quarta-feira, abril 29, 2009
O DIREITO DE RECORRER AOS TRIBUNAIS
“ O exercício da liberdade em democracia pressupõe que o primeiro-ministro também tenha a liberdade de opinar sobre um programa de televisão nos termos que entender, sujeitando-se à contradita e a algum processo”
(...)
O insulto público e a perseguição ad hominem também são liberdades que qualquer pode tomar, incluindo nos media que lhes dêem guarida; mas não são a liberdade que a lei garante, nem obrigam o insultado a “comer e calar” .
(...)
(Fernando Madrinha, in EXPRESSO de 25 de Abril último)
“(...)
Há um tipo – que tem o mesmo apelido que eu e que escreve semanalmente no DN, onde se especializou na ofensa fácil – que escreveu que Sócrates falar de moral é o mesmo que Cicciolina falar de virtude, ou coisa que o valha. O cidadão José Sócrates, sentindo-se ofendido ( como qualquer um de nós se sentiria), põe um processo ao ofensor. Tem esse direito ? Não : é o primeiro-ministro a intimidar “ um jornalista” . E o “jornalista” vira mártir da liberdade de imprensa na praça pública. Fala-se em “ameaças intoleráveis”, da liberdade em risco, da heroica e antiquíssima luta da imprensa contra o poder, do “jornalismo de investigação” contra as pressões políticas.
Liberdade? De imprensa? Ora, vão pastar caracois para o Sara!...
(...)
(Miguel Sousa Tavares, in EXPRESSO de 25 de Abril último)
“ O exercício da liberdade em democracia pressupõe que o primeiro-ministro também tenha a liberdade de opinar sobre um programa de televisão nos termos que entender, sujeitando-se à contradita e a algum processo”
(...)
O insulto público e a perseguição ad hominem também são liberdades que qualquer pode tomar, incluindo nos media que lhes dêem guarida; mas não são a liberdade que a lei garante, nem obrigam o insultado a “comer e calar” .
(...)
(Fernando Madrinha, in EXPRESSO de 25 de Abril último)
“(...)
Há um tipo – que tem o mesmo apelido que eu e que escreve semanalmente no DN, onde se especializou na ofensa fácil – que escreveu que Sócrates falar de moral é o mesmo que Cicciolina falar de virtude, ou coisa que o valha. O cidadão José Sócrates, sentindo-se ofendido ( como qualquer um de nós se sentiria), põe um processo ao ofensor. Tem esse direito ? Não : é o primeiro-ministro a intimidar “ um jornalista” . E o “jornalista” vira mártir da liberdade de imprensa na praça pública. Fala-se em “ameaças intoleráveis”, da liberdade em risco, da heroica e antiquíssima luta da imprensa contra o poder, do “jornalismo de investigação” contra as pressões políticas.
Liberdade? De imprensa? Ora, vão pastar caracois para o Sara!...
(...)
(Miguel Sousa Tavares, in EXPRESSO de 25 de Abril último)
UM BALANÇO
“ (...)
Democratizámos (...)
(...)
Descolonizámos (...)
(...)
E desenvolvemo-nos ; sim, desenvolvemo-nos. Só quem não viveu ou não se lembra do que era Portugal de 1974, só quem não viu, por exemplo, a série de programas de António Barreto na RTP, é que pode ainda ter dúvidas sobre isso.
O Portugal de hoje não tem nada, rigorosamente nada, a ver com o Portugal do Estado Novo – miserável, ignorante, de mão estendida e espinha curvada. Acontece é que nunca estamos satisfeitos, achámos que a liberdade era o direito de tudo reclamar, todos os direitos sem nenhuns deveres, a Europa e o mundo fascinados a nossos pés, pagando eternamente pelo espectáculo da nossa liberdade e do cravo na lapela, e nós encostados aos subsídios e às facilidades sem termos de nos cansar.
(Miguel Sousa Tavares, in EXPRESSO de sábado passado)
“ (...)
Democratizámos (...)
(...)
Descolonizámos (...)
(...)
E desenvolvemo-nos ; sim, desenvolvemo-nos. Só quem não viveu ou não se lembra do que era Portugal de 1974, só quem não viu, por exemplo, a série de programas de António Barreto na RTP, é que pode ainda ter dúvidas sobre isso.
O Portugal de hoje não tem nada, rigorosamente nada, a ver com o Portugal do Estado Novo – miserável, ignorante, de mão estendida e espinha curvada. Acontece é que nunca estamos satisfeitos, achámos que a liberdade era o direito de tudo reclamar, todos os direitos sem nenhuns deveres, a Europa e o mundo fascinados a nossos pés, pagando eternamente pelo espectáculo da nossa liberdade e do cravo na lapela, e nós encostados aos subsídios e às facilidades sem termos de nos cansar.
(Miguel Sousa Tavares, in EXPRESSO de sábado passado)
terça-feira, abril 28, 2009
QUATRO ANOS VOLVIDOS
O PS ainda não tem candidato a Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, oficialmente escolhido e publicamente divulgado.
Ouve-se e vê-se falar de novo no nome de Luís Marinho.
Quatro anos volvidos depois deste post que aqui escrevi, continuo a manter a mesma opinião. A mesmíssima opinião.
O PS ainda não tem candidato a Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, oficialmente escolhido e publicamente divulgado.
Ouve-se e vê-se falar de novo no nome de Luís Marinho.
Quatro anos volvidos depois deste post que aqui escrevi, continuo a manter a mesma opinião. A mesmíssima opinião.
Mercê de um acrescido esforço de mobilização, o Núcleo de Apoio ao III Congresso da Oposição Democrática da Figueira da Foz era ampliado para 112 cidadãos ( ver imagens acima) no mês de Março de 1973. E a mais não se conseguiu chegar.
Foi necessário imprimir os novos 2000 folhetos noutra tipografia, já que a anterior havia sido ameaçada. De 4 a 8 de Abril tinha lugar o Congresso, em Aveiro. Durante dois dias a cidade foi cercada pela GNR, que montou barragens nos principais acessos à cidade. Mas mesmo assim as sessões do Congresso estiveram sempre cheias, e os participantes conseguiram furar o cerco, fazendo verdadeiros rallies pelas estradas e caminhos em redor de Aveiro.
Cerca de um ano depois, em 26 de Abril de 1974 e nos dias e semanas seguintes, houve uma explosão de democratas e auto-proclamados "anti-fascistas"...
É claro que alguns destes, dos mais ferventes e arrebatados, eram exactamente os mesmos que, um ano antes, se recatavam cautelosamente de se meter "em política". A política deles era "o trabalho", diziam então...
Nada que não conste e não esteja previsto nos manuais de História e de Sociologia Política.
(clicar nas imagens para as ampliar)
segunda-feira, abril 27, 2009
DIFAMAR E DIVULGAR A DIFAMAÇÃO
Remeto o leitor para este post do blogue Causa Nossa, de 22 de Abril . Opinião idêntica já o QuintoPoder havia manifestado neste outro post de 28 de Março.
UM ANO ANTES DO 25 DE ABRIL DE 1974 (2)
Em Fevereiro de 1973 constituia-se na Figueira da Foz um Núcleo de Apoio ao III Congresso da Oposição Democrática. O seu declarado objectivo era "divulgar" e "congregar a colaboração e participação" . O seu objectivo real, era evidentemente agitar as consciências e mobilizar o maior número de cidadãos indiferentes e mais timoratos, de uma sociedade anquilosada e tornada submissa pela repressão, para as "eleições" marcadas para 28 de Outubro de 1973. Através de 2000 folhetos, impressos com risco na e da Impressora Económica, distribuidos com sigilosos cuidados, foi dada a conhecer publicamente a constituição daquele Núcleo de Apoio (ver imagem acima). Mas foram só 54 as assinaturas recolhidas, num primeiro esforço de mobilização.
(clicar na imagem para a ampliar)
UM ANO ANTES DO 25 DE ABRIL DE 1974 (1)
Foi há 36 anos. De 4 a 8 de Abril realizava-se em Aveiro o 3º Congresso da Oposição Democrática cujo cartaz acima se reproduz. O MFA ainda não tinha nascido, mas pelos corredores do Congresso podiam encontrar-se, à paisana claro, e meio clandestinos, alguns jóvens oficiais do Exército e sobretudo da Armada. Alguma coisa começava a mudar, mas ainda não "cheirava" a golpe militar. Nem pela cabeça do mais arguto dos observadores podia então passar pela cabeça o que viria a suceder um ano depois...
(clicar na imagem para a ampliar)
sexta-feira, abril 24, 2009
TOURADAS OU CIÊNCIA VIVA
(...)
“ Em 1836, 12 anos antes de Rebelo da Silva publicar o seu conto [“ Última Corrida de Touros em Salvaterra” ], o ministro do Reino Passos Manuel promulgou um decreto proibindo as touradas :
“ Considerando que as corridas de touros são um divertimento bárbaro e impróprio de nações civilizadas, bem assim que semelhantes espectáculos servem apenas para habituar os homens ao crime e à ferocidade, e desejando eu remover todas as causas que possam impedir ou retardar o aperfeiçoamento moral da Nação Portuguesa, hei por bem decretar que de hora em diante fiquem proibidas em todo o Reino as corridas de touros.”
A proibição não durou mais do que escassos nove meses, tendo a tradição voltado a ser o que era. Nos dias de hoje surgiu, porém, uma nova interdição de touros. A maioria municipal socialista acaba de declarar Viana do Castelo a primeira “cidade anti touradas” em Portugal, emulando 53 cidades espanholas.
O que se vai fazer com a praça de touros de Viana ? Pois a ideia da Câmara é excelente : transformá-la num Centro Ciência Viva, um espaço cultural aberto a todos e não apenas aos aficionados.
(...)
