sábado, maio 31, 2008
PATOLOGIA E DESEQUILÍBRIO EMOCIONAL
Filipe Meneses não teve estofo psicológico e emocional para aguentar as críticas de umas muito escassas dezenas de pessoas do PSD, chamadas barões ou elites... Filipe Meneses deu ontem uma conferência de imprensa, em registo muito avinagrado e ressabiado, aconselhando os militantes a não votarem em quem a gente sabe . Hoje, depois de ter votado nas eleições primárias para a escolha do novo líder, descarregou a bilis apelidando de canalhas aqueles que “ lhe fizeram a vida negra”. As suas duas últimas intervenções públicas confirmam que o comportamento de Flipe Meneses é manifestamente um caso do foro psiquiátrico...
Filipe Meneses não teve estofo psicológico e emocional para aguentar as críticas de umas muito escassas dezenas de pessoas do PSD, chamadas barões ou elites... Filipe Meneses deu ontem uma conferência de imprensa, em registo muito avinagrado e ressabiado, aconselhando os militantes a não votarem em quem a gente sabe . Hoje, depois de ter votado nas eleições primárias para a escolha do novo líder, descarregou a bilis apelidando de canalhas aqueles que “ lhe fizeram a vida negra”. As suas duas últimas intervenções públicas confirmam que o comportamento de Flipe Meneses é manifestamente um caso do foro psiquiátrico...
A CRISE E A CLASSE MÉDIA
No parque da Bela Vista, em Lisboa, estiveram ontem 90 000 pesoas no festival do Rock in Rio. É de espantar uma tamanha multidão, devendo certamente tratar-se de “populações” da classe alta. Sim, porque a classe média não deve ter dinheiro para aquilo, a fazer fé nos apelos, lamentações e alertas de alguma gente bem pensante, que ultimamente se não tem cansado de falar nas enormes dificuldades que já atingem e esmagam a sacrificada classe média portuguesa...
No parque da Bela Vista, em Lisboa, estiveram ontem 90 000 pesoas no festival do Rock in Rio. É de espantar uma tamanha multidão, devendo certamente tratar-se de “populações” da classe alta. Sim, porque a classe média não deve ter dinheiro para aquilo, a fazer fé nos apelos, lamentações e alertas de alguma gente bem pensante, que ultimamente se não tem cansado de falar nas enormes dificuldades que já atingem e esmagam a sacrificada classe média portuguesa...
sexta-feira, maio 30, 2008
O PRINCIPIO DA TRAPALHADA
Nos idos do início de Novembro de 2001, o Município da Figueira da Foz era proprietário de uma parcela de terreno na Ponte do Galante. A parcela pertencia, ou teria pertencido, a um loteamento aprovado em 1992. Fora identificado, primeiro com o número 23, e depois com a letra W. Durante algum tempo, estivera destinado à construção de uma piscina da zona urbana, para o que chegou a ser aberto concurso.
A situação da parcela era um pouco confusa e estava mal esclarecida na Conservatória, à semelhança, de resto, do que tantas vezes acontece em Portugal, como sabemos.
Por razões que desconheço, mas que seria importante apurar ( e eventualmente julgar no plano político), a Camara Municipal, em final de mandato, decidiu repentinamente vender essa parcela. De súbito, é convocada uma reunião extraordinária da Câmara Municipal para o dia 14 de Novembro de 2001 ( 4ª feira). Nela é decidido pedir uma avaliação do valor do terreno a uma instituição bancária. A avaliação é feita e comunicada em tempo recorde, uns escassos 4 dias úteis. E ainda há quem se queixe que as coisas são lentas em Portugal!...
O documento com a tal avaliação (370 mil contos) foi distribuido aos vereadores não executivos na manhã da 4ª feira seguinte, dia 21 de Novembro de 2001, em que teve lugar a reunião ordinária da Câmara Municipal. Nesta reunião, e como ponto extra-agenda, foi novamente discutida a questão da venda do terreno.
Nos idos do início de Novembro de 2001, o Município da Figueira da Foz era proprietário de uma parcela de terreno na Ponte do Galante. A parcela pertencia, ou teria pertencido, a um loteamento aprovado em 1992. Fora identificado, primeiro com o número 23, e depois com a letra W. Durante algum tempo, estivera destinado à construção de uma piscina da zona urbana, para o que chegou a ser aberto concurso.
A situação da parcela era um pouco confusa e estava mal esclarecida na Conservatória, à semelhança, de resto, do que tantas vezes acontece em Portugal, como sabemos.
Por razões que desconheço, mas que seria importante apurar ( e eventualmente julgar no plano político), a Camara Municipal, em final de mandato, decidiu repentinamente vender essa parcela. De súbito, é convocada uma reunião extraordinária da Câmara Municipal para o dia 14 de Novembro de 2001 ( 4ª feira). Nela é decidido pedir uma avaliação do valor do terreno a uma instituição bancária. A avaliação é feita e comunicada em tempo recorde, uns escassos 4 dias úteis. E ainda há quem se queixe que as coisas são lentas em Portugal!...
O documento com a tal avaliação (370 mil contos) foi distribuido aos vereadores não executivos na manhã da 4ª feira seguinte, dia 21 de Novembro de 2001, em que teve lugar a reunião ordinária da Câmara Municipal. Nesta reunião, e como ponto extra-agenda, foi novamente discutida a questão da venda do terreno.
As Vereadoras Natércia Crisanto e Aida Cardoso bem lembraram a necessidade de se ser cauteloso. Porém, a Vereadora Rosário Águas insistiu que, devido a quaisquer vícios de forma, a pertença da parcela ao anterior loteamento estava ferida de nulidade. E que por isso não havia quaisquer dúvidas que “ é a Câmara a legítima proprietária daquele terreno e, das duas uma, ou se perpetua uma situação de terra de ninguém ou então se permite, se legitime a própria Câmara a exercer o seu direito de propriedade sobre um terreno de que é detentora “.
Com a sua proverbial sabedoria e experiência, a Vereadora Natércia Crisanto ainda argumentou, em final do debate : “ O primeiro ponto que estamos a discutir é exactamente o registo do lote W, portanto, acho que se deve regularizar de acordo com a lei e com o que está estabelecido para ficar definitivamente arrumado, não lesando nenhuma das partes, nem as pessoas que lá construiram, nem a Câmara Municipal “
Debalde. Havia pressa na coisa, e a colocação da venda em hasta pública foi votada de imediato. A Vereadora Natércia Crisanto ainda conseguiu que a votação fosse desdobrada em duas : a primeira em relação ao registo, e a segunda em relação à hasta pública.
Assim, a proposta A rezava assim : “ Proceder ao registo do loteamento como prédio autónomo, nos termos e fundamentos constantes da informação dos Serviços de Património”. Foi aprovada por unanimidade.
A proposta B assim rezava : “ Alienar em hasta pública o terreno do Vale do Galante, fixando como base de licitação o valor de 370 mil contos, nas condições apresentadas na reunião extraordinária de 14 de Novembro corrente, destinando-se exclusivamente à construção de um hotel com a classificação mínima de 4 estrelas “ . Foi aprovada com os votos contra dos 3 Vereadores eleitos pelo PS, e com os votos a favor dos restantes 6 membros da Câmara, eleitos pelo PSD, entre os quais a Vereadora Rosário Águas e o Vereador Miguel Almeida.
A hasta pública realizou-se logo a 11 de Dezembro de 2001, com grande celeridade, escassos 14 dias úteis decorridos desde a reunião camarária . Pelos vistos, com a atávica rapidez e elevada produtividade da administração pública indígena, esses 14 dias chegaram à vontade para redigir a acta, aprová-la em minuta, proceder ao registo na Conservatória, publicar o anuncio da hasta pública. Faltavam 4 escassos dias para as eleições autárquicas, realizadas em 16 de Dezembro, das quais resultou eleito um novo elenco camarário .
No mínimo, tudo a fazer lembrar aquele provérbio da sabedoria popular que fala nas cadelas apressadas....
Um tanto estranhamente, na hasta pública esteve apenas presente um concorrente : uma empresa imobiliária chamada IMOFOZ, detida pelo grupo Amorim, o qual por sua vez detinha também a Sociedade Figueira Praia. Ofereceu 371 mil euros, mil euros acima da base de licitação. A parcela de terreno, nas condições em que teria sido entretanto registada, foi arrematada.
A partir daquela data, a IMOFOZ ficou com direitos adquiridos sobre a dita parcela. Mas ficou também com as obrigações decorrentes das condições da hasta pública.
Já na altura se considerava e dizia que seria muito complicado construir o tal hotel com o mínimo de 4 estrelas exclusivamente sobre aquela parcela de terreno. É aí que entra em cena a existência de outros proprietários dos terreno confinantes.
A trapalhada começara e já mais niguem a conseguiu parar .
Entretanto, ao contrário das espantosas celeridade e eficiência com que, em cerca de 3 semanas se passara da decisão camarária à hasta pública, decorreu depois um ano e meio desde a data da hasta pública até à celebração da escritura de venda à IMOFOZ, que teve lugar no dia 26 de Junho de 2003. No mesmo dia em que, como se sabe, a IMOFOZ celebra uma outra escritura de venda do mesmíssimo terreno à FOZBEACH, com realização de avultadas e imediatas mais valias.
Pelo meio, foi feita e aprovada a suspensão do PDM e do PU na área da Ponte de Galante (18 de Fevereiro de 2003), foi autorizado o início de procedimento para elaboração do Plano de Pormenor para a Ponte do Galante (15 de Abril de 2003), e aprovada pela Câmara (em 21 de Maio de 2003) a desafectação do domínio público municipal para o domínio privado municipal de uma outra parcela de terreno sita no Galante, com a área de 3979 metros quadrados.
Com a sua proverbial sabedoria e experiência, a Vereadora Natércia Crisanto ainda argumentou, em final do debate : “ O primeiro ponto que estamos a discutir é exactamente o registo do lote W, portanto, acho que se deve regularizar de acordo com a lei e com o que está estabelecido para ficar definitivamente arrumado, não lesando nenhuma das partes, nem as pessoas que lá construiram, nem a Câmara Municipal “
Debalde. Havia pressa na coisa, e a colocação da venda em hasta pública foi votada de imediato. A Vereadora Natércia Crisanto ainda conseguiu que a votação fosse desdobrada em duas : a primeira em relação ao registo, e a segunda em relação à hasta pública.
