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sexta-feira, março 17, 2006

O ESTADO DO SPORTING

O que por aí vamos vendo do que se passa com o Sporting, acontece também, em maior ou menor escala :

- com o Benfica
- com a Naval 1º de Maio
- com a grande maioria dos clubes de futebol portugueses
- com a Câmara Municipal da Figueira da Foz
- com muitos outros municípios portugueses
- com o Estado português
- com Portugal

Isto é : gastam sistematicamente mais do que aquilo que têm ; querem fazer vida de quem tem muito dinheiro, quando têm pouco ; as receitas que arrecadam não chegam para as despesas.

E que fazem? Uma de duas coisas, ou ambas : pedem fiado e pregam calotes, ou vendem património,
Enquanto este houver, lá se vai vivendo, e depois logo se vai vendo...
Quando acabar, fecha-se a loja ; ou a casa vem abaixo.

AINDA A PONTE DO GALANTE

O processo da Ponte do Galante voltou de nova à ribalta da vida local na Figueira da Foz , através da notícia de ter sido requerida pelo Ministério das Finanças a sua investigação por parte do Ministério Público.
A análise deste processo pôde desde sempre ser feita através de abordagens no plano do urbanismo, da arquitectura, da paisagística e da estratégia.

No plano da estratégia, porque importava, como importa ainda, decidir se os figueirenses aceitam que a Figueira se transforme cada vez mais numa cidade dormitório de fim de semana, ou com ocupação habitacional concentrada no mês de Agosto de cada ano.

Mas em minha opinião, a abordagem mais importante sempre foi, como agora ainda é, a de determinar da licitude ou ilicitude do negócio imobiliário realizado.
Ou seja : o essencial sempre foi dar resposta à questão de saber se é lícito a uma autarquia local colocar à venda um terreno seu, em hasta pública, com condicionantes do seu futuro uso, para depois, feita a venda, alterar essas condicionantes, ao gosto e conveniência de negócio do comprador, que se apresentara como único interessado na referida hasta pública.

É sobretudo esta questão de licitude que, antes de tudo o resto, deve ser avaliada por quem de direito, em sede própria, porventura pelo Ministério Público, ou por um tribunal administrativo
.

quinta-feira, março 16, 2006

A PRAGA DO EDUQUÊS

Entre dois voos, uma escala inesperadamente prolongada deu-me tempo para ler, de um trago só, o recente livro de Nuno Crato ( professor doutorado em Matemática) com o sugestivo título “ O Eduquês em discurso directo” .

Recomendo vivamente a sua leitura .
Sobretudo aos bons professores dos ensinos básico e secundário , que na meridiana clareza do seu texto encontrarão decerto reflectidas muitas das suas perplexidades e amarguras, perante as “pedagogices” e “modernices” que até há pouco tempo ( e desde os tempos de Roberto Carneiro ) eram espalhadas por certas estruturas internas do Ministério da Educação .

Transcrevendo parte do texto de divulgação publicado na contra capa do livro , este

“ disseca com rigor e impiedade os lugares comuns em educação, mostra o vazio dos conceitos que têm dominado a pseudopedagogia do laxismo e da irresponsabilidade e explica a ideologia frouxa que está por detrás da linguagem mole e palavrosa a que se tem chamado o eduquês .
Depois de ler este livro, ninguém poderá continuar a aceitar acriticamente expressões tão comuns como “aprender a aprender” , “ensino centrado no aluno” ou “ aprendizagem em contexto”.(...)

quarta-feira, março 15, 2006

ESPANHA, UMA NOVA POTÊNCIA ECONÓMICA EUROPEIA

Desde há cerca de dois meses, Madrid possui não apenas o mais moderno aeroporto da Europa, mas também seguramente um dos mais assombrosos, em grandiosidade e arquitectura.
A capacidade do já existente aeroporto de Barajas era de 42 milhões de passageiros por ano ; passou para cerca de 72 milhões de passageiros por ano.
Tem agora 4 pistas e 104 portas de embarque, com uma capacidade máxima de 120 movimentos de aviões por hora.
O novo terminal 4 , para já exclusivo da Ibéria, é uma gigantesca nave com quase 2 km de extensão.
Em paralelo com ele, o novo terminal T4s, com extensão um pouco menor, ligado por um comboio subterrâneo.
A viagem entre um e outro demora 12 minutos. As transferências para o pre-existentes terminais T1 , T2 e T3 , têm de ser feitos por autocarros, de 3 em e minutos, e demorando no trajecto 5 a 6 minutos.