(Prof. Carlos Fiolhais, in PUBLICO de 27.Março.2009)
Em Viana do Castelo, realizava-se habitualmente uma única tourada por ano, na tarde de domingo das Festas da Senhora da Agonia. Não é de modo nenhum por agora não haver tourada que a acorrência a Viana, por altura da conhecida Romaria, irá diminuir mais que umas escassas dezenas de forasteiros, no máximo...É uma estimativa que não passa de um palpite, de quem passou tantos anos da sua juventude a viver as Festas da Agonia.
O exemplo poderia e deveria ser objecto de reflexão, e de emulação no caso da Figueira da Foz. Aqui, haverá umas duas ou três touradas por ano, no mês de Agosto. Alguém pensa que deixarão de vir ou estar na Figueira muitos veraneantes, num domingo de Agosto, só pelo facto de não haver tourada nesse dia?...
O espaço da praça de touros, integrado na malha urbana da cidade e do Bairro Novo, bem poderia ser melhor aproveitado. A exemplo de Viana, para um Centro de Ciência Viva, sim senhor. Para que a Figueira não seja só vista, conhecida e vivida como festivaleira terra de espectáculos, de “cachondeo”, e de foguetório.
Não gosto de touradas. Pela minha parte pouco me importo com o sofrimento e o mal porventura inflingidos ao touro. Afinal, o bicho é mauzinho. Mal vê um cavalo ou um homem à sua frente, investe para o agredir ou matar. Não fora a Ética uma coisa de humanos, até se poderia dizer que um animal, para ter direitos, e muito bem, também tem deveres.
Preocupa-me muito mais a malfeitoria feita aos espectadores. O gosto e o gozo que sentem ao verem o bicho ser violentamente picado e verter sangue, assim como, de resto, o gosto e o gozo que um caçador disfruta ao atirar a uma ave, interrompendo pela morte a beleza do seu vôo, ou ao atirar a um bonito veado, destruindo o belo espectáculo da sua corrida, são quanto a mim do foro psiquiátrico.
(...)
“ Em 1836, 12 anos antes de Rebelo da Silva publicar o seu conto [“ Última Corrida de Touros em Salvaterra” ], o ministro do Reino Passos Manuel promulgou um decreto proibindo as touradas :
“ Considerando que as corridas de touros são um divertimento bárbaro e impróprio de nações civilizadas, bem assim que semelhantes espectáculos servem apenas para habituar os homens ao crime e à ferocidade, e desejando eu remover todas as causas que possam impedir ou retardar o aperfeiçoamento moral da Nação Portuguesa, hei por bem decretar que de hora em diante fiquem proibidas em todo o Reino as corridas de touros.”
A proibição não durou mais do que escassos nove meses, tendo a tradição voltado a ser o que era. Nos dias de hoje surgiu, porém, uma nova interdição de touros. A maioria municipal socialista acaba de declarar Viana do Castelo a primeira “cidade anti touradas” em Portugal, emulando 53 cidades espanholas.
O que se vai fazer com a praça de touros de Viana ? Pois a ideia da Câmara é excelente : transformá-la num Centro Ciência Viva, um espaço cultural aberto a todos e não apenas aos aficionados.
(...)
(Prof. Carlos Fiolhais, in PUBLICO de 27.Março.2009)
Em Viana do Castelo, realizava-se habitualmente uma única tourada por ano, na tarde de domingo das Festas da Senhora da Agonia. Não é de modo nenhum por agora não haver tourada que a acorrência a Viana, por altura da conhecida Romaria, irá diminuir mais que umas escassas dezenas de forasteiros, no máximo...É uma estimativa que não passa de um palpite, de quem passou tantos anos da sua juventude a viver as Festas da Agonia.
O exemplo poderia e deveria ser objecto de reflexão, e de emulação no caso da Figueira da Foz. Aqui, haverá umas duas ou três touradas por ano, no mês de Agosto. Alguém pensa que deixarão de vir ou estar na Figueira muitos veraneantes, num domingo de Agosto, só pelo facto de não haver tourada nesse dia?...
O espaço da praça de touros, integrado na malha urbana da cidade e do Bairro Novo, bem poderia ser melhor aproveitado. A exemplo de Viana, para um Centro de Ciência Viva, sim senhor. Para que a Figueira não seja só vista, conhecida e vivida como festivaleira terra de espectáculos, de “cachondeo”, e de foguetório.
Não gosto de touradas. Pela minha parte pouco me importo com o sofrimento e o mal porventura inflingidos ao touro. Afinal, o bicho é mauzinho. Mal vê um cavalo ou um homem à sua frente, investe para o agredir ou matar. Não fora a Ética uma coisa de humanos, até se poderia dizer que um animal, para ter direitos, e muito bem, também tem deveres.
Preocupa-me muito mais a malfeitoria feita aos espectadores. O gosto e o gozo que sentem ao verem o bicho ser violentamente picado e verter sangue, assim como, de resto, o gosto e o gozo que um caçador disfruta ao atirar a uma ave, interrompendo pela morte a beleza do seu vôo, ou ao atirar a um bonito veado, destruindo o belo espectáculo da sua corrida, são quanto a mim do foro psiquiátrico.
OS POSSÍVEIS TRUQUES DAS ESTATÍSTICAS
De um leitor do QuintoPoder que se assina João Moreira recebi o seguinte comentário/esclarecimento a este post :
Sim, está correcto.
Os alunos podem ter "aproveitamento" realizando sucessivas provas até terem sucesso.
No caso de terem sucesso nas provas, são-lhes retiradas as faltas, que passam a "justificadas".
Este processo está em vigor, mesmo nos Cursos Profissionais.
joão moreira
Este processo está em vigor, mesmo nos Cursos Profissionais.
joão moreira
Ora aqui está. Assim se compreende que as faltas dos alunos do ensino secundário , pelo menos em parte, tenham diminuido em 22%. É por estes e outros truques de chico esperto que o meu apreço político pelo actual Primeio-Ministro tem ultimamente sido objecto de sucessivas revisões em baixa, como se diz em linguagem de analista financeiro...
UM COMENTÁRIO DEMONSTRANDO UM ENTRANHADO BAIRRISMO...
Uma leitora do QuintoPoder enviou , por e-mail, um pitoresco comentário sobre este post . Presumo que seja leitora, pois apenas se assina Dulce e o seu e-mail é : dulce@credimedia.pt.
O conteúdo está um pouco confusote, em português de deficiente qualidade, porventura com vírgulas ( ou falta delas) mal colocadas. Percebe-se que é alguém que tem muito orgulho na sua terra, e que por isso acha que se esta tiver o título de vila ganha muito com isso. Pois que ache, está no seu direito. E achei graça àquela do "coitados dos pobres de espírito" que devia ser dirigida a mim, pelo menos em parte.
Transcrevo a seguir o comentário recebido, para cumprimento do princípio do contraditório. Mas sem mais resposta.
Mas porque é que a Freguesia de S. Pedro tem tanto assim que dar de falar?
Será pelo facto de haver um cidadão que será seu colega , que ainda gostava de viver na Idade da Pedra e que nunca fez nada pela freguesia e que o seu objectivo é criticar tudo e todos ?
Aliás ele gostava de viver e se a Freguesia dependesse dele ainda andávamos com o ranho ao buraco como ele.
Nós temos moral para criticar quando sabemos fazer melhor. Mas quem não sabe, nunca soube, nem vontade tem de fazer como é que se atreve a criticar? Atreve-se é verdade porque a defesa dos incompetentes é o ataque.
Mais, tem sítio certo para o fazer. Esta eleito para o fazer em sede própria e não o faz por cobardia prefere usar o blog.
Coitados dos pobres de espírito que infelizmente temos que gramar com eles.
Será pelo facto de haver um cidadão que será seu colega , que ainda gostava de viver na Idade da Pedra e que nunca fez nada pela freguesia e que o seu objectivo é criticar tudo e todos ?
Aliás ele gostava de viver e se a Freguesia dependesse dele ainda andávamos com o ranho ao buraco como ele.
Nós temos moral para criticar quando sabemos fazer melhor. Mas quem não sabe, nunca soube, nem vontade tem de fazer como é que se atreve a criticar? Atreve-se é verdade porque a defesa dos incompetentes é o ataque.
Mais, tem sítio certo para o fazer. Esta eleito para o fazer em sede própria e não o faz por cobardia prefere usar o blog.
Coitados dos pobres de espírito que infelizmente temos que gramar com eles.
quinta-feira, abril 23, 2009
ENRIQUECIMENTO DECLARADO, INJUSTIFICADO OU ILÍCITO
1.
A justificação dada por um cidadão para o seu anormal e estranho enriquecimento, pode ser a deste ter sido adquirido por meios lícitos ou por meios ilícitos. Neste último caso, é muito provável que, simplesmente, o cidadão não dê, não saiba ou não queira dar qualquer justificação e se cale muito caladinho. A herança de uma tia rica do Brasil, ou ter saido a sorte grande, são justificações que já não pegam.
Se foi por meios lícitos, e tiver declarado ao fisco os acréscimos de rendimento que causaram o seu enriquecimento, muito bem, deve pagar os impostos devidos por esse efeito.
Se foi por meios lícitos, mas não tiver declarado para efeitos fiscais os acréscimos de rendimento que causaram o seu enriquecimento, deve ser punido em sede fiscal, e apenas em sede fiscal, se não tiver havido dolo. Tendo havido dolo, deve ser sancionado não só em sede fical, mas tambem criminalmente, por ter feito falsas declarações .
Mas se o enriquecimento foi por meios ilícitos, deve ser sancionado, não em sede fiscal (com uma taxa de imposto de 60%), por não ter declarado os rendimentos, mas pura e simplesmente por crime a julgar pelos tribunais. Meter o fisco pelo meio só lança a confusão de alhos misturados com bugalhos.
