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quarta-feira, janeiro 31, 2007

LEGISLAR À PORTUGUESA

Com fanfarras e trombetas, como vem acontecendo com demasiada frequência, o Governo anunciou, há larguíssimos meses, que iria preparar modernaça e “pra-frentex” legislação proibindo fumar nos locais de trabalho, restaurantes e em todos os espaços públicos fechados.
Nao seria coisa muito complicada.
Bastaria consultar a legislação de outros países europeus, fazer um “copy-paste”, com uma ou outra adaptação tendo em conta algumas das mais típicas idiossincrasias lusófonas.
A apresentação pública do projecto final do diploma até poderia dar mais uma bela jornada de propaganda , com a presença do Primeiro Ministro, e a exibição de um colorido “power point”...

Recordo ter sido anunciado que a dita legislação seria para entrar em vigor no princípio de 2007.
Antes, teria inevitávelmente que fazer a muito castiça liturgia de estar em consulta pública, ouvir os parceiros sociais, as regiões autónomas, a Associação Nacional de Municípios, recolher comentáros dos especialistas, auscultar a sociedade civil...

Sabe-se agora que o projecto de diploma jaz desde há vários meses numa gaveta governamental, à espera de ser aprovado pelo Conselho de Ministros.
A seguir, dará entrada no Parlamento. Espera umas semanas, a aguardar vez, e depois é discutida na generalidade, no plenário da ilustre Assembleia, pelo meio de muita palavrosa retórica parlamentar.
Desce depois à comissão especializada, onde vai ficando em discussão mais umas semanas. Segue-se o longo e muito literário relatório, voltando depois novamente a plenário.
Metem-se entretanto as férias parlamentares, e os senhores deputados vão a banhos.
Finalmente, depois das merecidas férias, o diploma lá vai ser aprovado em leitura definitiva no Parlamento.
Será então enviado ao Presidente da República, para promulgação.
Se ninguém se lembrar de suscitar a sua constitucionalidade, com o que ainda se meteria o Tribunal Constitucional pelo meio, de onde sairia um douto acordão de 30 páginas com várias declarações de voto, o diploma lá ficará pronto para o início do próximo ano.
E decerto com a indicação de que será para entrar em vigor passados seis meses depois da sua publicação em Diário da República.

Entretanto, vou continuar a ter de levar nas trombas com o fumo, a poluição e o mau cheiro do cigarro da Madame que se senta na mesa ao lado do café onde desejo exercer, sem ser incomodado, o meu direito de saborear a minha matinal torrada com chá ; ou na mesa ao lado do restaurante onde desejo exercer o meu direito de me deliciar com o odor e o sabor de um vaporoso arroz de tamboril, bem temperado com coentros.

terça-feira, janeiro 30, 2007

OBSTINAÇÃO E POPULISMO

Persiste uma atitude de assanhada, medieval e populista obstinação por parte dos autarcas de Coimbra e de Setúbal contra a co-incineração de resíduos industriais perigosos ( RIP’s) em instalações cimenteiras.
O Presidente da Câmara de Coimbra já teve os seus momentos de glória mediática, ao criar obstáculos sobre obstáculos ao inevitável processo de co-incineração em Souselas.
Vem agora a Presidente da Câmara de Setúbal, sem cuidar do ridículo em que cai, proclamar que a cimenteira SECIL não pode queimar RIP’s...porque no PDM aquela área está consignada a uma industria extractiva e não a uma unidade de incineração de resíduos.
Por este andar, ainda um dia destes a CELBI vai deixar de poder queimar biomassa nas suas caldeiras, pois no PDM da Figueira da Foz, para aquela área está autorizada uma fábrica de produção de pasta, e não uma unidade para a queima de resíduos de madeira.

Convirá recordar que, em 2002, na Europa, só em países muito pobres, sub-desenvolvidos e de cidadãos muito ignorantes é que se praticava a co-incineração de RIP’s em cimenteiras.
Assim, as percentagens das quantidades totais de RIP’s produzidos, que eram destruidos através desta tecnologia, eram:

- na Alemanha : 38 %
- na Suiça : 64 %
- na Austria : 78 %
- na Suécia : 100 %
- na Holanda : 100 %
- na Noruega : 100 %

Coitadas das exploradas e mal tratadas gentes destes atrasados países!...
Andam a dormir, não conhecem as sábias teses e teorias de muitos cientistas e ambientalistas portugueses.
Nem sonham os perigos que correm, nem a mortandade que vão ter, com pessoas a morrer de cancros!....

domingo, janeiro 28, 2007



HÁ 40 ANOS, HAVIA UMA GRANDE MANCHA VERDE

Em qualidade, é muito grande a diferença entre as duas fotografias acima colocadas.
Em tempo, as duas imagens da Figueira da Foz estão separadas por cerca de 40 anos.
A de baixo, é de um postal ilustrado de 1965 ou 1966.
A de cima ( de fraca qualidade!...) foi por mim tirada há dias.
A primeira linha da praia está radicalmente modificada.
Mas isso, enfim, seria mais ou menos inevitável que acontecesse. E tirando a famosa torre J.Pimenta e a outra que, anos depois, foi construida na sua sua quase imediata vizinhança, o cenário que se observa do outro lado da baía nem é paisagisticamente muito chocante.

O que mais choca ao compará-las, é que, da grande mancha verde do pinhal Sotto Mayor que existia em meados dos anos sessenta, agora nem um bocadinho se enxerga .
Não por estar tapada pelos prédios da frente marítima, mas simplesmente porque não existe mesmo, pois está transformada numa medonha floresta de betão armado.
Depois de ter sido vítima de uma brutal e ambientalmente criminosa carecada, salvo erro no princípio dos anos 90.

Torna-se por isso imperioso, à comunidade dos municipes figueirenses, e em particular aos responsáveis políticos municipais, evitar que idêntico disparate urbanístico possa vir a ocorrer na grande e rica mancha verde do Parque de Campismo.
A qual é bem capaz de despertar vorazes apetites a negócios imobiliários. Apetites aos quais, autarcas municipais mais desesperados por fazer receitas e dinheiro fresco, possam no futuro não saber ou não querer resistir .
(Clicar nas imagens para as aumentar)

sábado, janeiro 27, 2007

O ÓNUS DA PROVA

Com antipática arrogância, o Primeiro Ministro classificou de asneira uma bem intencionada iniciativa de João Cravinho, tentando fazer aprovar legislação mais eficaz de combate à corrupção.
Se bem percebi, a ideia de João Cravinho era que, havendo um cidadão, em particular um funcionário da Administração Pública, manifestamente com uma riqueza, um património, um nível e um estilo de vida muito acima do que lhe seria permitido pelo seu conhecido rendimento ou pelo que declara para efeitos fiscais, ele poderia vir a ter de explicar, quando envolvido numa investigação em curso,directa ou indirectamente, e perante um magistrado, como é que tendo de rendimento tão pouco, possuia, gastava ou exibia tanto.