Assim, a proposta A rezava assim : “ Proceder ao registo do loteamento como prédio autónomo, nos termos e fundamentos constantes da informação dos Serviços de Património”. Foi aprovada por unanimidade.
A proposta B assim rezava : “ Alienar em hasta pública o terreno do Vale do Galante, fixando como base de licitação o valor de 370 mil contos, nas condições apresentadas na reunião extraordinária de 14 de Novembro corrente, destinando-se exclusivamente à construção de um hotel com a classificação mínima de 4 estrelas “ . Foi aprovada com os votos contra dos 3 Vereadores eleitos pelo PS, e com os votos a favor dos restantes 6 membros da Câmara, eleitos pelo PSD, entre os quais a Vereadora Rosário Águas e o Vereador Miguel Almeida.
A hasta pública realizou-se logo a 11 de Dezembro de 2001, com grande celeridade, escassos 14 dias úteis decorridos desde a reunião camarária . Pelos vistos, com a atávica rapidez e elevada produtividade da administração pública indígena, esses 14 dias chegaram à vontade para redigir a acta, aprová-la em minuta, proceder ao registo na Conservatória, publicar o anuncio da hasta pública. Faltavam 4 escassos dias para as eleições autárquicas, realizadas em 16 de Dezembro, das quais resultou eleito um novo elenco camarário .
No mínimo, tudo a fazer lembrar aquele provérbio da sabedoria popular que fala nas cadelas apressadas....
Um tanto estranhamente, na hasta pública esteve apenas presente um concorrente : uma empresa imobiliária chamada IMOFOZ, detida pelo grupo Amorim, o qual por sua vez detinha também a Sociedade Figueira Praia. Ofereceu 371 mil euros, mil euros acima da base de licitação. A parcela de terreno, nas condições em que teria sido entretanto registada, foi arrematada.
A partir daquela data, a IMOFOZ ficou com direitos adquiridos sobre a dita parcela. Mas ficou também com as obrigações decorrentes das condições da hasta pública.
Já na altura se considerava e dizia que seria muito complicado construir o tal hotel com o mínimo de 4 estrelas exclusivamente sobre aquela parcela de terreno. É aí que entra em cena a existência de outros proprietários dos terreno confinantes.
A trapalhada começara e já mais niguem a conseguiu parar .
Entretanto, ao contrário das espantosas celeridade e eficiência com que, em cerca de 3 semanas se passara da decisão camarária à hasta pública, decorreu depois um ano e meio desde a data da hasta pública até à celebração da escritura de venda à IMOFOZ, que teve lugar no dia 26 de Junho de 2003. No mesmo dia em que, como se sabe, a IMOFOZ celebra uma outra escritura de venda do mesmíssimo terreno à FOZBEACH, com realização de avultadas e imediatas mais valias.
Pelo meio, foi feita e aprovada a suspensão do PDM e do PU na área da Ponte de Galante (18 de Fevereiro de 2003), foi autorizado o início de procedimento para elaboração do Plano de Pormenor para a Ponte do Galante (15 de Abril de 2003), e aprovada pela Câmara (em 21 de Maio de 2003) a desafectação do domínio público municipal para o domínio privado municipal de uma outra parcela de terreno sita no Galante, com a área de 3979 metros quadrados.
A qual , mais tarde, haveria de tambem ser integrada no terreno onde agora se está erguendo uma gigantesca estrutura de betão que mais tarde terá apartamentos...
quinta-feira, maio 29, 2008
O MONSTRO
O faraónico futuro bloco de apartamentos que, imponente e medonho, se está erguendo na Ponte do Galante, na Figueira da Foz, vai já nos 10 pisos, como mostram as fotografias.
Mas calma. Ainda faltam 6 pisos . A altura final deve ficar acima da cota a que actualmente se encontra o braço horizontal do guindaste...
Irá fazer lembrar o famoso prédio Coutinho, na marginal ribeirinha de Viana do Castelo, construido nos tempos do PREC, aproveitando as confusões do tempo, e que agora querem fazer implodir. Aqui há uns anos, na Figueira, também já houve pessoas ilustres que falavam no seu desejo e na possibilidade de botar abaixo a torre Atlantico, junto do Grande Hotel. Não me recordo bem se o chegaram a prometer.
(Clicar nas imagens para as aumentar)
O ECONOMICISMO...
No debate de ontem entre os candidatos à liderança do PSD, Santana Lopes, mentor da ala populista do seu PPD/PSD, acusou Manuela Ferreira Leite de ter uma imagem economicista. Ele, Santana Lopes, claro que não é. Nada disso. Gosta de fazer, de gastar, de prometer, de fazer espuma, de tempos de festas, de ter ideias largas, grandiosas. É um anunciador de projectos sem contabilista. Isso viu-se nas gestões que fez nas Câmaras da Figueira da Foz e de Lisboa. Deixou as duas de tanga, em situação de pre-colapso financeiro, com calotes gigantescos, como todos vemos, sabemos e sentimos.
No debate de ontem entre os candidatos à liderança do PSD, Santana Lopes, mentor da ala populista do seu PPD/PSD, acusou Manuela Ferreira Leite de ter uma imagem economicista. Ele, Santana Lopes, claro que não é. Nada disso. Gosta de fazer, de gastar, de prometer, de fazer espuma, de tempos de festas, de ter ideias largas, grandiosas. É um anunciador de projectos sem contabilista. Isso viu-se nas gestões que fez nas Câmaras da Figueira da Foz e de Lisboa. Deixou as duas de tanga, em situação de pre-colapso financeiro, com calotes gigantescos, como todos vemos, sabemos e sentimos.
quarta-feira, maio 28, 2008
AS CRISES E OS CHOQUES PETROLÍFEROS
Lembram-se os mais velhos. Em 1973, também houve um tremendo choque petrolífero. Como sua consequência, houve longas filas de automóveis junto das bombas de gasolina, em que os carros iam sendo puxados à frente, arrastados ou empurrados pela força braçal dos seus condutores e vizinhos. Chegou a falar-se em racionamento da gasolina. Na Holanda, não se circulava por automóvel ao fim de semana nas auto-estradas , que ficavam então vazias. A própria rainha da Holanda circulava de bicicleta nas ruas de Haia . Em Portugal, dispararam os preços, começou a saber-se e a sentir-se o que era realmente a inflacção. Mais apertados no seu bem estar, dizendo ganhar pouco e gastar cada vez mais, cansados da guerra colonial, ideológicamente despertados pelos milicianos vindos das universidades, os capitães e majores da tropa fizeram a revoltosa amotinação do 25 de Abril. Que depois deu em revolução.
A crise resultante daquele choque petrolífero tambem foi classificada, quiça saudada e louvada por alguns, como a crise final do capitalismo ( leia-se modelo social de economia de mercado). Não foi . Como bem salientou recentemente a economista Teodora Cardoso, a ocorrência de crises faz parte do próprio código genético do capitalismo ( leia-se modelo social de economia de mercado) .
Mas este modelo social e económico tem sido ( e porventura será ainda) capaz de “digerir” essas crises, superando-as, criando novos paradigmas e figurinos de produção e de consumo, a eles se adaptando . Coisa diferente, acrescento eu, acontece com os modelos de economia centralizada e planificada. Quando as crises ocorrem, primeiro conseguem controlar-se os seus efeitos, nomedamente os sociais, mediante a força, a repressão, a censura e a polícia política. Quando já não é mais possível controlar e aguentar esses efeitos, ocorrem as implosões desses modelos e dos sistemas políticos onde estão implantados. Como aconteceu em todo o antigamente chamado bloco de Leste, no final da década de oitenta. Lembram-se disso os mais velhos , e também os menos velhos.
Quero com isto dizer que deveremos fechar os olhos e os ouvidos aos sinais que chegam , e continuar alegremente a consumir petroleo e energia barata ? De modo nenhum. Mas os remédios e as soluções terão de ser encontrados dentro do proprio modelo de econmia de mercado, que tem provadas virtualidades para aprender, corrigir e superar os desafios e as crises. O pior que poderia acontecer seria os cidadãos deixarem-se embalar, sobretudo no plano eleitoral, pelos cantos de sereia dos que, por ignorância, incompetência ou má fé, defendem soluções que já se viu no que deram. Nas décadas de cinquenta a oitenta, no tal antigamente chamado bloco de Leste.
Lembram-se os mais velhos. Em 1973, também houve um tremendo choque petrolífero. Como sua consequência, houve longas filas de automóveis junto das bombas de gasolina, em que os carros iam sendo puxados à frente, arrastados ou empurrados pela força braçal dos seus condutores e vizinhos. Chegou a falar-se em racionamento da gasolina. Na Holanda, não se circulava por automóvel ao fim de semana nas auto-estradas , que ficavam então vazias. A própria rainha da Holanda circulava de bicicleta nas ruas de Haia . Em Portugal, dispararam os preços, começou a saber-se e a sentir-se o que era realmente a inflacção. Mais apertados no seu bem estar, dizendo ganhar pouco e gastar cada vez mais, cansados da guerra colonial, ideológicamente despertados pelos milicianos vindos das universidades, os capitães e majores da tropa fizeram a revoltosa amotinação do 25 de Abril. Que depois deu em revolução.
A crise resultante daquele choque petrolífero tambem foi classificada, quiça saudada e louvada por alguns, como a crise final do capitalismo ( leia-se modelo social de economia de mercado). Não foi . Como bem salientou recentemente a economista Teodora Cardoso, a ocorrência de crises faz parte do próprio código genético do capitalismo ( leia-se modelo social de economia de mercado) .
Mas este modelo social e económico tem sido ( e porventura será ainda) capaz de “digerir” essas crises, superando-as, criando novos paradigmas e figurinos de produção e de consumo, a eles se adaptando . Coisa diferente, acrescento eu, acontece com os modelos de economia centralizada e planificada. Quando as crises ocorrem, primeiro conseguem controlar-se os seus efeitos, nomedamente os sociais, mediante a força, a repressão, a censura e a polícia política. Quando já não é mais possível controlar e aguentar esses efeitos, ocorrem as implosões desses modelos e dos sistemas políticos onde estão implantados. Como aconteceu em todo o antigamente chamado bloco de Leste, no final da década de oitenta. Lembram-se disso os mais velhos , e também os menos velhos.