Alguns dos números que caracterizam a realidade económica espanhola actual são verdadeiramente espectaculares . Saliento alguns dos mais expressivos.
Pela primeira vez deste a instauração da democracia em Espanha, as contas do Estado espanhol apresentaram no ano passado um avultado superavit de 1,1 % do PIB ( que confronta com o deficit de 5% do Estado português) .
Na agricultura, a modernização e o incremento da produtividade foram impressionante nas últimas décadas.
Espanha passou de uma cobertura 80% de auto abastecimento de bens alimentares em 1980 , para uma taxa de 125 % em 2005 ; ou seja, Espanha tem hoje uma agricultura fortemente exportadora, apenas com uma população agrária de cerca de 1 milhão de pessoas.
Em 1958, um lar espanhol dedicava cerca de 55% do seu rendimento à compra de alimentos; hoje em dia, gasta menos de 20% .

Perante este nosso vizinho, novo gigante económico europeu aqui ao lado, não haverá retórica de combate nacionalista e patriótica que nos valha.
As coisas são como são ; a economia é como é.
Não nos espantemos portanto que, num próximo futuro, algumas OPAS venham a soprar de Espanha.

domingo, março 12, 2006

O FIM DE O ESPECTRO

Vasco Pulido Valente (VPV) colocou um termo ao seu blogue O Espectro .
Este durou apenas cerca de mês e meio. Os seus postais tinham frequentemente uma e duas centenas de comentários.
Pode achar-se detestável o personagem pelas suas características pessoais : quezilento, petulante, embirrento, auto convencido, maledicente contra tudo e contra todos .
Mas tenho de reconhecer que VPV , escrevendo como respira, é senhor de um estilo literário acutilante, fluente, com inconfundíveis poder de síntese e verve satírica.
Por isso lamento que tenha posto fim ao blogue, e que tenha sido tão meteórica a sua passagem pela blogosfera.

A FIBRA DE UM ESTADISTA

Ainda a propósito de co-incineração, concordo com um pequeno comentário de Jorge Fiel publicado no EXPRESSO do sábado da semana passada :

José Sócrates
Esteve bem, enquanto ministro do Ambiente, ao ser intransigente na opção pela co-incineração de resíduos industriais perigosos – impopular mas apoiada numa Comissão Científica.
Foi corajoso durante a campanha eleitoral ao avisar que com ele a co-incineração estaria de volta.
E esteve magnífico ao avançar com o dossiê esta semana, apesar de Alegre ser o líder da contestação.
É desta fibra que se fazem os estadistas. “

sábado, março 11, 2006


AERODROMICES... (2)

De facto , em 2 de Março, o Diario As Beiras retomava o assunto do aérodromo.
Desta feita porém, o assunto perdeu o direito ao enorme destaque dado na edição anterior.
Na 1ª página, ao fundo, o título não perdeu porém o tom afirmativo e peremptório anterior. Assim rezava :

Aeródromo vai mesmo avançar na Figueira da Foz

Registe-se o “vai mesmo”. Não deixa margem para dúvidas . Só com elas ficam as pessoas sem fé.
Mais uma vez sou remetido para a página 13 , onde porém o grande título perde o tom peremptório da 1ª página, limitando-se a
Câmara procura privados para aeródromo
Pensava que desta vez é que seria, que avançaria mesmo, como se rezava no título da notícia, na primeira página...
Mas não. Fica-se a saber que afinal a Câmara está a estudar uma possibilidade ; meu Deus, quanto distante estamos do “avança mesmo” !...

Um possibilidade de atribuir a concessão, construção e exploração do dito aeródromo. Ou seja, a Câmara procura “parcerias” com privados. A coisa agora esta na moda.
Só que assim muito de relance, e por muito optimismo que exista, não estou mesmo nada a ver privados interessados em tão excelente negócio. Em geral, os investidores fazem muito bem os seus cálculos, contam os tostões e querem retornos . Depois veremos, talvez em altura em que já mais ninguém se lembrará desta ideia de fazer entrar os privados nestas aerodromices...

