quarta-feira, dezembro 22, 2010
OU RECTIFICAMOS OU…
Notícia lida anteontem na imprensa diária :
O Presidente Raúl Castro disse na Assembleia Nacional que Cuba terá de rectificar a sua estratégia económica ou a revolução socialista sucumbirá, por não ter conseguido alterar a mentalidade dos seus quadros.
“ Ou rectificamos ou acaba-se o tempo de andar à volta do precipício. Afundamo-nos e afundamos o esforço de gerações inteiras”, afirmou num discurso em que se mostrou bastante crítico em relação a erros antigos.
O Presidente preconizou o debate aberto dos problemas, sem se ficar atado a dogmas e esquemas inviáveis, que são “ uma barreira psicológica colossal”.
Notícia lida anteontem na imprensa diária :
O Presidente Raúl Castro disse na Assembleia Nacional que Cuba terá de rectificar a sua estratégia económica ou a revolução socialista sucumbirá, por não ter conseguido alterar a mentalidade dos seus quadros.
“ Ou rectificamos ou acaba-se o tempo de andar à volta do precipício. Afundamo-nos e afundamos o esforço de gerações inteiras”, afirmou num discurso em que se mostrou bastante crítico em relação a erros antigos.
O Presidente preconizou o debate aberto dos problemas, sem se ficar atado a dogmas e esquemas inviáveis, que são “ uma barreira psicológica colossal”.
A VERDADE E A ILUSÃO NO ORÇAMENTO MUNICIPAL - 3
Na sua primeira versão, a proposta do plano de investimentos para 2011, preparado pelo executivo municipal da Figueira da Foz, previa o pagamento total de 27,4 milhões de Euros (ME) para investimentos. Para comparação: no exercício de 2010, deverá ter havido meios monetários, na Tesouraria, para pagar entre 7 a 8 ME de despesas de capital, incluindo investimentos (estimativa minha, com os elementos disponíveis). Uma parte daqueles 27,4 ME diz respeito a pagamentos de obras e investimentos que, já adjudicados e/ou fisicamente realizados, não foram ainda pagos. Outra parte, bem menos, referia-se a investimentos novos, os mais significativos dos quais comparticipados ou comparticipáveis por verbas do QREN.
Estava incluída nesta segunda parte, uma verba de 300 mil Euros para dedicar a uma formidável obra, absolutamente imprescindível, estruturante, inadiável, incontornável…fantasiosa, enfim : a instalação de relva sintética no campo de treinos do Estádio Municipal, para lá se poder jogar melhor à bola…
Na proposta finalmente aprovada pela Câmara Municipal, os 300 mil Euros foram reduzidos para 60 mil Euros, a pagar ao fornecedor/empreiteiro ainda em 2011. O restante, 240 mil Euros, deslizou para 2012. Depois se vê… Ou melhor, nada se verá, espero eu, a menos que o grau de ficção com que se prepara o futuro cresça ainda mais. Entretanto, quem tiver muita fé pode viver da ilusão de uma relva sintética, virtualmente instalada no futuro. Mas já mencionada no presente plano, para virtual satisfação das expectativas de uns tantos a quem a promessa terá sido feita.
Na sua primeira versão, a proposta do plano de investimentos para 2011, preparado pelo executivo municipal da Figueira da Foz, previa o pagamento total de 27,4 milhões de Euros (ME) para investimentos. Para comparação: no exercício de 2010, deverá ter havido meios monetários, na Tesouraria, para pagar entre 7 a 8 ME de despesas de capital, incluindo investimentos (estimativa minha, com os elementos disponíveis). Uma parte daqueles 27,4 ME diz respeito a pagamentos de obras e investimentos que, já adjudicados e/ou fisicamente realizados, não foram ainda pagos. Outra parte, bem menos, referia-se a investimentos novos, os mais significativos dos quais comparticipados ou comparticipáveis por verbas do QREN.
Estava incluída nesta segunda parte, uma verba de 300 mil Euros para dedicar a uma formidável obra, absolutamente imprescindível, estruturante, inadiável, incontornável…fantasiosa, enfim : a instalação de relva sintética no campo de treinos do Estádio Municipal, para lá se poder jogar melhor à bola…
Na proposta finalmente aprovada pela Câmara Municipal, os 300 mil Euros foram reduzidos para 60 mil Euros, a pagar ao fornecedor/empreiteiro ainda em 2011. O restante, 240 mil Euros, deslizou para 2012. Depois se vê… Ou melhor, nada se verá, espero eu, a menos que o grau de ficção com que se prepara o futuro cresça ainda mais. Entretanto, quem tiver muita fé pode viver da ilusão de uma relva sintética, virtualmente instalada no futuro. Mas já mencionada no presente plano, para virtual satisfação das expectativas de uns tantos a quem a promessa terá sido feita.
terça-feira, dezembro 21, 2010
A VERDADE E A ILUSÃO NO ORÇAMENTO MUNICIPAL - 2
O truque de sobrestimar a receita para equilibrar o alto nível da despesa dotada no Orçamento Municipal tinha e tem sobretudo expressão na parte da gestão de capital. Não só pela Câmara Municipal da Figueira da Foz (CMFF), cumpre reconhecer. Por parte de outras câmaras municipais, esse truque também é usado, em escala variável. Inventam-se umas receitas de vendas de terrenos e imóveis dados como existentes e muito valiosos no património municipal, e pronto, lá se consegue acertar os números da receita com a dotação da despesa a ser paga durante o ano. Assim se pensa conseguir, no papel, satisfazer toda a série de expectativas criadas e toda a ordem de promessas e compromissos assumidos. O problema da falta de dinheiro real na Tesouraria, ou seja o do não cumprimento dessas promessas e expectativas, fica “empurrado” com a barriga lá mais para diante, quiçá transferido para o exercício seguinte, se não mesmo para o mandato seguinte, seja este de quem for.
Para 2011, o Orçamento prevê um total de receita de capital de 26,5 milhões de Euros (ME), no qual está incluída a previsão de 16,4 ME provenientes da venda de património, vá lá adivinhar-se qual e como. Apesar de tudo, louve-se que o “grau de ficção” é inferior ao dos anos do anterior mandato, em que as “previsões” de receita de capital eram da ordem dos 38 a 39 ME. As taxas de execução do orçamento de capital (avaliadas pelo lado das receitas) eram por isso baixíssimas, da ordem dos 20 a 25%. Na gestão corrente, as taxas de execução (também avaliadas pelos números da receita) eram da ordem dos 98 a 99% no início da década (99% em 2002) e entre 84 a 89% nos anos entre 2006 e 2009.
O truque de sobrestimar a receita para equilibrar o alto nível da despesa dotada no Orçamento Municipal tinha e tem sobretudo expressão na parte da gestão de capital. Não só pela Câmara Municipal da Figueira da Foz (CMFF), cumpre reconhecer. Por parte de outras câmaras municipais, esse truque também é usado, em escala variável. Inventam-se umas receitas de vendas de terrenos e imóveis dados como existentes e muito valiosos no património municipal, e pronto, lá se consegue acertar os números da receita com a dotação da despesa a ser paga durante o ano. Assim se pensa conseguir, no papel, satisfazer toda a série de expectativas criadas e toda a ordem de promessas e compromissos assumidos. O problema da falta de dinheiro real na Tesouraria, ou seja o do não cumprimento dessas promessas e expectativas, fica “empurrado” com a barriga lá mais para diante, quiçá transferido para o exercício seguinte, se não mesmo para o mandato seguinte, seja este de quem for.
Para 2011, o Orçamento prevê um total de receita de capital de 26,5 milhões de Euros (ME), no qual está incluída a previsão de 16,4 ME provenientes da venda de património, vá lá adivinhar-se qual e como. Apesar de tudo, louve-se que o “grau de ficção” é inferior ao dos anos do anterior mandato, em que as “previsões” de receita de capital eram da ordem dos 38 a 39 ME. As taxas de execução do orçamento de capital (avaliadas pelo lado das receitas) eram por isso baixíssimas, da ordem dos 20 a 25%. Na gestão corrente, as taxas de execução (também avaliadas pelos números da receita) eram da ordem dos 98 a 99% no início da década (99% em 2002) e entre 84 a 89% nos anos entre 2006 e 2009.
Todavia, e em contrapartida, ocorre agora, no orçamento corrente, um “grau de ficção” (ou seja, o inverso da “taxa de execução”) no orçamento para 2011 superior ao dos anos antecedentes. A estimativa do total de receita corrente para 2011 ascende a 35,1 ME. Compare-se este valor com o da receita efectiva total cobrada em 2010, que estimo (com os elementos disponíveis) ir situar-se entre os 27 e os 28 ME. Indo ser o ano de 2011 bem mais difícil que o ano agora a chegar ao fim, estimo que a taxa de execução irá ser inferior a 78%.
Um outro exemplo. Na rubrica da receita de “rendimentos de propriedade”, a previsão para 2011 é de 6,2 ME. A cobrança de receita, nesta rubrica, tem andado sempre entre os 1,5 ME e os 2,0 ME (no PSF-2ª versão, a previsão era de 1,8 ME). Gostaria imenso de conhecer que novos “rendimentos” são esses que fazem acreditar numa recolha de receitas quase 4,5 ME superior ao nível geral dos anos anteriores.
A ANIMAÇÃO CONTINUA
Leio aqui que a encomenda da Câmara Municipal da Figueira à empresa municipal FGT, para animação durante o ano de 2011, vai ser de 750 mil euros, verba praticamente idêntica à de 2010. Temos assim que para um ano que se adivinha terrível e devastador, sobretudo para muitos portugueses, e seguramente também para muitos dos credores do Município, este nem ousa sequer decidir uma simbólica redução de 10%, pelo menos, nas despesas de “animação” indígena. A animação vai por isso prosseguir. A cigarra vai continuar a cantar, mais ou menos como antes cantou anos e anos seguidos, mesmo agora, no início do duro inverno do seu e do nosso descontentamento.
Leio aqui que a encomenda da Câmara Municipal da Figueira à empresa municipal FGT, para animação durante o ano de 2011, vai ser de 750 mil euros, verba praticamente idêntica à de 2010. Temos assim que para um ano que se adivinha terrível e devastador, sobretudo para muitos portugueses, e seguramente também para muitos dos credores do Município, este nem ousa sequer decidir uma simbólica redução de 10%, pelo menos, nas despesas de “animação” indígena. A animação vai por isso prosseguir. A cigarra vai continuar a cantar, mais ou menos como antes cantou anos e anos seguidos, mesmo agora, no início do duro inverno do seu e do nosso descontentamento.
segunda-feira, dezembro 20, 2010
A VERDADE E A ILUSÃO NO ORÇAMENTO MUNICIPAL - 1
Segundo esta notícia, a proposta de Orçamento Municipal da Figueira da Foz para 2011 foi aprovada. Prevê, segundo leio, uma cobrança total de receita de 61,5 milhões de Euros (ME). A proposta inicial era de 70,3 ME. A previsão agora aprovada (61,5 ME) é o valor mais baixo deste decénio. A que mais deste se aproximou foi a feita para 2003, de 64,5 ME. A mais alta, foi em 2004, de 85,0 ME. Menos mal, a dose e a escala da ilusão foram ainda assim um pouco reduzidas relativamente ao passado.
Ninguém acredita, é claro, que o Município consiga arrecadar em 2011 a assombrosa soma de 61,5 ME, e que, como contrapartida, possa pagar tal montante em despesa corrente e em investimentos. Encomendar, adjudicar, gastar, consumir, poderá fazer isso tudo, se não houver controlo, que é para isso que se faz um orçamento. Mas pagar, não poderá pagar. Pela muito prosaica razão de que não poderá arrecadar toda essa pipa de massa. E se gastar (ou seja se lhe for facturado…) e não pagar o que tiver gasto, porque efectivamente não cobrou o que tinha estimado, só restará uma saída: mandar os fornecedores “assentarem na pipa” o débito relativo à diferença, que é como quem diz, acrescentar esse débito diferencial à já avultada dívida existente.
Em 2010, e face a uma previsão inicial de uma cobrança total de receita de 68,8 ME, irão ser realmente cobrados apenas entre 32,0 e 33,0 ME (estimativa minha, em face dos elementos disponíveis). Será também o valor mais reduzido da cobrança anual, de todo o decénio.
O ano de 2011 adivinha-se bem pior que o ano agora a findar. Pode pois avaliar-se o crédito (ou a crença…) que merecerá a previsão de receita total de 61,5 ME para o próximo ano, ainda que, louvavelmente, haja sido reduzida a escala de ilusão da proposta de previsão feita inicialmente pelo executivo camarário.
Segundo esta notícia, a proposta de Orçamento Municipal da Figueira da Foz para 2011 foi aprovada. Prevê, segundo leio, uma cobrança total de receita de 61,5 milhões de Euros (ME). A proposta inicial era de 70,3 ME. A previsão agora aprovada (61,5 ME) é o valor mais baixo deste decénio. A que mais deste se aproximou foi a feita para 2003, de 64,5 ME. A mais alta, foi em 2004, de 85,0 ME. Menos mal, a dose e a escala da ilusão foram ainda assim um pouco reduzidas relativamente ao passado.
