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domingo, outubro 16, 2005

UMA ANÁLISE DAS PESSOAS E DAS AUTÁRQUICAS

Com a sua habitual e reconhecida lucidez, Pacheco Pereira, num artigo publicado na última revista Sábado, faz algumas análises sobre casos de derrotas e vitórias nas últimas eleições autárquicas.
Vale a pena destacar algumas delas, que de resto subscrevo quase por inteiro.

Sobre Carmona Rodrigues .
“ Carmona tinha tudo contra ele. Tinha a sombra eleitoral de Santana Lopes, o pior trunfo eleitoral nos dias de hoje. Tinha todas as trapalhadas da sucessão na Câmara, e tinha um mandato inconclusivo e pobre. Não tinha “obra feita”. Parecia um tecnocrata pouco fadado para ser mais do que um segundo, o mouro de trabalho, a que Lopes daria a cobertura da sua flamejante personalidade.
(...)
O que Carmona revelou foi ter exactamente o que se dizia que não tinha-qualidades políticas.
Depois fez quase tudo bem. Ao escolher a sua equipa, afastou o grupo de militantes de carreira do PSD que viera de Lopes e o tinha hostilizado.
(...)
Este tipo de discurso foi recebido por muitos lisboetas com um enorme alívio. A sua vitória, junto com a de Rio, mostrou que nas grandes cidades o populismo ainda não é a regra”.

Sobre Manuel Maria Carrilho
(...) revelou-se incapaz de trazer para a campanha qualquer das virtudes que era suposto ter como intelectual de mérito.
Nem rigor, nem seriedade, nem saber.
A sua campanha foi um desastre, dominado pelo protagonismo negativo, pela má educação e pelo exibicionismo.
(...)
A sua declaração final foi um retrato da campanha, quase insolente no seu mau perder.

Sobre Francisco Louçã
Fez a campanha nacional mais populista que se possa imaginar, assente num justicionalismo moralista, de um lado o BE impoluto e do outro os “candidatos bandidos”.
(...)
Será bom que o BE olhe para o destino de Portas: o preço que se paga pelo moralismo em política é sempre elevadíssimo.

Sobre Pinto da Costa
Pinto da Costa é um típico cacique local populista que foi instrumental na criação de um regionalismo provinciano muito agressivo.
(...)
A sua intervenção na campanha merecia ter tido mais atenção da comunicação social, mas esta, em particular a local, ou concorda ou tem medo dele. Pinto da Costa, que várias vezes ameaçou concorrer à Câmara e nunca o fez, falou em nome dos mais necessitados, dos moradores dos bairros sociais, de quem se arvorou em protector.

Sobre Rui Rio
O PS chamou-lhe o “contabilista” porque ele queria pôr as contas em ordem, nunca percebendo que, ao assim o tratar, dava-lhe a rara oportunidade de poder ser visto como um político diferente.
Os portuenses, que são pessoas de boas contas, sabem bem que, por detrás das contas, está uma postura que separa a confiança da desconfiança.
A cidade é uma cidade de “trabalho”, de “burgueses” e de “progresso” e Rio apareceu como um candidato natural para esta identidade.

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