Chamar a isto “a inversão do ónus da prova” ou o fim da “presunção da inocência", que poria “em causa direitos fundamentais”, é que constitui, quanto a mim, todavia leigo em jurisprudência, um rematado disparate.

Inversão da prova, porquê?.
Chamado aquele cidadão a dar explicações, de duas uma .
Ou conseguia justificar a discrepância , de forma convincente, e estava tudo bem.
Ou não queria ou não conseguia explicar, e ficaria quando muito debaixo de olho. Apenas mais suspeito do que antes, afinal quando já era suspeito.
Nunca seria por isso que seria considerado culpado, nem recairia sobre ele o ónus da prova. Presumia-se o seu estado de inocência e nele permanecia.
Continuaria a caber às autoridades policiais e ao Ministério Público o ónus de provar qualquer eventual ilícito que suspeitassem que o cidadão houvesse cometido.

À entrada para um avião, os passageiros têm de ser apalpados, quase despidos, e de se submeter a uma busca às suas roupas, às suas malas, volumes e objectos pessoais .
Ainda ninguém se lembrou de acusar que tais procedimentos de segurança colocam em causa direitos fundamentais ou princípios constitucionais .
Ninguem ainda pensou alegar que não é ao passageiro que incumbe o ónus da prova de que não é um potencial terrorista e que nada leva de perigoso ou proibido.E que teriam de ser os seguranças do aeroporto a provar que o passageiro leva uma faca ou uma bomba, e não o passageiro a provar que não leva ...
Ainda ninguem se lembrou ou pensou, mas um dia destes um ilustre mestre de direito indígena vai lembrar-se e alegar...

terça-feira, janeiro 23, 2007

HABEAS CORPUS E JUSTIÇA POPULAR

É manifestamente mau que o Supremo Tribunal de Justiça vá apreciar o pedido de Habeas Corpus do militar preso, sob pressão da opinião pública.
Ou condicionado pelo julgamento popular já feito sobre a irresponsabilidade de um trio de senhores juizes em considerar o eventual ilícito praticado pelo militar como “sequestro agravado”.
É o que acontece quando o sistema judicial, muito por culpa dos ilustres legilsladores mestres de direito, e dos membros da corporação dos juizes, funciona a passo de caracol, enrolado em toda uma teia de formalismos, típica da mentalidade latina, e inspirada na cultura jurídica franco-napoleónica.
Será de temer, e de ficar preocupado, que se o Supremo Tribunal de Justiça não der provimento ao pedido de Habeas Corpus, recusando reconhecer, de forma célere e sem mais bizantinos formalismos, que se está perante um clamoroso erro judicial, o prestígio e a credibilidade da Justiça portuguesa perante os cidadãos e a opinião pública, venham a baixar ainda mais, no sentido do nível zero.
Do qual custará muito mais a sair.

A SABEDORIA DO BOM GIGANTE NEGRO

Da entrevista de Francis Obikwelo, o grande campeão do atletismo, na revista UNICA do EXPRESSO de sábado passado, destaco a sua resposta à ultima pergunta do jornalista.

P : Qual é a receita para vencer?
R : É não pensar nunca que se é um perdedor. Todos somos talentos. Mas o talento só não serve. É preciso lutar por nós próprios e não estar à espera. Às vezes é dificil, mas se uma pessoa lutar, consegue alguma coisa. A vida é risco. Às vezes até beber água é um risco. Se queres ser um milionário, pensa como um milionário, não como um pobre. É a única forma. Se queres ser campeão, sonha como um campeão.

Um desses tantos gurus da moda, sobre psicologia, sociologia, gestão e coisas parecidas, que andam para aí a escrever livros da treta e a fazer conferências da banha de cobra, não conseguiriam sintetizar, com tanta sabedoria, a receita para vencer, como o fez o bom gigante negro.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

UM PERCURSO EXEMPLAR PARA UM DESEMPENHO EXEMPLAR

O caso vem noticiado no PUBLICO de hoje, em página interior. Passa quase despercebido.
Um senhor, chamado Jorge Galamba, foi durante o perído de 1998 a 2005, administrador delegado de uma empresa chamada FERGRÁFICA, do chamado grupo CP.
Esta empresa vive cronicamente com prejuizos e deficits; sobrevive à custa de injecções de recursos financeiros feitos pelo Estado, ou seja, à custa do dinheiro dos contribuintes. À semelhança, de resto, do que acontece com outras empresas do sector dos transportes, como a REFER, o Metropolitano de Lisboa, a Carris, ou a TAP. Com todos os contribuintes portugueses a pagar os serviços que só a alguns são prestados.

A empresa FERGRÁFICA é a principal fornecedora de material gráfico para a CP
e a Carris. Isto é, produz cartazes, folhetos, bilhetes, passes, catálogos, facturas, horários, e outras coisas de grande transcendência e de tecnologia de ponta.
Nada que não pudesse estar ao alcance de uma empresa, seleccionada por concurso, de entre uma dúzia de empresas gráficas privadas portuguesas, de média dimensão.

A FERGRÁFICA não apenas dava dava e dá prefjuizos, como estava falida, entre 1998 e 2005, e está falida agora. Chegou a ter salários em atraso aos seus trabalhadores, relata a notícia do PUBLICO.
A IGF (Inspecção Geral de Finanças) fez uma auditoria ou uma inspecção à FERGRÁFICA, empresa falida, e veio a descobrir que o Sr. Jorge Galamba, durante o período em que foi seu Administrador-Delegado, fez numerosas viagens ao estrangeiro para destinos tão intimamente ligados à actividade da FERGRÁFICA ou da CP como Nice, India, Brasil, Chicago, África do Sul e outros.

Da despesa que tais importantíssimas viagens provocaram, havia ainda cerca de 8 mil euros que não se encontravam devida e documentalmente justificadas.
Segundo a notícia do PUBLICO, o Sr. Jorge Galamba justificou tal omissão da seguinte maneira :

“Eu às vezes pagava coisas para as máquinas porque não havia dinheiro e depois era ressarcido mais tarde. Como nem sempre havia dinheiro para pagar as ajudas de custo, a metodologia usada foi esta : quando eu fazia viagens que eram minhas, particulares, a empresa pagava-mas para me ressarcir das ajudas de custo que antes não tinham sido pagas.”

Genial e exemplar, não?

E depois deste exemplar comportamento, sabem onde se encontra agora o Sr. Jorge Galamba a trabalhar, sabem?
Pois é um alto quadro do Tribunal Constitucional, onde se dedica à prestimosa actividade de fiscalizar as contas dos partidos políticos!

domingo, janeiro 21, 2007

ADOPÇÃO E SEQUESTRO

Diz-me a minha intuição que no debate que por aí vai sobre a história da menina cujo pai adoptivo, militar, foi condenado a 6 anos de cadeia (!....) por “sequestro”, haverá muita gente a opinar e a escrever, indignada, demasiado toldada pela emoção e sem ter em conta todo o contexto.
Como toda a gente sabe, na administração da Justica, a emoção é em geral má conselheira.