Ninguém acredita, é claro, que o Município consiga arrecadar em 2011 a assombrosa soma de 61,5 ME, e que, como contrapartida, possa pagar tal montante em despesa corrente e em investimentos. Encomendar, adjudicar, gastar, consumir, poderá fazer isso tudo, se não houver controlo, que é para isso que se faz um orçamento. Mas pagar, não poderá pagar. Pela muito prosaica razão de que não poderá arrecadar toda essa pipa de massa. E se gastar (ou seja se lhe for facturado…) e não pagar o que tiver gasto, porque efectivamente não cobrou o que tinha estimado, só restará uma saída: mandar os fornecedores “assentarem na pipa” o débito relativo à diferença, que é como quem diz, acrescentar esse débito diferencial à já avultada dívida existente.
Em 2010, e face a uma previsão inicial de uma cobrança total de receita de 68,8 ME, irão ser realmente cobrados apenas entre 32,0 e 33,0 ME (estimativa minha, em face dos elementos disponíveis). Será também o valor mais reduzido da cobrança anual, de todo o decénio.
O ano de 2011 adivinha-se bem pior que o ano agora a findar. Pode pois avaliar-se o crédito (ou a crença…) que merecerá a previsão de receita total de 61,5 ME para o próximo ano, ainda que, louvavelmente, haja sido reduzida a escala de ilusão da proposta de previsão feita inicialmente pelo executivo camarário.
A VERDADE MAGOA , DIZER A VERDADE INCOMODA
«Alguma coisa vai ter que acontecer. Mas o tempo de uma solução positiva para o crescimento já passou. Não vamos fugir a uma redução considerável do nosso nível de vida nos próximos anos.»
(Daniel Bessa, in EXPRESSO do sábado passado)
«Alguma coisa vai ter que acontecer. Mas o tempo de uma solução positiva para o crescimento já passou. Não vamos fugir a uma redução considerável do nosso nível de vida nos próximos anos.»
(Daniel Bessa, in EXPRESSO do sábado passado)
O APROVEITAMENTO POLITICO DA INFELICIDADE ALHEIA
Em alusão directa a recentes intervenções políticas do Presidente da República (ou seria do candidato Cavaco Silva?) o Primeiro-Ministro (ou seria o Secretário Geral do PS ?), em declarações públicas ontem muito divulgadas, condenava “ quem explora de forma descarada a questão da pobreza para retirar dividendos políticos”.
Em tese, não posso estar mais de acordo. Também eu não gostei nada de ver Cavaco Silva, para audiências televisivas ouvirem, a dizer-se muito envergonhado pela pobreza existente em Portugal. Não sei se era o Presidente da República que assim falava, se era o candidato à próxima eleição para Presidente da República. Muito menos gostei de o ver ontem, nos noticiários das televisões (certamente convocadas pelos seus assessores de imprensa) numa boda de um matrimónio organizado por uma estimável ONG dedicada a ajudar e a lutar pela inclusão social dos “sem abrigo” de Lisboa.
Mas deixemo-nos de hipocrisias. Aproveitar a pobreza, ou a desgraça, ou as dificuldades, ou os simples descontentamentos alheios, “cavalgando-os” sempre que for possível para tirar dividendos políticos de popularidade fácil, e sobretudo estando por perto as televisões, previamente convocadas, sempre o têm feito os dirigentes político-partidários portugueses. Todos eles, sem excepção.
Por exemplo, será que ninguém se lembra de ter visto Francisco Louçã do BE, aparecer logo, muito lampeiro, a fazer declarações inflamadas à porta de uma fábrica que fechou, deixando no desemprego umas centenas de trabalhadores? Quem diz Francisco Louçã, diz Jerónimo de Sousa, o bem falante deputado Bernardino Soares, ou a estridente deputada europeia Ilda Figueiredo, eleita pelo PCP?
Será que ninguém se lembra de Paulo Portas a visitar lares da terceira idade, beijocando e pretendendo confortar, com ar piedoso, umas velhinhas que, sentadas e resignadas, por ali esperam o fim da sua vida? Será que ninguém se lembra de deputados do PSD muitos lestos a visitar zonas do país atingidas por uma qualquer inclemência atmosférica, clamando e exigindo, se acaso estão na oposição, que o Governo tem de prestar imediata ajuda? Será que ninguém se lembra da “cavalgata” feita por todos os partidos das actuais oposições, dos descontentamentos causados pela introdução de pagamentos de portagem nas anteriores SCUT’s? Será que ninguém se lembra do aproveitamento político, feito por ilustres dirigentes do PS, dentre eles o insigne Armando Vara, amigo do actual PM, participando activamente no famoso buzinão na ponte 25 de Abril, vai para mais de 15 anos, quando o PS estava na oposição?
Em alusão directa a recentes intervenções políticas do Presidente da República (ou seria do candidato Cavaco Silva?) o Primeiro-Ministro (ou seria o Secretário Geral do PS ?), em declarações públicas ontem muito divulgadas, condenava “ quem explora de forma descarada a questão da pobreza para retirar dividendos políticos”.
Em tese, não posso estar mais de acordo. Também eu não gostei nada de ver Cavaco Silva, para audiências televisivas ouvirem, a dizer-se muito envergonhado pela pobreza existente em Portugal. Não sei se era o Presidente da República que assim falava, se era o candidato à próxima eleição para Presidente da República. Muito menos gostei de o ver ontem, nos noticiários das televisões (certamente convocadas pelos seus assessores de imprensa) numa boda de um matrimónio organizado por uma estimável ONG dedicada a ajudar e a lutar pela inclusão social dos “sem abrigo” de Lisboa.
Mas deixemo-nos de hipocrisias. Aproveitar a pobreza, ou a desgraça, ou as dificuldades, ou os simples descontentamentos alheios, “cavalgando-os” sempre que for possível para tirar dividendos políticos de popularidade fácil, e sobretudo estando por perto as televisões, previamente convocadas, sempre o têm feito os dirigentes político-partidários portugueses. Todos eles, sem excepção.
Por exemplo, será que ninguém se lembra de ter visto Francisco Louçã do BE, aparecer logo, muito lampeiro, a fazer declarações inflamadas à porta de uma fábrica que fechou, deixando no desemprego umas centenas de trabalhadores? Quem diz Francisco Louçã, diz Jerónimo de Sousa, o bem falante deputado Bernardino Soares, ou a estridente deputada europeia Ilda Figueiredo, eleita pelo PCP?
Será que ninguém se lembra de Paulo Portas a visitar lares da terceira idade, beijocando e pretendendo confortar, com ar piedoso, umas velhinhas que, sentadas e resignadas, por ali esperam o fim da sua vida? Será que ninguém se lembra de deputados do PSD muitos lestos a visitar zonas do país atingidas por uma qualquer inclemência atmosférica, clamando e exigindo, se acaso estão na oposição, que o Governo tem de prestar imediata ajuda? Será que ninguém se lembra da “cavalgata” feita por todos os partidos das actuais oposições, dos descontentamentos causados pela introdução de pagamentos de portagem nas anteriores SCUT’s? Será que ninguém se lembra do aproveitamento político, feito por ilustres dirigentes do PS, dentre eles o insigne Armando Vara, amigo do actual PM, participando activamente no famoso buzinão na ponte 25 de Abril, vai para mais de 15 anos, quando o PS estava na oposição?
RESPIGOS DO PORTUGAL POSITIVO
O embaixador do Reino Unido em Portugal terminou a sua comissão de serviço em Portugal , e foi destacado para outro posto diplomático. Antes de partir, e em contra corrente ao pessimismo por cá dominante, escreveu uma curiosa crónica no EXPRESSO do último fim de semana, que não resisto a transcrever, quase na íntegra. Creio que nos dará um certo consolo verificar que, observados de fora, com olhos alheios, co’s diabos, também não somos assim tão maus quanto nos pintamos, e ainda vamos tendo algumas qualidades .
« (…) em contracorrente ao pessimismo dominante, decidi em vésperas da minha partida pela segunda vez deste pequeno jardim, anotar dez coisas que espero bem nunca mudem em Portugal .
1.
A ligação intergeracional. Portugal é um país onde os jovens e os velhos conversam – normalmente dentro do contexto familiar. O estatuto do avô é altíssimo na sociedade portuguesa – e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para benefício de todos.
2.
O lugar central da comida na vida diária. O almoço conta – não uma sandes comida com pressa e mal digerida, mas uma sopa, um prato quente etc., tudo comido à mesa e em companhia. Também aqui se reforça uma ligação com a família.
3.
A variedade da paisagem. Não conheço outro país onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies do Alentejo, passando pelo planalto e pela serra da Beira Interior.
4.
A tolerância. Nunca vivi num país que aceite tão bem os estrangeiros. Não é por acaso que Portugal é considerado um dos países mais abertos aos emigrantes pelo estudo internacional MIPEX.
5.
O café e os cafés. Os lugares são simples, acolhedores e agradáveis; a bebida é um pequeno
prazer diário, especialmente quando acompanhado por um pastel de nata quente.
6.
A inocência. É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista.; mas vi no meu primeiro fim de semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm na sua raiz, uma certa inocência.
7.
Um profundo espírito de independência. Olhando para o mapa ibérico parece estranho que Portugal continue a ser um país independente. Mas é, e não é por acaso. No fundo de cada português há um espírito profundamente autónomo e independentista.
8.
As mulheres. O adido de Defesa na Embaixada há 15 anos deu-me um conselho precioso : “Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher”. Concordei tanto, que me casei com uma portuguesa.
9.
A curiosidade sobre, e o conhecimento do mundo. A influência de “lá” é evidente cá, na comida, nas artes, nos nomes. Portugal é um país ligado, e quer continuar ligado, aos outros continentes do mundo.
10.
Que o dinheiro não é a coisa mais importante no mundo. As coisas boas em Portugal não são caras. Antes pelo contrário: não há nada melhor do que sair da praia ao fim da tarde e comer um peixe grelhado, acompanhado por um simples copo de vinho. (…) »
O embaixador do Reino Unido em Portugal terminou a sua comissão de serviço em Portugal , e foi destacado para outro posto diplomático. Antes de partir, e em contra corrente ao pessimismo por cá dominante, escreveu uma curiosa crónica no EXPRESSO do último fim de semana, que não resisto a transcrever, quase na íntegra. Creio que nos dará um certo consolo verificar que, observados de fora, com olhos alheios, co’s diabos, também não somos assim tão maus quanto nos pintamos, e ainda vamos tendo algumas qualidades .
« (…) em contracorrente ao pessimismo dominante, decidi em vésperas da minha partida pela segunda vez deste pequeno jardim, anotar dez coisas que espero bem nunca mudem em Portugal .
1.
A ligação intergeracional. Portugal é um país onde os jovens e os velhos conversam – normalmente dentro do contexto familiar. O estatuto do avô é altíssimo na sociedade portuguesa – e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para benefício de todos.
2.
O lugar central da comida na vida diária. O almoço conta – não uma sandes comida com pressa e mal digerida, mas uma sopa, um prato quente etc., tudo comido à mesa e em companhia. Também aqui se reforça uma ligação com a família.
3.
A variedade da paisagem. Não conheço outro país onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies do Alentejo, passando pelo planalto e pela serra da Beira Interior.
4.
A tolerância. Nunca vivi num país que aceite tão bem os estrangeiros. Não é por acaso que Portugal é considerado um dos países mais abertos aos emigrantes pelo estudo internacional MIPEX.
5.
O café e os cafés. Os lugares são simples, acolhedores e agradáveis; a bebida é um pequeno
prazer diário, especialmente quando acompanhado por um pastel de nata quente.
6.
A inocência. É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista.; mas vi no meu primeiro fim de semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm na sua raiz, uma certa inocência.
7.
Um profundo espírito de independência. Olhando para o mapa ibérico parece estranho que Portugal continue a ser um país independente. Mas é, e não é por acaso. No fundo de cada português há um espírito profundamente autónomo e independentista.
8.
As mulheres. O adido de Defesa na Embaixada há 15 anos deu-me um conselho precioso : “Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher”. Concordei tanto, que me casei com uma portuguesa.
9.
A curiosidade sobre, e o conhecimento do mundo. A influência de “lá” é evidente cá, na comida, nas artes, nos nomes. Portugal é um país ligado, e quer continuar ligado, aos outros continentes do mundo.
10.
Que o dinheiro não é a coisa mais importante no mundo. As coisas boas em Portugal não são caras. Antes pelo contrário: não há nada melhor do que sair da praia ao fim da tarde e comer um peixe grelhado, acompanhado por um simples copo de vinho. (…) »
domingo, dezembro 19, 2010
ALEGRE SEM SALAZAR
“ É a esquerda que precisa de Salazar. Manuel Alegre precisa de Salazar. Alegre precisa de ver um Salazar em cada esquina. E o apego a este ópio salazarista é tão grande, que Alegre já vê Salazar na EU. Para ao nosso bardo de Águeda, a Europa é uma espécie de fascismo azul com estrelinhas amarelas no lugar dos fachos amarelinhos do passado.
Merkel é, aliás, a Salazar de saias. Salazar, Salazar, Salazar, e um apitada de PIDE : é tudo que Alegre tem. Sem Salazar, Alegre não era nada. Sem a PIDE, Alegre seria um absoluto é cómico vazio. Salazar já saiu de Alegre (e do resto do país), mas Alegre não sai de Salazar.(...) "
(Henrique Raposo, in EXPRESSO de ontem)
“ É a esquerda que precisa de Salazar. Manuel Alegre precisa de Salazar. Alegre precisa de ver um Salazar em cada esquina. E o apego a este ópio salazarista é tão grande, que Alegre já vê Salazar na EU. Para ao nosso bardo de Águeda, a Europa é uma espécie de fascismo azul com estrelinhas amarelas no lugar dos fachos amarelinhos do passado.