Cá para mim, que muito pouco ou nada percebo destas esotéricos questões jurídicas, isto é claro como água. Mas se calhar, depois de ouvir os imbrincados argumentos hoje aduzidos na Assembleia da República por brilhantes juristas do PS, e as posições assumidas pelo PS sobre o enriquecimento ilícito, até posso ser tentado a desconfiar que o defeito poderá ser mesmo deste meu limitado bestunto.
2.
Ao votar como hoje votou na Assembleia da República, recusando liminarmente a possibilidade dos diplomas propostos pelo PSD e pelo PCP poderem ser posteriormente, com tempo, com ponderação, e sem a sua utilização como arma de arremesso político, discutidos, aperfeiçoados e talvez até consensualizados em análise na especialidade, o PS não fica nada bem na fotografia e comete um erro político que lhe poderá vir a custar um adicional desgaste eleitoral.
3.
Relembro o que já escrevi aqui sobre esta matéria do comate e da punição do enriquecimento ilícito .
1.
A justificação dada por um cidadão para o seu anormal e estranho enriquecimento, pode ser a deste ter sido adquirido por meios lícitos ou por meios ilícitos. Neste último caso, é muito provável que, simplesmente, o cidadão não dê, não saiba ou não queira dar qualquer justificação e se cale muito caladinho. A herança de uma tia rica do Brasil, ou ter saido a sorte grande, são justificações que já não pegam.
Se foi por meios lícitos, e tiver declarado ao fisco os acréscimos de rendimento que causaram o seu enriquecimento, muito bem, deve pagar os impostos devidos por esse efeito.
Se foi por meios lícitos, mas não tiver declarado para efeitos fiscais os acréscimos de rendimento que causaram o seu enriquecimento, deve ser punido em sede fiscal, e apenas em sede fiscal, se não tiver havido dolo. Tendo havido dolo, deve ser sancionado não só em sede fical, mas tambem criminalmente, por ter feito falsas declarações .
Mas se o enriquecimento foi por meios ilícitos, deve ser sancionado, não em sede fiscal (com uma taxa de imposto de 60%), por não ter declarado os rendimentos, mas pura e simplesmente por crime a julgar pelos tribunais. Meter o fisco pelo meio só lança a confusão de alhos misturados com bugalhos.
Cá para mim, que muito pouco ou nada percebo destas esotéricos questões jurídicas, isto é claro como água. Mas se calhar, depois de ouvir os imbrincados argumentos hoje aduzidos na Assembleia da República por brilhantes juristas do PS, e as posições assumidas pelo PS sobre o enriquecimento ilícito, até posso ser tentado a desconfiar que o defeito poderá ser mesmo deste meu limitado bestunto.
2.
Ao votar como hoje votou na Assembleia da República, recusando liminarmente a possibilidade dos diplomas propostos pelo PSD e pelo PCP poderem ser posteriormente, com tempo, com ponderação, e sem a sua utilização como arma de arremesso político, discutidos, aperfeiçoados e talvez até consensualizados em análise na especialidade, o PS não fica nada bem na fotografia e comete um erro político que lhe poderá vir a custar um adicional desgaste eleitoral.
3.
Relembro o que já escrevi aqui sobre esta matéria do comate e da punição do enriquecimento ilícito .
quarta-feira, abril 22, 2009
OS POSSÍVEIS TRUQUES DAS ESTATÍSTICAS
Mark Twain dizia que havia 3 tipos de mentiras : as grandes, as pequenas e...as estatísticas.
O Primeiro-Ministro, com ar triunfalista, declarou hoje na Assembleia da República que depois da adopção do novo estatuto do aluno, o número de faltas dos estudantes do ensino secundário havia diminuido de 22% . O número é espectacular, reconheço, mas costuma dizer-se que quando a esmola é grande, o pobre desconfia. E também já vou sabendo o que a casa gasta.
No mesmo debate de hoje, o lider parlamentar do PSD fez a acusação de que aquele notável número ( 22%) se deveria à circunstância de que agora, os alunos, quando faltam um tempo mais ou menos longo, têm de fazer depois uma prova de conhecimento das matérias . E , superada a prova , (nao custando a crer que o consigam com facilidade, se a prova for fácil...) as faltas dadas são apagadas, e deixam de ser consideradas faltas...E assim diminuiria o absentismo escolar. Será isto verdade?
A acusação é grave, e a questão ficou sem resposta por parte do PM. Eu gostava de a ter. Inequívoca. Com toda a sinceridade, gostava de ver total e liminarmente negada a putativa habilidade. Para que não ficasse ainda mais desgastado o meu conceito sobre a seriedade política do Primeiro-Ministro. Sem o que aumentará a minha crescente angústia sobre o futuro que nos espera.
Mark Twain dizia que havia 3 tipos de mentiras : as grandes, as pequenas e...as estatísticas.
O Primeiro-Ministro, com ar triunfalista, declarou hoje na Assembleia da República que depois da adopção do novo estatuto do aluno, o número de faltas dos estudantes do ensino secundário havia diminuido de 22% . O número é espectacular, reconheço, mas costuma dizer-se que quando a esmola é grande, o pobre desconfia. E também já vou sabendo o que a casa gasta.
No mesmo debate de hoje, o lider parlamentar do PSD fez a acusação de que aquele notável número ( 22%) se deveria à circunstância de que agora, os alunos, quando faltam um tempo mais ou menos longo, têm de fazer depois uma prova de conhecimento das matérias . E , superada a prova , (nao custando a crer que o consigam com facilidade, se a prova for fácil...) as faltas dadas são apagadas, e deixam de ser consideradas faltas...E assim diminuiria o absentismo escolar. Será isto verdade?
A acusação é grave, e a questão ficou sem resposta por parte do PM. Eu gostava de a ter. Inequívoca. Com toda a sinceridade, gostava de ver total e liminarmente negada a putativa habilidade. Para que não ficasse ainda mais desgastado o meu conceito sobre a seriedade política do Primeiro-Ministro. Sem o que aumentará a minha crescente angústia sobre o futuro que nos espera.
UMA TERRA CHEIA DE VILAS
O espectacular progresso da Figueira da Foz não pára mesmo, está visto. Alegremo-nos e cantemos hossanas. No concelho vai haver mais 4 vilas : S.Pedro , Lavos, Marinha das Ondas e Tavarede.
A muito bairrista e provinciana iniciativa partiu do diligente deputado Miguel Almeida, agora ainda mais diligente em mostrar obra e popularidade fáceis, porque se aproximam os tempos das complicadas feituras das listas de candidatos a deputados e a autarcas locais.
As 4 novas vilas virão juntar-se a mais 4 outras vilas já antes elevadas a tão distinta categoria : Buarcos, Maiorca, Paião e Quiaios. O concelho fica assim com um total muitas vilas . Serão 8 vilas, sem contar com Vila Verde e Vila Robim. Um fartote. Um verdadeiro caso para estudo e para o Guiness Book.
A Câmara Municipal, consultada, pois achou muito bem. Por unanimidade, claro, porque nestas coisas ninguém quer ficar atrás na popularidade dos residentes nas nóveis vilas, que vão ficar todos muito contentes, orgulhosos e felizes. Muito provavelmente, os pareceres da Assembleia Municipal também vão ser positivos, com muito aplauso pelo meio, pelas mesmíssimas razões.
Agora, a freguesia de São Julião vai ficar cercada de vilas. Coitada, acho que também merece ser elevada a vila. Assim haja algum bravo “sanjulianense” que se proponha promover um abaixo assinado na internet, a reivindicar a satisfação de tão justa aspiração. Bora!..vamos lá mobilizar-nos....
O espectacular progresso da Figueira da Foz não pára mesmo, está visto. Alegremo-nos e cantemos hossanas. No concelho vai haver mais 4 vilas : S.Pedro , Lavos, Marinha das Ondas e Tavarede.
A muito bairrista e provinciana iniciativa partiu do diligente deputado Miguel Almeida, agora ainda mais diligente em mostrar obra e popularidade fáceis, porque se aproximam os tempos das complicadas feituras das listas de candidatos a deputados e a autarcas locais.
As 4 novas vilas virão juntar-se a mais 4 outras vilas já antes elevadas a tão distinta categoria : Buarcos, Maiorca, Paião e Quiaios. O concelho fica assim com um total muitas vilas . Serão 8 vilas, sem contar com Vila Verde e Vila Robim. Um fartote. Um verdadeiro caso para estudo e para o Guiness Book.
A Câmara Municipal, consultada, pois achou muito bem. Por unanimidade, claro, porque nestas coisas ninguém quer ficar atrás na popularidade dos residentes nas nóveis vilas, que vão ficar todos muito contentes, orgulhosos e felizes. Muito provavelmente, os pareceres da Assembleia Municipal também vão ser positivos, com muito aplauso pelo meio, pelas mesmíssimas razões.
Agora, a freguesia de São Julião vai ficar cercada de vilas. Coitada, acho que também merece ser elevada a vila. Assim haja algum bravo “sanjulianense” que se proponha promover um abaixo assinado na internet, a reivindicar a satisfação de tão justa aspiração. Bora!..vamos lá mobilizar-nos....
Não se riam. Quando contei esta pitoresca história a uns amigos de Lisboa, logo eles me disseram que iam exigir também a elevação a vila das freguesias de Alvalade, Arieiro e até a Madragoa. Para já não falar a de Benfica, que merece, sem dúvida. É lá que existe um clube da bola que é uma verdadeira glória lusitana.
A primeira e quase única consequência que vai resultar para as localidades distinguidas com a condecoração de vila, vai ser o enorme gosto que os respectivos autarcas locais vão ter, inaugurando nas estradas que as atravessam umas placas indicando “ Vila da Cova –Gala” ou “Vila de Lavos” , ou “Vila da Marinha das Ondas” ou “Vila de Tavarede”.
As cerimónias vão meter música e foguetes, pois claro.
