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sexta-feira, janeiro 20, 2006

DECLARAÇÃO DE VOTO (2)

A declaração de voto do QuintoPoder, propriamente dita, já fora explicitamente indicada num postal do dia 8 de Fevereiro de 2005 , vai quase um ano passado. Lembro que as eleições legislativas que deram a vitória a José Sócrates foram a 20 de Fevereiro .
Pode ser lida aqui, e reproduzo a seguir a sua parte essencial :

UM TANDEM NO TOPO DO ESTADO ?...
Um possível cenário de José Sócrates como 1º Ministro e Cavaco Silva como Presidente da República será, em minha opinião, uma luz de esperança no ambiente sombrio, toldado de pessimismos e de medos, que actualmente parece ter-se instalado nos espíritos de muitos portugueses.
Digo-o com sinceridade e sem complexos de esquerda : Cavaco Silva e José Sócrates fariam juntos um bom tandem no topo do Estado.
O qual tornaria menos difícil a gestão política dos difíceis tempos que se avizinham, e viabilizaria a realização das reformas que é imperioso levar a cabo.
Não se trata de "bloco central". O PSD permaneceria e deveria permanecer na oposição.Manter-se-ia aquele princípio de que o povo português não gosta de "colocar os ovos todos no mesmo cesto".
No plano ideológico, não há praticamente diferença substantiva entre um e outro.Cavaco Silva é reconhecidamente um “neo-keynesiano” ( Mário Soares dixit...) e José Sócrates não esconde pretender emular Tony Blair.
São ambos políticos racionais, algo frios, determinados e obstinados ( quiçá às vezes até com alguma dose de exagero...), resistentes a ceder a emoções. Não são instáveis, irreflectidos, emocionais, erráticos e imprevisíveis como Santana Lopes.
Cavaco Silva tem uma preciosa experiência política, um indesmentível sentido de Estado.
Já demonstrou independência e desinteresse relativamente à eventual retoma da vida partidária propriamente dita.
A sua presença junto de José Sócrates como 1º Ministro, a colaboração e a co-responsabilização entre os dois , seriam factores de estabilidade e ao mesmo de incitamento para que as reformas necessárias sejam levadas à prática pelo governo do PS.

Cavaco Silva poderia, com sucesso, desempenhar o papel daquilo que em inglês se designa por “coacher” . Alguma coisa entre o treinador e o conselheiro.
Uma simples maioria relativa do PS, não proporcionará todavia condições para um cenário como o descrito.
Em tal caso, Santana Lopes cantaria vitória, iria agarrar-se ao poder dentro do PSD, e este não seria saneado da deriva populista que o descaracteriza e o descaracterizaria ainda mais .
Cavaco Silva recearia então que não houvesse um mínimo de estabilidade, para poder intervir eficazmente.E talvez não avançasse com a sua candidatura.

Dois esclarecimentos adicionais:
Um tandem é uma bicicleta para duas pessoas. Só se mantém em pé se ambas se equilibrarem bem em cima dela. E só anda depressa se ambas derem ao pedal com igual força e determinação.

“Keynesiano” é uma palavra derivada de Keynes.
John Maynard Keynes foi um eminente economista inglês dos anos 30 e 40 do século XX, inspirador do “new deal” de Roosevelt, nos Estados Unidos, e do trabalhismo britânico do após guerra.
Keynes advogava uma política de intervencionismo do Estado visando mitigar os efeitos das ondas de recessão e expansão económicas, através de medidas fiscais e monetárias .
Foi isso o que Cavaco Silva quis dizer quando, na fase terminal do guterrismo, escreveu que era precisamente em tempo de recessão que o Estado devia gastar mais. Só que para gastar mais, precisava de ter antes amealhado. E foi isso o que o guterrismo não fez nos tempos de “vacas gordas”.
O prefixo “neo” serve para indicar a introdução de algumas correcções ao modelo inicial do “keynesianismo” , decorrentes de lições da história e da experiência entretanto adquirida, e de alterações impostas por novos paradigmas sociais, culturais e tecnológicos.

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