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quinta-feira, dezembro 27, 2007

COMO VARAR O NEGÓCIO BANCÁRIO

O negócio bancário é uma actividade com uma grande carga fiduciária.
Fidúcia é sinónimo de confiança, segurança. Um banco, para ser bem sucedido, deve merecer fidúcia por parte dos seus accionistas, por parte daqueles que lhe emprestam dinheiro, e por parte daqueles que lhe pedem dinheiro emprestado.
No negócio bancário, também é aplicável aquele princípio de que não basta ser sério, é preciso parecê-lo. Ou ainda, de que não basta ser independente do poder político, é também preciso parecê-lo. Por vezes, até pode suceder que um banco não seja mesmo independente do poder político, mas cuida de parecê-lo, o que contribui para o seu sucesso. O caso da Caixa Geral de Depósitos dos últimos anos é um bom exemplo.
Justa ou injustamente, Armando Vara parece estar muito ligado ao actual poder político. Justa ou injustamente, tem associado à sua pessoa o perfil de um boy socialista que apenas trepou no negócio bancário por mor da sua actividade e dos seus contactos político-partidários.
Por isso, a meu ver, a sua anunciada presença no Conselho de Administração não é desejável nem benvinda no BCP, e só poderá estragar ainda mais a imagem do Banco. E não tanto, nem tão só, por poder haver influência do poder político no BCP, o que me incomoda, na minha dupla qualidade de accionista e de cliente depositante . Mas sobretudo, e muito mais, por de tal presença poder resultar uma ainda mais directa influência do BCP no poder político, o que muito mais me incomoda, na minha qualidade de cidadão.
No meio dos anos sessenta do século passado, quando a Billerud decidiu instalar-se em Portugal, fundando a Celbi, teve a perspicácia de convidar Bissaia Barreto para o Conselho de Administração da filial portuguesa. O velho mestre de medicina nada percebia do negócio de pasta de celulose. Mas era amigo de Salazar, com quem ia jantar todas as quintas feiras. Desta feita, em democracia, e no século XXI, acontece que Armando Vara é amigo pessoal de José Sócrates.

Post scriptum :
Varar - atravessar de lado a lado; traspassar, por no varadouro, fazer encalhar.
Varadouro - lugar em seco onde se fazem encalhar os navios, para nao tombarem.

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