares. Estando o orçamento do Estado português para 2008 baseado num preço do petróleo de 80 dólares, os tempos que aí vêm adivinham-se difíceis, para o cumprimento da meta de um deficit das contas públicas de 2,4% do PIB. E para a vida dos portugueses em geral.

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