A primeira e quase única consequência que vai resultar para as localidades distinguidas com a condecoração de vila, vai ser o enorme gosto que os respectivos autarcas locais vão ter, inaugurando nas estradas que as atravessam umas placas indicando “ Vila da Cova –Gala” ou “Vila de Lavos” , ou “Vila da Marinha das Ondas” ou “Vila de Tavarede”.
As cerimónias vão meter música e foguetes, pois claro.
COSTELA AMBIENTALISTA...
Hoje o QuintoPoder teve vontade de massajar a sua costela ambientalista. Que também tem, quanto baste, para que saibam. Por isso aqui vai um link oportuno para o dia de hoje. É uma ajudinha. Agora vou almoçar. Mas vou a pé.
terça-feira, abril 21, 2009
INABILIDADE POLITICA, PELO MENOS...
A Figueira da Foz surge mais uma vez, desta feita por ridículas razões, nos grandes títulos da imprensa regional e nacional . Por parte do seu causador, o caso aqui relatado indicia, pelo menos uma grande inabilidade política e um desconhecimento do que são hoje os modernos meios electrónicos de comunicação entre as pessoas. Não estamos no tempo do telex , do telégrafo ou do pombo correio.
Há áreas orgânicas e funcionários da Camara Municipal que têm atribuido correio electrónico. Assim o têm, também , os vereadores, executivos ou não.
Os endereços de e-mail dos serviços camarários não são segredo de Estado, nem são apenas utilizáveis para comunicações internas. Toda a gente pode saber, por exemplo, que o endereço electrónico do Director do Departamento de Urbanismo é mario.maduro@cm-figfoz.pt (Nota 1). Tenho todo o direito e legitimidade para , do meu PC pessoal ou de outro qualquer, lhe enviar um e-mail, a qualquer instante, desde que educado e bem identificado da minha parte. Caso não contenha nenhum virus e o fire-wall da rede da Câmara Municipal não o filtrar, o destinatário recebe o meu e-mail.
Se eu tenho a legitimidade e o direito de lhe enviar um e-mail, porque não terá igual legitimidade e direito um Vereador não executivo ?
Claro que os tem, quer o envie do seu PC pessoal, quer o envie através do endereço de correio electrónico institucional e porventura do PC que lhe tiverem sido facultados. Retirar esta funcionalidade , ou ameaçar retirá-la, pelas razões expostas, nada resolve quanto ao essencial. Que, para os vereadores não executivos, eleitos pelo PS, é o de fazerem chegar aos munícipes (os funcionários municipais tambem são munícipes) as “Newsletters” com as suas posições sobre a governação do Município (Nota 2) .
O Presidente da Câmara deu por isso um tiro no pé. Do qual já estará porventura arrependido, face à publicidade que o incidente acabou por ter na comunicação social.
Nota 1
Os endereços electrónicos das áreas orgânicas, dos funcionários e dos vereadores deveriam de resto estar claramente disponíveis na página da Internet da Câmara Municipal . É assim que acontece na página da Câmara de Pombal, por exemplo, como se pode verificar aqui.
Nota 2
Registo que a preparação e divulgação das referidas “Newsletters” além de inteiramente legítima, é uma boa e transparente prática da intervenção politica dos vereadores não executivos, que cumpre aplaudir.
A Figueira da Foz surge mais uma vez, desta feita por ridículas razões, nos grandes títulos da imprensa regional e nacional . Por parte do seu causador, o caso aqui relatado indicia, pelo menos uma grande inabilidade política e um desconhecimento do que são hoje os modernos meios electrónicos de comunicação entre as pessoas. Não estamos no tempo do telex , do telégrafo ou do pombo correio.
Há áreas orgânicas e funcionários da Camara Municipal que têm atribuido correio electrónico. Assim o têm, também , os vereadores, executivos ou não.
Os endereços de e-mail dos serviços camarários não são segredo de Estado, nem são apenas utilizáveis para comunicações internas. Toda a gente pode saber, por exemplo, que o endereço electrónico do Director do Departamento de Urbanismo é mario.maduro@cm-figfoz.pt (Nota 1). Tenho todo o direito e legitimidade para , do meu PC pessoal ou de outro qualquer, lhe enviar um e-mail, a qualquer instante, desde que educado e bem identificado da minha parte. Caso não contenha nenhum virus e o fire-wall da rede da Câmara Municipal não o filtrar, o destinatário recebe o meu e-mail.
Se eu tenho a legitimidade e o direito de lhe enviar um e-mail, porque não terá igual legitimidade e direito um Vereador não executivo ?
Claro que os tem, quer o envie do seu PC pessoal, quer o envie através do endereço de correio electrónico institucional e porventura do PC que lhe tiverem sido facultados. Retirar esta funcionalidade , ou ameaçar retirá-la, pelas razões expostas, nada resolve quanto ao essencial. Que, para os vereadores não executivos, eleitos pelo PS, é o de fazerem chegar aos munícipes (os funcionários municipais tambem são munícipes) as “Newsletters” com as suas posições sobre a governação do Município (Nota 2) .
O Presidente da Câmara deu por isso um tiro no pé. Do qual já estará porventura arrependido, face à publicidade que o incidente acabou por ter na comunicação social.
Nota 1
Os endereços electrónicos das áreas orgânicas, dos funcionários e dos vereadores deveriam de resto estar claramente disponíveis na página da Internet da Câmara Municipal . É assim que acontece na página da Câmara de Pombal, por exemplo, como se pode verificar aqui.
Nota 2
Registo que a preparação e divulgação das referidas “Newsletters” além de inteiramente legítima, é uma boa e transparente prática da intervenção politica dos vereadores não executivos, que cumpre aplaudir.
UM FRACO DESEMPENHO
Devo reconhecer que foi bastante fraquinho o desempenho de Vital Moreira, cabeça de lista do PS às eleições para o Parlamento Europeu, no debate realizado ontem no programa Prós e Contras. Esteve todo o tempo numa posição defensiva ( embora em parte se compreenda, pois teve todos os outros candidatos a atacá-lo ) e cometeu variadas gaffes
E quanto a mim foi um verdadeiro tiro no pé aquela de declarar não ser capaz de fazer uma apreciação do mandato de Durão Barroso na Comissão Europeia, alegando faltarem ainda 4 meses para a sua conclusão. Em política, a falta de posições claras costuma pagar-se caro.
Devo reconhecer que foi bastante fraquinho o desempenho de Vital Moreira, cabeça de lista do PS às eleições para o Parlamento Europeu, no debate realizado ontem no programa Prós e Contras. Esteve todo o tempo numa posição defensiva ( embora em parte se compreenda, pois teve todos os outros candidatos a atacá-lo ) e cometeu variadas gaffes
E quanto a mim foi um verdadeiro tiro no pé aquela de declarar não ser capaz de fazer uma apreciação do mandato de Durão Barroso na Comissão Europeia, alegando faltarem ainda 4 meses para a sua conclusão. Em política, a falta de posições claras costuma pagar-se caro.
segunda-feira, abril 20, 2009
A CARGA FISCAL DOS MUNICIPIOS
“De acordo com a legislação, as autarquias têm direito, em cada ano, a 5% do IRS dos contribuintes residentes no concelho, mas podem reduzir esse valor ou até abdicar da sua parcela, para que os moradores paguem menos. Foi o que fizeram este ano 63 câmaras municipais, mais 20 que em 2008.
(...)
Em 2009, 13 autarquias não vão cobrar nenhuma taxa de IRS e 50 vão aplicar um valor abaixo dos 5%. (...)
(...) esta “generosidade” camarária vai permitir aos moradores dos respectivos concelhos poupar mais de € 7,6 milhões nos impostos.(...) "
(in EXPRESSO do passado sábado)
No número das aludidas 63 câmaras (cerca de um quinto das Câmaras do País) não está obviamente a da Figueira da Foz. . Admito que de facto não possua qualquer margem orçamental e financeira para o fazer. Teve e tem outras prioridades, talvez mais de “show-off”, lá saberá quais serão as melhores, no seu entender.
De resto, nem eu penso que os tempos de crise e as crescentes responsabilidades que são exigíveis a um Estado , no modelo social europeu, permitam que quem tem a sorte de estar empregado, e por isso ganhe dinheiro, possa pagar menos impostos, à Administração Central ou Local, nesta fase dificil da vida portuguesa.
Mas convenhamos que, pelo menos, se esperará que nenhum dos dirigentes locais do PSD, partido maioritário na Câmara da Figueira, tenha o atrevimento de, nas próximas campanhas eleitorais, vir vociferar contra a malfeitoria do Governo, esse grande malandro culpado , de estar a esmagar os contribuintes com impostos, não aliviando a carga fiscal que sobre eles faz incidir .
“De acordo com a legislação, as autarquias têm direito, em cada ano, a 5% do IRS dos contribuintes residentes no concelho, mas podem reduzir esse valor ou até abdicar da sua parcela, para que os moradores paguem menos. Foi o que fizeram este ano 63 câmaras municipais, mais 20 que em 2008.
(...)
Em 2009, 13 autarquias não vão cobrar nenhuma taxa de IRS e 50 vão aplicar um valor abaixo dos 5%. (...)
(...) esta “generosidade” camarária vai permitir aos moradores dos respectivos concelhos poupar mais de € 7,6 milhões nos impostos.(...) "
(in EXPRESSO do passado sábado)
No número das aludidas 63 câmaras (cerca de um quinto das Câmaras do País) não está obviamente a da Figueira da Foz. . Admito que de facto não possua qualquer margem orçamental e financeira para o fazer. Teve e tem outras prioridades, talvez mais de “show-off”, lá saberá quais serão as melhores, no seu entender.
De resto, nem eu penso que os tempos de crise e as crescentes responsabilidades que são exigíveis a um Estado , no modelo social europeu, permitam que quem tem a sorte de estar empregado, e por isso ganhe dinheiro, possa pagar menos impostos, à Administração Central ou Local, nesta fase dificil da vida portuguesa.