Quero com isto dizer que deveremos fechar os olhos e os ouvidos aos sinais que chegam , e continuar alegremente a consumir petroleo e energia barata ? De modo nenhum. Mas os remédios e as soluções terão de ser encontrados dentro do proprio modelo de econmia de mercado, que tem provadas virtualidades para aprender, corrigir e superar os desafios e as crises. O pior que poderia acontecer seria os cidadãos deixarem-se embalar, sobretudo no plano eleitoral, pelos cantos de sereia dos que, por ignorância, incompetência ou má fé, defendem soluções que já se viu no que deram. Nas décadas de cinquenta a oitenta, no tal antigamente chamado bloco de Leste.
terça-feira, maio 27, 2008
REFLEXÃO E ACÇÃO
Hoje de manhã ouvi ser noticiado que o Diário de Notícias publicava um artigo de opinião de Mário Soares sobre a grave crise económica e social que Portugal irá atravessar. Digo irá, porque a fase aguda da verdadeira crise ainda mal começou. A procissão ainda vai no adro.
Fiquei na expectativa, e corri a lê-lo. Esperava nele encontrar algumas dicas, propostas de linhas de rumo, sugestões de medidas a tomar no imediato e no médio prazo, ainda que porventura ao jeito de tantos “treinadores de bancada” que por aí se vão lendo e ouvindo.
Mas não. Num registo de “ eu bem disse, eu bem avisei...” , característico de quem se julga sempre com razão, juntando pelo meio uma mais que justa condenação da “riqueza ostensiva e muitas vezes inexplicável”, talvez dirigida a alguma nomenclatura “ jetessética” com a qual gosta de conviver, o autor limita-e , ao fim e ao cabo, a “ sugerir ao PS e aos seus responsáveis”...uma reflexão profunda. Por aí se fica, pela sugestão da reflexão.
É pouco. É muito pouco para quem já foi Primeiro-Ministro de um governo que teve de enfrentar muitas manifestações recheadas de bandeiras negras, e que foi Presidente da República durante 10 anos. Ora bolas...Sugestões para que se façam reflexões também sou capaz de fazer.
Para além disso, quase sugere que a Assembleia da República, na sequência de uma piedosa petição promovida pela Comissão Justiça e Paz, aprove uma Lei que “ considere a pobreza uma violação dos Direitos Humanos “. E pronto..acrescento eu. Com esta nova Lei, o problema da pobreza ficava resolvido. Quem se julgasse ou tomasse como pobre, colocava num tribunal uma providência cautelar, e logo uma cornucópia de riqueza seria derramada sobre ele.
Hoje de manhã ouvi ser noticiado que o Diário de Notícias publicava um artigo de opinião de Mário Soares sobre a grave crise económica e social que Portugal irá atravessar. Digo irá, porque a fase aguda da verdadeira crise ainda mal começou. A procissão ainda vai no adro.
Fiquei na expectativa, e corri a lê-lo. Esperava nele encontrar algumas dicas, propostas de linhas de rumo, sugestões de medidas a tomar no imediato e no médio prazo, ainda que porventura ao jeito de tantos “treinadores de bancada” que por aí se vão lendo e ouvindo.
Mas não. Num registo de “ eu bem disse, eu bem avisei...” , característico de quem se julga sempre com razão, juntando pelo meio uma mais que justa condenação da “riqueza ostensiva e muitas vezes inexplicável”, talvez dirigida a alguma nomenclatura “ jetessética” com a qual gosta de conviver, o autor limita-e , ao fim e ao cabo, a “ sugerir ao PS e aos seus responsáveis”...uma reflexão profunda. Por aí se fica, pela sugestão da reflexão.
É pouco. É muito pouco para quem já foi Primeiro-Ministro de um governo que teve de enfrentar muitas manifestações recheadas de bandeiras negras, e que foi Presidente da República durante 10 anos. Ora bolas...Sugestões para que se façam reflexões também sou capaz de fazer.
Para além disso, quase sugere que a Assembleia da República, na sequência de uma piedosa petição promovida pela Comissão Justiça e Paz, aprove uma Lei que “ considere a pobreza uma violação dos Direitos Humanos “. E pronto..acrescento eu. Com esta nova Lei, o problema da pobreza ficava resolvido. Quem se julgasse ou tomasse como pobre, colocava num tribunal uma providência cautelar, e logo uma cornucópia de riqueza seria derramada sobre ele.
terça-feira, maio 20, 2008
APOIO ARRELIADOR
Segundo noticia a agência Lusa, o Presidente da Câmara da Figueira da Foz, embora não sendo formalmente filiado no PSD, declarou o seu apoio à candidatura de Manuela Ferreira Leite.
Santana Lopes não vai gostar. Santana Lopes vai ficar muito desgostoso e arreliado.
Por falar nisso. Santana Lopes não vem até à sua dilecta Figueira visitar os seus prosélitos locais e angariar votos, no decurso da campanha para as eleições internas do PPD/PSD?...
segunda-feira, maio 19, 2008
FUTEBOL : UM ANALGÉSICO PARA A CRISE
Ontem, o Presidente da Câmara de Lisboa recebeu no salão nobre dos seus Paços do Município, a equipa do Sporting, vencedora da Taça de Portugal. Não foi o campeonato nacional, não foi qualquer taça europeia. O gesto ainda se compreenderia em Moreira de Cónegos, na Trofa, ou em Paços de Ferreira, se fosse uma equipa destas terras a ganhar o troféu.
Em atmosfera de ridícula parolice, fez declarações entusiasmadas saudando a gloriosa vitória da equipa leonina. Vitória que, disse sem se rir, era boa para a cidade de Lisboa. Bem gostaria de saber como e porquê...
Hoje, é Viseu que recebe em grande festa os jogadores da selecção nacional de futebol que lá vão descansar e treinar cerca de duas semanas. A Câmara de Viseu alindou a cidade, fez obras nos passeios, colocou flores nos canteiros dos jardins, pintou passadeiras. Mandou colocar em muitas bandeirolas espalhadas pela cidade frases kitsh proclamando Viseu como sendo a espada e o escudo de Viriato, o heroico defensor da Lusitânea ( lembram-se da “Lusitânea” do europeu de há 4 anos?....). Os comerciantes chegam mesmo a dizer que esperam a ajuda dos jogadores de futebol para sairem da crise...
Perante todo este fervor provincianamente patriótico, o Governo e o Primeiro-Ministro, obviamente, acolhem-no com agrado. Bem vistas as coisas, pode ser um bom analgésico para as primeiras dores causadas pelo agravamento da crise, que se ainda não está aí em máxima força, vai estar em breve.
Ontem, o Presidente da Câmara de Lisboa recebeu no salão nobre dos seus Paços do Município, a equipa do Sporting, vencedora da Taça de Portugal. Não foi o campeonato nacional, não foi qualquer taça europeia. O gesto ainda se compreenderia em Moreira de Cónegos, na Trofa, ou em Paços de Ferreira, se fosse uma equipa destas terras a ganhar o troféu.
Em atmosfera de ridícula parolice, fez declarações entusiasmadas saudando a gloriosa vitória da equipa leonina. Vitória que, disse sem se rir, era boa para a cidade de Lisboa. Bem gostaria de saber como e porquê...
Hoje, é Viseu que recebe em grande festa os jogadores da selecção nacional de futebol que lá vão descansar e treinar cerca de duas semanas. A Câmara de Viseu alindou a cidade, fez obras nos passeios, colocou flores nos canteiros dos jardins, pintou passadeiras. Mandou colocar em muitas bandeirolas espalhadas pela cidade frases kitsh proclamando Viseu como sendo a espada e o escudo de Viriato, o heroico defensor da Lusitânea ( lembram-se da “Lusitânea” do europeu de há 4 anos?....). Os comerciantes chegam mesmo a dizer que esperam a ajuda dos jogadores de futebol para sairem da crise...
Perante todo este fervor provincianamente patriótico, o Governo e o Primeiro-Ministro, obviamente, acolhem-no com agrado. Bem vistas as coisas, pode ser um bom analgésico para as primeiras dores causadas pelo agravamento da crise, que se ainda não está aí em máxima força, vai estar em breve.
DESTAQUE
(...)
Ao incidir agora sobre os alimentos, a alta dos preços é dramática para quem tem de aplicar uma larga proporção dos seus escassos rendimentos na necessidade básica de comer. A inflacção traz dificuldades para as classes médias –já se nota, em Portugal, uma baixa no consumo de pão, leite, queijo, etc. Mas para os portugueses mais pobres, esta evolução dos preços traz mais fome.
(...)
Por isso a crise alimentar é um desafio à solidariedade social. Em Portugal e no mundo.
(...)
( Sarsfield Cabral , in PUBLICO de hoje )
(...)
Ao incidir agora sobre os alimentos, a alta dos preços é dramática para quem tem de aplicar uma larga proporção dos seus escassos rendimentos na necessidade básica de comer. A inflacção traz dificuldades para as classes médias –já se nota, em Portugal, uma baixa no consumo de pão, leite, queijo, etc. Mas para os portugueses mais pobres, esta evolução dos preços traz mais fome.
(...)
Por isso a crise alimentar é um desafio à solidariedade social. Em Portugal e no mundo.
(...)
( Sarsfield Cabral , in PUBLICO de hoje )
CONTENÇÃO NAS HOSSANAS E NOS FOGUETES
Fez anteontem exactamente um ano, publiquei aqui no QuintoPoder o seguinte postal :
O SEU A SEU DONO...
Fez anteontem exactamente um ano, publiquei aqui no QuintoPoder o seguinte postal :
O SEU A SEU DONO...
O governo e dirigentes politicos do PS, festejaram com vivas e foguetes, o reconfortável facto do PIB nacional do primeiro trimestre de 2007 ter sido superior em 2,1 % ao PIB do trimestre homólogo de 2006. Há muito tempo que não se verificava um valor tão elevado.
O aumento dá consolo e alguma esperança para o próximo futuro, haverá que reconhecer.Mas o governo e os dirigentes do PS enganam os portugueses ao anunciar, ou pelo menos ao insinuar, que lhes cabem os créditos da melhoria das actividade económica e exportadora que estiveram na base daquele aumento.