Merkel é, aliás, a Salazar de saias. Salazar, Salazar, Salazar, e um apitada de PIDE : é tudo que Alegre tem. Sem Salazar, Alegre não era nada. Sem a PIDE, Alegre seria um absoluto é cómico vazio. Salazar já saiu de Alegre (e do resto do país), mas Alegre não sai de Salazar.(...) "
(Henrique Raposo, in EXPRESSO de ontem)
sábado, dezembro 18, 2010
OS CUSTOS DA ENERGIA ELÉCTRICA
Li há uns tempos esta notícia num orgão da imprensa diária nacional :
“ Os cortes de iluminação pública de todos os concelhos do Alto Minho são uma medida para concretizar a partir de 1 de Março do próximo ano nos centros urbanos e a partir de 1 de Junho nas zonas rurais, depois de instalados os relógios reguladores de fluxos.
A decisão de avançar com os “apagões”, a que a crise e a redução nas transferências do Estado obrigam, foi tomada pelos dez municípios que integram a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Minho-Lima. A CIM estima poupar assim mais de um milhão de euros nas contas da iluminação pública.
No caso das zonas urbanas a medida vai representar um corte de 30 por cento, ou seja, por cada três pontos de luz vai ser desligado um. Nas aldeias dos dez municípios, a iluminação pública será cortada entre as 3h e as cinco da madrugada (…)”
No Município da Figueira da Foz, as dotações para as despesas correntes a pagar em 2011, pelo consumo de energia eléctrica, previstas na proposta do respectivo Orçamento, são as seguintes :
- Energia eléctrica consumida nas instalações : 778 mil euros
- Energia eléctrica na iluminação pública : 811 mil euros
Li há uns tempos esta notícia num orgão da imprensa diária nacional :
“ Os cortes de iluminação pública de todos os concelhos do Alto Minho são uma medida para concretizar a partir de 1 de Março do próximo ano nos centros urbanos e a partir de 1 de Junho nas zonas rurais, depois de instalados os relógios reguladores de fluxos.
A decisão de avançar com os “apagões”, a que a crise e a redução nas transferências do Estado obrigam, foi tomada pelos dez municípios que integram a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Minho-Lima. A CIM estima poupar assim mais de um milhão de euros nas contas da iluminação pública.
No caso das zonas urbanas a medida vai representar um corte de 30 por cento, ou seja, por cada três pontos de luz vai ser desligado um. Nas aldeias dos dez municípios, a iluminação pública será cortada entre as 3h e as cinco da madrugada (…)”
No Município da Figueira da Foz, as dotações para as despesas correntes a pagar em 2011, pelo consumo de energia eléctrica, previstas na proposta do respectivo Orçamento, são as seguintes :
- Energia eléctrica consumida nas instalações : 778 mil euros
- Energia eléctrica na iluminação pública : 811 mil euros
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Total : 1589 mil euros
Um esforço para reduzir o consumo desta energia eléctrica em 20% poderia resultar numa economia de cerca de 300 mil euros por ano ; à roda de 2% do total das despesas correntes. Não se trata bem de trocos….
Total : 1589 mil euros
Um esforço para reduzir o consumo desta energia eléctrica em 20% poderia resultar numa economia de cerca de 300 mil euros por ano ; à roda de 2% do total das despesas correntes. Não se trata bem de trocos….
ALEGRES FANFARRONICES
Manuel Alegre, ontem, na Figueira da Foz declamou assim:
«Ou os Estados democráticos se cansam e resolvem dar um murro na mesa, libertar a dívida soberana e meter na ordem esse inimigo sem rosto, a nova ditadura dos mercados financeiros, ou os povos da Europa vão revoltar-se contra esta OPA distorcida e deformada».
Manuel Alegre, ontem, na Figueira da Foz declamou assim:
«Ou os Estados democráticos se cansam e resolvem dar um murro na mesa, libertar a dívida soberana e meter na ordem esse inimigo sem rosto, a nova ditadura dos mercados financeiros, ou os povos da Europa vão revoltar-se contra esta OPA distorcida e deformada».
Pelo que ouvi na telefonia, enquanto assim prosseguia a declamação da sua corajosa frase, com a sua portentosa voz num crescendo de vibração, ia sendo muito aplaudido e aclamado, pelos seus entusiásticos apoiantes.
Aquelas fanfarronices meio incendiárias, sendo tomadas a sério pelos “ditadores financeiros” dos tenebrosos e chamados mercados, podem ter uma consequência nada desejável para nós todos, incluindo ele próprio, Alegre. É que se um dia sai uma sondagem, como Alegre está ansiosamente à espera que saia, dando como possível a sua passagem para uma segunda volta das presidenciais, com hipótese dele depois a vencer, os credores, os tais diabólicos “mercados”, fechariam completamente a torneira do crédito. Nem a 6, nem a 7 nem a 10, nem a 15 por cento, nos emprestam dinheiro. Pela minha parte, só se ensandecesse ou fosse assaltado por pulsões suicidárias, eu me comprazeria em desejar um tal cenário, só para depois me rir e ver como seria que nós todos, Alegre incluído, nos iríamos safar alegremente.
Aquelas fanfarronices meio incendiárias, sendo tomadas a sério pelos “ditadores financeiros” dos tenebrosos e chamados mercados, podem ter uma consequência nada desejável para nós todos, incluindo ele próprio, Alegre. É que se um dia sai uma sondagem, como Alegre está ansiosamente à espera que saia, dando como possível a sua passagem para uma segunda volta das presidenciais, com hipótese dele depois a vencer, os credores, os tais diabólicos “mercados”, fechariam completamente a torneira do crédito. Nem a 6, nem a 7 nem a 10, nem a 15 por cento, nos emprestam dinheiro. Pela minha parte, só se ensandecesse ou fosse assaltado por pulsões suicidárias, eu me comprazeria em desejar um tal cenário, só para depois me rir e ver como seria que nós todos, Alegre incluído, nos iríamos safar alegremente.
sexta-feira, dezembro 17, 2010
O ORÇAMENTO MUNICIPAL PARA 2011 - 1
Em comentário ao Plano de Saneamento Financeiro (PSF) do Município da Figueira da Foz, escrevi aqui neste post :
Sendo concretizado o ESF, aquele PSF passará a ser um documento-guia orientador e condicionador da gestão financeira do Município na próxima dezena de anos. Mas muito mais que isso, o objectivo do PSF deverá ser, sobretudo, o de constituir um documento destinado a tentar convencer o banco emprestador, primeiro, e o Tribunal de Contas, depois, que o Município terá solvência e capacidade para pagar, no futuro, o empréstimo concedido e autorizado.
Um pouco depois, comentei neste outro post :
(…)Se o empréstimo de 31,0 milhões de Euros (ME) para “saneamento financeiro”, ontem aprovado, não tivesse outras vantagens, teria pelo menos esta : como o Plano de Saneamento Financeiro (PSF-2ª versão) tem de ir à apreciação do Tribunal de Contas, obriga a que se deixe de brincar aos orçamentos. Isto são reflexões minhas, claro está...
O Orçamento da CMFF para 2011 parece que pode, por isso, ser considerado como praticamente preparado, nas suas linhas gerais. Estas seriam as constantes do PSF, o qual todavia terá de obter ainda o parecer favorável do Tribunal de Contas, pelo menos (…)
Desengano-me. Tenho de reconhecer que, de facto, sou politicamente muito ingénuo. Segundo as últimas notícias, a proposta de orçamento para 2011 a apresentar brevemente à Câmara Municipal (CMFF), retoma, sem tirar nem pôr, a tradição de “orçamentos” ficcionados, divertidos exercícios de faz de conta que já vem de há muitos anos.
Em comentário ao Plano de Saneamento Financeiro (PSF) do Município da Figueira da Foz, escrevi aqui neste post :
Sendo concretizado o ESF, aquele PSF passará a ser um documento-guia orientador e condicionador da gestão financeira do Município na próxima dezena de anos. Mas muito mais que isso, o objectivo do PSF deverá ser, sobretudo, o de constituir um documento destinado a tentar convencer o banco emprestador, primeiro, e o Tribunal de Contas, depois, que o Município terá solvência e capacidade para pagar, no futuro, o empréstimo concedido e autorizado.
Um pouco depois, comentei neste outro post :
(…)Se o empréstimo de 31,0 milhões de Euros (ME) para “saneamento financeiro”, ontem aprovado, não tivesse outras vantagens, teria pelo menos esta : como o Plano de Saneamento Financeiro (PSF-2ª versão) tem de ir à apreciação do Tribunal de Contas, obriga a que se deixe de brincar aos orçamentos. Isto são reflexões minhas, claro está...
O Orçamento da CMFF para 2011 parece que pode, por isso, ser considerado como praticamente preparado, nas suas linhas gerais. Estas seriam as constantes do PSF, o qual todavia terá de obter ainda o parecer favorável do Tribunal de Contas, pelo menos (…)
Desengano-me. Tenho de reconhecer que, de facto, sou politicamente muito ingénuo. Segundo as últimas notícias, a proposta de orçamento para 2011 a apresentar brevemente à Câmara Municipal (CMFF), retoma, sem tirar nem pôr, a tradição de “orçamentos” ficcionados, divertidos exercícios de faz de conta que já vem de há muitos anos.
A estimativa do total de receitas para o próximo ano atinge o inacreditável montante de 70 milhões de euros!!!!....Verdadeiramente delirante. Estamos exactamente na mesma como no passado, de cujos erros parece nada se ter aprendido, no tocante às consequências deletérias que resultam de uma estimativa de receita enormemente sobreavaliada, para a qualidade do desempenho da gestão orçamental, e sobretudo para o crescimento da dívida não bancária.
Relativamente ao orçamento para 2011, acresce um sério problema. A CMFF aprovou um determinado quadro de estimativa orçamental de médio prazo, que teve expressão no dito PSF.
Foi há um mês. Passadas somente umas escassas quatro semanas, a proposta do orçamento concreto para 2011 desalinha por completo dos números aprovados, decerto apresentados já aos bancos, e a apresentar depois ao Tribunal de Contas, se antes obtiverem a luz verde da Assembleia Municipal.
Dizer e escrever que vai ser assim hoje e, já depois de amanhã, dizer e validar um documento postulando que afinal vai ser assado, com aquela desatinada escala de desalinhamento, será seguramente um duro golpe na credibilidade do Município, lançando a desconfiança quanto à sua capacidade para cumprir aquilo a que se compromete, no caso pagar o que agora pede emprestado. Em primeiro lugar, junto dos bancos candidatos a credores; depois junto do Tribunal de Contas, que poderá não dar o seu visto a empréstimo pedido por quem demonstra tamanha volubilidade e ligeireza, mudando radicalmente de números com tal à vontade.
A menos que o executivo municipal já tenha desistido de obter o referido empréstimo, por ter deixado de acreditar na sua viabilidade. E que portanto sinta que já pode lançar às urtigas o plano com que antes se comprometera, por não ser já necessário convencer e dar confiança nem aos bancos, nem ao Tribunal de Contas quanto exequibilidade do plano, e quanto à capacidade de solvência futura do Município.
Um último aspecto a apreciar. Uma tão grande diferença de valores, de um para o seu dobro, justificará também a presunção de que se estará a tentar iludir alguém. Ou os bancos e o Tribunal de Contas, por um lado; ou os órgãos municipais e os munícipes, por outro. Mesmo sabendo-se que se trata de meras previsões, estimativas, prognósticos, perante a enorme diferença de escala entre as duas, é legítimo presumir que uma delas é antecipadamente reconhecida como falsa, enquanto previsão. Não sei bem o que se deverá chamar a isto.
Relativamente ao orçamento para 2011, acresce um sério problema. A CMFF aprovou um determinado quadro de estimativa orçamental de médio prazo, que teve expressão no dito PSF.
Foi há um mês. Passadas somente umas escassas quatro semanas, a proposta do orçamento concreto para 2011 desalinha por completo dos números aprovados, decerto apresentados já aos bancos, e a apresentar depois ao Tribunal de Contas, se antes obtiverem a luz verde da Assembleia Municipal.
Dizer e escrever que vai ser assim hoje e, já depois de amanhã, dizer e validar um documento postulando que afinal vai ser assado, com aquela desatinada escala de desalinhamento, será seguramente um duro golpe na credibilidade do Município, lançando a desconfiança quanto à sua capacidade para cumprir aquilo a que se compromete, no caso pagar o que agora pede emprestado. Em primeiro lugar, junto dos bancos candidatos a credores; depois junto do Tribunal de Contas, que poderá não dar o seu visto a empréstimo pedido por quem demonstra tamanha volubilidade e ligeireza, mudando radicalmente de números com tal à vontade.
A menos que o executivo municipal já tenha desistido de obter o referido empréstimo, por ter deixado de acreditar na sua viabilidade. E que portanto sinta que já pode lançar às urtigas o plano com que antes se comprometera, por não ser já necessário convencer e dar confiança nem aos bancos, nem ao Tribunal de Contas quanto exequibilidade do plano, e quanto à capacidade de solvência futura do Município.