Mas convenhamos que, pelo menos, se esperará que nenhum dos dirigentes locais do PSD, partido maioritário na Câmara da Figueira, tenha o atrevimento de, nas próximas campanhas eleitorais, vir vociferar contra a malfeitoria do Governo, esse grande malandro culpado , de estar a esmagar os contribuintes com impostos, não aliviando a carga fiscal que sobre eles faz incidir .
quinta-feira, abril 16, 2009
OS JUIZES E A ACTIVIDADE POLITICA
Aqui longe, seguindo as novidades pela RTP Internacional e pela blogosfera, e lendo o colega local Politica de Choque, chega-me esta informacão sobre a vida politica da Figueira da Foz. Ainda me encontrava na praia rainha e já me tinham chegado aos ouvidos zunzuns de alguns paroquiais mentideros de que se preparava uma candidatura de um juiz pelo PS à Câmara da terra. Custou-me a acreditar . Mais me custa agora, depois de ontem ter ouvido o Procurador Geral da República, na televisão, afirmar que quer o Magistério Público fora das querelas partidárias. Por maioria de razão, decerto, o Conselho Superior da Magistratura desejará os juizes, todos os juizes, fora das querelas partidárias.
Ora uma eleição local envolve sempre uma querela partidária. Nao há mal nenhum que assim seja. O exercicio dos direitos de cidadania, numa democracia, faz-se através de querelas e confrontos partidários.
Discordo, em absoluto, que os titulares dos orgãos de soberania que são os tribunais, ou seja os juizes, cuja exercício da sua missão pode envolver o julgamento e a eventual condenação de titulares de orgãos de soberania do poder executivo ( nacional ou local), devam e/ou possam intervir na actividade política habitualmente exercida pelos partidos políticos. É certo que há antecedentes, como por exemplo o de Laborinho Lúcio como Ministro da Justíça, ou o de Fernando Negrão como deputado do PSD, ou o do actual Ministro da Administração Interna que era Juiz do Tribunal Constitucional, lugar ao que porventura voltará se e quando deixar de ser ministro. São maus, sao péssimos exemplos, indesejáveis para a imagem e a credibilidade do sistema judicial português, que se encontram já pelas ruas da amargura, como se sabe e por todo o lado se comenta e lamenta.
Há uns tempos, alguém ligado a esse sistema judicial opinava ( ou determinava, já não me lembro bem..) que os juizes deviam estar completamente ausentes dos orgãos dirigentes e das querelas ligadas ao mundo do futebol. Penso que lhe caberá dizer o mesmo sobre a participação de juizes na vida política partidária.
Um cidadão que seja membro das forças armadas não pode candidatar-se (até por imperativo constitucional, segundo creio) a lugares da vida politica . Ou melhor, pode. Passa à situação de reforma, corta definitivamente o seu vínculo às forças armadas, e candidata-se. Não bastará a simples suspensão da sua condição de militar no activo. O corte do vínculo terá de ser total e irreversível.
Coisa semelhante terá de dizer-se de um árbitro que queira concorrer à direccção de um clube de futebol. Ou de um magistrado do MP que queira exercer advocacia. Ou, por grande maioria de razão, de um juiz que queira ( e estará no seu pleno direito de querer) exercer actividade politica em domínio em que esta se encontra fortemente ligada ao campo da luta e do confonto partidários.
Disse acima que me custava a acreditar. Pensando melhor, como estão as coisas na via politica nacional e no nosso sistema judicial, talvez não seja mau eu começar a encarar como algo plausível que a "grande" surpresa venha a ser mesmo aquela.
sexta-feira, abril 10, 2009
DE COMO AS ALEGADAS PRESSÕES...
podem ser para esconder incompetência, ou outra coisa pior...
Estou inteiramente com o que Miguel Sousa Tavares escreveu hoje no EXPRESSO, acima parcialmente reproduzido.
(clicar na imagem para a ampliar)
E agora vou espairecer um bocadinho, que isto por aqui está a ficar um pouco irrespirável. Seguirei de mais longe o dia a dia do rectângulo-jardim, e da animada paróquia.
quinta-feira, abril 09, 2009
A LINGUAGEM CORPORAL DE JOSÉ SÓCRATES
A julgar pela imagem acima, o Primeiro-Ministro deveria cuidar também da sua linguagem corporal quando discursa, em registo comicieiro, do púlpito da Assembleia da República.
Não creio que o estilo que habitualmente adopta tenha paralelo nos seus correspondentes colegas europeus, quando actuando nos respectivos parlamentos.
E no uso da linguagem, quer corporal quer verbal, deverá ter em atenção que firmeza, convicção e vivacidade são uma coisa. Arrogância, agressividade, e deselegância são outra. Podem indiciar problemas de desequilíbrio emocional . Os cidadãos que, cada vez mais enojados, vêm pela televisão parte ou a totalidade dos debates parlamentares, sabem e reconhecem a diferença.
(clicar na imagem para a ampliar)
PAGAMENTOS A 30 DIAS
Foram já apresentadas as Contas da Câmara Municipal do Porto relativas a 2008. Segundo referiu o seu Presidente, no final do ano passado, o prazo médio de pagamento a fornecedores rondava os 25 dias.
Se isto for verdade, e se não houver no número nenhuma “engenharia estatística”(Nota), trata-se de um excelente desempenho e, sem dúvida, de um belo exemplo para muitas outras Câmaras .
Foram já apresentadas as Contas da Câmara Municipal do Porto relativas a 2008. Segundo referiu o seu Presidente, no final do ano passado, o prazo médio de pagamento a fornecedores rondava os 25 dias.
Se isto for verdade, e se não houver no número nenhuma “engenharia estatística”(Nota), trata-se de um excelente desempenho e, sem dúvida, de um belo exemplo para muitas outras Câmaras .
Por contraste, estou obviamente a pensar no mau exemplo que é o desempenho da Câmara Municipal da Figueira da Foz nessa matéria.
Nota
Uma "engenharia estatística" poderia ser por exemplo a seguinte.
Se 5 facturas de 10 euros cada forem pagas a 10 dias de prazo , e 5 facturas de 1000 euros cada forem pagas a 120 dias, o prazo médio ( calculado por simplista média aritmética...) seria de 65 dias.
quarta-feira, abril 08, 2009
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
A Assembleia da República vai tornar a apreciar, não se sabe ainda quando, propostas de legislação tendente a criminalizar o chamado enriquecimento ilícito, aparentemente da mesma índole da apresentada há uns dois anos por João Cravinho.
O PS ficará muito mal visto, podendo por isso sofrer danos eleitorais, caso se ponha a levantar de novo rodriguinhos e argumentos de fina filigrana jurídica, para colocar obstáculos ou total oposição às iniciativas que se anunciam sobre a matéria.
O ar empertigado e arrogante com que o Primeiro-Ministro hoje se referiu ao assunto, no debate parlamentar quinzenal, não augura nada de bom quanto à posição que o PS irá tomar. Esta, pela minha parte, será elemento a ponderar, com outros, no momento da decisão sobre o meu voto nas próximas eleições para a Assembleia da República.
Nota
Sobre este assunto, recordo o que aqui já escrevi .
A Assembleia da República vai tornar a apreciar, não se sabe ainda quando, propostas de legislação tendente a criminalizar o chamado enriquecimento ilícito, aparentemente da mesma índole da apresentada há uns dois anos por João Cravinho.
O PS ficará muito mal visto, podendo por isso sofrer danos eleitorais, caso se ponha a levantar de novo rodriguinhos e argumentos de fina filigrana jurídica, para colocar obstáculos ou total oposição às iniciativas que se anunciam sobre a matéria.
O ar empertigado e arrogante com que o Primeiro-Ministro hoje se referiu ao assunto, no debate parlamentar quinzenal, não augura nada de bom quanto à posição que o PS irá tomar. Esta, pela minha parte, será elemento a ponderar, com outros, no momento da decisão sobre o meu voto nas próximas eleições para a Assembleia da República.
Nota
Sobre este assunto, recordo o que aqui já escrevi .
terça-feira, abril 07, 2009
VILA VERDE
Ainda em jeito de comentário sobre o anterior post com o título de Vila da Figueira da Foz, o QuintoPoder recebeu este e-mail do Presidente da Junta de Vila Verde :
"Acredito que nada tenha contra a Freguesia de Vila Verde; gente boa, acolhedora, com boa gastronomia e das mais belas do Concelho, o que ajuda a valorizar a Cidade da Figueira da Foz, ao fazer parte do seu perímetro urbano."
Ainda em jeito de comentário sobre o anterior post com o título de Vila da Figueira da Foz, o QuintoPoder recebeu este e-mail do Presidente da Junta de Vila Verde :
"Acredito que nada tenha contra a Freguesia de Vila Verde; gente boa, acolhedora, com boa gastronomia e das mais belas do Concelho, o que ajuda a valorizar a Cidade da Figueira da Foz, ao fazer parte do seu perímetro urbano."
Não, de facto não tenho nada, mesmo nada, contra a Freguesia de Vila Verde, que inequivocamente também tem uma grande parte da sua malha urbana fazendo parte do perímetro e da cidade da Figueira da Foz . Não a ter referido, tratou-se de mero lapso de memória , pelo qual peço desculpa. Quem lá vive, dirá que vive na Figueira da Foz, e certamente com muita honra.
Apesar do seu nome já incluir a designação de Vila ( tal como Vila Robim, por exemplo...) , não precisa nada de reinvindicar tal estatuto ( meramente de pompa, e sem conteúdo real..) para ser considerada como terra de gente boa e acolhedora. E com boa qualidade de vida, acrescente-se.
CLOCHEMERLE
Um leitor do QuintoPoder interroga-me sobre o que é isso de Clochemerle, a que me refiro no post anterior.