Alguns lhes caberão . Todavia relativamente poucos, convirá ser sério e realista.
O seu a seu dono. A principal razão para aquele crescimento residirá, em larguíssima escala, na melhoria e na reanimação da actividade económica dos parceiros comunitários mais importantes, designadamente a Alemanha e a Espanha ( nos trimestres comparados, o PIB espanhol cresceu em cerca de 4% , por exemplo).Não creio, de todo, ter decorrido tempo suficiente para que as reformas e as medidas correctivas colocadas em prática, e bem, pelo actual governo, nomeadamente quanto ao menor desequilíbrio das contas do Estado, à promoção do investimento e à modernização do tecido produtivo, tivessem começado já a dar os esperados frutos.Virão a dar, decerto, mas não num tão curto prazo.
Por isso, em nome da seriedade política, conviria aos actuais governantes nacionais serem um pouco mais contidos nos vivas, nas hossanas e nos foguetes.
As últimas estimativas do próprio Governo para 2008 são agora pessimistas e apontam para uma forte travagem do crescimento do produto interno. Como consequência, para conter o deficit relativo das contas do Estado, no limite anunciado de 2,4% do PIB, o deficit absoluto ( em milhões de euros) terá de ser reduzido. O que significa ter de travar as despesas de investimento, logo a criação de emprego.
No seu íntimo, o Ministro das Finanças já estará convencido que, em face da cada vez mais dificil conjuntura internacional e europeia, a taxa de desemprego irá aumentar ainda em 2008, e porventura mais em 2009 ; e que o mesmo acontecerá à taxa de inflacção, como resultado do galopante e imparável aumento do preço do petróleo, dos combustíveis, e logo da energia.
Perante a provável ocorrência de um tal cenário, o Primeiro-Ministro, o Governo e os dirigentes do PS irão admitir que isso deva ser levado a seu débito, que isso seja obra sua, e que tal seja consequência do seu desempenho governativo? Em homologia e boa concordância com as hossanas que cantaram há um ano, quando o PIB cresceu de 2,1 % , deverão admiti-lo .
As últimas estimativas do próprio Governo para 2008 são agora pessimistas e apontam para uma forte travagem do crescimento do produto interno. Como consequência, para conter o deficit relativo das contas do Estado, no limite anunciado de 2,4% do PIB, o deficit absoluto ( em milhões de euros) terá de ser reduzido. O que significa ter de travar as despesas de investimento, logo a criação de emprego.
No seu íntimo, o Ministro das Finanças já estará convencido que, em face da cada vez mais dificil conjuntura internacional e europeia, a taxa de desemprego irá aumentar ainda em 2008, e porventura mais em 2009 ; e que o mesmo acontecerá à taxa de inflacção, como resultado do galopante e imparável aumento do preço do petróleo, dos combustíveis, e logo da energia.
Perante a provável ocorrência de um tal cenário, o Primeiro-Ministro, o Governo e os dirigentes do PS irão admitir que isso deva ser levado a seu débito, que isso seja obra sua, e que tal seja consequência do seu desempenho governativo? Em homologia e boa concordância com as hossanas que cantaram há um ano, quando o PIB cresceu de 2,1 % , deverão admiti-lo .
Ou não será assim?...Ou será que quando a economia vai bem, o mérito é do Governo ; e quando vai mal, o demérito é da conjuntura económica externa?
Confirmo assim que já era altura dos governantes serem mais contidos na explosão de hossanas às suas obras e aos seus desempenhos, medidos estes pelos sucessos conjunturais das suas políticas económicas.
Confirmo assim que já era altura dos governantes serem mais contidos na explosão de hossanas às suas obras e aos seus desempenhos, medidos estes pelos sucessos conjunturais das suas políticas económicas.
Será mais prudente e sábio haver um pouco mais de contenção. Para que, pregando a economia real partidas destas, não lhes saia o tiro pela culatra...
sábado, maio 17, 2008
VÍCIOS PRIVADOS , PÚBLICAS VIRTUDES
ou o ridículo de um compromisso...
(...)
Sobre o anúncio da íntima decisão [de José Sócrates] de deixar de fumar, há a dizer que, parecendo insólita, se justifica perfeitamente. No fundo, o que humildemente nos pede Sócrates é o nosso apoio vigilante. Ao assumir este compromisso público ajuda-se a si próprio a vencer o vício e a evitar embaraços como o desta viagem. Agora sabe que, se for apanhado a fumar, mesmo no jardim de S. Bento, no mínimo cairá o Governo.
( Fernando Madrinha, in EXPRESSO de hoje )
ou o ridículo de um compromisso...
(...)
Sobre o anúncio da íntima decisão [de José Sócrates] de deixar de fumar, há a dizer que, parecendo insólita, se justifica perfeitamente. No fundo, o que humildemente nos pede Sócrates é o nosso apoio vigilante. Ao assumir este compromisso público ajuda-se a si próprio a vencer o vício e a evitar embaraços como o desta viagem. Agora sabe que, se for apanhado a fumar, mesmo no jardim de S. Bento, no mínimo cairá o Governo.
( Fernando Madrinha, in EXPRESSO de hoje )
COMOVENTE....
...este naco de prosa deste postal do blogue Miguel Almeida, " um espaço de reflexão entre eleitores e eleito" :
"Desta forma não quero deixar de assinalar a entrada em funcionamento desta infra-estrutura à qual o PSD e nomeadamente Pedro Santana Lopes, estão decisivamente associados, felicitando e regozijando-me com a população que inteiramente a merece, e muito poderá dela beneficiar em termos de bem-estar e de desenvolvimento futuro."
Comovente por lembrar que o saudoso Santana Lopes está "decisivamente" associado ao hoje inaugurado novo troço da A17 . E porquê?. Porque foi ele que assinou o contrato de concessão. Em seis meses do seu inolvidável governo, zás-pás, estudou, deliberou, assinou o contrato. Dá gosto ver estadistas assim com esta capacidade de decisão...e de fazer coisas, obras....
Comovente também pelo desvelo que o autor do blogue revela para com a "população que inteiramente a merece". E que certamente lhes deverá estar muito agradecida. A ele, deputado, e a Santana Lopes, o grande decisor e executor...
VALE A PENA TENTAR....
“Se alguma coisa quero dar à democracia é fazer a experiência de ver o que acontece se falarmos verdade”
(Manuel Ferreira Leite, segundo o EXPRESSO de hoje)
Desejo que a experiência resulte . Mas não estou certo que resulte. Muitos dos destinatários directos daquela mensagem gostam mais de viver embalados e inebriados pelas irresponsáveis mas divertidas fantasias santanistas. Veremos.
“Se alguma coisa quero dar à democracia é fazer a experiência de ver o que acontece se falarmos verdade”
(Manuel Ferreira Leite, segundo o EXPRESSO de hoje)
Desejo que a experiência resulte . Mas não estou certo que resulte. Muitos dos destinatários directos daquela mensagem gostam mais de viver embalados e inebriados pelas irresponsáveis mas divertidas fantasias santanistas. Veremos.
sexta-feira, maio 16, 2008
AS NUVENS NEGRAS E A TEMPESTADE
Pairando já bem por cima de nós, aí temos as nuvens negras que há tempos se vislumbravam no horizonte. A tempestade virá a seguir. À escala mundial e europeia, crise financeira, crise energética, crise alimentar. Faltam ainda, para piorar as coisas, a crise do rebentamento da bolha imobiliária espanhola e a forte travagem da economia do país vizinho . Tudo vem na pior altura. Não só para José Sócrates, o seu Governo e o PS, num ponto de vista do calendário eleitoral. Mas sobretudo para os portugueses, em especial para os economicamente mais frágeis.
Reconheço a injustiça. José Sócrates teve o mérito de escolher a boa estratégia para gerir o ciclo político ligado á legislatura de 4 anos, em obediência às boas práticas consagradas pela sábia política em regime democrático : fazer apertar o cinto nos 3 primeiros anos, para depois o desapertar no último ano, antecedente a nova consulta eleitoral. Mas a vida política e o eleitorado nem sempre premeiam a sabedoria. E a economia real prega destas partidas.
O crescimento económico vai estagnar. A inflacção e a taxa de desemprego vão ainda aumentar mais. O deficit das contas públicas não irá baixar como planeado e anunciado ; em grande parte por causa do aumento do desemprego e da redução do crescimento do PIB. Já não será mau de todo se for contido dentro do tal limite de 3% do PIB, que é o patamar crítico.
Perante este cenário, vão chegar as eleições, daqui a cerca de um ano. Faço votos por que nenhum dos dois políticos que se irão apresentar como candidatos a Primeiro-Ministro tenha a desastrosa ideia de, irresponsavelmente, vir a prometer um próximo futuro repleto de grande prosperidade, boa e fácil vida, e muita folga para consumir. Promessas assim do género do choque fiscal para reduzir os impostos, da criação de não sei quantos mil postos de trabalho, do fim das listas de espera. Espero que tenham apreendido com a experiência dos últimos anos.
Vai haver seguramente alguns mais barulhentos a prometer que, se as suas ideias generosas e as suas propostas sedutoras forem acolhidas, haverá manhãs que cantam, e que o sol voltará a brilhar para todos nós. Podem fazê-lo à vontade, prometendo o céu, a lua e o bacalhau a pataco, fazendo demagogia quanto baste. Sabem que não serão governo. Porque, como também sabem, a grande maioria do povo português não é tonto.
Pairando já bem por cima de nós, aí temos as nuvens negras que há tempos se vislumbravam no horizonte. A tempestade virá a seguir. À escala mundial e europeia, crise financeira, crise energética, crise alimentar. Faltam ainda, para piorar as coisas, a crise do rebentamento da bolha imobiliária espanhola e a forte travagem da economia do país vizinho . Tudo vem na pior altura. Não só para José Sócrates, o seu Governo e o PS, num ponto de vista do calendário eleitoral. Mas sobretudo para os portugueses, em especial para os economicamente mais frágeis.