Um último aspecto a apreciar. Uma tão grande diferença de valores, de um para o seu dobro, justificará também a presunção de que se estará a tentar iludir alguém. Ou os bancos e o Tribunal de Contas, por um lado; ou os órgãos municipais e os munícipes, por outro. Mesmo sabendo-se que se trata de meras previsões, estimativas, prognósticos, perante a enorme diferença de escala entre as duas, é legítimo presumir que uma delas é antecipadamente reconhecida como falsa, enquanto previsão. Não sei bem o que se deverá chamar a isto.
quinta-feira, dezembro 16, 2010
A SAIDA DO EURO, OS APRENDIZES DE FEITICEIROS E O CAOS
Há já uns meses, deixei neste poste uma simulação de um cenário de saída de Portugal do Euro, com regresso ao escudo. Tratou-se obviamente de um prosaico exercício académico, feito quase por redução ao absurdo, para evidenciar o desastre social que decorreria desse cenário.
A hipótese é de vez em quando discutida e analisada. A generalidade dos economistas mais experientes, como Silva Lopes, não se coíbem de sublinhar que a saída de Portugal do Euro, sobretudo por opção própria, seria pura e simplesmente o completo caos.
Há já uns meses, deixei neste poste uma simulação de um cenário de saída de Portugal do Euro, com regresso ao escudo. Tratou-se obviamente de um prosaico exercício académico, feito quase por redução ao absurdo, para evidenciar o desastre social que decorreria desse cenário.
A hipótese é de vez em quando discutida e analisada. A generalidade dos economistas mais experientes, como Silva Lopes, não se coíbem de sublinhar que a saída de Portugal do Euro, sobretudo por opção própria, seria pura e simplesmente o completo caos.
Há todavia por aí uns aprendizes de feiticeiros que aparentemente defendem a bondade de uma tal terapia. É o que se pode concluir lendo este poste do blogue Ladrões de Bicicletas, onde escrevem alguns jovens do BE, fascinados por um esquerdilhismo queque, mas que bem no fundo dão cobertura (porventura inconscientemente) a uns escondidos defensores do mais puro e duro trotskismo, estranhamente associado a um ainda mais puro e duro estalinismo. Pode ler-se então naquele referido post :
Uma decisão dessa natureza [a saída do Euro] teria de ser convenientemente preparada, mantida em sigilo, e executada com rapidez e determinação, por forma a impedir a fuga de capitais e a corrida aos bancos. Isso implicaria o seu controle público durante algum tempo. Aliás, com a experiência adquirida na introdução da moeda única, deve ser possível uma passagem rápida e organizada para o escudo. É certo que, mesmo com um controle administrativo dos preços bem apertado, a inflação seria inicialmente elevada. Mas a breve trecho tenderia a ficar controlada como ilustra a recente experiência da Islândia. O grande problema seria sem dúvida o congelamento do financiamento externo. Estariam a China, o Brasil, e alguns fundos soberanos disponíveis para ajudar durante algum tempo?
Comentário de um leitor :
"Uma decisão dessa natureza teria de ser convenientemente preparada, mantida em sigilo,..."
Em ditadura, se bem percebo
E logo de um outro :
Em ditadura, se bem percebo.
e porque não? com guilhotina electrónica.
Ainda sobre o mesmo assunto, leia-se no blogue Aliás este delicioso, imaginativo e sarcástico texto
Os aprendizes de feiticeiros sempre foram, e são, como se sabe, muito perigosos. E muito mais se, com prosápia, pretenderem ter conhecimento e experiência que não têm, e utilizarem a demagogia como instrumento para enfeitiçarem os mais crédulos.
quarta-feira, dezembro 15, 2010
AS PALAVRAS GASTAM-SE DEPRESSA NOS MEDIA
“ Cuidado com o barulho mediático sobre a pobreza… pode estar a fazer-se cedo demais e de forma exagerada, o que “gasta” o problema face a um futuro muito mais negro do que o presente. O resultado é que, quando as coisas estiveram mesmo muito negras, os media desinteressar-se-ão delas, a não ser quando houver crimes, suicídios, cenas de alarido público.
Ora, a pobreza e as enormes dificuldades dos portugueses já são uma coisa muito séria, mas vão ser muito mais sérias daqui a um ano. E as palavras gastam-se depressa nos media. E com elas, a atenção dos seus destinatários.
(…)
Por isso, convinha haver alguma contenção, porque a pobreza não é substituir as férias em Cancun por uma semana no Algarve, nem comer menos um bife por semana. É outra coisa muito mais grave, muito mais perigosa e muitas vezes muito menos visível. "
(Pacheco Pereira, in revista SABADO da semana passada)
“ Cuidado com o barulho mediático sobre a pobreza… pode estar a fazer-se cedo demais e de forma exagerada, o que “gasta” o problema face a um futuro muito mais negro do que o presente. O resultado é que, quando as coisas estiveram mesmo muito negras, os media desinteressar-se-ão delas, a não ser quando houver crimes, suicídios, cenas de alarido público.
Ora, a pobreza e as enormes dificuldades dos portugueses já são uma coisa muito séria, mas vão ser muito mais sérias daqui a um ano. E as palavras gastam-se depressa nos media. E com elas, a atenção dos seus destinatários.
(…)
Por isso, convinha haver alguma contenção, porque a pobreza não é substituir as férias em Cancun por uma semana no Algarve, nem comer menos um bife por semana. É outra coisa muito mais grave, muito mais perigosa e muitas vezes muito menos visível. "
(Pacheco Pereira, in revista SABADO da semana passada)
terça-feira, dezembro 14, 2010
PROMETENDO…
Li há dias no diário As Beiras que o Presidente da Câmara da Figueira da Foz “garantiu“, é essa a palavra usada na notícia, o que vale dizer que prometeu, que “as obras do novo quartel dos Bombeiros Municipais arrancam em 2011”. Dou como certa a notícia, e logo a “promessa”. Não de adjudicar a obra em 2011, mas sim arrancar, arrancar mesmo, isto é, começá-la fisicamente, já depois de a ter concursado e adjudicado. Registo-a, à promessa, para memória futura, creio que é assim que se diz em dialecto judicial.
Confesso que estou com muita curiosidade em ver como é que a obra irá “encaixar” no Orçamento Municipal para 2011, o qual, para se cumprir a Lei, deverá estar aprovado pela Assembleia Municipal até final do mês Dezembro corrente.
Nada se encontra previsto para o efeito na listagem dos investimentos a fazer com recurso a verbas do QREN no Plano de Saneamento Financeiro (um total de 26,9 milhões de contos, no período de 2011 a 2014), há uns tempos aprovado pela Câmara Municipal, e que deverá estar actualmente em fase de apreciação por instituições bancárias às quais se recorre para obter o empréstimo de 31 milhões de contos. Logo, presumo que terá de ser realizado apenas com recursos próprios do Município .
Veremos onde é que o actual executivo os irá desencantar, ou em que escala se situará a sua capacidade imaginativa para os inscrever e escrever, do lado das receitas, nos documentos da previsão orçamental.
Li há dias no diário As Beiras que o Presidente da Câmara da Figueira da Foz “garantiu“, é essa a palavra usada na notícia, o que vale dizer que prometeu, que “as obras do novo quartel dos Bombeiros Municipais arrancam em 2011”. Dou como certa a notícia, e logo a “promessa”. Não de adjudicar a obra em 2011, mas sim arrancar, arrancar mesmo, isto é, começá-la fisicamente, já depois de a ter concursado e adjudicado. Registo-a, à promessa, para memória futura, creio que é assim que se diz em dialecto judicial.
Confesso que estou com muita curiosidade em ver como é que a obra irá “encaixar” no Orçamento Municipal para 2011, o qual, para se cumprir a Lei, deverá estar aprovado pela Assembleia Municipal até final do mês Dezembro corrente.
Nada se encontra previsto para o efeito na listagem dos investimentos a fazer com recurso a verbas do QREN no Plano de Saneamento Financeiro (um total de 26,9 milhões de contos, no período de 2011 a 2014), há uns tempos aprovado pela Câmara Municipal, e que deverá estar actualmente em fase de apreciação por instituições bancárias às quais se recorre para obter o empréstimo de 31 milhões de contos. Logo, presumo que terá de ser realizado apenas com recursos próprios do Município .
Veremos onde é que o actual executivo os irá desencantar, ou em que escala se situará a sua capacidade imaginativa para os inscrever e escrever, do lado das receitas, nos documentos da previsão orçamental.
O RACIONAMENTO DO AÇÚCAR
Há dias começou a constar que ia faltar o açúcar. Em plena época pre-natalícia, tanto bastou para que os stocks do dito se tenham esgotado nos supermercados, e que nestes se tivesse estabelecido um regime de racionamento. Não se trata de um produto verdadeiramente essencial, cuja falta mais preocupará os muito lambareiros. Por isso, nem chegou a haver pânico, tudo levando a crer que a situação se regularize a curto prazo.
Para muita gente menos lúcida e mais irresponsável, que frequentemente se arma em valente, vociferando ser uma vergonha que Portugal se vergue aos credores internacionais, esta mini crise do açúcar pode servir de ilustração, em versão light, do que poderia/poderá acontecer com o pão, os cereais, a carne, a gasolina, o gás natural, o leite, o bacalhau, se e quando esses nossos credores porventura fecharem/fechassem a torneira do crédito, por descrerem da nossa capacidade em pagarmos o que devemos.
E para ilustrar igualmente, em versão ainda mais light, o que poderia ter acontecido quando, na fase mais aguda da crise financeira, começaram a correr boatos de que o BPN ameaçava ruptura iminente. Se o pânico se tivesse então espalhado, e se aquela ruptura tivesse realmente ocorrido, poderíamos ter assistido a uma corrida aos bancos, começando pelas caixas multibanco . E tal como com o açúcar, logo haveria um regime de severo racionamento do dinheiro líquido disponível, sabe-se lá por quanto tempo e com que desastrosos efeitos. Desenganem-se os que julgam que os atingidos seriam só de gente endinheirada, dispondo de depósitos nos bancos.
Há dias começou a constar que ia faltar o açúcar. Em plena época pre-natalícia, tanto bastou para que os stocks do dito se tenham esgotado nos supermercados, e que nestes se tivesse estabelecido um regime de racionamento. Não se trata de um produto verdadeiramente essencial, cuja falta mais preocupará os muito lambareiros. Por isso, nem chegou a haver pânico, tudo levando a crer que a situação se regularize a curto prazo.
Para muita gente menos lúcida e mais irresponsável, que frequentemente se arma em valente, vociferando ser uma vergonha que Portugal se vergue aos credores internacionais, esta mini crise do açúcar pode servir de ilustração, em versão light, do que poderia/poderá acontecer com o pão, os cereais, a carne, a gasolina, o gás natural, o leite, o bacalhau, se e quando esses nossos credores porventura fecharem/fechassem a torneira do crédito, por descrerem da nossa capacidade em pagarmos o que devemos.
E para ilustrar igualmente, em versão ainda mais light, o que poderia ter acontecido quando, na fase mais aguda da crise financeira, começaram a correr boatos de que o BPN ameaçava ruptura iminente. Se o pânico se tivesse então espalhado, e se aquela ruptura tivesse realmente ocorrido, poderíamos ter assistido a uma corrida aos bancos, começando pelas caixas multibanco . E tal como com o açúcar, logo haveria um regime de severo racionamento do dinheiro líquido disponível, sabe-se lá por quanto tempo e com que desastrosos efeitos. Desenganem-se os que julgam que os atingidos seriam só de gente endinheirada, dispondo de depósitos nos bancos.
Por muitos custos que tenha tido, ou venha ainda a ter para os contribuintes, a nacionalização súbita e imediata do BPN, com o que se travou o pânico, os custos teriam sido imensamente maiores, talvez inimagináveis, se o Ministro das Finanças não tivesse decidido rapidamente como decidiu.
segunda-feira, dezembro 13, 2010
OS AMIGOS DO WIKILEAKS CONTRA ATACAM
Como se pode verificar no último post, o QuintoPoder foi vítima de hacking informático. Deve ter sido, ou da Embaixada do Irão, ou dos dilectos amigos do WikiLeaks.
Reproduzo por isso, na íntegra, o texto que consta naquele anterior post a seguir à parte em que se ilustra o forward do e-mail que fiz para a Embaixada americana, contendo informações secretas sobre a teocracia iraniana :
Como se pode verificar no último post, o QuintoPoder foi vítima de hacking informático. Deve ter sido, ou da Embaixada do Irão, ou dos dilectos amigos do WikiLeaks.
Reproduzo por isso, na íntegra, o texto que consta naquele anterior post a seguir à parte em que se ilustra o forward do e-mail que fiz para a Embaixada americana, contendo informações secretas sobre a teocracia iraniana :
Agora a sério: se de facto tiver acesso a informações relevantes que possam prejudicar ou enfraquecer a ditadura teocrática reinante no Irão, não deixarei de as comunicar à Embaixada dos Estados Unidos. E depois? Tenho algum complexo, ou fico com algum problema na consciência?. Não tenho, nem fico, posso assegurar
Como sublinhava Miguel Sousa Tavares na sua crónica do EXPRESSO de sábado passado:
“(…) enquanto for vivo, prefiro viver numa democracia ocidental do que numa chinesa, russa, norte-coreana ou iraniana. E também sei que, com todos os seus defeitos e vilanias, os Estados Unidos continuam ainda a ser o garante militar da sobrevivência da civilização ocidental, Ou, dito mais simplesmente, o garante da liberdade e da paz relativa em que vivemos. Se for preciso travar o desvario nuclear do Irão ou da Coreia do Norte, u contamos com os Estados Unidos ou não contamos com ninguém”.