Tanto quanto sei, o pai biológico anda desde Fevereiro de 2003 ( tinha a menina 1 ano) a querer exercer o chamado poder paternal e a tentar que a menina lhe seja entregue. Só o fez depois de confirmada, por teste de ADN, que a criança era realmente sua, para o que disponibilizou ainda a menina tinha 5 meses. Tal prudência não parece em si mesma reprovável.
Certamente por, entretanto, o militar e a sua mulher terem criado fortes laço afectivos com a criança, usaram e continuam a usar muitos e variados truques dilatórios, a pisarem a fronteira da ilegalidade, para conseguirem, com sucesso, não cumprir a decisão do tribunal de entregar a criança ao pai biológico.

Mas isso não obsta a que se pense que não faz nenhum sentido e que não é inteligente, considerar, como a senhora juiza o fez, que a situação criada configura um caso de sequestro, punível com 6 anos de cadeia.
A senhora juiza, nesse aspecto, terá revelado imaturidade, pouca competência profissional e incapacidade para interpretar o sentido e alcance do termo sequestro.
Este ocorre quando alguém “ detiver, prender, mantiver presa ou detida outra pessoa ou de qualquer forma a privar de liberdade”. Estará óbvia e implicitamente sub entendido “ com o intuito de lhe fazer mal ou lhe provocar danos materiais ou psicológicos “.

Chegados ao ponto a que se chegou, e mesmo considerando como formalmente próximo do ilícito o comportamento do militar e sua mulher, ninguém duvidará que, para a criança, e neste momento, a melhor solução será ela ficar entregue aos cuidados dos pais adoptivos.
Entre os direitos do pai biológico, sem nenhuns laços com a mãe biológica, e os direitos-interesse da criança, estes devem sobrepor-se àqueles.

Creio que assim rápidamente julgaria o pragmático modelo judicial anglo-saxónico, que não curaria de se preocupar com detalhes formalistas “ à la portuguaise”, que impregnam todo o processo.

Ou então, em alternativa, faça-se como o Rei Salomão, na sua bíblica sabedoria.
Duas mulheres reivindicavam com vemência a maternidade de um bébé .
Como não chegassem a acordo, o pleito foi levado perante o Rei Salomão.
O qual disse : já que assim ambas as mulheres reivindicam o mesmo bébé, corte-se este ao meio e entregue-se cada metade a cada uma.
Uma das mulheres calou-se. A outra gritou que não queria isso, e rogou para que então se entregasse a criança à outra mulher que ficara calada.
Estava encontrada a verdadeira Mãe.

sábado, janeiro 20, 2007

COIMBRA OU CIDADE AMORIM ?
...ou o saudável sarcasmo de Vital Moreira neste seu post do blogue Causa Nossa.

IMAGEM E QUALIDADE DAS UNIVERSIDADES PRIVADAS

Quando uma Universidade privada, como a Universidade Internacional da Figueira da Foz, se põe a ministrar cursos destes , quem sabe se mesmo pós-graduações ou doutoramentos, sobre matérias científicas tão transcendentes como as normas protocolares de :

- convites e cartões de visita;
- presentes sociais e de representação
- almoços, jantares e outras refeições protocolares
- listas de convidados e esquemas de mesa
- inaugurações e primeiras pedras

habitualmente tão bem tratadas pela grande especialista que é D. Paula Bobone ( conhecida tia de Cascais e autora de uma brilhante obra literária), está quase tudo dito sobre o prestígio, a imagem, o nível académico e a qualidade dessa Universidade.
Está muito dito, igualmente, sobre a qualidade de uma significativa generalidade das universidades privadas portuguesas.
E mais ainda, está muito dito sobre a imperiosa necessidade de um rigoroso sistema de avaliação e de acreditação das universidades portuguesas.
Se possível com participação de avaliadores estrangeiros.
Mas, por favor, que não lhes sejam mostrados exemplos destes, para não cairmos no ridículo, todos nós portugueses.

quinta-feira, janeiro 18, 2007


Estando em curso a revisão do Plano Director Municipal e Plano de
Urbanização do concelho da Figueira da Foz,o Movimento "Parque Verde"
vem apelar a todos os cidadãos que subscrevam a petição para

Alteração
da classificação no Plano de Urbanização do espaço correspondente ao
Horto Municipal e Parque de Campismo

O VALOR E O PREÇO

Assisti ontem à tarde, no canal Parlamento, à exposição do ex-Presidente da ERSE (Entidade Reguladora do Sector Eléctrico), engº Jorge Vasconcelos, perante a Comissão de Assuntos Económicos da Assembleia da República .
Uma apresentação serena, esclarecedora, de exemplar clareza, em linguagem simples e muito pedagógica.
A certo passo, e a propósito da função do preço da energia como elemento gerador de racionalidade do seu consumo, contou uma história curiosa.

Na antiga União Soviética, as residências não tinham contadores, nem de electricidade, nem de combustível para as caldeiras do aquecimento central.
A energia era assim um bem livre, produzido e proporcionado livremente pelo Estado
Sucedia então que as pessoas aqueciam demasiado os interiores das suas casas ; e quando o calor ficasse excessivo, a regulação da temperatura era feita....abrindo um pouco as janelas....

quarta-feira, janeiro 17, 2007


RANKING DE CÂMARAS MÁS PAGADORAS

A Câmara da Figueira da Foz, e sobretudo o Município da Figueira da Foz, pessoa colectiva da comunidade dos figueirenses, que importa ser pessoa de bem, fica muito mal na fotografia acima anexa, retirada do sítio na Internet da Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas.
O prazo médio dos seus pagamentos a empreiteiros de obras públicas ultrapassa os 12 meses !
Como se chegou até esta situação, depois de, em 2002, se terem injectado nas suas finanças 25 milhões de Euros, obtidos a partir de empréstimos da banca?

Fraco ou nenhum consolo será dizer que o laibéu de má pagadora se aplica também a outras Câmaras Municipais . Com o mal dos outros podemos nós bem.

Acrescentarei que se fosse o meu nome, pessoa singlar, que aparecesse numa qualquer lista de maus pagadores, me sentiria envergonhado e, se pudesse, evitaria sair à rua.
(Para ampliar a imagem, clicar sobre ela)

terça-feira, janeiro 16, 2007

DEMASIADA ESPUMA, PARA MEU GOSTO ...

