domingo, junho 06, 2004
60 anos depois do Dia D
Há 60 anos , mais ou menos por esta hora , já milhares de corpos de jovens ingleses e americanos juncavam as praias da Normandia .Era o Dia D , o desembarque das tropas aliadas em solo francês . Começava o princípio do fim do terror nazi sobre a Europa .
Faz agora um ano , visitei durante 4 dias todos aqueles locais históricos : as praias de Omaha , Utah , Gold , Juno , Sword , a vila de Arromanches , a aldeia sobre a qual se deu o lançamento dos paraquedistas , a impressionante escarpa cuja conquista custou a vida a quase 90% do corpo de rangers assaltante , a ponte junto da qual aterraram , silenciosamente, vários planadores com tropas especiais , a cidade mártir de Caen .
Não pude deixar de visitar o cemitério dos soldados americanos caídos na Normandia .
Um imenso parque verde, impecavelmente relvado ,onde cabem umas dezenas de campos de futebol , e no qual se alinham milhares e milhares de campas assinaladas por simples placas de mármore branco .
É impossível não sentir um arrepio na espinha ao ir desfiando os olhos pelas placas .
A grande maioria daqueles jovens americanos tinham de 19 a 23 anos .
Vieram de muito longe, do outro lado do oceano, lutar e morrer numa terra que não era a sua , por uma guerra que não era bem sua, e cujas causas porventura não conheciam bem. Interrogo-me como foi possível prosseguir a libertação da Europa , depois de tantos milhares de baixas num só dia e do impacto psicológico e político que tal terá provocado na opinião pública americana .
Por todo o cemitério pesava um silêncio só interrompido pelo cantar dos pássaros , que se sobrepunha ao levíssimo sussurrar das vozes dos numerosos visitantes .
De todo aquele silêncio , senti que se soltavam dois clamores .
Um em defesa da Paz . Outro contra o pacifismo .
Sim, contra o pacifismo. O pacifismo foi também responsável pela morte daqueles milhares de jovens , convém lembrar . Como o foi ainda de milhões de vidas que tombaram na sangrenta guerra .
A França ( e de certo modo a Inglaterra ) foi varrida nos anos 30 por um pacifismo irresponsável , que tinha expressão numa pusilanimidade cívica e política .
Hitler pode assim , impunemente, tomar o poder , rasgar tratados, invadir pátrias e estender o seu terror . A isto tudo assistia a França pacifista e gabarola .
A Europa está a ser , nos tempos de hoje, varrida mais uma vez por uma preocupante onda de pacifismo .
De um pacifismo revestido de um verniz angelical , por baixo do qual se esconde um gauchismo snob , que se passeia , de papillon e smoking , pelo festival de Cannes ou por entre uma parte pateta da intelectualidade europeia . Nesta incluída alguma nacional , não menos snob nem menos pateta .
Um pacifismo que pode vir a custar muito caro .
Como muito caro custou aos jovens ingleses e americanos imolados nas praias da Normandia . Faz hoje 60 anos .
Há 60 anos , mais ou menos por esta hora , já milhares de corpos de jovens ingleses e americanos juncavam as praias da Normandia .Era o Dia D , o desembarque das tropas aliadas em solo francês . Começava o princípio do fim do terror nazi sobre a Europa .
Faz agora um ano , visitei durante 4 dias todos aqueles locais históricos : as praias de Omaha , Utah , Gold , Juno , Sword , a vila de Arromanches , a aldeia sobre a qual se deu o lançamento dos paraquedistas , a impressionante escarpa cuja conquista custou a vida a quase 90% do corpo de rangers assaltante , a ponte junto da qual aterraram , silenciosamente, vários planadores com tropas especiais , a cidade mártir de Caen .
Não pude deixar de visitar o cemitério dos soldados americanos caídos na Normandia .
Um imenso parque verde, impecavelmente relvado ,onde cabem umas dezenas de campos de futebol , e no qual se alinham milhares e milhares de campas assinaladas por simples placas de mármore branco .
É impossível não sentir um arrepio na espinha ao ir desfiando os olhos pelas placas .
A grande maioria daqueles jovens americanos tinham de 19 a 23 anos .
Vieram de muito longe, do outro lado do oceano, lutar e morrer numa terra que não era a sua , por uma guerra que não era bem sua, e cujas causas porventura não conheciam bem. Interrogo-me como foi possível prosseguir a libertação da Europa , depois de tantos milhares de baixas num só dia e do impacto psicológico e político que tal terá provocado na opinião pública americana .
Por todo o cemitério pesava um silêncio só interrompido pelo cantar dos pássaros , que se sobrepunha ao levíssimo sussurrar das vozes dos numerosos visitantes .
De todo aquele silêncio , senti que se soltavam dois clamores .
Um em defesa da Paz . Outro contra o pacifismo .
Sim, contra o pacifismo. O pacifismo foi também responsável pela morte daqueles milhares de jovens , convém lembrar . Como o foi ainda de milhões de vidas que tombaram na sangrenta guerra .
A França ( e de certo modo a Inglaterra ) foi varrida nos anos 30 por um pacifismo irresponsável , que tinha expressão numa pusilanimidade cívica e política .
Hitler pode assim , impunemente, tomar o poder , rasgar tratados, invadir pátrias e estender o seu terror . A isto tudo assistia a França pacifista e gabarola .
A Europa está a ser , nos tempos de hoje, varrida mais uma vez por uma preocupante onda de pacifismo .
De um pacifismo revestido de um verniz angelical , por baixo do qual se esconde um gauchismo snob , que se passeia , de papillon e smoking , pelo festival de Cannes ou por entre uma parte pateta da intelectualidade europeia . Nesta incluída alguma nacional , não menos snob nem menos pateta .
Um pacifismo que pode vir a custar muito caro .
Como muito caro custou aos jovens ingleses e americanos imolados nas praias da Normandia . Faz hoje 60 anos .