As reacções ao nível da mais rasca politiquice indígena, não se fizeram esperar, logo de manhã. O caso dava motivo para morder nas canelas do Primeiro-Ministro?. Aproveite-se, terá logo pensado o líder parlamentar do PSD. Contactado, de manhã cedo, ou pela madrugada, por um daqueles jornalistas cuja boca já toda ela salivava com o ribombar da notícia, declarava que aquela “matéria” tinha relevância e que deviam ser pedidos esclarecimentos, não me recordo bem a quem. Pelo tom de voz da criatura, é muito capaz de ir pedir uma comissão de inquérito.
O caso dá para atacar e fragilizar a banca nacional, mais esses banqueiros especuladores, cabeças de cartaz do capitalismo e dos monopólios ? Aproveite-se, logo terão pensado uns quantos ayhatollas do esquerdilhismo bloquista e queque, chegando a alegar que o sucedido “violaria grosseiramente o dever de confidencialidade devido pelas instituições bancárias, podendo configurar crime, ao abrigo das disposições legais em vigor (…)” (sic…)
Saia então mais uma audiência parlamentar para ir entretendo o pessoal e chateando os governantes. E não é que estes, até são capazes de agradecer? Assim não se fala tanto do desempenho do Governo, da crise económica, do desemprego, da fome que vai grassando.
Vamos ter saga e folhetim parolo por uns dias. Pela minha parte, não tenho já pachorra. Apetece-me, isso sim, mandar o WikiLeaks e todos os seus piedosos prosélitos para um sítio que eu cá sei, mas que a minha boa educação não me permite escrever o nome completo.
O QUINTOPODER NAS MALHAS DA WIKILEAKS
Vivem-se tempos de gosto, psiquiatricamente doentio, pela coscuvelhice e pela desbragada devassa alheia.
Ontem à noite, quando comecei a ler os primeiros rumores de que haveria mais uma sensacional revelação do WikiLeaks, desta feita envolvendo entidades bancárias portuguesas, logo imaginei como estariam a salivar as bocas de jornalistas e directores de alguns media portugas : tínhamos assunto para as primeiras páginas e para abrir os noticiários, logo de manhã.
Meu pensado, meu feito. Logo de manhã, ouvi umas meninas locutoras, excitadíssimas, a darem a notícia : segundo devassado em correspondência privada dos meios diplomáticos dos EUA, um banqueiro do BCP havia-se disponibilizado a prestar informações que possuía sobre os negócios do Irão. Houve até uma, com voz muito esganiçada, que juntava a notícia a outra, de que as acções do BCP estavam a cair na Bolsa.
Vivem-se tempos de gosto, psiquiatricamente doentio, pela coscuvelhice e pela desbragada devassa alheia.
Ontem à noite, quando comecei a ler os primeiros rumores de que haveria mais uma sensacional revelação do WikiLeaks, desta feita envolvendo entidades bancárias portuguesas, logo imaginei como estariam a salivar as bocas de jornalistas e directores de alguns media portugas : tínhamos assunto para as primeiras páginas e para abrir os noticiários, logo de manhã.
Meu pensado, meu feito. Logo de manhã, ouvi umas meninas locutoras, excitadíssimas, a darem a notícia : segundo devassado em correspondência privada dos meios diplomáticos dos EUA, um banqueiro do BCP havia-se disponibilizado a prestar informações que possuía sobre os negócios do Irão. Houve até uma, com voz muito esganiçada, que juntava a notícia a outra, de que as acções do BCP estavam a cair na Bolsa.
Ora, antes que o WikiLeaks se lembre de fazer esta outra sensacional revelação, quero desde já confessar que o QuintoPoder também enviou um e-mail privado à Embaixada Americana, propondo facultar-lhe informações de uma viagem de vadiagem que tinha e tenho vontade de fazer ao Irão. Aliás, alguma informação já enviei, fazendo um forward de um e-mail que recebi recentemente e que a seguir transcrevo.
او واقعا وجود داشتن خود را جشن می گیرد . او واقعا زنده است
تمام کودکان رازی دارند که تعداد کمی از بزرگسالان آن را به خاطر می آورند یا درک می کنند
تمام کودکان رازی دارند که تعداد کمی از بزرگسالان آن را به خاطر می آورند یا درک می کنند
. آن راز این است که آنها در هر لحظه با
عشقی دست نخورده و اعجاب آور دست و پنجه نرم می کنند . به بازی کردن یک کودک بنگرید . شما عشق را در اعمال او عشق
هر ماجرای جدیدی با عشق آغاز می شود ، هر مانعی با عشق مقاومت می شود . شما می توانید درخشش عشق را در چشمان کودک شاهد باشید ، در خنده و فریادهای شادمانه ی او ، آن را درک کنید و آن را در فضای اطراف او احساس کنید . او واقعا وجود داشتن خود را جشن می گیرد . او واقعا زنده است . چه چیزی موجب می شود که به او اجازه داده شود که با نیروی بیکران خود هر کاری را انجام دهد ؟ من معتقدم که حقیقت امر، پاک . هنوز نیاموخته است که خجالتی باشد ، بنابراین نگران آن نیست که آواز بچه گانه اش که با خود زمزمه می کند ، به نظر دیگران مسخره بیاید . هنوز نیاموخته است که از شکست بترسد ، بنابراین توجهی ندارد که در حین یادگیری بازی با رورؤک ، ده ها بار زمین بخورد . هنوز بی تفاوتی را نیاموخته است ، بنابراین نگران آن نیست که عجله و هیجان زیاد خود را برای گردش رفتن به شهربازی نشان دهد . در عوض روی اینکه چطور ببیند ، تمرکز می کند و خودش را در شادی محض و جودش غوطه ور می سازد . کودکان با درک کودکانه ی خود ، عشق را حس می کنند که این حس برایشان رضایت بخش است . به همین دلیل است که کودکان کاملا عشق را احساس می کنند ، می خندند ، گریه می کنند ، چیزی می خواهند یا به کسی نیاز پیدا می کنند . اما با تمام این عبارات ، ما بزرگسالان مخصوصا هنگامی که دیگران اطرافمان هستند ، به ندرت نیاز به دیگری را
Agora a sério: se de facto tiver acesso a informações relevantes que possam prejudicar ou enfraquecer a ditadura teocrática reinante no Irão, não deixarei de as comunicar à Embaixada dos Estados Unidos. E depois? Tenho algum complexo, ou fico com algum problema na consciência?. Não tenho, nem fico, posso assegurar
Como sublinhava Miguel Sousa Tavares na sua crónica do EXPRESSO de sábado passado:
“(…) enquanto for vivo, prefiro viver numa democracia ocidental do que numa chinesa, russa, norte-coreana ou iraniana. E também sei que, com todos os seus defeitos e vilanias, os Estados Unidos continuam ainda a ser o garante militar da sobrevivência da civilização ocidental, Ou, dito mais simplesmente, o garante da liberdade e da paz relativa em que vivemos. Se for preciso travar o desvario nuclear do Irão ou da Coreia do Norte, ou contamos com os Estados Unidos ou não contamos com ninguém”.
As reacções ao nível da mais rasca politiquice indígena, não se fizeram esperar, logo de manhã. O caso dava motivo para morder nas canelas do Primeiro-Ministro?. Aproveite-se, terá logo pensado o líder parlamentar do PSD. Contactado, de manhã cedo, ou pela madrugada, por um daqueles jornalistas cuja boca já toda ela salivava com o ribombar da notícia, declarava que aquela “matéria” tinha relevância e que deviam ser pedidos esclarecimentos, não me recordo bem a quem. Pelo tom de voz da criatura, é muito capaz de ir pedir uma comissão de inquérito.
O caso dá para atacar e fragilizar a banca nacional, mais esses banqueiros especuladores, cabeças de cartaz do capitalismo e dos monopólios ? Aproveite-se, logo terão pensado uns quantos ayhatollas do esquerdilhismo bloquista e queque, chegando à lata de se alegar que o sucedido “violaria grosseiramente o dever de confidencialidade devido pelas instituições bancárias, podendo configurar crime, ao abrigo das disposições legais em vigor (…)” (sic…)
Saia então mais uma audiência parlamentar para ir entretendo o pessoal e chateando os governantes. E não é que estes, até são capazes de agradecer? Assim não se fala tanto do desempenho do Governo, da crise económica, do desemprego, da fome que vai grassando.
Vamos ter saga e folhetim parolo por uns dias. Pela minha parte, não tenho já pachorra. Apetece-me, isso sim, mandar o WikiLeaks e todos os seus piedosos prosélitos para um sítio que eu cá sei, mas que a minha boa educação não me permite escrever o nome completo.
Agora a sério: se de facto tiver acesso a informações relevantes que possam prejudicar ou enfraquecer a ditadura teocrática reinante no Irão, não deixarei de as comunicar à Embaixada dos Estados Unidos. E depois? Tenho algum complexo, ou fico com algum problema na consciência?. Não tenho, nem fico, posso assegurar
Como sublinhava Miguel Sousa Tavares na sua crónica do EXPRESSO de sábado passado:
“(…) enquanto for vivo, prefiro viver numa democracia ocidental do que numa chinesa, russa, norte-coreana ou iraniana. E também sei que, com todos os seus defeitos e vilanias, os Estados Unidos continuam ainda a ser o garante militar da sobrevivência da civilização ocidental, Ou, dito mais simplesmente, o garante da liberdade e da paz relativa em que vivemos. Se for preciso travar o desvario nuclear do Irão ou da Coreia do Norte, ou contamos com os Estados Unidos ou não contamos com ninguém”.
As reacções ao nível da mais rasca politiquice indígena, não se fizeram esperar, logo de manhã. O caso dava motivo para morder nas canelas do Primeiro-Ministro?. Aproveite-se, terá logo pensado o líder parlamentar do PSD. Contactado, de manhã cedo, ou pela madrugada, por um daqueles jornalistas cuja boca já toda ela salivava com o ribombar da notícia, declarava que aquela “matéria” tinha relevância e que deviam ser pedidos esclarecimentos, não me recordo bem a quem. Pelo tom de voz da criatura, é muito capaz de ir pedir uma comissão de inquérito.
O caso dá para atacar e fragilizar a banca nacional, mais esses banqueiros especuladores, cabeças de cartaz do capitalismo e dos monopólios ? Aproveite-se, logo terão pensado uns quantos ayhatollas do esquerdilhismo bloquista e queque, chegando à lata de se alegar que o sucedido “violaria grosseiramente o dever de confidencialidade devido pelas instituições bancárias, podendo configurar crime, ao abrigo das disposições legais em vigor (…)” (sic…)
Saia então mais uma audiência parlamentar para ir entretendo o pessoal e chateando os governantes. E não é que estes, até são capazes de agradecer? Assim não se fala tanto do desempenho do Governo, da crise económica, do desemprego, da fome que vai grassando.
Vamos ter saga e folhetim parolo por uns dias. Pela minha parte, não tenho já pachorra. Apetece-me, isso sim, mandar o WikiLeaks e todos os seus piedosos prosélitos para um sítio que eu cá sei, mas que a minha boa educação não me permite escrever o nome completo.
PS
É muito capaz de não ser inocente o facto da divulgação da sensacional notícia ter sido feita por um orgão da imprensa espanhola, o El Pais. Um dos efeitos, será que o BCP nunca mais conseguirá fazer negócios no Irão. Sendo assim, outras "janelas de oportunidades ", como agora soe dizer-se, se abrem para bancos espanhois. Vous pigez?...
sábado, dezembro 11, 2010
ATÉ À MÁ NOTICIA FINAL
“(…)
Chegámos à ruína, não por causa de privações e sacrifícios, mas porque, como os gregos e ao contrário dos alemães, passámos a viver melhor, mais equipados e mais diplomados, enquanto a nossa competitividade diminuía.
Em suma, andámos de boa notícia em boa notícia até à má notícia final (…) “
(Rui Ramos, no EXPRESSO de hoje)
“(…)
Chegámos à ruína, não por causa de privações e sacrifícios, mas porque, como os gregos e ao contrário dos alemães, passámos a viver melhor, mais equipados e mais diplomados, enquanto a nossa competitividade diminuía.
Em suma, andámos de boa notícia em boa notícia até à má notícia final (…) “
(Rui Ramos, no EXPRESSO de hoje)
A LIBERDADE DE INFORMAÇÃO
“ (…)
Vivemos, de facto, tempos em que a liberdade de informação serve de abrigo para toda a espécie de heroísmos fáceis : eu sou responsável e responsabilizado por tudo o que escrevo e assino – e assino tudo o que escrevo. Mas, no território sideral da net, nos blogues onde proliferam os anónimos de toda a espécie, os ressabiados, os caluniadores ou os simplesmente cobardes, a responsabilidade é zero e a liberdade é total. Que espécie de liberdade será essa? (….) “
(Miguel Sousa Tavares, in EXPRESSO de hoje)
“ (…)
Vivemos, de facto, tempos em que a liberdade de informação serve de abrigo para toda a espécie de heroísmos fáceis : eu sou responsável e responsabilizado por tudo o que escrevo e assino – e assino tudo o que escrevo. Mas, no território sideral da net, nos blogues onde proliferam os anónimos de toda a espécie, os ressabiados, os caluniadores ou os simplesmente cobardes, a responsabilidade é zero e a liberdade é total. Que espécie de liberdade será essa? (….) “
(Miguel Sousa Tavares, in EXPRESSO de hoje)
A CIGARRA PORTUGUESA
Lady Gaga actuou ontem em Lisboa. Foi no pavilhão Atlântico, construído na ressaca dos tempos de Cavaco Silva como primeiro-ministro, directa ou indirectamente com o “ouro brasileiro” jorrado dos fundos europeus.