Sobre a mediática apresentação do QREN, hoje realizada pelo Primeiro-Ministro, com pompa, circunstância e muita espuma, transcrevo um comentário de um leitor a um post publicado hoje pelo blogue Abrupto :

O que me espanta é, uma vez mais, a cerimónia para a apresentação do QREN.
Uma coisa é a comunicação com ou aos portugueses, outra é a jornada de propaganda que já é habitual neste Governo.
Indagamos : Será necessário deslocar tanto dirigente, da administração central, dos serviços de Lisboa e descentralizados pelo País, para assistir à comunicação?
Quais os custos com as deslocações e ajudas de custo de tanto dirigente da administração pública?
Não haverá outros meios, mais eficazes e menos oneroso, que possibilitem uma boa operacionalidade com as informações inerentes ao QREN?
Não quero falar, ou lembrar, a quebra de ritmo e de trabalho e o adiamento de decisões dos diversos processos que se encontram nos Ministérios, nas Direcções Gerais e nas CCR, perante a “necessidade/obrigatoriedade” de estar presente na sessão de propaganda governamental, mas em pleno séc. XXI, considero que estamos na altura de alterar certos comportamentos governamentais.

Não posso estar mais de acordo.


LÍNGUA, ESTRUTURA MENTAL E ESTRUTURA SOCIAL

Entre umas limpezas e umas arrumações domésticas, dei com uma colectânea de ensaios do ilustre professor Luís Lindley Cintra, num pequeno volume com o título “Sobre Formas de Tratamento na Língua Portuguesa”, editado e lido com encantamento no ano de 1972.
O primeiro ensaio é a reprodução de uma conferência dada pelo Prof. Lindley Cintra no Centro Nacional de Cultura, em Maio de 1966.
Destaco dele três pequenos trechos muito elucidativos.


“É bem conhecida a estranheza que causa ao falante de outra língua moderna europeia a complexidade do sistema de tratamento em português – isto é, das formas que, em Portugal, um interlocutor usa para se dirigir a outro interlocutor (...)”

E cita depois uma obra sobre o tema, de uns autores ingleses, publicada em 1961.


“ À parte as dificuldades de pronúncia, dois obstáculos principais para o principiante (na aprendizagem do português) são a gramática complexa, especialmente no que se refere aos verbos, e a forma de tratamento antiquada, quase oriental.
A primeira coisa que se deseja fazer com uma língua é falar com as pessoas.
Mas, em Portugal, uma pessoa está sujeita a ser interpelada de quatro ou mesmo cinco modos diferentes e a cada um desses modos está associado um grau diverso de intimidade ou de respeito, cada um deles fixa firmemente o tipo de relação entre a pessoa interpelada e a pessoa que se lhe dirige
.”


Mais adiante, escreve de sua lavra o Prof.Lindley Cintra :

“O sistema português (...) parece ligar-se intimamente, por um lado, a uma sociedade fortemente hierarquizada ; por outro, a um certo comprazimento, a um certo gosto na própria hierarquização e na matização estilística ou, talvez, a uma dificuldade inconsciente ou subconsciente em aceitar uma nivelação maior realizada através de um processo semelhante ou pelo menos paralelo ao que conduziu, no Brasil, a um sistema dual, devido à expansão do você pelo terreno da intimidade, com prejuizo do tu, hoje moribundo(...)”

E no final do ensaio, conclui :

“Ora, se pensarmos que não são só os indivíduos e a sociedade em que se organizam que agem sobre a língua que falam, e que por isso mesmo os reflecte em algumas das suas características, mas que a própria estrutura da língua herdada ou aprendida pode moldar, e molda muitas vezes, a maneira de ver o mundo dos indivíduos que a empregam, creio que não irei longe de mais ao tentar extrair algumas consequências práticas (...).

Várias das tendências que apontei merecem aceitação e franco apoio : o repúdio definitivo de V.Exª, uma expansão decidida do emprego do tu, a eliminação de diferenças entre tratamentos nominais que assentam em diferenças de níveis sociais, longe de constituirem um empobrecimento da língua – ou ainda que o constituam – seriam sem dúvida uma útil contribuição linguística para a tão necessária reforma de certos aspectos da estrutura mental e da organização social dos Portugueses “

Passaram 40 anos . Ocorreu entretanto o processo revolucionário sequente ao 25 de Abril de 1974.
Mudou radicalmente a organização política ; nem tanto a organização social dos Portugueses.
Mas até hoje mudou muito pouco a sua estrutura mental, e consequentemente, mudaram muito pouco as formas de tratamento.
Ou, na perspectiva dialética do Prof. Lindley Cintra, como as formas de tratamento quase nada mudaram, tambem muito pouco mudou a estrutura mental.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

PARA MAIOR TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO MUNICIPAL

Como cidadão munícipe da Figueira da Foz, que procuro ser, desde há muito tempo que manifesto gosto em regularmente poder apreciar com tempo e pormenor os Orçamentos/Planos Anuais de Actividade e as Contas de Gerência anual da Câmara Municipal.
Estultícia minha. Tinha de me conformar a ler umas pequenas notícias nos jornais ou a implorar o empréstimo daqueles documentos a um ou outro autarca conhecido.
Pois se até aconteceu que deputados municipais de um partido representado na Assembleia Municipal , para poderem apreciar e votar o Orçamento anual, não receberam, prévia e atempadamente, cópias deste documento!...

Há bastante tempo que algumas câmaras municipais tornam públicos aqueles importantes instrumentos de gestão e de avaliação de desempenho, nos respectivos sítios da Internet. É esse o caso, por exemplo, da Câmara Municipal de Pombal.
A Câmara Municipal da Figueira da Foz nunca o fez nem o faz.
Em boa hora vai ser obrigada a fazê-lo agora, não sei se a contra gosto, nos termos da nova Lei das Finanças Locais ( nº 2/2007) hoje publicada no Diário da República.
Assim passa a estipular o seu artigo 49º :

1- Os municípios devem disponibilizar, quer em formato papel em local visível nos edifícios da câmara municipal e da assembleia municipal quer no respectivo sítio na Internet:
a) Os mapas resumo das despesas segundo as classificações económica e funcional e das receitas segundo a clasificação económica;
(...)
f) O montante total das dívidas desagregadas por rubricas e individualizando os empréstimos bancários.

2- As autarquias locais (....) devem disponibilizar no respectivo sítio na Internet os documentos previsionais e de prestação de contas referidos na presente lei, nomeadamente:
a) Os planos de actividade e os relatórios de actividade dos últimos dois anos;
b) Os planos plurianuais de investimento e os orçamentos, bem como os relatórios de gestão, os balanços e a demonstração de resultados, inclusivamente os consolidados, os mapas de execução orçamental e os anexos às demonstrações financeiras, dos últimos dois anos;
c) Os dados relativos à execução anual dos planos plurianuais.


Como me parece óbvio, o tempo de verbo “devem” é totalmente vinculativo, criando uma obrigação.
A nova Lei das Finanças Locais entrou já em vigor, no dia 1 de Janeiro último.
Espero e exijo que não demore muito a ser integralmente cumprida, em particular no Município da Figueira da Foz, como deve acontecer num estado de direito.

domingo, janeiro 14, 2007

O DINHEIRO E O PODER

Perante todo o nervoso debate que por aí vai nos mentideros da politiquice nacional e na comunicação social, sobre se Paulo Macedo, o actual bem sucedido Director Geral dos Impostos, vai ou não manter-se na função a partir de Maio, caberá também especular : e se o senhor resolve mesmo ficar, aceitando que a sua remuneração seja reduzida dos actuais 23 mil euros mensais para 5 mil Euros mensais, limite que a legislação actual não permite ultrapassar?
Aquilo que perderia em dinheiro a contado, ganharia em carisma, prestígio, auréola, popularidade, autoridade. Em suma, poder.