Reconheço a injustiça. José Sócrates teve o mérito de escolher a boa estratégia para gerir o ciclo político ligado á legislatura de 4 anos, em obediência às boas práticas consagradas pela sábia política em regime democrático : fazer apertar o cinto nos 3 primeiros anos, para depois o desapertar no último ano, antecedente a nova consulta eleitoral. Mas a vida política e o eleitorado nem sempre premeiam a sabedoria. E a economia real prega destas partidas.
O crescimento económico vai estagnar. A inflacção e a taxa de desemprego vão ainda aumentar mais. O deficit das contas públicas não irá baixar como planeado e anunciado ; em grande parte por causa do aumento do desemprego e da redução do crescimento do PIB. Já não será mau de todo se for contido dentro do tal limite de 3% do PIB, que é o patamar crítico.
Perante este cenário, vão chegar as eleições, daqui a cerca de um ano. Faço votos por que nenhum dos dois políticos que se irão apresentar como candidatos a Primeiro-Ministro tenha a desastrosa ideia de, irresponsavelmente, vir a prometer um próximo futuro repleto de grande prosperidade, boa e fácil vida, e muita folga para consumir. Promessas assim do género do choque fiscal para reduzir os impostos, da criação de não sei quantos mil postos de trabalho, do fim das listas de espera. Espero que tenham apreendido com a experiência dos últimos anos.
Vai haver seguramente alguns mais barulhentos a prometer que, se as suas ideias generosas e as suas propostas sedutoras forem acolhidas, haverá manhãs que cantam, e que o sol voltará a brilhar para todos nós. Podem fazê-lo à vontade, prometendo o céu, a lua e o bacalhau a pataco, fazendo demagogia quanto baste. Sabem que não serão governo. Porque, como também sabem, a grande maioria do povo português não é tonto.
quarta-feira, maio 14, 2008
ONDE É QUE ESTAVA NO 14 DE MAIO DE 1958...
Há 50 anos, no dia 14 de Maio, o General Humberto Delgado era triunfalmente recebido no Porto. A foto acima foi tirada da varanda da sede portuense da sua candidatura , na Praça Carlos Alberto, por cima de um café . Devo lá estar, perdido na multidão, ao fundo da fotografia.
Por aquele tempo, com 17 anos, mas com ar de um liceal de 13 a 14 anos, pouco ou quase nada me interessava por política. Não obstante, já tivera um leve despertar, nos dois anos em que frequentara o 6º e 7º ano do Liceu, em Vila Real, um pouco por efeito do convívio em casa do Eurico Figueiredo.
Por aqueles dias do meio de Maio, caloiro da Faculdade de Ciências do Porto, a minha atenção concentrava-se no estudo intensivo para o exame de frequência da cadeira de Mineralogia Geral, que teria lugar dali a uns escassos dias.
Soubera vagamente da existência de uma candidatura de um general a quem o “Diário da Manhã” , orgão oficial da União Nacional, havia chamado de general coca cola, e insinuado que estava apoiado pelos americanos. Lera no “Primeiro de Janeiro” uma pequena notícia a duas colunas, no fundo de uma qualquer página, que tinha havido um incidente em Lisboa, em que o General dissera uma frase afirmando que iria demitir Salazar. Conhecera mais desse incidente, depois famoso e histórico, através de editoriais e comentários indignados do dito “Diário da Manhã” que estava sempre disponível para consulta sobre a mesa do bar do Centro Universitário, à Rua da Boa Hora. Jornal a que chamávamos “ o dobradinho”, percebe-se bem porquê...
Uns dias antes , observei, em algumas montras da baixa portuense, umas pequenas folhas de papel informando que o General Humberto Delgado chegaria ao Porto no dia 14 de Maio, vindo de Lisboa, no comboio Foguete da tarde . Picado pela curiosidade, mas tendo necessidade de intensificar o meu estudo para a próxima frequência, procurei programar a minha vida para esse dia. Ia estudar, no meu quarto alugado da Rua da Torrinha, até cerca das cinco e meia da tarde. Faria depois uma pausa e iria até à Estação de São Bento, onde comprava um bilhete de gare, e ia ao cais ver a chegada do comboio Foguete para ver o aspecto do tal general. Depois, tomava um eléctrico das carreiras 4 (para Pereiró) ou 6 ( para o Monte dos Burgos), pagava os seis tostões da praxe, iria jantar à cantina da Rua do Rosário, após o que regressaria a casa para continuar a estudar. Era esse o meu plano para a tarde desse dia.
Com ele em mente, saí de casa às cinco e meia, percorrendo toda a longa rua de Cedofeita. Estranhei que pela rua fora muita gente circulasse a pé, apressada . Chegado à Praça Carlos Alberto comecei a encontrar cada vez mais gente. Na Praça dos Leões, a multidão engrossara. Fui descendo até à Torre dos Clérigos, cada vez com mais dificuldade em abrir caminho por entre as pessoas. Cheguei até 50 metros abaixo da Torre, e daí não consegui furar. Olhando para baixo, na inclinada rua dos Clérigos, via um mar contínuo de gente, uma multidão compacta, que enchia, tanto quanto a vista podia enxergar, toda a parte sul da Praça da Liberdade, prolongando-se para além do meio da então designada rua de Santo António . Por ali fiquei, abismado por tal gigantesco cenário, que nunca vira antes.
Passado um tempo, ouve-se lá em cima, onde eu estava, um bru-à-à e um clamor imenso, e vê-se a multidão cá em baixo a agitar-se. Lentamente, aproximava-se um automóvel descapotável, com um vulto fardado de militar, em pé, agitando os braços, fazendo a continência e erguendo os punhos cerrados. Na frente da viatura, dois agentes da PSP, meio surpreendidos e assustados, montados sobre motocicletas, tentavam abrir um pequeno corredor por onde o carro com o General, em pé, ia avançando lentamente e com dificuldade.
Quando o General se aproxima mais, avisto-o a poucos metros, inebriado por todo aquele esmagador entusisamo . Também inebriada, a multidão empolgada levanta e agita os braços, aplaude vibrantemente e começa a gritar “ Liberdade...Liberdade”. Um arrepio percorre-me a espinha, fico possuido de um nervoso miudinho, compartilhando a loucura da gigantesca multidão. De repente, dou comigo também arrebatado , a levantar o punho, a bater palmas e a gritar “Liberdade..Liberdade !...”.
A multidão compacta segue o carro do General, subindo a rua dos Clérigos, a caminho da Praça Carlos Alberto. Sigo-a, arrastado por ela, andando tão depressa quanto posso, não dá para correr. Na Praça, fico já distante da varanda onde, passado algum tempo, o General voltará a acenar à imensa mole de povo que a fotografia ilustra. Fazia-se tarde, tive que ir e lá fui jantar à cantina universitária, onde era raro discutir-se política, e onde os estudantes presentes apenas trocaram uns breves e anódinos comentários sobre o passado naquela tarde.
Depois de jantar, não resisti, adiando por mais um tempo a hora de retomar o imperioso estudo para o exame. Acompanhado de mais dois colegas, regressei à baixa do Porto, tentando passar pelo Hotel Infante de Sagres, onde sabia ter-se hospedado o General. Mas encontrei ruas cortadas, pequenas multidões dispersas na zona do Coliseu do Porto, toda a área da baixa num pandemónio de fugas e correrias, soldados da GNR a cavalo, façanhudos polícias de capacete e aspecto ameaçador, armados de espingardas . Cauteloso, depois de vividas as emoções da tarde, resolvi regressar a casa . Impunha-se continuar o estudo até à madrugada.
No dia seguinte, despertei ansioso por volta das nove da manhã. Queria ver o que iam noticiar os jornais do Porto . Imaginava já os seus títulos a toda a largura da primeira página, com fotografias impressionantes das multidões do dia anterior. Interrogava-me sobre como iriam a opinião pública e os governantes reagir, o que iriam dizer, o que iria depois acontecer.
Às nove e meia, corri para a pequena loja da rua da Torrinha onde se vendiam jornais. Pedi “ O Comércio do Porto” ou “ O Primeiro de Janeiro” . Irónico, o homem informa-me que não tinham ainda chegado. Como assim, perguntei, decepcionado. O homem encolheu os ombros e balbuciou um resmungo. Comecei a perceber o que se passava. Voltei pelas onze horas. Os jornais já tinham chegado. Peguei ansioso no “Primeiro de Janeiro”. Num canto ao fundo da primeira página, com título a duas pequenas e singelas colunas, sem quaisquer fotografias, lia-se que o General Humberto Delgado havia chegado ontem ao Porto. E quase nada mais .
Senti-me de novo possuido de um nervoso miudinho, desta vez de estupefacção, de indignação e de revolta. Como era possível ?. Cheguei a dirigir a minha ira mental contra o próprio jornal. Se houve intervenção da Censura política, mais valia não terem publicado nada, a darem a notícia daquela maneira e com aquele ridículo e indecente relevo.
Sem nada saber sobre o que entretanto se passava em Lisboa ( a que Humberto Delgado havia entretanto regressado, recebido triunfalmente em Santa Apolónia ), ao fim da tarde do dia 15 de Maio dei de novo uma volta pela baixa portuense. Sentia-se um clima tenso, pequenos grupos de 3 e 4 pessoas juntavam-se pelas esquinas e pelos passeios , havia muitos mais polícias que habitualmente. Junto da pastelaria Ateneia, na Praça da Liberdade, vi um maior ajuntamento de pessoas que discutiam, meio em surdina. Aproximei-me e descobri o que acontecia. Numa parede do local, existia uma vitrina onde era costume colocarem um exemplar do “Diário da Manhã”. Alguem tinha partido o vidro à pedrada. O jornal ainda lá ficara, e nele podia ler-se, a toda a largura da sua primeira página : “ Constitui um rotundo fracasso a visita do General Delgado ao Porto “. Fiquei siderado com tamanha lata, revoltado com tamanha mentira e falta de vergonha.
No dia seguinte, passei pela sede da candidatura do General. À entrada, perguntei se me podiam dar umas dezenas de panfletos de propaganda . Deram-me cerca de cem. No fim de semana, fui a Viana no comboio que saía de São Bento às 7 da tarde . Pelo trajecto, escondido na carruagem, quando o comboio largava de uma estação, ia deitando pela janela fora uns quantos exemplares dos folhetos com o nome e a fotografia do General, espalhando-os ao longo do cais que ia ficando para trás.