Estava cheio, com cerca de 20 000 espectadores. Todos deveriam ser, não duvido, gente da classe alta, pois a da classe média está financeiramente de rastos…Não sei exactamente quanto custava cada bilhete. Mas ouso estimar qualquer coisa como 100 euros, pelo menos. Para os organizadores do grandioso espectáculo, deve ter representado uma facturação bruta de uns 2 milhões de euros. A artista e o seu grupo terão assim empochado coisa de 1 milhão de euros, estimativa por baixo.
Até ao ano de 1998, o público de espectáculos ao vivo em Portugal (sem contar portanto os de cinema, por exemplo) era de 200 a 300 mil por ano. Em 2000, já excedia um pouco o milhão. Depois, disparou, subiu em flecha, atingindo 6 milhões de espectadores em 2008. Para este montante, a Figueira da Foz deve ter contribuído com 0,3 a 0,4%.
O número de recintos para espectáculos ao vivo, em todo o País, era de 200 em 1999, com uma lotação total de 200 mil lugares. Em 2008 os números atingiam os 470 recintos, e uma capacidade total para 380 mil espectadores.
(Fonte : Site da PORDATA)
Lady Gaga actuou ontem em Lisboa. Foi no pavilhão Atlântico, construído na ressaca dos tempos de Cavaco Silva como primeiro-ministro, directa ou indirectamente com o “ouro brasileiro” jorrado dos fundos europeus.
Estava cheio, com cerca de 20 000 espectadores. Todos deveriam ser, não duvido, gente da classe alta, pois a da classe média está financeiramente de rastos…Não sei exactamente quanto custava cada bilhete. Mas ouso estimar qualquer coisa como 100 euros, pelo menos. Para os organizadores do grandioso espectáculo, deve ter representado uma facturação bruta de uns 2 milhões de euros. A artista e o seu grupo terão assim empochado coisa de 1 milhão de euros, estimativa por baixo.
Até ao ano de 1998, o público de espectáculos ao vivo em Portugal (sem contar portanto os de cinema, por exemplo) era de 200 a 300 mil por ano. Em 2000, já excedia um pouco o milhão. Depois, disparou, subiu em flecha, atingindo 6 milhões de espectadores em 2008. Para este montante, a Figueira da Foz deve ter contribuído com 0,3 a 0,4%.
O número de recintos para espectáculos ao vivo, em todo o País, era de 200 em 1999, com uma lotação total de 200 mil lugares. Em 2008 os números atingiam os 470 recintos, e uma capacidade total para 380 mil espectadores.
(Fonte : Site da PORDATA)
sexta-feira, dezembro 10, 2010
O DESPERTAR DA CHINA
Observando o lugar cimeiro ocupado pela região de Xangai da China neste ranking do relatório PISA da OCDE (ver poste anterior), quanto ao conhecimento da língua, da matemática e da ciência dos seus jovens de 15 anos, e perante a ausência do laureado com o prémio Nobel da Paz na cerimónia que hoje teve lugar, tem cabimento uma interrogação : por quanto tempo mais poderá a actual oligarquia chinesa travar a evolução da sociedade chinesa para a democracia ?
Observando o lugar cimeiro ocupado pela região de Xangai da China neste ranking do relatório PISA da OCDE (ver poste anterior), quanto ao conhecimento da língua, da matemática e da ciência dos seus jovens de 15 anos, e perante a ausência do laureado com o prémio Nobel da Paz na cerimónia que hoje teve lugar, tem cabimento uma interrogação : por quanto tempo mais poderá a actual oligarquia chinesa travar a evolução da sociedade chinesa para a democracia ?
RESPIGOS DO PORTUGAL POSITIVO
OS RESULTADOS DO PISA
Poderá ler-se aqui uma tabela-síntese dos resultados globais do chamado relatório PISA da OCDE, coligidos através de exames realizados em 2009.
Alguns excertos do seu sumário, que merecerão alguma reflexão :
The survey, based on two-hour tests of a half million students in more than 70 economies, also tested mathematics and science.
The province of Shanghai, China, took part for the first time and scored higher in reading than any country. It also topped the table in maths and science. More than one-quarter of Shanghai’s 15-year-olds demonstrated advanced mathematical thinking skills to solve complex problems, compared to an OECD average of just 3%.
Some OECD countries saw strong gains in reading literacy, most notably Chile, Israel and Poland, but also Portugal, Korea, Hungary and Germany.
OS RESULTADOS DO PISA
Poderá ler-se aqui uma tabela-síntese dos resultados globais do chamado relatório PISA da OCDE, coligidos através de exames realizados em 2009.
Alguns excertos do seu sumário, que merecerão alguma reflexão :
The survey, based on two-hour tests of a half million students in more than 70 economies, also tested mathematics and science.
The province of Shanghai, China, took part for the first time and scored higher in reading than any country. It also topped the table in maths and science. More than one-quarter of Shanghai’s 15-year-olds demonstrated advanced mathematical thinking skills to solve complex problems, compared to an OECD average of just 3%.
Some OECD countries saw strong gains in reading literacy, most notably Chile, Israel and Poland, but also Portugal, Korea, Hungary and Germany.
In mathematics, Mexico, Turkey, Greece, Portugal, Italy and Germany saw rapid improvements.
In science, Turkey, Portugal, Korea, Italy, Norway, the US and Poland showed the biggest improvements.
Girls read better than boys in every country, by an average of 39 points, the equivalent to one year of schooling. The gender gap has not improved in any country since 2000, and widened in France, Israel, Korea, Portugal and Sweden. This is mirrored in a decline of boy’s enjoyment of reading and their engagement with reading in their leisure time.
The best school systems were the most equitable - students do well regardless of their socio-economic background.
Schools with good discipline and better student-teacher relations achieve better reading results.
Public and private schools achieve similar results, after taking account of their home backgrounds.
Girls read better than boys in every country, by an average of 39 points, the equivalent to one year of schooling. The gender gap has not improved in any country since 2000, and widened in France, Israel, Korea, Portugal and Sweden. This is mirrored in a decline of boy’s enjoyment of reading and their engagement with reading in their leisure time.
The best school systems were the most equitable - students do well regardless of their socio-economic background.
Schools with good discipline and better student-teacher relations achieve better reading results.
Public and private schools achieve similar results, after taking account of their home backgrounds.
Combining local autonomy and effective accountability seems to produce the best results.
Quanto ao conhecimento científico revelado, uma sucinta comparação com outros países :
China-Shangai : 575
Finlândia : 554
Estados Unidos : 502
Média OCDE : 501
França : 498
Portugal : 493
Itália : 489
Espanha : 488
Grécia : 470
Estados Unidos : 502
Média OCDE : 501
França : 498
Portugal : 493
Itália : 489
Espanha : 488
Grécia : 470
Brasil: 405
Albânia : 391
Albânia : 391
terça-feira, dezembro 07, 2010
INCOERÊNCIAS
De modo nenhum alinho com o entusiasmo de quem, perante o relatório da OCDE hoje divulgado , sobre o estado da educação em Portugal, abandeira em arco, deita foguetes e ainda vai depois apanhar as canas. Como logo hoje fez o primeiro-Ministro, de forma tão expedita quanto algo insensata. Tiraria mais dividendos da notícia se a não comentasse, deixando que o tema fosse glosado, como seguramente seria, pelos media e fazedores da opinião pública.
De facto, a OCDE não tem o dom da infabilidade papal, tem perdido alguma da credibilidade que possuía aqui há uns anos, e muitos dos valores e rácios que calcula são baseados em números e informações recolhidas, às vezes “marteladas”, e facultadas por organismos da administração pública.
Mas não deixo de achar pilhéria aos que logo vêm, categóricos, retirar liminarmente qualquer espécie de credibilidade ao dito relatório. Alguns deles, certamente os mesmos que, se ao invés, o relatório contivesse conclusões muito negativas sobre a matéria, logo viriam bradar que aqui d’el Rei o estado desastroso em que se encontrava o sistema de ensino era unicamente devido à acção política deste governo.
De modo nenhum alinho com o entusiasmo de quem, perante o relatório da OCDE hoje divulgado , sobre o estado da educação em Portugal, abandeira em arco, deita foguetes e ainda vai depois apanhar as canas. Como logo hoje fez o primeiro-Ministro, de forma tão expedita quanto algo insensata. Tiraria mais dividendos da notícia se a não comentasse, deixando que o tema fosse glosado, como seguramente seria, pelos media e fazedores da opinião pública.
De facto, a OCDE não tem o dom da infabilidade papal, tem perdido alguma da credibilidade que possuía aqui há uns anos, e muitos dos valores e rácios que calcula são baseados em números e informações recolhidas, às vezes “marteladas”, e facultadas por organismos da administração pública.
Mas não deixo de achar pilhéria aos que logo vêm, categóricos, retirar liminarmente qualquer espécie de credibilidade ao dito relatório. Alguns deles, certamente os mesmos que, se ao invés, o relatório contivesse conclusões muito negativas sobre a matéria, logo viriam bradar que aqui d’el Rei o estado desastroso em que se encontrava o sistema de ensino era unicamente devido à acção política deste governo.
segunda-feira, dezembro 06, 2010
LEMBRANDO PROPOSTAS INDECENTES
Torna-se a falar, e muito bem, na necessidade de reduzir o número de feriados de cada ano civil. Ouço uma estimativa de quanto custa cada feriado : cerca de 37 milhões Euros (ME).
Parece-me estimativa feita um pouco por baixo, mas enfim. Uma redução de 3 feriados, significaria um acréscimo de 110 ME no PIB. É escasso, de facto. Num PIB à roda de 170 mil ME, representaria um pouco menos de 0,1% . Apesar disso, seria metade do que se anuncia , em previsão super optimista, para o crescimento da economia portuguesa no próximo ano.
Sobre o tema, já aqui escrevi há 2 anos, em jeito de proposta indecente. E tornei a lembrar, neste outro poste, já mais na perspectiva da necessidade de mandar sinais, para dentro e para fora. Fica agora nova lembrança da proposta feita. Que deve cair direitinha nos sacos rotos dos deputados pelo círculo eleitoral no qual sou eleitor. Ah..pois!…uma tal proposta não dá votos, antes pelo contrário, tira. O que dá votos, por exemplo, é a criação de novas freguesias ou a elevação de aldeias a vilas e de vilas a cidades….
Torna-se a falar, e muito bem, na necessidade de reduzir o número de feriados de cada ano civil. Ouço uma estimativa de quanto custa cada feriado : cerca de 37 milhões Euros (ME).
Parece-me estimativa feita um pouco por baixo, mas enfim. Uma redução de 3 feriados, significaria um acréscimo de 110 ME no PIB. É escasso, de facto. Num PIB à roda de 170 mil ME, representaria um pouco menos de 0,1% . Apesar disso, seria metade do que se anuncia , em previsão super optimista, para o crescimento da economia portuguesa no próximo ano.
Sobre o tema, já aqui escrevi há 2 anos, em jeito de proposta indecente. E tornei a lembrar, neste outro poste, já mais na perspectiva da necessidade de mandar sinais, para dentro e para fora. Fica agora nova lembrança da proposta feita. Que deve cair direitinha nos sacos rotos dos deputados pelo círculo eleitoral no qual sou eleitor. Ah..pois!…uma tal proposta não dá votos, antes pelo contrário, tira. O que dá votos, por exemplo, é a criação de novas freguesias ou a elevação de aldeias a vilas e de vilas a cidades….
COPO MEIO CHEIO OU COPO MEIO VAZIO
Um recente relatório da UNICEF foi objecto de variadas análises, leituras e comentários. Como este e como este.
O QuintoPoder também quis armar ao pingarelho e botou comentário, aqui. Notam-se diferenças relativamente a outras análises e interpretações lidas e ouvidas. É como a história do copo meio cheio ou meio vazio. Eu preferi achar que o copo estava meio cheio. Outros, opinaram que o copo estava meio vazio, se não mesmo vazio de todo… Feitios!…
Um recente relatório da UNICEF foi objecto de variadas análises, leituras e comentários. Como este e como este.
O QuintoPoder também quis armar ao pingarelho e botou comentário, aqui. Notam-se diferenças relativamente a outras análises e interpretações lidas e ouvidas. É como a história do copo meio cheio ou meio vazio. Eu preferi achar que o copo estava meio cheio. Outros, opinaram que o copo estava meio vazio, se não mesmo vazio de todo… Feitios!…
AO SERVIÇO DO TERRORISMO TRANSNACIONAL
Uma das sensacionais revelações dessa coisa que anda para aí agora, do WikiLeaks, foi uma listagem dos locais que foram considerados como estratégicos para a segurança dos Estados Unidos e também, obviamente, da comunidade internacional: infra-estruturas, laboratórios, cabos telefónicos, por exemplo. Essa listagem terá sido elaborada a partir das informações solicitadas às representações diplomáticas dos Estados Unidos em diversos países. As organizações terroristas transnacionais devem ficar muito gratas.