Clochemerle é o título de um delicioso filme francês que vi por volta dos anos 50, uma sátira sobre a vida super provinciana de uma pequena terra com esse nome, em França, e na qual um dia o seu Maire ( ou seja, o Presidente da Câmara) decide instalar um urinol, que depois vai inaugurar, em humorística cena que decerto imaginarão como foi...
Ver mais aqui .
segunda-feira, abril 06, 2009
A VILA DA FIGUEIRA DA FOZ
Através do colega local Outra Margem, tomei conhecimento da pérola do dia. A Câmara Municipal vai apreciar hoje um pedido de parecer sobre a elevação da freguesia de S.Pedro à mui nobre, leal e emérita categoria de vila. Estamos de facto em cenário super provinciano de Clochemerle... O projecto de lei foi aparente e alegadamente redigido, e seguramente assinado, pelo deputado Miguel Almeida, embora já em Junho de 2008. Compreende-se o oportunismo de vir a ser agora realmente presente ao Parlamento. As eleições legislativas são daqui a 6 meses ; devem começar por estes dias as jogadas e as influências para a constituição das listas de candidatos a deputados ; é necessário que o senhor deputado mostre algum serviço para ver se consegue um lugarzito nas listas.
Compreende-se, mas tem de sublinhar-se a demagogia e o provincianismo ridículo da vistosa iniciativa.
A freguesia de S. Pedro faz parte da cidade e da malha urbana da cidade da Figueira da Foz. Tanto quanto me recordo, o PGU da Figueira, em processo de polémica revisão, abrange a freguesia de S. Pedro. Da cidade da Figueira da Foz fazem igualmente parte as freguesias de Buarcos, de S. Julião, de Tavarede. Tal qual como a cidade de Lisboa contem as freguesias da Madragoa, de Alvalade ou de Belém. Gostava de ver o presidente da freguesia de Belém a reivindicar que Belém passasse a ser vila, porque está nela a Torre, o museu dos coches ou a pastelaria dos pasteis de Belém. Ou até, porque, vejam lá, tem Presidente da República...
Se a freguesia de S. Pedro passar a vila, porque tem uma pizzaria, uma farmácia, não sei quantas cabeleireiras, uns tantos restaurantes ( um dos quais muito bom, o Carrousssel...), porto de pesca, boas praias da Figueira-terra de saison balnear, zona industrial, e Hospital...então a Figueira arrisca-se a perder a categoria de cidade : não tem Hospital , estando à beira mar, não tem porto de pesca, e nem tem indústria !....E tem areal, mas não tem praia...
CONSPIRAÇÃO, PRESSÕES E JOGOS DE PODER
(...)
(...) o que desejo para o caso Freeport. Não é muito : desejo que o primeiro-ministro do meu país esteja inocente, desejo que a investigação judicial vá até ao fim mesmo que o primeiro desejo não se cumpra, desejo sobretudo que a imprensa se pronuncie livremente sobre o assunto, mesmo que outros desejos não se cumpram.
(...)
(Rui Tavares, in PUBLICO de hoje)
Subscrevo estes desejos por inteiro. Junto 2 comentários.
1.
A meu ver, o Primeiro-Ministro deveria actualmente adoptar uma estratégia de afrontamento do que para ele são calúnias, de modelo mais pro-activo e muito menos reactivo. Numa manhã, colocava na pasta uma série de documentos essencias para esclarecer a sua posição em todo este caso, metia-se no carro e ia direitinho ao gabinete do Procurador-Geral da República ou da muito mediática procuradora Cândida Almeida. Aí chegado, perguntava ao senhor ou à senhora : vamos lá a saber. O que querem saber, o que querem que eu esclareça ? Vamos lá a pôr todas as cartas na mesa. Não estou para aguentar isto por muito mais tempo. Nem podem o Estado, a economia nacional, ou a grave crise que estamos e vamos atravessar.
Claro que depois não se ia livrar de um grande alarido, por parte dos procuradores ligados ao respectivo sindicato, que aqui d'el Rei o PM está a exercer pressões sobre os investigadores. Mas paciência.
2.
Tenho lido e ouvido referências à tese da possibilidade de que todo o caso Freeport , e todos os incidentes com consequências mediáticas recentemente a ele ligados, possam inserir-se numa estratégia de conspiração de forças ocultas, com ressonâncias da vida político-partidária.
Como tese, não é de rejeitar de todo. Mas não acredito nela.
Estou muito mais convencido, na hipótese do PM estar a ser alvo de acusações caluniosas, (hipótese que desejo e em que acredito), de que haverá por ali efeitos de jogos de conquista e exibição de poder, por parte dessa ambiciosa e contaminada organização corporativa que tem sido e é, ainda hoje, o Ministério Público. Afloramentos disso poderão ser, por exemplo, a badalada "denúncia" do presidente do sindicato dos magistrados de que haveria "pressões" e o seu mediatizado pedido para ser recebido pelo Presidente da República.
domingo, abril 05, 2009
DESENCANTOS E ARRELIAS NUMA CHEGADA (1)
De regresso à divertida paróquia da Figueira, deu-me para reparar mais atentamente, logo à entrada, numas bandeiras nacionais, símbolos da Pátria, esfarrapadas e desbotadas, certamente restos e farrapos ali "hasteados" desde os tempos gloriosos dos Europeus da bola, quando o lider Scolari mobilizava o futebolístico patriotismo indígena.
Nos Estados Unidos, ter hasteada uma bandeira nacional, a dos "Stars and Stripes", no estado em que está a bandeira de Portugal ilustrada na fotografia acima, seria considerado como crime, possivelmente com direito a prisão efectiva.
Por cá, parece que não. Ou se é, ninguém se interessa ou importa em aplicar a lei. Nem as autoridades responsáveis nem o poder político, a qualquer nível, parecem incomodar-se muito com a cena. Minudências ou picuinhices, dirão. Somos todos os gajos porreiros...
Por cá, parece que não. Ou se é, ninguém se interessa ou importa em aplicar a lei. Nem as autoridades responsáveis nem o poder político, a qualquer nível, parecem incomodar-se muito com a cena. Minudências ou picuinhices, dirão. Somos todos os gajos porreiros...
Ainda podia haver uma certa esperança de que , durante o campeonato do Mundo na África do Sul, em 2010, pudesse haver uma limpeza e uma renovação dos milhares de símbolos nacionais que por esse Portugal fora estão naquele mísero estado. Mas como a selecção nacional de futebol, mesmo recheada do Ronaldo dos 94 milhões, não deve chegar lá, nem isso poderemos esperar.
(clicar na imagem par a ampliar)
sábado, abril 04, 2009
O DIREITO À DEFESA DO BOM NOME
Como aqui já hoje havia comentado, logo de madrugada, ao conhecer a manchete do semanário SOL , o Ministro da Justiça fez o que se impunha.
O director do SOL já veio declarar que o processo judicial é uma acção intimidatória. Essa é muito boa, e revela grande lata. Desde quando não pode um acusado, cidadão ou instituição, defender o seu bom nome, quando, no seu entendimento, achar que está a ser vítima de uma acusação caluniosa? Os orgãos da comunicação social são inimputáveis?
PROMOÇÃO DA CULTURA OU DE CIRCO PARA O PESSOAL?...
Certamente no âmbito ( só pode...) do desvelo que a Câmara Municipal dedica à promoção da “cultura” das gentes da Figueira da Foz, está anunciado, para hoje, 4 de Abril, um espectáculo designado por “ Herman José ao vivo”, no Centro de Artes e Espectáculos Dr. Pedro Santana Lopes (CAE).
Comediante e humorista em deprimente decadência, com prazo de validade já largamente ultrapassado (já foi de facto, há uns largos anos, uma referência do bom e saudável humor), Herman José virá à Figueira da Foz disfrutar de um palco para as suas palhaçadas, a sua já crónica boçalidade e as suas piadas de mau gosto. Tudo portanto a bem da cultura, pois claro, pois é para a sua promoção que foi concebido e exerce actividade aquele verdadeiro elefante branco que é o referido CAE.
Relativamente a este evento de alto nível “cultural”, há umas quantas dúvidas suscitadas ao meu espírito maledicente. Para as quais gostaria de encontrar resposta.
A receita de bilheteira será por conta do humorista Herman José, ou por conta de alguma empresa promotora de espectáculos ou eventos, a qual pagará ao CAE a totalidade do aluguer da sala de espectáculos, cobrindo todos os custos da mesma ?
Ou o humorista vem facturar cachet previamente contratado com o CAE? E se for assim, a receita da bilheteira irá cobrir o cachet do “artista”, acrescido das demais despesas decorrentes da realização do espectáculo, como a manutenção e os custos fixos ligados ao CAE, mais uma margem, ainda que pequena? Se for assim, muito bem, nada tenho a criticar . Negócio de “show business” é negócio. E faz negócio quem tem estruturas e instalações para fazer negócio.
Mas se não for assim, muito mal. Lá estaria ( estará?...) a Figueira Grande Turismo, o CAE e a Câmara Municipal, seu único patrono, a gastar recursos financeiros onde não devem .Quando decerto fazem falta para outras aplicações, bem mais indispensáveis do que proporcionar espectáculos de Parque Mayer ou de Casino a tantos coimbrinhas que se deslocam à Figueira para se rirem, ainda por cima, à custa do contribuinte cá desta paróquia.
Certamente no âmbito ( só pode...) do desvelo que a Câmara Municipal dedica à promoção da “cultura” das gentes da Figueira da Foz, está anunciado, para hoje, 4 de Abril, um espectáculo designado por “ Herman José ao vivo”, no Centro de Artes e Espectáculos Dr. Pedro Santana Lopes (CAE).