E a busca do poder, mais do que o dinheiro, é o que, muitas vezes, passa a motivar certas pessoas, quando os seus níveis de consumo e de conforto de vida são invariantes face aos respectivos níveis de remuneração e de rendimento.
Num tal cenário, meramente especulativo, saliento, talvez Paulo Macedo se transformasse numa das personalidades mais poderosas de Portugal.
E muitos dos actuais profissionais da política que se cuidassem.

REFORMAS E REFORMAR

Reforma é fazer diferente, é ser capaz de adaptar as acções a novas circunstâncias e, por isso, não há reformas sem roturas, não necessariamente com os objectivos, mas sim com os meios e os modos de os alcançar.


(Manuel Ferreira Leite, num curto artigo de opinião do EXPRESSO de ontem)

sábado, janeiro 13, 2007




O CASTELO ENGº SILVA

Neste post e neste post , o QuintoPoder já aludira ao obsceno estado em que se encontra o Castelo Engº Silva, na esplanada em frente à praia da Figueira da Foz.
Mais recentemente, o prezado colega local Lugar para Todos referiu-se também ao assunto, num oportuno post.
Aquele emblemático edifício da Figueira da Foz ( talvez o mais emblemático da cidade, para quem visita a praia) está no estado de deplorável degradação e de ruina que as imagens ilustram.

Ao que julgo saber, o imóvel é pertença do Município da Figueira da Foz desde há uns quantos anos. Uma senhora que lá vivia teria apenas direito ao seu usufruto.
Já lá não deverá viver, a avaliar pelo estado das janelas, escancaradas e destruidas.

Não sei se o Orçamento da Câmara Municipal para 2007 contemplará alguma dotação para as urgentíssimas obras que é imperioso realizar, para evitar a completa derrocada do edifício.
Se o contemplar, tanto melhor. As obras terão de começar quanto antes.

Se o não contemplar, proponho uma solução alternativa.
No Orçamento para 2007, ao que li na imprensa regional, existe uma dotação de 2,7 milhões de Euros para a empresa municipal Figueira Grande Turismo. Para despesas correntes, portanto.
Pois bem, reduza-se essa verba para metade. Ninguém morre, a cidade não pára, não será por isso que em Agosto próximo a Figueira terá menos banhistas.

Metade daquela verba são 1,3 milhões de Euros; 260 mil contos na moeda antiga.
Deve chegar para pelo menos começar a recuperar o edifício.
Cuidar e salvar o património arquitectónico é também fazer política cultural.
Passa-se um ano com menos concertos, sem carnavais, sem desfiles de misses ou sem fogos de artifício. Mas paciência.
A Política, nobre actividade, é isso mesmo Ter coragem para fazer opções e fazê-las.
E entre os aneis e os dedos, salvem-se os dedos.
(Nota : Para ampliar as imagens, clicar sobre elas)

sexta-feira, janeiro 12, 2007


PARQUE TEMÁTICO OU PARQUE DE DIVERSÕES ?...

No Diário As Beiras do passado dia 9 de Janeiro, li que a autarquia da Figueira da Foz “ quer construir um parque temático“
A ideia em si, do Vereador Lídio Lopes, segundo a notícia, parece-me excelente
Conhecendo porém as graves dificuldades financeiras por que atravessa o Município ( e não se espera que elas possam ser supridas a curto prazo), temo que o bem intencionado anúncio possa não passar de um fogacho de voluntarismo, ou daquilo a que os ingleses chamam de wishful thinking, possível de traduzir para português como “desejo mental”...

A menos que se trate de uma solução em que o Município se limitasse a disponibilizar um terreno disponível, para sobre ele, um agente económico privado instalar o negócio. Era uma boa solução.
E desde que, será cauteloso acrescentar, a dita entidade privada não tente associar ao parque, alegadamente para o rentabilizar, mais um negócio imobiliário, como vem sendo costume.

Como legenda de uma foto que acompanha o corpo da notícia ( e não em qualquer trecho desta) diz-se que “ o modelo desejado é o do Parque Tivoli de Copenhague”.
Ora este não é aquilo que se possa designar como um “parque temático”.
É, isso sim, um parque de diversões.
De grande, excelente qualidade, de resto, nada tendo de comparável com a terceiro-mundista Feira Popular agora retirada ou a retirar da vizinhança do Campo Grande, em Lisboa.
E de Figueira, cidade com imagem de diversão, cachondeo e muita animação, já temos que chegue.
Do que é preciso agora é de uma imagem de Figueira como terra virada ao futuro, ao conhecimento, à ciência e à tecnologia.

Por isso, o que , quanto a mim, poderia servir de modelo, seria o Parque de Madurodam, nas proximidades da cidade de Haia, capital da Holanda.
Uma maravilha, visita quase obrigatória para todos os turistas que passam pela Holanda, miudos ou graudos. E um excelente negócio, sem dúvida.
Poderá ter-se uma ideia do que é este Parque visitando este site, este, ou ainda este.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

PARA REFLEXÃO...

“Como governar as democracias, se é preciso ser popular para ser eleito, e impopular para reformar? “

Luc Ferry, escritor e filósofo francês


“ Compreendo que dentro da Igreja, muita da resistência ao “século” pareça empobrecedor para os católicos – por exemplo, a recusa da ordenação das mulheres, ou as posições da Humanae Vitae sobre a contracepção – mas, para “fora” , uma Igreja que mude só com solidez e prudência, que afirme um sistema de valores que comunica com outros valores sociais, e os reforça, é fundamental.
Nos dias de hoje, os aspectos mais socialmente negativos das posições da Igreja ( sobre moral sexual, por exemplo) parecem-me de todo circunstanciais e, a prazo, acabarão por mudar, mas é essencial que essa mudança se faça sem pôr em causa a autoridade da Igreja enquanto presença moral e espiritual.
Pode parecer contraditório desejar ao mesmo tempo mudanças e prudência, mas não é.
(...)
Para o “mundo”, faz mais falta uma Igreja sólida, lenta e prudente, ou seja conservadora, do que uma Igreja “progressista”.
Para “progressismo e “politicamente correcto” já temos que chegue.
Para além disso, marxistas e “progressistas” fazem muito melhor “ progressismo” do que faz a Igreja. Este é também o sentido da obra teórica de Ratzinger “.