Aqui pela terra lusitana, e como era de esperar, muitos dos marajás do BE congratulam-se e aplaudem. Dizem alguns que aquilo é um louvável serviço prestado em nome do sagrado princípio da transparência na política internacional.
Eu muito gostava de me rir se a CIA publicasse num site qualquer, desses muitos milhões que há pela Internet, toda a panóplia de dados e informações pessoais sobre todos e cada um dos deputados, líderes e outros marajás do BE, quer dos mesmos quer das respectivas mulheres e familiares, incluindo os endereços postais, números de telefones, números de telemóvel, endereços privados de e-mail, matrículas dos carros, dos números de contribuinte, dos bilhetes de identidade e dos passaportes, horários de trabalho, hábitos e rotinas do quotidiano, NIB’s bancários, saldos das contas bancárias, números dos cartões crédito, endereços dos locais de trabalho, nomes dos colégios ou escolas onde andam os filhos etc. Também poderia criar um site para onde cada cidadão descarregaria, querendo, as informações de que dispusesse.
Uma das sensacionais revelações dessa coisa que anda para aí agora, do WikiLeaks, foi uma listagem dos locais que foram considerados como estratégicos para a segurança dos Estados Unidos e também, obviamente, da comunidade internacional: infra-estruturas, laboratórios, cabos telefónicos, por exemplo. Essa listagem terá sido elaborada a partir das informações solicitadas às representações diplomáticas dos Estados Unidos em diversos países. As organizações terroristas transnacionais devem ficar muito gratas.
Aqui pela terra lusitana, e como era de esperar, muitos dos marajás do BE congratulam-se e aplaudem. Dizem alguns que aquilo é um louvável serviço prestado em nome do sagrado princípio da transparência na política internacional.
Eu muito gostava de me rir se a CIA publicasse num site qualquer, desses muitos milhões que há pela Internet, toda a panóplia de dados e informações pessoais sobre todos e cada um dos deputados, líderes e outros marajás do BE, quer dos mesmos quer das respectivas mulheres e familiares, incluindo os endereços postais, números de telefones, números de telemóvel, endereços privados de e-mail, matrículas dos carros, dos números de contribuinte, dos bilhetes de identidade e dos passaportes, horários de trabalho, hábitos e rotinas do quotidiano, NIB’s bancários, saldos das contas bancárias, números dos cartões crédito, endereços dos locais de trabalho, nomes dos colégios ou escolas onde andam os filhos etc. Também poderia criar um site para onde cada cidadão descarregaria, querendo, as informações de que dispusesse.
Cá por mim, que também tenho o grande sonho de ser agente da CIA , devo confessar que o meu primeiro impulso e tentação seriam a de mandar logo para esse site umas tantas informações de que disponho, sobre alguns desses valentes e "anti-fascistas" marajás.
domingo, dezembro 05, 2010
A SABOTAGEM
Na sequência do poste anterior, reproduzo do blogue Da Literatura :
«Há-de haver um dia em que, por mais democráticas que sejam as sociedades, algumas profissões serão totalmente militarizadas e dirigidas de forma totalitária pelos estados. Esse é o caminho que está ser preparado por algumas corporações que, usando a arma da indispensabilidade para o funcionamento da sociedade, reivindicam um estatuto de excepcionalidade todo ele feito de direitos.
Na sequência do poste anterior, reproduzo do blogue Da Literatura :
«Há-de haver um dia em que, por mais democráticas que sejam as sociedades, algumas profissões serão totalmente militarizadas e dirigidas de forma totalitária pelos estados. Esse é o caminho que está ser preparado por algumas corporações que, usando a arma da indispensabilidade para o funcionamento da sociedade, reivindicam um estatuto de excepcionalidade todo ele feito de direitos.
Um dia, os cidadãos comuns não vão tolerar a existência dessas castas e muito facilmente aceitarão que o estado retire os direitos de cidadania a esse tipo de profissionais. É isso que resulta do protesto dos controladores aéreos espanhóis. E isto é apenas um exemplo.»
Texto que, por sua vez, é transcrito do blogue Camara Corporativa.
Também registo esta outra opinião do blogue Ladroes de Bicicletas, onde costumam escrever uns betinhos do bloco da “esquerda “ queque, tal como José Guilherme Gusmão, deputado à Assembleia da República e Marisa Matias, deputada ao Parlamento Europeu :
«Controladores aéreos em greve. Entrevistas na TV com passageiros histéricos virados contra os controladores em greve. Todos contra todos. Ninguém com toda a razão. Estado de emergência (ou de alarme ou lá o que é) decretado pelo governo de turno. Aeroportos tomados por militares incapazes de operar as funções de controlo aéreo. Controladores obrigados a trabalhar com pesadas ameaças de prisão.
Dentro em pouco estará reposta a normalidade, mas só até à próxima excepção. São as engrenagens do austeritarismo em movimento. Estado de alarme sim, mas pelos sinais evidentes de perigo para a democracia. »
Acho sobretudo deliciosa e sintomática esta última tirada : de que há perigos para a democracia por ter sido decretado o plano de alarme/emergência.
Texto que, por sua vez, é transcrito do blogue Camara Corporativa.
Também registo esta outra opinião do blogue Ladroes de Bicicletas, onde costumam escrever uns betinhos do bloco da “esquerda “ queque, tal como José Guilherme Gusmão, deputado à Assembleia da República e Marisa Matias, deputada ao Parlamento Europeu :
«Controladores aéreos em greve. Entrevistas na TV com passageiros histéricos virados contra os controladores em greve. Todos contra todos. Ninguém com toda a razão. Estado de emergência (ou de alarme ou lá o que é) decretado pelo governo de turno. Aeroportos tomados por militares incapazes de operar as funções de controlo aéreo. Controladores obrigados a trabalhar com pesadas ameaças de prisão.
Dentro em pouco estará reposta a normalidade, mas só até à próxima excepção. São as engrenagens do austeritarismo em movimento. Estado de alarme sim, mas pelos sinais evidentes de perigo para a democracia. »
Acho sobretudo deliciosa e sintomática esta última tirada : de que há perigos para a democracia por ter sido decretado o plano de alarme/emergência.
A greve, enquanto exercício de manifestação de protesto e de reivindicação, está legal e constitucionalmente consagrada na democracia a que aqueles betinhos costumam e gostam de designar como "burguesa". Não era autorizada, isso, sim, nas "democracias populares", assim também chamadas por alguns dos mesmos. Quem nelas se atrevesse a fazer greve, tirava um passaporte para um gulag em terra distante e inóspita ou, em versão pós-moderna, para um qualquer hospital psiquiátrico.
UMA DISTINÇÃO QUE NÃO É SÓ SEMÂNTICA
Conviria não alimentar confusões ao continuar designando por “greve” aquilo que aconteceu em Espanha com os controladores aéreos. Sob pena de se estar a misturar alhos com bugalhos, e a meter no mesmo saco acções de sabotagem chantagista como aquela foi, e o exercício legítimo e legal do direito de greve, constitucionalmente consagrado numa democracia, por alguns designada como “burguesa”. Decerto que a justiça espanhola será implacável, para que fiquem claramente distinguidas as naturezas e legitimidades de um e de outro tipo de acção.
Conviria não alimentar confusões ao continuar designando por “greve” aquilo que aconteceu em Espanha com os controladores aéreos. Sob pena de se estar a misturar alhos com bugalhos, e a meter no mesmo saco acções de sabotagem chantagista como aquela foi, e o exercício legítimo e legal do direito de greve, constitucionalmente consagrado numa democracia, por alguns designada como “burguesa”. Decerto que a justiça espanhola será implacável, para que fiquem claramente distinguidas as naturezas e legitimidades de um e de outro tipo de acção.
sábado, dezembro 04, 2010
PULSÕES SUICIDÁRIAS
Também aqui ao lado, em Espanha, e com muita gente privilegiada e muito bem paga, há por vezes pulsões suicidárias (os espanhois são os controladores mais bem pagos em toda a União Europeia)... Desta vez, aquelas descontroladas pulsões devem acabar mesmo em autênticos “suicídios” para alguns. Espera-se que a reacção dos governantes espanhóis seja implacável .
"Los pasajeros se amontonaban en colas eternas, cuyo final no alcanza la vista, tratando de recibir una explicación de las compañías. La desinformación reina entre todos los pasajeros que aguardan las colas para recibir algún tipo de información sobre qué sucederá con sus vuelos. Un total 467 de los 1.297 vuelos previstos en Barajas han sido cancelados a lo largo de la jornada.
Los controladores aéreos monopolizaban las iras de todos los pasajeros: "No hay derecho a que hagan esto. Sin avisar a nadie y con el sueldazo que cobran se ponen de huelga. No tienen vergüenza", exclama una pasajera resignada.
"Esto es una huelga salvaje pura y dura" señalaba otra pasajera, que hacía cola para saber si voalría o no. "Todos tenemos derecho a defender nuestros derechos como trabajadores pero no a costa de los derechos de los demás. Hay unas normas que cumplir y no se puede permitir que unos privilegiados provoquen esto" continúaba."
Ver mais aqui.
Também aqui ao lado, em Espanha, e com muita gente privilegiada e muito bem paga, há por vezes pulsões suicidárias (os espanhois são os controladores mais bem pagos em toda a União Europeia)... Desta vez, aquelas descontroladas pulsões devem acabar mesmo em autênticos “suicídios” para alguns. Espera-se que a reacção dos governantes espanhóis seja implacável .
"Los pasajeros se amontonaban en colas eternas, cuyo final no alcanza la vista, tratando de recibir una explicación de las compañías. La desinformación reina entre todos los pasajeros que aguardan las colas para recibir algún tipo de información sobre qué sucederá con sus vuelos. Un total 467 de los 1.297 vuelos previstos en Barajas han sido cancelados a lo largo de la jornada.
Los controladores aéreos monopolizaban las iras de todos los pasajeros: "No hay derecho a que hagan esto. Sin avisar a nadie y con el sueldazo que cobran se ponen de huelga. No tienen vergüenza", exclama una pasajera resignada.
"Esto es una huelga salvaje pura y dura" señalaba otra pasajera, que hacía cola para saber si voalría o no. "Todos tenemos derecho a defender nuestros derechos como trabajadores pero no a costa de los derechos de los demás. Hay unas normas que cumplir y no se puede permitir que unos privilegiados provoquen esto" continúaba."
Ver mais aqui.
sexta-feira, dezembro 03, 2010
ANTECIPAÇÕES…
Ouço na televisão que a venda de automóveis em Portugal aumentou em 19% no passado mês de Novembro de 2010, relativamente a período homólogo de 2009. Relativamente ao período acumulado de Janeiro a Novembro, o aumento foi de 36%.
Duas conclusões.
A primeira é que a dureza da crise parece ainda não ter chegado a toda a chamada classe média.
A segunda é que, como a razão daquele aumento se prende com o facto do IVA ir aumentar para 23%, a partir de 1 de Janeiro próximo, parece não serem só “os grandes grupos económicos capitalistas” que se antecipam em tomar decisões de que resulte o pagamento de menos impostos.
Pela minha parte, devo desde já confessar que procurarei atestar com gasóleo o depósito do meu carro no dia 31 de Dezembro.
Ouço na televisão que a venda de automóveis em Portugal aumentou em 19% no passado mês de Novembro de 2010, relativamente a período homólogo de 2009. Relativamente ao período acumulado de Janeiro a Novembro, o aumento foi de 36%.
Duas conclusões.
A primeira é que a dureza da crise parece ainda não ter chegado a toda a chamada classe média.
A segunda é que, como a razão daquele aumento se prende com o facto do IVA ir aumentar para 23%, a partir de 1 de Janeiro próximo, parece não serem só “os grandes grupos económicos capitalistas” que se antecipam em tomar decisões de que resulte o pagamento de menos impostos.
Pela minha parte, devo desde já confessar que procurarei atestar com gasóleo o depósito do meu carro no dia 31 de Dezembro.
RESPIGOS DO PORTUGAL POSITIVO
Título de notícia de hoje, em página interior do PUBLICO :
“Portugal é um dos países com menor desigualdade no acesso à saúde infantil e bem estar das crianças”.
No corpo da notícia pode ler-se:
“Num ranking de 24 países da OCDE, Portugal destaca-se pela positiva em matéria de igualdade de acesso a saúde e bem estar, mas peca na educação e no bem estar material.
(…)
Os autores [ de um relatório da UNICEF “As crianças que ficam para trás”] não olharam para os mínimos e os máximos, como é costume quando se trata de desigualdade. Optaram por medir “ o fosso entre a criança média (aquela que um país pode considerar “normal – a mediana) e a criança que se encontra perto da base da pirâmide.
(…)
Os primeiros classificados na tabela da igualdade : Dinamarca, Finlândia, Holanda , Suiça. No segundo grupo : Islândia, Irlanda, Noruega e Suécia. Portugal figura no terceiro grupo, a par da Áustria, do Canadá, da França, da Alemanha, da Polónia. À frente da Bélgica, da República Checa, da Hungria, do Luxemburgo, da Eslováquia, de Espanha e do Reino Unido(…)
Só a Holanda e a Noruega ficam à frente de Portugal na igualdade do acesso à saúde e ao bem estar. (..)