Comediante e humorista em deprimente decadência, com prazo de validade já largamente ultrapassado (já foi de facto, há uns largos anos, uma referência do bom e saudável humor), Herman José virá à Figueira da Foz disfrutar de um palco para as suas palhaçadas, a sua já crónica boçalidade e as suas piadas de mau gosto. Tudo portanto a bem da cultura, pois claro, pois é para a sua promoção que foi concebido e exerce actividade aquele verdadeiro elefante branco que é o referido CAE.
Relativamente a este evento de alto nível “cultural”, há umas quantas dúvidas suscitadas ao meu espírito maledicente. Para as quais gostaria de encontrar resposta.
A receita de bilheteira será por conta do humorista Herman José, ou por conta de alguma empresa promotora de espectáculos ou eventos, a qual pagará ao CAE a totalidade do aluguer da sala de espectáculos, cobrindo todos os custos da mesma ?
Ou o humorista vem facturar cachet previamente contratado com o CAE? E se for assim, a receita da bilheteira irá cobrir o cachet do “artista”, acrescido das demais despesas decorrentes da realização do espectáculo, como a manutenção e os custos fixos ligados ao CAE, mais uma margem, ainda que pequena? Se for assim, muito bem, nada tenho a criticar . Negócio de “show business” é negócio. E faz negócio quem tem estruturas e instalações para fazer negócio.
Mas se não for assim, muito mal. Lá estaria ( estará?...) a Figueira Grande Turismo, o CAE e a Câmara Municipal, seu único patrono, a gastar recursos financeiros onde não devem .Quando decerto fazem falta para outras aplicações, bem mais indispensáveis do que proporcionar espectáculos de Parque Mayer ou de Casino a tantos coimbrinhas que se deslocam à Figueira para se rirem, ainda por cima, à custa do contribuinte cá desta paróquia.
O DIREITO NUMA REPÚBLICA DE DIREITO
O semanário SOL faz hoje na sua primeira página uma acusação gravíssima ao Ministro da Justiça . Não menciona “Ministro da Justiça”, mas sim Alberto Costa, o que vem a dar exactamente no mesmo. O que se pode ler é que “Alberto Costa fez pressões em nome de Sócrates”. Está escrito no presente do indicativo, sem qualquer advérbio ou expressão mitigadora da sua assertividade.
No caso de ser falsa, e até prova em contrário, a acusação tem de ser considerada como caluniosa pelo visado, o Ministro da Justiça. O Ministro da Justiça é membro do Governo, um orgão de soberania da República. Se se sente caluniado, deve reagir, em defesa do bom nome do orgão de soberania a que pertence, colocando ( ou pedindo para ser colocado pelo Ministério Público) um processo em tribunal ao alegado caluniador, no caso o semanário SOL .
Se este não conseguir provar que o Ministro da Justiça fez efectivamente pressões, a calúnia fica confirmada, e o caluniador condenado em juizo. Se conseguir provar, então não havia calúnia, o Ministro da Justiça fica em muito maus lençois, terá de pagar as custas do processo , terá de pagar um preço político pelo ilícito cometido, e no mínimo terá de demitir-se.
Estou a ver mal ou não era assim que deviam funcionar, em geral e neste caso concreto, o Direito e as Instituições numa República de Direito? Se existisse um eficaz, célere e credível sistema judicial, creio que sim, era assim, era. Era assim que deviam funcionar o sistema judicial, as Instituições e a República. Mas mesmo assim, se a coisa fosse comigo, eu colocava um processo judicial ao semanário SOL.
Declaração de interesses :
Tenho em muito má conta a acção e a capacidade política deste Ministro da Justiça.
Assim como o seu desempenho como governante, tortuoso e retorcido.Também não me é nada simpática a sua personalidade, pelo contrário. Mas o Ministro da Justiça, qualquer Ministro da Justiça, é um governante da Repúblca. O que acima escrevi, deve pois ser lido no estricto plano formal e institucional.
Estou a ver mal ou não era assim que deviam funcionar, em geral e neste caso concreto, o Direito e as Instituições numa República de Direito? Se existisse um eficaz, célere e credível sistema judicial, creio que sim, era assim, era. Era assim que deviam funcionar o sistema judicial, as Instituições e a República. Mas mesmo assim, se a coisa fosse comigo, eu colocava um processo judicial ao semanário SOL.
Declaração de interesses :
Tenho em muito má conta a acção e a capacidade política deste Ministro da Justiça.
Assim como o seu desempenho como governante, tortuoso e retorcido.Também não me é nada simpática a sua personalidade, pelo contrário. Mas o Ministro da Justiça, qualquer Ministro da Justiça, é um governante da Repúblca. O que acima escrevi, deve pois ser lido no estricto plano formal e institucional.
sexta-feira, abril 03, 2009
O UMBIGO, A MÁ EDUCAÇÃO E O LAXISMO - bis
Voltando ao tema, vale bem a pena ler esta crónica publicada há dias no Diário Económico.
O UMBIGO, A EDUCAÇÃO E O LAXISMO
Também aqui pela Figueira da Foz se podem ver exemplos de má educação, de falta de vergonha e de laxismo das autoridades, como os ilustrados neste blogue. Em menos escala no Inverno, é certo. Em escala mais semelhante ou por vezes ainda maior no mês de Agosto. Mas tudo bem, somos todos gajos porreiros.
OS EXCELENTES MÉRITOS DE UM LADINO EX-MINISTRO
Vi anteontem à noite uma charmosa entrevista dada por Jorge Coelho, licenciado em gestão por uma universidade ( não sei bem qual...), à SIC Notícias.
Ao apresentar-se tão generoso, tão idealista, tão convencido dos seus excelsos méritos como gestor, tão, tão , Jorge Coelho quer convencer quem, sobre qual foi a razão por que lhe foi proporcionada a sinecura de Presidente da Comissão Executiva da Mota Engil, um gigante da indústria da construção civil em Portugal?
Nem a mais ingénua das criaturas tem dúvidas de que o lugar lhe foi oferecido a fim de, pura e simplesmente, e em linguagem de pão-pão-queijo-queijo, fazer aquilo que se designa por lobbying (vulgo tráfico de influências, o que até poderá ser legal e legítimo, se for feito bem às claras), por dentro dos meandros do poder político e do poder económico, junto dos quais ganhou laços, influências e relações privilegiadas enquanto foi ministro.
Vi anteontem à noite uma charmosa entrevista dada por Jorge Coelho, licenciado em gestão por uma universidade ( não sei bem qual...), à SIC Notícias.
Ao apresentar-se tão generoso, tão idealista, tão convencido dos seus excelsos méritos como gestor, tão, tão , Jorge Coelho quer convencer quem, sobre qual foi a razão por que lhe foi proporcionada a sinecura de Presidente da Comissão Executiva da Mota Engil, um gigante da indústria da construção civil em Portugal?
Nem a mais ingénua das criaturas tem dúvidas de que o lugar lhe foi oferecido a fim de, pura e simplesmente, e em linguagem de pão-pão-queijo-queijo, fazer aquilo que se designa por lobbying (vulgo tráfico de influências, o que até poderá ser legal e legítimo, se for feito bem às claras), por dentro dos meandros do poder político e do poder económico, junto dos quais ganhou laços, influências e relações privilegiadas enquanto foi ministro.
Já no tempo de Salazar se dizia, não muito em surdina, que o que era bom não era ser ministro, mas sim ter sido ministro. Neste aspecto, estamos na mesma, né?...
quinta-feira, abril 02, 2009
UM MINISTRO QUE AINDA EXISTE?
Fiquei a saber, ao ler hoje o PUBLICO. Na edição de ontem do Correio da Manhã ( um jornal tabloide, ao pior estilo, que só folheio quando vou ao barbeiro...) podia ler-se :
"Perante este vendaval de acusações gravíssimas acerca da desestablização da Justiça, alguém se lembrou que ainda existe (?) um ministro que tutela esta pasta?"
Oficialmente, existe, sim. Politicamente, duvido. Creio que neste momento está em visita de Estado à China!...Talvez a estudar a cultura jurídica chinesa.
SINAIS (BONS?...) DOS TEMPOS
Quando os líderes dos 8 países economicamente mais poderosos do mundo ( o então chamado G8 ) se reuniram em Tóquio, em Julho passado, com o petróleo e os bens alimentares a atingirem altíssimos preços, e quando já se vislumbravam sinais da crise financeira-económica-social agora em pleno desenvolvimento, foram brindados com um belo jantar de encerramento.
Quando os líderes dos 8 países economicamente mais poderosos do mundo ( o então chamado G8 ) se reuniram em Tóquio, em Julho passado, com o petróleo e os bens alimentares a atingirem altíssimos preços, e quando já se vislumbravam sinais da crise financeira-económica-social agora em pleno desenvolvimento, foram brindados com um belo jantar de encerramento.
Na primeira página da sua edição de 8 de Julho , podia ler-se no jornal britânico Guardian :
“As barrigas mais poderosas do mundo estavam esfomeadas depois de um dia a discutir formas de combater a crise alimentar que se estava a espalhar pelo mundo. Sentados à mesa do Hotel Windsor na ilha de Hokkaido, deleitaram-se com 19 pratos preparados por 25 cozinheiros(...) “
A ementa incluia várias entradas, como milho recheado com caviar e ouriços do mar, seguidas por enguias avinagradas e cordeiro com trufas negras.
No jantar de ontem do grupo dos G20, na residência do primeiro-ministro britânico, o jantar terá sido mais contido. O cozinheiro-chefe foi um jóvem apresentador de uma popular série de televisão dedicada à gastronomia popular e económica, James Oliver ( que aliás gosto muito de ver). A entrada foi à base de espargos ( na Europa do Norte, é agora a época deles) , seguida por um prato de borrego servido com pão e temperado com alho, talvez assim como um típico ensopado de borrego à portuguesa.
Como desta vez eram 20 e da outra 8, é possível que o jantar agora tenha saido mais caro.
