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sexta-feira, abril 24, 2009

TOURADAS OU CIÊNCIA VIVA

(...)
“ Em 1836, 12 anos antes de Rebelo da Silva publicar o seu conto [
“ Última Corrida de Touros em Salvaterra” ], o ministro do Reino Passos Manuel promulgou um decreto proibindo as touradas :

“ Considerando que as corridas de touros são um divertimento bárbaro e impróprio de nações civilizadas, bem assim que semelhantes espectáculos servem apenas para habituar os homens ao crime e à ferocidade, e desejando eu remover todas as causas que possam impedir ou retardar o aperfeiçoamento moral da Nação Portuguesa, hei por bem decretar que de hora em diante fiquem proibidas em todo o Reino as corridas de touros.”

A proibição não durou mais do que escassos nove meses, tendo a tradição voltado a ser o que era. Nos dias de hoje surgiu, porém, uma nova interdição de touros. A maioria municipal socialista acaba de declarar Viana do Castelo a primeira “cidade anti touradas” em Portugal, emulando 53 cidades espanholas.
O que se vai fazer com a praça de touros de Viana ? Pois a ideia da Câmara é excelente : transformá-la num Centro Ciência Viva, um espaço cultural aberto a todos e não apenas aos aficionados.
(...)

(Prof. Carlos Fiolhais, in PUBLICO de 27.Março.2009)

Em Viana do Castelo, realizava-se habitualmente uma única tourada por ano, na tarde de domingo das Festas da Senhora da Agonia. Não é de modo nenhum por agora não haver tourada que a acorrência a Viana, por altura da conhecida Romaria, irá diminuir mais que umas escassas dezenas de forasteiros, no máximo...É uma estimativa que não passa de um palpite, de quem passou tantos anos da sua juventude a viver as Festas da Agonia.

O exemplo poderia e deveria ser objecto de reflexão, e de emulação no caso da Figueira da Foz. Aqui, haverá umas duas ou três touradas por ano, no mês de Agosto. Alguém pensa que deixarão de vir ou estar na Figueira muitos veraneantes, num domingo de Agosto, só pelo facto de não haver tourada nesse dia?...
O espaço da praça de touros, integrado na malha urbana da cidade e do Bairro Novo, bem poderia ser melhor aproveitado. A exemplo de Viana, para um Centro de Ciência Viva, sim senhor. Para que a Figueira não seja só vista, conhecida e vivida como festivaleira terra de espectáculos, de “cachondeo”, e de foguetório.

Não gosto de touradas. Pela minha parte pouco me importo com o sofrimento e o mal porventura inflingidos ao touro. Afinal, o bicho é mauzinho. Mal vê um cavalo ou um homem à sua frente, investe para o agredir ou matar. Não fora a Ética uma coisa de humanos, até se poderia dizer que um animal, para ter direitos, e muito bem, também tem deveres.
Preocupa-me muito mais a malfeitoria feita aos espectadores. O gosto e o gozo que sentem ao verem o bicho ser violentamente picado e verter sangue, assim como, de resto, o gosto e o gozo que um caçador disfruta ao atirar a uma ave, interrompendo pela morte a beleza do seu vôo, ou ao atirar a um bonito veado, destruindo o belo espectáculo da sua corrida, são quanto a mim do foro psiquiátrico.

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