A pior classificação de Portugal ocorre no bem estar material, onde ocupa a 16ª posição.(…)
No que concerne à educação, o país ocupa o 14º lugar. (…) “
Título de notícia de hoje, em página interior do PUBLICO :
“Portugal é um dos países com menor desigualdade no acesso à saúde infantil e bem estar das crianças”.
No corpo da notícia pode ler-se:
“Num ranking de 24 países da OCDE, Portugal destaca-se pela positiva em matéria de igualdade de acesso a saúde e bem estar, mas peca na educação e no bem estar material.
(…)
Os autores [ de um relatório da UNICEF “As crianças que ficam para trás”] não olharam para os mínimos e os máximos, como é costume quando se trata de desigualdade. Optaram por medir “ o fosso entre a criança média (aquela que um país pode considerar “normal – a mediana) e a criança que se encontra perto da base da pirâmide.
(…)
Os primeiros classificados na tabela da igualdade : Dinamarca, Finlândia, Holanda , Suiça. No segundo grupo : Islândia, Irlanda, Noruega e Suécia. Portugal figura no terceiro grupo, a par da Áustria, do Canadá, da França, da Alemanha, da Polónia. À frente da Bélgica, da República Checa, da Hungria, do Luxemburgo, da Eslováquia, de Espanha e do Reino Unido(…)
Só a Holanda e a Noruega ficam à frente de Portugal na igualdade do acesso à saúde e ao bem estar. (..)
A pior classificação de Portugal ocorre no bem estar material, onde ocupa a 16ª posição.(…)
No que concerne à educação, o país ocupa o 14º lugar. (…) “
Recorda-se que a OCDE congrega 24 países.
PESSOAS QUE FAZEM A DIFERENÇA
…. foi assim que, ontem, o apresentador das notícias da tarde da SIC terminou a exibição de uma reportagem sobre trabalho voluntário de apoio aos sem abrigo ( ver a partir dos 09:45 minutos)
…. foi assim que, ontem, o apresentador das notícias da tarde da SIC terminou a exibição de uma reportagem sobre trabalho voluntário de apoio aos sem abrigo ( ver a partir dos 09:45 minutos)
DE NOVO O PLANO DE SANEAMENTO FINANCEIRO - 1
Um Plano de Saneamento Financeiro (PSF) do Município da Figueira da Foz foi há tempos aprovado pela Câmara Municipal. Presumo que estará agora a ser cuidadosamente analisado e avaliado por uma meia dúzia de bancos nacionais, a que se vai recorrer para obter o indispensável empréstimo de saneamento financeiro (ESF).
O que está em causa não são trocos. Os bancos enfrentam actualmente muitas dificuldades em se financiarem no exterior, e têm de cumprir, com crescente rigor, rácios em cujos cálculos entram os volumes de créditos concedidos.
Sendo concretizado o ESF, aquele PSF passará a ser um documento-guia orientador e condicionador da gestão financeira do Município na próxima dezena de anos. Mas muito mais que isso, o objectivo do PSF deverá ser, sobretudo, o de constituir um documento destinado a tentar convencer o banco emprestador, primeiro, e o Tribunal de Contas, depois, que o Município terá solvência e capacidade para pagar, no futuro, o empréstimo concedido e autorizado.
Encarado sob este ponto de vista, o PSF apresenta dois pontos fracos que poderão à partida, e logo numa primeira análise, suscitar reservas aos bancos e ao Tribunal de Contas.
O primeiro é o relativo à circunstância de ainda dele constar o ano de 2010 como sendo o ano em que se faria a injecção dos pedidos 31 milhões de Euros (ME) nas finanças municipais. Ora não há qualquer possibilidade disso ocorrer. O ano está praticamente no fim. Dir-se-á: basta deslizar tudo um ano para a frente. Não creio que seja assim tão fácil.
O segundo prende-se com a nele anunciada ambição de aproveitar entre 2011 e 2014 (ano em que termina o QREN) a totalidade de cerca de 15,5 ME do QREN, para aplicar em investimentos, alguns deles sem retorno a curto-médio prazo, num montante global de quase 27 ME.
Para aproveitar esses milhões do QREN, segundo o PSF, o Município terá de afectar, só para esses investimentos, cerca de 11,4 ME de fundos próprios. Com os tempos cada vez mais sombrios que se avizinham, quer os bancos, quer o Tribunal de Contas, terão possivelmente muitas dúvidas sobre a capacidade de um Município tão endividado lá conseguir chegar.
Tanto mais que a contracção do empréstimo, a concretizar-se, acrescentará por si só, cerca de 9 ME como juros e amortização (segundo as condições indicadas no PSF) às despesas de capital durante o dito quadriénio de 2011 a 2014.
Por isso, não ficarei muito admirado se a Câmara Municipal tiver de apreciar e aprovar uma nova e terceira versão do PSF, revista e expurgada de aspectos que suscitem reservas aos bancos e/ou ao Tribunal de Contas.
Nota
Há um pormenor técnico, do domínio da contabilidade pública, que me faz um pouco de confusão e que gostaria de ver esclarecido.
A verba de 31ME do ESF entrará nas contas municipais, do lado das receitas, como receita de capital (só lá é que existe a rubrica de “passivos financeiros”) . Mas, do lado das despesas, irá sair de forma distribuída pela rubrica de investimentos (de resto já realizados, mas ainda não pagos aos seus fornecedores de imobilizado) das despesas de capital, e pelas rubricas de “aquisição de bens e serviços”, “transferências” e “subsídios”, das despesas correntes. Sendo assim, não se cumprirá um princípio básico da gestão municipal, qual seja o de que pode (e deve…) haver transferência de verbas da gestão corrente (o superavit corrente) para a parte de capital, mas um movimento no sentido contrário não pode acontecer.
Um Plano de Saneamento Financeiro (PSF) do Município da Figueira da Foz foi há tempos aprovado pela Câmara Municipal. Presumo que estará agora a ser cuidadosamente analisado e avaliado por uma meia dúzia de bancos nacionais, a que se vai recorrer para obter o indispensável empréstimo de saneamento financeiro (ESF).
O que está em causa não são trocos. Os bancos enfrentam actualmente muitas dificuldades em se financiarem no exterior, e têm de cumprir, com crescente rigor, rácios em cujos cálculos entram os volumes de créditos concedidos.
Sendo concretizado o ESF, aquele PSF passará a ser um documento-guia orientador e condicionador da gestão financeira do Município na próxima dezena de anos. Mas muito mais que isso, o objectivo do PSF deverá ser, sobretudo, o de constituir um documento destinado a tentar convencer o banco emprestador, primeiro, e o Tribunal de Contas, depois, que o Município terá solvência e capacidade para pagar, no futuro, o empréstimo concedido e autorizado.
Encarado sob este ponto de vista, o PSF apresenta dois pontos fracos que poderão à partida, e logo numa primeira análise, suscitar reservas aos bancos e ao Tribunal de Contas.
O primeiro é o relativo à circunstância de ainda dele constar o ano de 2010 como sendo o ano em que se faria a injecção dos pedidos 31 milhões de Euros (ME) nas finanças municipais. Ora não há qualquer possibilidade disso ocorrer. O ano está praticamente no fim. Dir-se-á: basta deslizar tudo um ano para a frente. Não creio que seja assim tão fácil.
O segundo prende-se com a nele anunciada ambição de aproveitar entre 2011 e 2014 (ano em que termina o QREN) a totalidade de cerca de 15,5 ME do QREN, para aplicar em investimentos, alguns deles sem retorno a curto-médio prazo, num montante global de quase 27 ME.
Para aproveitar esses milhões do QREN, segundo o PSF, o Município terá de afectar, só para esses investimentos, cerca de 11,4 ME de fundos próprios. Com os tempos cada vez mais sombrios que se avizinham, quer os bancos, quer o Tribunal de Contas, terão possivelmente muitas dúvidas sobre a capacidade de um Município tão endividado lá conseguir chegar.
Tanto mais que a contracção do empréstimo, a concretizar-se, acrescentará por si só, cerca de 9 ME como juros e amortização (segundo as condições indicadas no PSF) às despesas de capital durante o dito quadriénio de 2011 a 2014.
Por isso, não ficarei muito admirado se a Câmara Municipal tiver de apreciar e aprovar uma nova e terceira versão do PSF, revista e expurgada de aspectos que suscitem reservas aos bancos e/ou ao Tribunal de Contas.
Nota
Há um pormenor técnico, do domínio da contabilidade pública, que me faz um pouco de confusão e que gostaria de ver esclarecido.
A verba de 31ME do ESF entrará nas contas municipais, do lado das receitas, como receita de capital (só lá é que existe a rubrica de “passivos financeiros”) . Mas, do lado das despesas, irá sair de forma distribuída pela rubrica de investimentos (de resto já realizados, mas ainda não pagos aos seus fornecedores de imobilizado) das despesas de capital, e pelas rubricas de “aquisição de bens e serviços”, “transferências” e “subsídios”, das despesas correntes. Sendo assim, não se cumprirá um princípio básico da gestão municipal, qual seja o de que pode (e deve…) haver transferência de verbas da gestão corrente (o superavit corrente) para a parte de capital, mas um movimento no sentido contrário não pode acontecer.
quinta-feira, dezembro 02, 2010
FUTEBOL EM 2018
Dentro de poucos minutos vai saber-se se o campeonato do mundo de futebol de 2018 vai ou não ter lugar em Portugal e em Espanha.
Não entro num estádio de futebol vai para mais de 30 anos. Creio que a última vez foi em 1969, no final da Taça de Portugal, entre Benfica e a Académica de Coimbra, em plena crise político-universitária iniciada em Abril desse mesmo ano. Entendo que em Portugal se gasta demais em futebol, em dinheiro, tempo e atenção. Acho ter sido um irresponsável disparate terem-se gasto milhões no Euro 2004, com a construção de novos estádios de futebol. O retorno de tais investimentos foi largamente negativo. Grande parte desse estádios são hoje horríveis monos, a ameaçar ruina. Causam-me horror e náusea os ódios, as violências, as frustrações geradas pelo futebol. Assim como as bestialidades protagonizadas pelas chamadas claques dos clubes “desportivos”.
Dentro de poucos minutos vai saber-se se o campeonato do mundo de futebol de 2018 vai ou não ter lugar em Portugal e em Espanha.
Não entro num estádio de futebol vai para mais de 30 anos. Creio que a última vez foi em 1969, no final da Taça de Portugal, entre Benfica e a Académica de Coimbra, em plena crise político-universitária iniciada em Abril desse mesmo ano. Entendo que em Portugal se gasta demais em futebol, em dinheiro, tempo e atenção. Acho ter sido um irresponsável disparate terem-se gasto milhões no Euro 2004, com a construção de novos estádios de futebol. O retorno de tais investimentos foi largamente negativo. Grande parte desse estádios são hoje horríveis monos, a ameaçar ruina. Causam-me horror e náusea os ódios, as violências, as frustrações geradas pelo futebol. Assim como as bestialidades protagonizadas pelas chamadas claques dos clubes “desportivos”.
O futebol, tanto como hoje o conhecemos, não é um desporto. É tão só um sector de actividade do mundo do espectáculo e do “show-business” , uma área de negócio que movimenta milhões. Como movimenta, pode também gerar milhões de retorno e de lucro.
Investir em tal área de negócios, se garantido um certo retorno, pode ser uma medida acertada, todavia. É como negócio que encaro a possibilidade de em 2018 haver parte dos “espectáculos “ da taça do mundo em Portugal. E tanto quanto posso estimar, com os dados disponíveis, e com os pressupostos que têm sido anunciados, o relativamente pouco (comparativamente ao Euro 2004, é muitíssimo menos…) que Portugal tem ainda gastar nesse evento, tem fortíssima hipótese de ter bom retorno.
E por isso, em minha opinião, seria positivo que tal evento de dimensão mundial pudesse ter parcialmente lugar em Portugal. Fico de consciência mais tranquila por escrever isto antes da decisão final ser conhecida.
quarta-feira, dezembro 01, 2010
INTEGRADO NA ORDEM CONSTITUCIONAL VIGENTE…
….. com activo repúdio …bla bla bla…
Lendo esta serôdia novidade, só me apetece reproduzir parte de um comentário feito por um seu outro leitor :
(…)
pergunto, a este propósito, quantos portugueses terão assinado a célebre declaração anti comunista exigida para a função pública e quase todas as empresas ? A quantidade de santos pós 25 Abril é uma maravilha.!!! Caladinhos que nem ratos durante QUARENTA ANOS parecem agora heróis. É um povo menor a armar aos cucos. É a hipocrisia e a trapaça em todo o seu esplendor. Portugal existiu com 10 milhões de pessoas ou de atrasados mentais ???
….. com activo repúdio …bla bla bla…
Lendo esta serôdia novidade, só me apetece reproduzir parte de um comentário feito por um seu outro leitor :
(…)
pergunto, a este propósito, quantos portugueses terão assinado a célebre declaração anti comunista exigida para a função pública e quase todas as empresas ? A quantidade de santos pós 25 Abril é uma maravilha.!!! Caladinhos que nem ratos durante QUARENTA ANOS parecem agora heróis. É um povo menor a armar aos cucos. É a hipocrisia e a trapaça em todo o seu esplendor. Portugal existiu com 10 milhões de pessoas ou de atrasados mentais ???