Bem..a não ser que, à semelhança de soluções que agora aparecem com frequência aqui pela Figueira, ao privado se acene com a possibilidade de um negócio imobiliário.
Assim do género : deixa-se ao construtor e operador do aeródromo construir uns blocozitos de apartamentos, que viabilizem a exploração do mesmo aeródromo, e assim as coisas têm solução.

Entretanto, enquanto o pau vai e vem, e folgam as costas, declara-se que tudo depende do Governo e da sua vontade.
E esta não deve ser muita para satisfazer os diversos tipos de aerodromices que de quando em quando surgem aqui na Figueira.
De Cavaco Silva, tais ideias também não poderão recolher qualquer amparo, disso estou também seguro.
De modo que ficarão um e outro como os maus da fita. É para isso que têm as costas largas.

sexta-feira, março 10, 2006

AERODROMICES... (1)

Ainda em tempo de revisões de leitura da imprensa local da semana passada, dou com o seguinte título a 3 /4 de toda a largura da 1ª página do Diário As Beiras do passado dia 1 de Março.

Figueira da Foz
Aeródromo avança
Câmara Municipal está a estudar a possibilidade de atribuir a concessão, construção e exploração a privados, mas o modelo necessita de aprovação prévia do Governo “

Comecei a pensar com os meus botões : não queres lá ver, homem de pouca fé, que agora sim, depois de muitas promessas, protocolos, anúncios, o aeródromo vai ficar mesmo pronto.

Do título categórico e meio sensacionalista, sou remetido para a página 13.
Desperta a minha surpresa, acesa a minha ansiedade, abro o jornal com impaciência.
E entre o divertido e o perplexo, deparo :

- na página 12 , com:
- o título, a 3 colunas “ Figueirenses devem mobilizar-se a favor do Cabo Mondego

- um texto destacado onde se lê, a letra mais pequena que a do título : “ O deputado Miguel Almeida defende uma mobilização popular em torno do Cabo Mondego. Entretanto, leva a efeito iniciativas parlamentares na defesa do geomonumento

- uma fotografia a cores do agora muito activo e conhecido deputado Figueirense Miguel Almeida, apontando com o dedo indicador direito, acusatório, para o que estará escrito num papel que aparentemente é um documento da Câmara Municipal da Figueira

- uma simpática e reverente notícia, numa pequena caixa, onde se dá conta da frenética actividade parlamentar daquele deputado : ele é uma intervenção sobre o Cabo Mondego, ele é uma intervenção sobre o porto comercial, ele é um requerimento pedindo informações sobre a nova ponte dos arcos e sobre a variante do Galo d’Ouro.


- na página 13 , com:

- o título, a 3 colunas “ Figueirenses devem mobilizar-se a favor do Cabo Mondego

- um texto destacado onde se lê, a letra mais pequena que a do título: “ O deputado Miguel Almeida defende uma mobilização popular em torno do Cabo Mondego. Entretanto, leva a efeito iniciativas parlamentares na defesa do geomonumento

- uma fotografia, dsta vez a preto e branco, mas de tamanho maior que a da página 12, do agora muito activo e conhecido deputado Figueirense Miguel Almeida, apontando com o dedo indicador direito, acusatório, para o que estará escrito num papel que aparentemente é um documento da Câmara Municipal da Figueira

- uma simpática e reverente notícia, numa pequena caixa, onde se dá conta da frenética actividade parlamentar daquele deputado : ele é uma intervenção sobre o Cabo Mondego, ele é uma intervenção sobre o porto comercial, ele é um requerimento pedindo informações sobre a nova ponte dos arcos e sobre a variante do Galo d’Ouro.


Fica-se deslumbrado com tão imensa dose de frenesim parlamentar e tamanha dedicação à causa pública e à Figueira da Foz, demonstrados pelo senhor deputado.
E fica-se também pasmado com tanto protagonismo mediático generosamente proporcionado por aquele órgão da comunicação social.

E entretanto, qué do aeródromo ?
Ficou para o próximo capítulo, que é como quem diz para a edição do jornal do dia seguinte....

quinta-feira, março 09, 2006

EM DIA DE TRANSMISSÃO DE PODERES

O discurso da posse de Cavaco Silva como novo Presidente da República, foi um discurso com sentido estratégico, encerrando mensagens de esperança, de confiança, de mobilização e de convergência com as linhas de rumo traçadas por José Sócrates para o governo que lidera.