José Pacheco Pereira, num artigo de opinião no PUBLICO de hoje.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

QUERQUICES...
Pronto, tinha que ser.
Não ouviram a opinião da Quercus, o Papa indígena do ambiente e, claro, a Quercus está contra a instalação da unidade de piscicultura em Mira...
Talvez fosse aconselhável que ninguém da Quercus, ou com ar disso, tenha a ousadia de passar por Mira nos próximos tempos. Eu se fosse da Quercus, com barbas e tudo, não passava.

GUIA PRÁTICO PARA FALAR BEM E IMPRESSIONAR

O QuintoPoder tem o prazer de divulgar acima um excelente e utilíssimo guião para intervenções e discursos, destinado a ser usado por todos os candidatos a ter sucesso na vida político-partidária, em particular para muitos jotas e jotinhas, ou ex-jotas e ex-jotinhas.

Ao que o QuintoPoder está informado, este guião era e é utilizado por vultos notáveis da política, tais como o saudoso ex-Primeiro-Ministro António Guterres e o ex-Vice-Presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pereira Coelho.


Ora vejamos como funciona.

Pode-se combinar uma qualquer expressão listada na coluna A, com outras expressões listadas nas colunas B,C e D, por esta ordem.
As variações obtidas são cerca de 10 mil.
Pelo meio, podem-se meter algumas palavras muito na moda, tais como implementar, acessibilidades, planeamento estratégico, economicista, incontornável, eixo nuclear...
Assim, por exemplo, a seguinte combinação :
5A-2B-8C-1D
Resulta em:

Do mesmo modo, a complexidade dos estudos efectuados, prejudica a percepção das nossas opções de desenvolvimento futuro

O que é que isto quer dizer ? Sei lá...
Mas resulta bonito, não resulta?

(Nota : Se quiser aumentar o tamanho da imagem, basta clicar sobre ela)


domingo, janeiro 07, 2007

RELAÇÃO SIMBIÓTICA

De um excelente artigo de opinião de José Miguel Júdice no PUBLICO da passada 6ª feira, a propósito do teor da mensagem de Ano Novo do Presidente da República, desejo dar destaque a este sugestivo trecho :

(...)
Tenho definido a relação entre o Presidente da República e o Primeiro-Ministro como uma cooperação simbiótica, isto é, uma forma superior de cooperação estratégica.
Numa relação simbiótica – ao contrário da relação de parasitismo - os dois seres alimentam-se reciprocamente, sendo cada um deles indispensável à sobrevivência e desenvolvimento do outro.
Mas para que a interacção possa ocorrer de modo benéfico é essencial que exista um grau adequado de diferenciação : serem demasiado iguais é tão grave como serem demasiado diferentes.
(...)

AS MELHORES CIDADES PARA VIVER

O EXPRESSO deste último sábado publica um curioso ranking das melhores 50 cidades portuguesas para viver em 2007.
As cidades são classificadas segundo 20 critérios, cada um pontuado numa escala de 0 a 100.
A Figueira da Foz ocupa o 10º lugar, ex-aequo com Vila do Conde, com 1145 pontos, num máximo de 2000. O que, não sendo nada mau, não deixa no entanto de ser injusto, comparado com outras melhor classificadas na lista.
Em minha opinião ( e não sou propriamente um tipo muito dado a bairrismos...) a Figueira merecia estar uns dois ou 3 lugares acima.

Os critérios são obviamente baseados numa grande subjectividade, originando algumas pontuações quanto a mim absurdas, e não fazendo sentido.

Por exemplo, não percebo como se poderá dizer que cidades como Angra do Heroismo, Ponta Delgada ou Vila Real, ou até Coimbra, sejam melhores e mais desejáveis para viver do que a Figueira da Foz.
Lisboa ficou à cabeça no ranking, também não percebo como nem porquê.
Guimarães está logo a seguir, esta cidade sim, com inteira justiça, em posição de topo.
( A propósito, visitem-na logo que possível ; tem de longe o centro histórico mais bem cuidado e conservado de Portugal, a milhas do de Évora).

A facilidade e qualidade dos acessos ( a acessibilidade!...no singular!...) à Figueira da Foz é classificada com 60 pontos, atribuida para as condições actuais, e que seguramente irá melhorar muito quando estiver completada a continuação da A8. Mas a Aveiro, nesse critério, só foram atribuidos 70 pontos, quando se conhece o grande número de auto estradas que confluem à cidade, a passagem por ela da linha de comboio Lisboa-Porto, os combios sub-urbanos e regionais com ligação ao Porto, a localização da uma estação ferroviária mesmo no centro da cidade, a existência de um porto comercial de dimensão média e razoável operacionalidade.

O critério mais bem pontuado na Figueira da Foz ( 70 pontos) é o da “relação com a água e a paisagem”, mas no qual Aveiro, cidade plana e sem panoramas ou miradouros, recebeu 70 pontos.
Em “fluidez de trãnsito”, a Figueira obteve 60 pontos, justos quando comparados aos 25 dados a Lisboa neste critério, ou 35 a Coimbra ; mas não fazendo sentido quando comparados com 65 pontos atribuidos a Vila Real ( uma cidade de tráfego complicado, até pela sua geografia).

No fim do ranking situa-se a Amadora. Entende-se...

sábado, janeiro 06, 2007

A CREDIBILIDADE DE UM TESTEMUNHO

Confesso : afinal, acabei por comprar o último livro de Santana Lopes.
Há dias, ainda antes do Natal, fui ao supermercado do Jumbo comprar uns iogurtes.
Ao entrar, dei de caras com uma estante tendo para cima de uma vintena de volumes daquela notável obra de memórias ficcionais.
Retirei um para o cesto das compras, e logo o cobri com uma embalagem de gel de banho e uma meia dúzia de iogurtes, não fosse alguém ver-me com o livro...
Ali pelos lados, podiam ver-se outros livros muito procurados na época natalícia, de Carolina Salgado, de Margarida Rebelo Pinto e de Paulo Coelho.

Para além do que já foi dito, escrito e repetido à exaustão, quer propriamente do livro, quer do seu autor, muito pouco haveria a acrescentar.
O texto é doentiamente repetitivo, batendo sempre no mesmo : foi tudo uma conspiração, na qual colaborou Cavaco Silva , e de que ele, Santana Lopes, foi uma infeliz vítima. Logo ele, que tanto trabalhou e que tão grandiosa obra mostrou no passado, no seu dizer!
Exibindo um narcicismo patológico, deixa assim revelada a visão “santanocêntrica” que tem da vida política nacional . Acaba por cansar.

