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sábado, janeiro 06, 2007

A CREDIBILIDADE DE UM TESTEMUNHO

Confesso : afinal, acabei por comprar o último livro de Santana Lopes.
Há dias, ainda antes do Natal, fui ao supermercado do Jumbo comprar uns iogurtes.
Ao entrar, dei de caras com uma estante tendo para cima de uma vintena de volumes daquela notável obra de memórias ficcionais.
Retirei um para o cesto das compras, e logo o cobri com uma embalagem de gel de banho e uma meia dúzia de iogurtes, não fosse alguém ver-me com o livro...
Ali pelos lados, podiam ver-se outros livros muito procurados na época natalícia, de Carolina Salgado, de Margarida Rebelo Pinto e de Paulo Coelho.

Para além do que já foi dito, escrito e repetido à exaustão, quer propriamente do livro, quer do seu autor, muito pouco haveria a acrescentar.
O texto é doentiamente repetitivo, batendo sempre no mesmo : foi tudo uma conspiração, na qual colaborou Cavaco Silva , e de que ele, Santana Lopes, foi uma infeliz vítima. Logo ele, que tanto trabalhou e que tão grandiosa obra mostrou no passado, no seu dizer!
Exibindo um narcicismo patológico, deixa assim revelada a visão “santanocêntrica” que tem da vida política nacional . Acaba por cansar.

Há porém uma parte sobre a qual entendi fazer um último comentário, por ela dizer muito, sobre o carácter da personalidade, e sobre a credibilidade a dar aos vários relatos de conversas privadas ( muitas vezes em discurso directo!...) e de testemunhos que, na sua versão, dariam consistência às suas teses da conspiração .
É uma parte em que Santana Lopes escreve novamente sobre a formidável obra que, no seu entender, realizou na Figueira da Foz.
É a páginas 152 :

(...)
Terá aqui cabimento fazer uma alusão às reiteradas críticas às minhas gestões, que supostamente teriam sempre endividado as instituições que ate agora dirigi.
(...)
Por outro lado, o caso da Figueira da Foz. Tenho tido sempre uma enorme dose de paciência para ouvir falar no peso da “dívida” que a nossa gestão teria deixado a quem nos sucedeu.
O passivo, quando tomámos posse, era de 8,5 e passou para 15,3 milhões de euros.
O Executivo que nos sucedeu, liderado por António Duarte Silva, teve de fazer um novo financiamento de cinco milhões de euros, logo no início do seu mandato. (...)

É falso. Como toda a gente já sabe.
É falso, e Santana Lopes já não poderá alegar que não sabe que é falso.
O financiamento que foi indispensável injectar, através de empréstimos bancários, urgentemente, para tapar buracos de dívidas, e evitar a paralização da actividade do Município, logo no início do mandato que se seguiu ao de Santana Lopes, foi de 25 milhões de Euros e não de 5 milhões de Euros. Cinco vezes mais do que o valor que refere.
Pouca coisa, parece.

Segundo a sabedoria popular, cesteiro que faz um cesto, faz um cento.
Por isso, e para mim, pelo menos, tudo o que Santana Lopes conta, as conversas que refere, os factos que narra, não ultrapassam o nível da treta, por ficar reduzida a zero a credibilidade a atribuir às revelações que escreve e descreve no seu livro de memórias ficcionais.

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