A partir daqueles dias, nada seria mais como antes na vida política portuguesa.
Começara um tempo novo para Portugal. Para mim também.
terça-feira, maio 13, 2008
OS PROJECTOS SEM CONTABILISTA
(...)
Mas há pior, que é fazer uma lista de medidas governativas daquelas que eu posso sempre fazer numa noite, meio tiradas dos jornais, meio atiradas numa conversa de restaurante, e chamar-lhe um "programa de governo", um "projecto para o país". Pobre país com estes "projectos", sem "contabilista", que o deixariam, como algumas câmaras municipais, anos e anos paralisadas para pagar a festa, as piscinas, os centros de congressos. Dêem-me dinheiro sem "contabilidade" e até eu, um não-fazedor a não ser de livros, farei um bom par de piscinas e uma festinha da moda.
(...)
(Pacheco Pereira, in PUBLICO do passado sábado)
DESTAQUES E RECORTES
“(...)
Lurdes Rodrigues tornou explícito o que já estava implícito no ensino português : “aprender” já não é necessário. A escola já não ensina; a sua função é “entreter” . Os adolescentes são entretidos enquanto os pais trabalham, e os professores ficam reduzidos à condição de “baby-sitters” com canudos. Que futuros cidadãos estão a ser criados neste facilitismo? Queremos cidadãos que chegam à faculdade sem hábitos de trabalho e sem cacapcidades básicas?.
Lurdes Rodrigues revela o pior do “eduquês”. Esta ideologia vive obcecada com o igualitarismo : todos os meninos são iguais, dizem os pedagogos. A escola do “eduquês” oferece diversão e não conhecimento por causa de um ponto muito simples : se a escola ensinasse realmente as crianças, toda a gente perceberia que os “meninos”, afinal, não são todos iguais ; há uns mais inteligentes, e há aqueles que merecem chumbar. Ora, chumbar alguém representa a negação do igualitarismo. Portanto, o “eduquês” aboliu a “retenção”. E, no processo, aboliu também o mérito e o esforço.
(...)
(Henrique Raposo, in EXPRESSO do passado sábado)
“ (...)
(...) o homem [Santana Lopes] é um “case-study” : tem um egocentrismo tão exarcebado e tão fora da realidade que impressiona. Não é que volta “mais previsível”, menos “radical” e menos “impulsivo” , a prometer não voltar a “queixar-se" da comunicação social? De caminho, esquece o seu humilhante despedimento por um Presidente da República, o seu governo de troça constante, a sua impressionante derrota eleitoral, apesar (?) dos ataques de baixo nível que dedicou aos adversários. A sua persistência em aparecer lembra os meninos sós e vazios, sempre a chamarem a atenção, queixando-se da incompreensão à sua volta. Perderá as directas, mas voltará sempre : enquanto tiver UM militante que o apoie e UM jornalista disposto a ouvi-lo.
(...)
Já perceberam que eu sou pela Manuel, a quem daria o meu voto se fosse do PSD. Tem ar de avó, a lembrar os valores da família e disposta a puxar as orelhas àqueles meninos malcriados. A sério : é a a única PESSOA no meio de tanta balbúrdia. Confere dignidade à luta política, tem ar e currículo de pessoa séria, até acha ridículo (e muito bem) que lhe perguntem se o país está preparado “ para eleger uma mulher PM” . Sempre que intervém mostra estudo e reflexão, tem o mínimo de densidade cultural para chefiar a oposição. Dá-nos à partida a garantia de que não tolerará os gritos e a troça de Sócrates, o que será bom para o seu partido e um exemplo excelente para a nossa democracia.
Espero que ganhe nas directas do PSD e perca no país, mas ficaremos a agradecer-lhe o respeito que vai devolver à luta política “
( Daniel Sampaio, médico psiquiatra, no PUBLICO do passado domingo)
“(...)
Lurdes Rodrigues tornou explícito o que já estava implícito no ensino português : “aprender” já não é necessário. A escola já não ensina; a sua função é “entreter” . Os adolescentes são entretidos enquanto os pais trabalham, e os professores ficam reduzidos à condição de “baby-sitters” com canudos. Que futuros cidadãos estão a ser criados neste facilitismo? Queremos cidadãos que chegam à faculdade sem hábitos de trabalho e sem cacapcidades básicas?.
Lurdes Rodrigues revela o pior do “eduquês”. Esta ideologia vive obcecada com o igualitarismo : todos os meninos são iguais, dizem os pedagogos. A escola do “eduquês” oferece diversão e não conhecimento por causa de um ponto muito simples : se a escola ensinasse realmente as crianças, toda a gente perceberia que os “meninos”, afinal, não são todos iguais ; há uns mais inteligentes, e há aqueles que merecem chumbar. Ora, chumbar alguém representa a negação do igualitarismo. Portanto, o “eduquês” aboliu a “retenção”. E, no processo, aboliu também o mérito e o esforço.
(...)
(Henrique Raposo, in EXPRESSO do passado sábado)
“ (...)
(...) o homem [Santana Lopes] é um “case-study” : tem um egocentrismo tão exarcebado e tão fora da realidade que impressiona. Não é que volta “mais previsível”, menos “radical” e menos “impulsivo” , a prometer não voltar a “queixar-se" da comunicação social? De caminho, esquece o seu humilhante despedimento por um Presidente da República, o seu governo de troça constante, a sua impressionante derrota eleitoral, apesar (?) dos ataques de baixo nível que dedicou aos adversários. A sua persistência em aparecer lembra os meninos sós e vazios, sempre a chamarem a atenção, queixando-se da incompreensão à sua volta. Perderá as directas, mas voltará sempre : enquanto tiver UM militante que o apoie e UM jornalista disposto a ouvi-lo.
(...)
Já perceberam que eu sou pela Manuel, a quem daria o meu voto se fosse do PSD. Tem ar de avó, a lembrar os valores da família e disposta a puxar as orelhas àqueles meninos malcriados. A sério : é a a única PESSOA no meio de tanta balbúrdia. Confere dignidade à luta política, tem ar e currículo de pessoa séria, até acha ridículo (e muito bem) que lhe perguntem se o país está preparado “ para eleger uma mulher PM” . Sempre que intervém mostra estudo e reflexão, tem o mínimo de densidade cultural para chefiar a oposição. Dá-nos à partida a garantia de que não tolerará os gritos e a troça de Sócrates, o que será bom para o seu partido e um exemplo excelente para a nossa democracia.
Espero que ganhe nas directas do PSD e perca no país, mas ficaremos a agradecer-lhe o respeito que vai devolver à luta política “
( Daniel Sampaio, médico psiquiatra, no PUBLICO do passado domingo)
segunda-feira, maio 12, 2008
PESSOAS DE BEM A PAGAR A TEMPO E HORAS
A fazer fé nos dados facultados pela Direcção Geral das Autarquias Locais, o Prazo Médio de Pagamento (PMP) aos fornecedores, por parte da Camara Municipal da Figueira da Foz ( CMFF), no final de 2007, era de 170 dias. Qualquer coisa como meio ano.
A fazer fé nos dados facultados pela Direcção Geral das Autarquias Locais, o Prazo Médio de Pagamento (PMP) aos fornecedores, por parte da Camara Municipal da Figueira da Foz ( CMFF), no final de 2007, era de 170 dias. Qualquer coisa como meio ano.
Verdade seja que há casos bem piores, como o caso extremo de Oliveira de Azemeis (PMP = 671 dias!...), de Gondomar (PMP=629 dias) ou Coimbra (PMP = 204 dias). Mas, como diz a sabedoria popular, com o mal dos outros podemos nós bem. No ranking dos mais longos PMP’s , a CMFF ocupa o 72º lugar. O que, entre 308 municípios, não é de todo um lugar honroso.
Por outro lado, segundo noticia o Semanário Económico do passado sábado, foram só 43 as cãmaras municipais que se candidataram ao “Programa Pagar a Tempo e Horas”, criado e dotado pelo Governo para que, através de empréstimos especificamente contraidos para esse efeito, aquelas autarquias possam liquidar os seus calotes aos fornecedores em prazos razoáveis, e assim começarem a comportar-se como pessoas de bem. Na lista daquelas 43 câmaras municipais, não consta a da Figueira da Foz. Desconheço as razões porque não consta. Talvez por não estar muito preocupada com as dívidas que tem.
Por outro lado, segundo noticia o Semanário Económico do passado sábado, foram só 43 as cãmaras municipais que se candidataram ao “Programa Pagar a Tempo e Horas”, criado e dotado pelo Governo para que, através de empréstimos especificamente contraidos para esse efeito, aquelas autarquias possam liquidar os seus calotes aos fornecedores em prazos razoáveis, e assim começarem a comportar-se como pessoas de bem. Na lista daquelas 43 câmaras municipais, não consta a da Figueira da Foz. Desconheço as razões porque não consta. Talvez por não estar muito preocupada com as dívidas que tem.
domingo, maio 11, 2008
sexta-feira, maio 09, 2008
O PÊPÊ-DÊ-PÊ-ESSE-DÊ...
Santana Lopes, o “menino guerreiro”, faz questão de sempre se referir ao PPD/PSD , pretendendo fazer a diferença, de forma irritante e bizarramente possidónia . O actual líder local do mesmo partido, no seu sítio da internet, também faz gala em escrever PPD/PSD, não obstante o mesmo sítio estar encabeçado com as setas que são o símbolo do partido, prosaicamente acompanhado pela sigla PSD. Não sei se, em corrente e descontraido discurso verbal, também dirá pêpê-dê-pê-esse-dê . É muito capaz disso. Bem vistas as coisas, o “querido líder” Santana Lopes ainda é capaz de voltar a aparecer e andar por aqui, pela Figueira da Foz, um dia destes, para ser candidato às eleições autárquicas, à Câmara ou à Assembleia Municipal.