Há porém uma parte sobre a qual entendi fazer um último comentário, por ela dizer muito, sobre o carácter da personalidade, e sobre a credibilidade a dar aos vários relatos de conversas privadas ( muitas vezes em discurso directo!...) e de testemunhos que, na sua versão, dariam consistência às suas teses da conspiração .
É uma parte em que Santana Lopes escreve novamente sobre a formidável obra que, no seu entender, realizou na Figueira da Foz.
É a páginas 152 :

(...)
Terá aqui cabimento fazer uma alusão às reiteradas críticas às minhas gestões, que supostamente teriam sempre endividado as instituições que ate agora dirigi.
(...)
Por outro lado, o caso da Figueira da Foz. Tenho tido sempre uma enorme dose de paciência para ouvir falar no peso da “dívida” que a nossa gestão teria deixado a quem nos sucedeu.
O passivo, quando tomámos posse, era de 8,5 e passou para 15,3 milhões de euros.
O Executivo que nos sucedeu, liderado por António Duarte Silva, teve de fazer um novo financiamento de cinco milhões de euros, logo no início do seu mandato. (...)

É falso. Como toda a gente já sabe.
É falso, e Santana Lopes já não poderá alegar que não sabe que é falso.
O financiamento que foi indispensável injectar, através de empréstimos bancários, urgentemente, para tapar buracos de dívidas, e evitar a paralização da actividade do Município, logo no início do mandato que se seguiu ao de Santana Lopes, foi de 25 milhões de Euros e não de 5 milhões de Euros. Cinco vezes mais do que o valor que refere.
Pouca coisa, parece.

Segundo a sabedoria popular, cesteiro que faz um cesto, faz um cento.
Por isso, e para mim, pelo menos, tudo o que Santana Lopes conta, as conversas que refere, os factos que narra, não ultrapassam o nível da treta, por ficar reduzida a zero a credibilidade a atribuir às revelações que escreve e descreve no seu livro de memórias ficcionais.

VISÕES...

A azougada e estridente deputada europeia Ana Gomes deu agora em procurar mais protagonismo e em chatear o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado ( um excelente ministro!), por causa de uns alegados voos da CIA que teriam feito escala nas Lajes, nos Açores.
A senhora faz-me lembrar a histérica Júlia Pinheiro, apresentadora de programas de televisão foleiros.
A mais contundente resposta que lhe foi dada, foi agora a do Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, que em voz contida e em registo calmo, mas com requintada ironia, disse que a senhora tem visões, como os pastorinhos de Fátima....

sexta-feira, janeiro 05, 2007

OS THIBAULT (2)

Afinal, depois de ler hoje a programação da RTP1 , verifico que a série “Os Thibault” termina já na próxima madrugada.
Tem assim apenas quatro episódios, de cerca de hora e meia cada. O que é muito pouco para condensar, em linguagem cinematográfica, todo o riquíssimo conteúdo dos 3 volumes da admirável obra literária de Roger Martin du Gard.
Os 2 últimos episódios estão anunciados entre a meia noite e meia e as 4 da madrugada de amanhã.
Deve resultar num share de audiência da ordem de 1% , se a tanto chegar...
Um péssimo serviço à cultura, este prestado pela RTP 1 .
A tal que se reclama ser de “serviço público”....!

OS THIBAULT

Esta madrugada, a RTP 1 deu início à transmissão da série “ Os Thibault” , baseada no livro com o mesmo nome, da autoria do escritor francês, Roger Martin Du Gard, que foi Prémio Nobel da Literatura em 1937.

É um dos livros , se não o livro, da minha vida. Li-o durante todo o verão de 1963, quase de um trago, em três volumes com cerca de 500 páginas cada, da editora “Livros do Brasil”.
Os escritores dos tempos de hoje já não escrevem obras como esta.
E infelizmente também já são pouco lidas pelos jóvens.

Os irmãos Thibault são Antoine e Jacques. O mais velho, um médico positivista e agnóstico; o mais novo, um rebelde, um sonhador utópico e mais tarde um empenhado revolucionário. Ao longo do livro seguimos os percursos divergentes de um e de outro.

É um imenso fresco da sociedade francesa no virar do século XIX para o século XX . Uma obra magnífica, arrebatadora, absorvente, seguramente uma das obras primas da literatura francesa e mundial. Ao longo dela se debatem muitos problemas da vida humana e da realidade social, com nobre elevação, e o mais profundo dramatismo.

Ver a versão cinematográfica desta obra vai por isso constituir o meu entretenimento das próximas noites das quintas feiras. Ou talvez melhor : nas madrugadas das sextas feiras.
Aos leitores do QuintoPode que o possam fazer ( e porventura serão poucos), aconselho vivamente que façam o mesmo.
Verdadeiramente indecorosa é a hora a que parece ir ser transmitida.
Hoje, de atacado, transmitiram 2 episódios juntos, da meia-noite até cerca das 3 da madrugada! No horário das televendas!
Os senhores da televisão paga com os nossos impostos devem temer a concorrência dos “Morangos com Açúcar” ou de um outro qualquer programa de tele lixo da SIC ou da TVI !...

quinta-feira, janeiro 04, 2007

A FIGUEIRA NUM NOVO CONTEXTO

Em linhas gerais, estou de acordo com o teor deste muito oportuno post do colega Amicus Ficaria. Talvez não vá tão longe no seu optimismo e na admiração que revela face ao que até agora se tem limitado a “anúncios”, pouco se tendo visto ainda de realmente tangível e materializado.
Relativamente às suas duas últimas afirmações, estou mesmo totalmente de acordo.

A já próxima finalização da auto-estrada do litoral (prolongamento para norte da A8), irá seguramente provocar, goste-se ou não, uma nova contextualização geográfica, económica e social da Figueira da Foz na vida e no território nacional.
E não será descabido antever uma renovada ligação preferencial da Figueira da Foz às duas capitais de distrito situadas a norte e a sul, aos respectivos tecidos industriais e comerciais, ao porto e à Universidade de Aveiro, por exemplo.
Em vantajoso prejuizo da tradicional ligação da Figueira a Coimbra, meio como Coimbra C (no dizer jocoso e algo arrogante de muitos “coimbrinhas”...) e meio como cidade dormitório e satélite da capital administrativa do distrito. Uma velha cidade aristrocata, simplesmente embevecida com o encanto e o esplendor do seu passado.

A Figueira ficará a uns escassos 30 minutos de Aveiro ou de Leiria.
Pouco mais do que já fica de Coimbra, por uma A14 que inflecte para norte, obrigando a entrar em Coimbra de norte para sul.
Tal como já fica a 10 minutos de Montemor-o-Velho, a Figueira da Foz ficará a 15 minutos de Mira, a 20 minutos de Pombal e a 25 minutos da Marinha Grande.
Será então tempo para pensar que, a haver uma reformulação do associativismo municipal, visando obter sinergias, onde elas realmente surjam, e a colher benefícios de economias de escala proporcionados pelas vizinhanças e nas interfaces dos teritórios, essa reformulação se faça através de uma Associação dos Municípios da Figueira e daquelas vilas e cidades, deixando de lado essa ficção que era e é a Área Metropolitana de Coimbra.

PARA O DEBATE ...

