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quarta-feira, fevereiro 18, 2009

O CASINO DOS CARDEAIS

Mais um dia com falta de notícias, logo pensei. Os serviços noticiosos da TSF das 07:30, das 08:00 , das 08:30, abriam todos com o “bombástico” relato de mais cardenalícias declarações, ditas ontem à noite, também por um cardeal português, também na Figueira da Foz, também no Grande Casino Peninsular, tambem em resposta a perguntas provocatórias de Fátima Campos Ferreira, agora convertida numa espécie de versão lusa de Larry King.
As perguntas foram sobre os incontornáveis ( como agora soi dizer-se...) temas do momento : os casamentos entre senhoras católicas ( no dizer do senhor cardeal) e senhores muçulmanos, e os “casamentos” entre pessoas de mesmo sexo. Às quais o Cardeal Saraiva Martins deu respostas cautelosas, quase politicamente correctas. Todavia, talvez não o bastante politicamente correctas para evitar o novo e patusco sururu mediático que por aí já vai ( aqui, mais aqui, tambem aqui, ainda aqui e sabe-se lá onde mais...).

Ainda meio ensonado, meditei depois com os meus botões, para o caso, do pijama. Ora ainda bem que a manhã informativa não abre com a notícia de mais um encerramento de uma fábrica textil , da existência de mais um banco em risco de iminente ruptura, da descoberta de mais graves casos de bolsas de pobreza, do aumento do desemprego ou das últimas previsões do Banco de Portugal, ainda mais pessimistas que as anteriores.
E ainda bem que o nome da Figueira da Foz aparece na comunicação social relacionada com jornadas de reflexão tão determinantes para o futuro da economia ou do ambiente, como as tratadas em terras tão famosas como Davos ou Kioto. Antes isso que aparecer badalada por factos tão deprimentes como a grande dívida da Câmara Municipal aos seus fornecedores, investigações em curso pelo Magistério Público sobre putativos negócios mal esclarecidos, ou irascíveis tricas e guerrilhas entre inimigos interpartidários.

Mas o papel nuclear (tambem um qualificativo em moda...) da Figueira da Foz na divulgação “urbi et orbi” das posições da Igreja sobre os temas do momento, aparece a meu ver reforçado com o bairrista e orgulhoso testemunho de um cidadão da “jetssética” audiência, o qual interveio revelando que, estando há dias de visita a Roma, e tendo ido ver o Papa à Praça de S. Pedro, claramente ouviu o Santo Padre pronunciar os nomes de Portugal e da Figueira da Foz. Solicitado a comentar, o senhor Cardeal, muito diplomático, fugiu a fazê-lo.
A ajudar ao bairrista e patriótico testemunho, o Presidente da Câmara, presente na primeira fila , logo veio acrescentar que a Figueira da Foz se orgulha de ter uma freguesia, Tavarede, onde existe um paço de uns ilustres descendentes do Beato Nuno Alvares Pereira, (o Condestável d'el Rei Dom João 1º) , o qual pelos vistos já fez milagres e deve virar santo um dia destes.
Ali por perto de mim, alguém comentava que a próxima iniciativa do Casino deveria ser levar à cena “A Ceia dos Cardeais” de Júlio Dantas, o inspirado dramaturgo, tornado mais conhecido pelo surrealista Almada Negreiros.

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