Santana Lopes, o “menino guerreiro”, faz questão de sempre se referir ao PPD/PSD , pretendendo fazer a diferença, de forma irritante e bizarramente possidónia . O actual líder local do mesmo partido, no seu sítio da internet, também faz gala em escrever PPD/PSD, não obstante o mesmo sítio estar encabeçado com as setas que são o símbolo do partido, prosaicamente acompanhado pela sigla PSD. Não sei se, em corrente e descontraido discurso verbal, também dirá pêpê-dê-pê-esse-dê . É muito capaz disso. Bem vistas as coisas, o “querido líder” Santana Lopes ainda é capaz de voltar a aparecer e andar por aqui, pela Figueira da Foz, um dia destes, para ser candidato às eleições autárquicas, à Câmara ou à Assembleia Municipal.
quinta-feira, maio 08, 2008
OS PLANOS ESTRATÉGICOS , A HABITAÇÃO E O ARRENDAMENTO
Está a ser anunciado um novo plano estratégico. Lá planos não faltam. Desta feita é sobre habitação. Entre autarquias e administração central, devem haver por aí umas boas centenas de planos estratégicos. Aqui pela Figueira da Foz já têm sido encomendados e apresentados alguns.
Foi necessário um estudo “científico”, um livro branco, ou lá o que se chame, laboriosamente feito por um “grupo inter-disciplinar” ( como agora se diz) de sábios ou de consultores, certamente muito bem pagos, para se chegar à conclusão de que se deve muito mais apostar na reabilitação de prédios, e muito menos na construção de novas habitações? . Não será esta uma conclusão que há muito entrava pelos olhos dentro de mais prosaico cidadão dotado de um mínimo de bom senso?
Como no resto da economia, o mercado de arrendamento funciona através da celebração de contratos. Havendo, numa das partes contratantes, uma sistemática desconfiança quanto à garantia de que os contratos virão a ser cumpridos, e de que, não o sendo, a Justiça intervem com eficiência e celeridade, essa parte contratante do lado da oferta ( dos bens ou serviços) acautela-se, retrai-se ou, mais gravemente, suspende a oferta.
O que nos remete, imediatamente e mais uma vez, para o sistema judicial português como um dos factores mais bloqueadores do esforço destinado a retirar Portugal do seu comatoso estado de sub-desenvolvimento, por muito que queira fazer figura de novo-rico.
Medidas e incentivos fiscais, como as agora anunciadas, ou penalizações como as já existentes em sede do imposto municipal IMI, poderão dar uma pequena ajuda. Mas será querer curar um cancro com aspirinas.
Nas fotos acima ilustra-se o estado em que se encontram muitos prédios do Bairro Novo, na Figueira da Foz. Muitos mais exemplos poderiam ser apresentados, a começar pelo Castelo Engº Silva, propriedade do Município, está em situação de pre-derrocada. O prédio da 1ª foto está naquele estado, aparentemente com obras em curso de recuperação e reabilitação, há já vários meses...
(Clicar nas imagens para as aumentar)
quarta-feira, maio 07, 2008
AS CORPORAÇÕES...
Lá temos novamente o Sindicato dos Magistrados “funcionários “ do Ministério Público a mijar fora do penico, segundo leio nesta notícia.
O que é que o Sindicato tem a ver com as razões da demissão do Director da Policia Judiciária, e com os critérios que o Governo usou ou deixou de usar na nomeação do novo Director ? O Sindicato é para defender as condições laborais dos seus associados. Não tem nada de se meter onde não é chamado. Espero bem que seja esta a resposta que o desorientado Ministro da Justiça dê ao dito Sindicato e ao inefável e melífluo doutor Cluny, seu mentor e dirigente corporativo.
Post Scriptum
Já agora , vale a pena transcrever um comentário à citada notícia do SOL :
Ora, parece que há quem queira manter na judiciària, elementos de 1ª e elementos de 2ª. Para os srs magistrados todos são iguais na judiciària, mas eles são apenas mais iguais que os outros e como tal os unicos a poder aspirar à direcção da instituição.Já é tempo de acabar com as panelinhas do canudo e das batas, e escolher quem demonstra ter competência comprovada no campo.Só posso elogiar a escolha tomada. Tomara que fosse assim em tudo o resto.
sharpe, em 2008-05-07 11:41:17
Lá temos novamente o Sindicato dos Magistrados “funcionários “ do Ministério Público a mijar fora do penico, segundo leio nesta notícia.
O que é que o Sindicato tem a ver com as razões da demissão do Director da Policia Judiciária, e com os critérios que o Governo usou ou deixou de usar na nomeação do novo Director ? O Sindicato é para defender as condições laborais dos seus associados. Não tem nada de se meter onde não é chamado. Espero bem que seja esta a resposta que o desorientado Ministro da Justiça dê ao dito Sindicato e ao inefável e melífluo doutor Cluny, seu mentor e dirigente corporativo.
Post Scriptum
Já agora , vale a pena transcrever um comentário à citada notícia do SOL :
Ora, parece que há quem queira manter na judiciària, elementos de 1ª e elementos de 2ª. Para os srs magistrados todos são iguais na judiciària, mas eles são apenas mais iguais que os outros e como tal os unicos a poder aspirar à direcção da instituição.Já é tempo de acabar com as panelinhas do canudo e das batas, e escolher quem demonstra ter competência comprovada no campo.Só posso elogiar a escolha tomada. Tomara que fosse assim em tudo o resto.
sharpe, em 2008-05-07 11:41:17
A SEGUNDA HABITAÇÃO...
Leio esta notícia da Lusa , de onde destaco :
Mário Frota, reportando-se a um documento de facturação, referiu que um utente do serviço na Figueira da Foz por um consumo de água de 2,32 euros teve de pagar cerca de 30 euros, pela adição de várias taxas aplicadas pela empresa.
Leio esta notícia da Lusa , de onde destaco :
Mário Frota, reportando-se a um documento de facturação, referiu que um utente do serviço na Figueira da Foz por um consumo de água de 2,32 euros teve de pagar cerca de 30 euros, pela adição de várias taxas aplicadas pela empresa.
Poderei estar enganado. Mas cheira-me que, muito possivelmente, o tal utente do serviço na Figueira da Foz será proprietário de um apartamento de segunda habitação, a que vem residir nos fins de semanas e duas semanas em Agosto.
Já uma vez referi aqui que uma forma de penalizar um pouco a propriedade deste tipo de habitação ( e quem a tem não será propriamente um pobrezinho...) , de que a Figueira está super repleta, seria a aplicação de uma taxa base de disponibilidade ou de consumo mínimo, ou como quer que se possa chamar, compensada por uma correspondente redução do custo da água realmente consumida, no escalão mais baixo.
A Lei 12/2008, no tocante à proibição da aplicação de uma taxa daquele tipo, é um disparate, indo ao arrepio de uma sensata política de justiça social. Se promover a segunda habitação e facilitar a vidinha dos seus proprietários é uma política de esquerda, eu vou ali e já venho....
terça-feira, maio 06, 2008
O GLAMOUR E A POLÍTICA
" O seu [de Manuela Ferreira Leite] anti-glamour tem condições para ser nos dias dificeis que correm um activo eleitoral "
( in Editorail do PUBLICO de hoje )
“(...) No Largo do Rato já se percebeu que, em caso de vitória, a candidatura de Ferreia Leite lhes exigirá ( ao partido, mas sobretudo ao Governo) um rigor e uma exigência por ambos, PS e governação, dispensados até aqui. E que o estímulo provocado pela óbvia consistência dessa candidatura obrigará fatalmente o poder socialista a outra atitude, outro discurso, outra resposta.”
(Maria João Avilez, in SÀBADO da semana passada)
(Maria João Avilez, in SÀBADO da semana passada)
A PERSPEKTIVA NEVSKI
O líder da concelhia do PPD/PSD já veio finalmente anunciar que a “vontade colectiva” da Comissão Política Concelhia, o que quer que isso seja, vai no sentido de apoiar Santana Lopes. Embora sendo formalmente independente, o actual Presidente da Câmara da Figueira deve tambem apoiar o candidato da ala populista do PPD/PSD, conhecida como é a sua indefectível dedicação ao “menino guerreiro” e “ querido líder” . Sem surpresas portanto.
O líder da concelhia do PPD/PSD já veio finalmente anunciar que a “vontade colectiva” da Comissão Política Concelhia, o que quer que isso seja, vai no sentido de apoiar Santana Lopes. Embora sendo formalmente independente, o actual Presidente da Câmara da Figueira deve tambem apoiar o candidato da ala populista do PPD/PSD, conhecida como é a sua indefectível dedicação ao “menino guerreiro” e “ querido líder” . Sem surpresas portanto.
Como já escrevi aqui, Lenine tinha mesmo razão : a actividade política, e sobretudo alguma política intra partidária, não se parece em nada com a Perspektiva Nevski .
Compreende-se. Com este inteligente apoio, Santana Lopes não ficará chateado com a sua corte e as suas hostes da Figueira da Foz e, se perder as directas, pode ser que, meio desempregado político, aceite ser candidato às próximas eleições locais na Figueira da Foz, pelo menos para a Assembleia Municipal, podendo assim vir a assumir as vestes de D.Sebastião, dando ânimo, conforto e ajuda aos seus dedicados apoiantes locais.
Nas anteriores eleições internas, o actual líder local do PPD/PSD deu o seu apoio a Marques Mendes, contra o candidato populista Filipe Menezes . Agora apoia o populista ex-segundo do ex-líder nacional, Filipe Menezes, contra Manuela Ferreira Leite, agora apoiada por Marques Mendes. De facto, nada de parecido com a Perspektiva Nevski...
Compreende-se. Com este inteligente apoio, Santana Lopes não ficará chateado com a sua corte e as suas hostes da Figueira da Foz e, se perder as directas, pode ser que, meio desempregado político, aceite ser candidato às próximas eleições locais na Figueira da Foz, pelo menos para a Assembleia Municipal, podendo assim vir a assumir as vestes de D.Sebastião, dando ânimo, conforto e ajuda aos seus dedicados apoiantes locais.
Nas anteriores eleições internas, o actual líder local do PPD/PSD deu o seu apoio a Marques Mendes, contra o candidato populista Filipe Menezes . Agora apoia o populista ex-segundo do ex-líder nacional, Filipe Menezes, contra Manuela Ferreira Leite, agora apoiada por Marques Mendes. De facto, nada de parecido com a Perspektiva Nevski...
MAI NADA!..
Segundo a imprensa regional, o PCP e o PSD querem uma segunda ponte na Figueira da Foz.
Mai nada!...