Para o debate que muito em breve se levantará com mais calor na sociedade portuguesa, a propósito do próximo referendo sobre o aborto, é imperioso fazer a leitura atenta e trazer à reflexão o que Eurico Figueiredo escreve hoje no PUBLICO, num excelente artigo de opinião a que deu o título de “ Liberdade para não abortar”.
De leitura obrigatória, para quem quiser orientar o seu voto no referendo, à luz de principios, não necessáriamente religiosos, mas do domínio da Ética e da Ontologia, os quais podem impregnar e condicionar o mais agnóstico dos espíritos. Como é o caso de Eurico Figueiredo.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

AQUACULTURA NA FIGUEIRA

Para mim, que não percebo nada da arte, não dá para entender como, com o seu vasto estuário da foz do Mondego, com a ilha da Morraceira, com a possibilidade de renovação de água do mar feita pelas marés, com inúmeras salinas desactivadas, com tradição da actividade da pesca na economia da cidade, o concelho da Figueira da Foz não se apresentou, aos olhos da Pescanova, com vantagens competitivas relativamente a Mira, para a instalação de uma grande unidade de aquacultura destinada à produção de rodovalho, num vultoso investimento de 350 milhões de euros.
Dá para pensar, pelo menos...

A TENTAÇÃO MEDIÁTICA PELA BARBÁRIE

Já o tenho recortado e guardado, e dou destaque ao excelente artigo de opinião do historiador Rui Ramos, no PUBLICO de hoje, a propósito da execução de Saddam Hussein.
A divulgação das imagens pormenorizadas e sádicas do seu enforcamento chocam a mais fria das sensibilidades e relevam da mais primária barbárie.
Mas não deixa de ser pertinente notar que muitos comentadores e jornalistas das televisões, com refinado cinismo, colocam um ar muito zangado e chocado ao falar sobre elas e sobre a sua condenável divulgação, insinuando serem os Estados Unidos os responsáveis, enquanto as mesmíssimas estações de televisão passam essas repugnantes imagens até à exaustão, uma, duas, três, n vezes.

UM POVO DE CIGARRAS (2)

Feitas bem as contas, nos 31 dias de calendário do mês Dezembro de 2006 , uma grande parte da força laboral portuguesa , que inclui as Administrações Central e Local, a banca, as seguradoras, os tribunais, os serviços de saúde e muitos outros, trabalhou apenas 45% desse tempo . Ou seja, trabalhou 17 dias, tendo estado 14 dias ausente do trabalho.
É obra, não está mau, para um país em crise, crescentemente endividado, e a ser pouco a pouco ultrapassado pelos novos estados membros da União Europeia...
Bem podem acusar e berrar que Rui Rio é arrogante, populista, de trato difícil e como tendo uma visão “economicista”, para empregar o lugar comum da moda.
Bem pode Rui Rio estar, como dizem, a compor a cama para concretizar a sua ambição política de, à escala do seu Partido e à escala da governação nacional, vir a ser mais alguma coisa do que Presidente da Câmara do Porto .
De resto, nem valerá muito negá-lo ; tem toda a legitimidade para alimentar essa ambição.
Estou-me nas tintas para isso. A verdade é que o seu impopular e quixotesco gesto, de não conceder tolerância de ponto no dia 26 de Dezembro no Município do Porto, teve e tem o meu incondicional apoio.
As carreiras políticas e o indispensável carisma que um estadista deve conquistar, junto do eleitorado, fazem-se também de gestos quixotescos.

terça-feira, janeiro 02, 2007

UM POVO DE CIGARRAS (1)

Iniciado o novo ano, desejo trazer à reflexão a última crónica de Miguel Sousa Tavares (MST), no EXPRESSO de sábado, último dia do ano que passou.
Perpassa pelo texto, escrito a propósito da passada festa natalícia ( a reler, este post do Quinto Poder) um sentimento de desencanto, amargura e algum desespero, que compartilho .
Mesmo estando consciente que não ajuda, antes pelo contrário, alimentar esses sentimentos.
Espero que ao menos ajude o meu sincero desejo que, chegado o final de 2007, e olhando para trás, conclua terem sido esses sentimentos muito exagerados.
Para registo de memória futura, deixo alguns dos excertos mais significativos da crónica de MST

(...) transformámos o Natal num inferno. Uns mais, outros menos, somos arrastados por um deboche consumista que reduz o essencial do Natal a uma vertigem consumista irracional e sem sentido (...)

(...) O sentimento de derrota (...) só poderia ser minimizado se nos dissessem que, ao menos, ajudámos os comerciantes ou a indústria nacional.
Mas nem por isso : 90 % do que compramos para oferecer são inportados e, mais uma vez, escutamos os comerciantes a lamentarem-se de que “ o Natal foi fraco”.
Foi fraco, com mil euros gastos por segundo em compras entre o dia 20 e o dia 30?

(...) exaustos por tanto espírito natalício, os portugueses entraram em descompressão : metade ou mais do país esteve de férias na semana que agora termina .
Uma parte ficou por aí, ocupada a trocar os presentes de Natal ou a aproveitar a abertura dos saldos ; outros preparam-se para encher o Algarve ou a Serra Nevada ; os que restam gostariam de ir para o Brasil ou a República Dominicana, mas chegam tarde : os voos já estão todos esgotados.

(...) Quem voltar a falar na “crise” deve ser repudiado como aldrabão e caluniador. Qual crise? Somos o país mais próspero do mundo, nunca fomos tão ricos, nunca nos sobrou tanto dinheiro, nunca as preocupações com o dia de amanhã foram tão dispiciendas (...)
(...)
O que se passou então (...) foi que aproveitámos a descida das taxas de juro, não para investir, criar empresas, riqueza, produção, emprego, mas sim para consumir, importar, endividarmo-nos ainda mais. O Estado deu o exemplo lá do alto e toda a tão louvada “sociedade civil” foi alegremente atrás(...)

Disto teve responsabilidade Portugal inteiro e os governos de Cavaco Silva e António Guterres(...)
Guterres teve a responsabilidade de ter ignorado as campainhas de alarme que, a partir do final dos anos noventa eram impossíveis de não escutar, e ter continuado a apostar numa lógica de “desenvolvimento” que assentava por inteiro nos gastos antieconómicos do Estado.
Cavaco teve a responsabilidade de ter desperdiçado uma oportunidade única para reformar o Estado, quando tinha tudo a seu favor (...)

Mas a verdade é que tanto Cavaco como Guterres foram eleitos e reeleitos pelos portugueses.
Seguramente, porque nenhum deles lhes prometeu sangue, suor e lágrimas.
Porque ambos convenceram os portuguese que, afinal, essa empreitada de passar directamente de país pobre e periférico para o “pelotão da frente” era coisa fácil e indolor.
E, como se viu neste Natal de 2006, não há nada mais dfificil de desmentir para os portugueses do que uma boa notícia.

Resta-nos essa consolação : um povo que acha que tudo se consegue sem trabalho, sem mérito e sem risco, tem de ter um amanhã feliz.
Nós somos a cigarra que finalmente irá desmentir a formiga.

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