Mas nisto, os valores contados em euros, libras ou dólares, pouco contam, são trocos. O que verdadeiramente importa, porém, é o exemplo e a mensagem. Bons exemplos de contenção, pelo menos, é o que devem dar os líderes, os responsáveis (políticos ou outros...), e os sortudos cidadãos não atingidos pelos problemas de pobreza e exclusão dos tempos que vivemos.
ESCLARECIMENTO
De um amigo e dedicado leitor do QuintoPoder, devidamente identificado, recebi o seguinte esclarecimento, sobre este post .
Em relação ao conteúdo do transcrito, poderei esclarecer que a dita cerimónia de “GALA” só teria o nome, pois se baseou em um jantar normalíssimo, (com sopa um prato e sobremesa), com bolo do aniversariante e café. O jantar foi seguido de umas breves variedades, com os artistas da casa, muito simples.
Não estive no Congresso, mas estive no jantar para que fui convidado e, para o esclarecer melhor devo dizer-lhe que paguei cinquenta euros, (50,0 €), por mim e pela minha mulher, e que vi “todo o mundo” a pagar os seus jantares.
Fica assim prestado o devido esclarecimento, com todo o respeito e consideração pelo amigo leitor deste blogue. Todos e cada um dos participantes no jantar terão pago 25 euros por pessoa, pelo jantar e pela Gala. Ainda bem. De resto, pela minha parte, eu escrevi naquele post : “ espero que...”. Ou seja, que tinha esperança. Registo e congratulo-me que a minha esperança não era em vão.
De qualquer forma, não me parece apropriado, sobretudo nos dificeis tempos que correm, tal tipo de galas e jantares de gala, associados a acções ou a debates no ambito da solidariedade social e do combate à pobreza. Mais não seja por respeito pelos que sofrem a pobreza e a exclusão, e para que tal tipo de “exibição” não possa ofender aqueles, sendo interpretado como sinal de falta de genuina sensibilidade pelos seus problemas e carências.
De um amigo e dedicado leitor do QuintoPoder, devidamente identificado, recebi o seguinte esclarecimento, sobre este post .
Em relação ao conteúdo do transcrito, poderei esclarecer que a dita cerimónia de “GALA” só teria o nome, pois se baseou em um jantar normalíssimo, (com sopa um prato e sobremesa), com bolo do aniversariante e café. O jantar foi seguido de umas breves variedades, com os artistas da casa, muito simples.
Não estive no Congresso, mas estive no jantar para que fui convidado e, para o esclarecer melhor devo dizer-lhe que paguei cinquenta euros, (50,0 €), por mim e pela minha mulher, e que vi “todo o mundo” a pagar os seus jantares.
Fica assim prestado o devido esclarecimento, com todo o respeito e consideração pelo amigo leitor deste blogue. Todos e cada um dos participantes no jantar terão pago 25 euros por pessoa, pelo jantar e pela Gala. Ainda bem. De resto, pela minha parte, eu escrevi naquele post : “ espero que...”. Ou seja, que tinha esperança. Registo e congratulo-me que a minha esperança não era em vão.
De qualquer forma, não me parece apropriado, sobretudo nos dificeis tempos que correm, tal tipo de galas e jantares de gala, associados a acções ou a debates no ambito da solidariedade social e do combate à pobreza. Mais não seja por respeito pelos que sofrem a pobreza e a exclusão, e para que tal tipo de “exibição” não possa ofender aqueles, sendo interpretado como sinal de falta de genuina sensibilidade pelos seus problemas e carências.
quarta-feira, abril 01, 2009
OS DIREITOS ADQUIRIDOS
Hoje em dia já há muito menos gente que se atreve a falar em “direitos adquiridos”. Onde é que já vão os direitos que foram considerados “adquiridos” por tanta gente!. Estou a pensar , por exemplo, nos crescentes milhares de desempregados. Não há direito que resista incólume à tempestade, sobretudo quando esta quase atinge a escala da catástrofe...
Hoje em dia já há muito menos gente que se atreve a falar em “direitos adquiridos”. Onde é que já vão os direitos que foram considerados “adquiridos” por tanta gente!. Estou a pensar , por exemplo, nos crescentes milhares de desempregados. Não há direito que resista incólume à tempestade, sobretudo quando esta quase atinge a escala da catástrofe...
AS PRESSÕES
As pressões, quaisquer pressões, podem ser exercidas de baixo, dos lados ou de cima.
No trabalho dos senhores magistrados do Ministério Público, as pressões de baixo podem vir, por exemplo, da “rua”. Não se podem considerar ilegítimas ou suspeitas. Até resultam, muito frequentemente, por fraqueza dos alegados pressionados. Também é de baixo esta micro-pressão vinda da minha insignificante parte, ao condenar que, alguns magistrados, numa determinada investigação, trabalhem com tanta lentidão e madraçaria, arrastando os pés, fazendo do processo instrumento de jogos de poder, prolongando-o tempo sem fim, para terem importância e protagonismo. Espero que o Presidente do tal Sindicato dos Magistrados do MP não vá agora de novo a todas as televisões, queixar-se que estou a pressionar os magistrados. Sobretudo sem me nomear, porque aí fico chateado por não ouvir o meu nome nas televisões...
As pressões do lado podem provir, sob a forma de opinião, conversa ou comentário, de colegas de mister a quem igualmente incomode ou indigne aquele tipo de comportamento e o descrédito a que a Justiça chegou. Não estou a ver que tal tipo de pressão, inter pares, seja à partida ilegítima, suspeita ou perigosa.
As pressões de cima, tratando-se de uma estrutura hierarquizada, em pirâmide, são igualmente legítimas. Quem está lá em cima, é que é responsável pela imagem da Justiça. É quem responde perante a opinião pública e perante a própria República. Em determinado contexto, poderão quando muito ser suspeitas ou perigosas. Mas o perigo de existir tal suspeição não poderá travar o dever de quem está por cima, de exigir celeridade, eficácia e deontologia a quem está cometida a missão de um qualquer processo investigatório. Sobretudo tratando-se de caso que coloca em causa a imagem e o funcionamento do Estado democrático.
As pressões, quaisquer pressões, podem ser exercidas de baixo, dos lados ou de cima.
No trabalho dos senhores magistrados do Ministério Público, as pressões de baixo podem vir, por exemplo, da “rua”. Não se podem considerar ilegítimas ou suspeitas. Até resultam, muito frequentemente, por fraqueza dos alegados pressionados. Também é de baixo esta micro-pressão vinda da minha insignificante parte, ao condenar que, alguns magistrados, numa determinada investigação, trabalhem com tanta lentidão e madraçaria, arrastando os pés, fazendo do processo instrumento de jogos de poder, prolongando-o tempo sem fim, para terem importância e protagonismo. Espero que o Presidente do tal Sindicato dos Magistrados do MP não vá agora de novo a todas as televisões, queixar-se que estou a pressionar os magistrados. Sobretudo sem me nomear, porque aí fico chateado por não ouvir o meu nome nas televisões...
As pressões do lado podem provir, sob a forma de opinião, conversa ou comentário, de colegas de mister a quem igualmente incomode ou indigne aquele tipo de comportamento e o descrédito a que a Justiça chegou. Não estou a ver que tal tipo de pressão, inter pares, seja à partida ilegítima, suspeita ou perigosa.
As pressões de cima, tratando-se de uma estrutura hierarquizada, em pirâmide, são igualmente legítimas. Quem está lá em cima, é que é responsável pela imagem da Justiça. É quem responde perante a opinião pública e perante a própria República. Em determinado contexto, poderão quando muito ser suspeitas ou perigosas. Mas o perigo de existir tal suspeição não poderá travar o dever de quem está por cima, de exigir celeridade, eficácia e deontologia a quem está cometida a missão de um qualquer processo investigatório. Sobretudo tratando-se de caso que coloca em causa a imagem e o funcionamento do Estado democrático.
SÉNIOR GERAÇÃO DE OURO...
Distribuído com larga profusão, chegou-me às mãos um muito colorido folheto, editado pelo Pelouro da Juventude da Câmara Municipal da Figueira da Foz, com o apelativo título de “ Jovem Geração de Ouro da Figueira da Foz”.
Ao que presumo, trata-se de prestar um justíssima e pre-eleitoralista homenagem a jovens da Figueira ( dos 10 anos de idade aos já matulões ou aos cotas mais jóvens, de não sei quantos anos) que se distinguiram em diversas áreas de actividade, desde os praticantes de skate até aos modelos que participam em luzidios desfiles de moda. A que são chamados de estrelas. Não está mal.
Assim, logo no dia 3 de Abril, irá brilhar a constelação das estrelas maiores da nossa política paroquial, condignamente representada pelos “jovens “ deputados João Portugal e Miguel Almeida, ambos em denodado combate por um lugarzinho nas respectivas (respectivas, acho eu, não sei...) listas para as próximas eleições legislativas.
Depois, no dia 6 de Abril, está anunciado que se irá admirar as estrelas da música. Numa primeira leitura ao folheto, pensei que teria sido escolhido algum jovem figueirense , intérprete de piano, violino, de clarinete, eu sei lá, de bombo ou ferrinhos, ao menos. Ou mesmo no nacional cançonetismo. Engano meu. Afinal não é nada disso. O representante das “estrelas” da música será um habilidoso disc jockey...
Tudo isto visto e achado, reivindico veementemente, desde já, que o pelouro da Câmara Municipal que trata e apaparica a terceira idade, perdão...os séniores...organize também uma semana, ou duas, para poderem ser admirados os brilhos da sénior geração de ouro.
Pela parte que me toca, vou candidatar-me a estrela sénior da música. E da música clássica, vejam só! É que sou um verdadeiro ás a tirar e pôr CD’s na minha já antiga aparelhagem de música, ligando e fazendo alternar com grande maestria e habilidade um nocturno de Chopin, com um concerto de Lizt, uma sonata de Beethoven e uma sinfonia de Mozart!...
(clicar na imagem para a aumentar)