Votei em José Sócrates e também votei em Cavaco Silva.
Sinto-me por isso com particular direito de ser exigente com o desempenho de um e de outro, em especial no tempo que hoje começou . E assim serei.

Reafirmo a minha esperança de que um e outro constituam aquilo a que chamei um tandem de sucesso no topo da hierarquia dos órgãos do Estado.
Foi num postal de 8 de Fevereiro de 2005 ( ver no arquivo do Quinto Poder) .
Ainda nem José Sócrates havia ganho as eleições legislativas, nem Cavaco Silva as presidenciais.

quarta-feira, março 08, 2006

OPINIÃO, MANIPULAÇÃO E CO-INCINERAÇÃO

Regressado à terra que já foi Rainha, foi hoje tempo para fazer revisão à imprensa local e regional dos últimos dias, designadamente o Diário As Beiras .

Parece que aí temos de novo uma cruzada de manipulação demagógica e obscurantista contra a co-incineração da fracção dos resíduos industriais perigosos ( RIP’s) inevitavelmente remanescentes das reciclagens que serão processadas nos chamados CIRVER’s .
Na edição de 28 de Fevereiro, em 3ª feira de Carnaval sempre cheia de muito folguedo, e a 3 /4 de toda a largura da primeira página do Diário As Beiras, sob um fundo negro (claro...) podia ler-se o aterrador e opinativo título :

“ Co-incineração
Ameaça paira de novo em Souselas”

Remetia depois para as páginas 2 e 3 , ambas repletas de “notícias” opinativas de algumas personalidades coimbrãs, mais ou menos ilustres.
Alguns dos argumentos seriam só delirantemente imaginosos, se não roçassem uma quase primária demagogia.

No sábado seguinte, nova notícia na primeira página, a toda a sua largura , mas desta feita de natureza informativa e não opinativa :

“Co-incineração
Queima em Souselas dentro de três meses”

No interior, na página 3, desenvolviam-se reacções e “argumentos” contra a co-incineração da Quercus, de um partido ficção chamado Os Verdes, do CDS-PP, do maior partido da oposição, do Bloco de Esquerda, e do inefável sociólogo coimbrão Boaventura Santos.

No essencial, a estratégia passa por aterrorizar as pessoas, aquilo a que chamam as populações, acenando com as maiores desgraças, bíblicas calamidades,pestes, epidemias, pandemias, doenças degenarativas, crónicas, agudas ou difusas, que o processo vai trazer.

Logo no dia útil seguinte, 2ª feira , a 3 /4 da largura da 1ª página do mesmo jornal, novo título aterrador e opinativo, a meu ver ao arrepio da deontologia do que deve ser a verdadeira informação :

“Coimbra
Co-incineração é um caso de saúde pública”

Só ao ler o corpo da notícia, numa página interior, se percebe tratar-se de uma opinião de um ilustre clínico do Centro Hospitalar de Coimbra ( Nota 1).

Mas lendo o fundo da mesma página, pode ficar a saber-se que, empertigado, ao bom estilo de um cacique local, e armando-se de competência para tal, o Presidente da Câmara de Coimbra diz que “ não vai autorizar a co-incineração” ; enquanto, fazendo-se de sonso, vai deixando a ameaça velada, embora dizendo o contrário, de que as “populações” poderiam “trazer a Maria da Fonte para a rua” .
Presumo que irá compartilhar a primeira linha de varapaus com o deputado Pereira Coelho.


Como uma velha senhora muito aristocrática, mas falida, Coimbra parece pretender ser apenas capital da saúde, deliciada possidente de uma antiga universidade onde se cultiva uma cultura de dimensão escolástica, carregada de charme humanista.
Que lhe preste. Depois que as suas gentes não se queixem de haver muitas cidades que lhe passam à frente.

Para a Figueira da Foz, isto é apenas preocupante na medida em que o exemplo parece querer pegar também por cá.
Só que em vez da cultura escolástica, por cá os motes são aparentemente a animação e o cachondeo .

Nota 1
Talvez fosse muito mais importante preocupar-se com as dioxinas que, anos a fio , podem ter sido emitidas pela incineradora de resíduos hospitalares do Hospital da Universidade de Coimbra. Não estou mesmo muito seguro se essas emissões não continuam a verificar-se.

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