Eu cá por mim acho que estão a pedir pouco , demonstrando falta de ambição e preocupações economicistas. Co'o caneco...devia tambem exigir-se um aeroporto, uma linha de TGV directa a Fátima e a Coimbra, o tal Centro de Congressos, mais duas universidades, mais 4 hoteis de cinco estrelas, outro Centro de Artes e Especáculos na Borda do Campo, meia dúzia de piscinas municipais e aí uma boa vintena de novas rotundas.
Oh gente de pouca fé!...Não é nada que Santana Lopes não venha a prometer se for novamente candidato à Câmara Municipal da Figueira da Foz...
Segundo a imprensa regional, o PCP e o PSD querem uma segunda ponte na Figueira da Foz.
Mai nada!...
Eu cá por mim acho que estão a pedir pouco , demonstrando falta de ambição e preocupações economicistas. Co'o caneco...devia tambem exigir-se um aeroporto, uma linha de TGV directa a Fátima e a Coimbra, o tal Centro de Congressos, mais duas universidades, mais 4 hoteis de cinco estrelas, outro Centro de Artes e Especáculos na Borda do Campo, meia dúzia de piscinas municipais e aí uma boa vintena de novas rotundas.
Oh gente de pouca fé!...Não é nada que Santana Lopes não venha a prometer se for novamente candidato à Câmara Municipal da Figueira da Foz...
CLAREZA E CREDIBILIDADE NO PROGRAMA DE SANTANA LOPES ?
Rodeado, como sempre, de muita expectativa alimentada pelos meios de comunicação social , Santana Lopes vai apresentar hoje a sua candidatura à liderança do seu PPD/PSD.
Segundo o seu porta voz,
«A apresentação da candidatura não será apenas um acto simbólico, será muito mais do que isso. O dr. Pedro Santana Lopes vai apresentar com clareza as linhas principais do programa político que vai propor aos militantes . Este momento do partido deve servir para uma clarificação. Não há clarificação com discursos de generalidades»
Rodeado, como sempre, de muita expectativa alimentada pelos meios de comunicação social , Santana Lopes vai apresentar hoje a sua candidatura à liderança do seu PPD/PSD.
Segundo o seu porta voz,
«A apresentação da candidatura não será apenas um acto simbólico, será muito mais do que isso. O dr. Pedro Santana Lopes vai apresentar com clareza as linhas principais do programa político que vai propor aos militantes . Este momento do partido deve servir para uma clarificação. Não há clarificação com discursos de generalidades»
Veremos então se haverá clareza, e não discurso repleto de generalidades, ou de promessas de bacalhau a pataco.
Mas muito mais do que declaraçãoes mais ou menos claras ou generalistas, a credibilidade do político mede-se pelo seus desempenhos passados. No tocante à dimensão financeira, pelo menos, as suas anteriores passagens pelo Sporting, pela Câmara Municipal da Figueira da Foz, e pela Câmara Municipal de Lisboa revelaram-se completamente desastrosas, revelando um político desprovido de capacidade para conduzir uma gestão financeira minimamente orientada pelo bom senso e pelo sentido de responsabilidade. Em qualquer dos casos, levou praticamente à falência aquelas entidades por onde passou a exercer mediáticas lideranças. E só não levou a República portuguesa a um colapso financeiro porque o seu presidente lhe cortou o caminho a tempo.
Lá para o fim da tarde, talvez à hora dos telejornais, vai decerto estar rodeado da sua habitual corte de vultos políticos altamente recomendáveis, do quilate de Rui Gomes da Silva, Mendes Bota, Pedro Pinto, Raul dos Santos, Miguel Almeida. E não lhe vai faltar o visível apoio dos seus indefectíveis prosélitos figueirenses, alguns deles na ansiosa esperança de que ainda ele lhes vá valer para poderem manter um lugarzito na bancada parlamentar
segunda-feira, maio 05, 2008
A PREGAÇÃO DE FREI TOMÁS ...
Aí está aberta mais uma polémica, desta feita nos domínios do desorientado Ministro da Justiça, que se tem revelado um desastre como governante. Vai causar, desnecessáriamente, um subtancial desgaste político da imagem do Primeiro-Ministro e do Governo. Dispensava-se bem .
O director da Polícia Judiciária afirma nessa entrevsta que a PJ está hoje muito exposta, e que por isso os seus funcionários devem ser contidos nas palavras . Olha quem fala!..É de topete...Caso para dizer : bem prega frei Tomás, olha para o que ele diz, não olhes para o que ele faz...
Nota
O Director da PJ até poderá ter muita razão na sugestão que faz. Não deve nem pode é fazê-la na comunicação social, como o fez. Os nossos sapientes legisladores continuam a gostar muito de inventar a roda. Afinal, aqui ao lado, em Espanha, há um modelo organizativo das polícias e das forças de segurança que parece funcionar bem. Porque não se vai lá ver como é, e depois se aplica o exemplo aqui na tugalândia?
Aí está aberta mais uma polémica, desta feita nos domínios do desorientado Ministro da Justiça, que se tem revelado um desastre como governante. Vai causar, desnecessáriamente, um subtancial desgaste político da imagem do Primeiro-Ministro e do Governo. Dispensava-se bem .
O director da Polícia Judiciária afirma nessa entrevsta que a PJ está hoje muito exposta, e que por isso os seus funcionários devem ser contidos nas palavras . Olha quem fala!..É de topete...Caso para dizer : bem prega frei Tomás, olha para o que ele diz, não olhes para o que ele faz...
Nota
O Director da PJ até poderá ter muita razão na sugestão que faz. Não deve nem pode é fazê-la na comunicação social, como o fez. Os nossos sapientes legisladores continuam a gostar muito de inventar a roda. Afinal, aqui ao lado, em Espanha, há um modelo organizativo das polícias e das forças de segurança que parece funcionar bem. Porque não se vai lá ver como é, e depois se aplica o exemplo aqui na tugalândia?
CADA MACACO NO SEU GALHO
Mas que raio de República das bananas é esta , em que os funcionários do Estado se não coibem de, pública e frequentemente, botar sentenças opinativas sobre as formas organizativas das áreas orgânicas onde exercem actividade?
O que é que, por exemplo, o Sindicato dos magistrados do Ministério Público tem a ver com o conteúdo do código penal, ou do respectivo processo ? O que é que, por exemplo, o Sindicato dos funcionários da Policia Judiciária têm a ver se esta deve estar sob a tutela do Ministério da Justiça ou do Ministério da Administração Interna? E será legítimo, o Director da PJ vir defender, na comunicação social, e não junto da sua tutela, um determinado enquadramente orgânico da PJ, que na sua opinião lhe parece melhor ? Não é, a mim parece-me um descoco completo.
Os sindicatos têm como importante missão defender a melhoria das condições de trabalho, salariais e outras, dos seus associados. E ponto final.
A definição das formas de organização do Estado, das suas leis, regulamentos e códigos, é direito que cabe ao colectivo dos cidaddãos eleitores. Numa democracia representativa, esse direito e essa competência são delegadas nos deputados e no Parlamento. Os quais, em determinadas matérias, e sob permanente escrutínio, as delega por sua vez no Governo, orgão de soberania executivo. Assim funciona um estado verdadeiramente de direito.
Mas que raio de República das bananas é esta , em que os funcionários do Estado se não coibem de, pública e frequentemente, botar sentenças opinativas sobre as formas organizativas das áreas orgânicas onde exercem actividade?
O que é que, por exemplo, o Sindicato dos magistrados do Ministério Público tem a ver com o conteúdo do código penal, ou do respectivo processo ? O que é que, por exemplo, o Sindicato dos funcionários da Policia Judiciária têm a ver se esta deve estar sob a tutela do Ministério da Justiça ou do Ministério da Administração Interna? E será legítimo, o Director da PJ vir defender, na comunicação social, e não junto da sua tutela, um determinado enquadramente orgânico da PJ, que na sua opinião lhe parece melhor ? Não é, a mim parece-me um descoco completo.
Os sindicatos têm como importante missão defender a melhoria das condições de trabalho, salariais e outras, dos seus associados. E ponto final.
A definição das formas de organização do Estado, das suas leis, regulamentos e códigos, é direito que cabe ao colectivo dos cidaddãos eleitores. Numa democracia representativa, esse direito e essa competência são delegadas nos deputados e no Parlamento. Os quais, em determinadas matérias, e sob permanente escrutínio, as delega por sua vez no Governo, orgão de soberania executivo. Assim funciona um estado verdadeiramente de direito.
FALTA DE MEIOS E DE RECURSOS
Eram 9:30 de uma manhã fresca de Maio, na Figueira da Foz. Em pleno Picadeiro do Bairro Novo , quase deserto àquela hora matinal, dois guardas da PSP, vestidos a rigor com colete verde reflector, onde se lia a palavra “Trânsito”, passeavam-se lenta e calmamente, lançando uns olhares sobre as montras das lojas, quase todas ainda encerradas . Um pouco mais adiante, no troço superior da rua Cândido Reis, várias viaturas estacionavam em contravenção, com total impunidade. Como aliás recorrentemente acontece pelas ruas do Bairro Novo circundantes do Casino, durante a noite.
Temos de ser compreensivos, co’s diabos. Ao que dizem, a Polícia debate-se com um grave problema de escassez de meios e de recuroso humanos. Há quem diga ser necessário recrutar mais elememtos para as forças de segurança, pois de outro modo será cada vez maior a insegurança e o sentimento de insegurança dos cidadãos. Uma velha desculpa, esta da falta de meios. Muito velha mesmo.
Eram 9:30 de uma manhã fresca de Maio, na Figueira da Foz. Em pleno Picadeiro do Bairro Novo , quase deserto àquela hora matinal, dois guardas da PSP, vestidos a rigor com colete verde reflector, onde se lia a palavra “Trânsito”, passeavam-se lenta e calmamente, lançando uns olhares sobre as montras das lojas, quase todas ainda encerradas . Um pouco mais adiante, no troço superior da rua Cândido Reis, várias viaturas estacionavam em contravenção, com total impunidade. Como aliás recorrentemente acontece pelas ruas do Bairro Novo circundantes do Casino, durante a noite.
Temos de ser compreensivos, co’s diabos. Ao que dizem, a Polícia debate-se com um grave problema de escassez de meios e de recuroso humanos. Há quem diga ser necessário recrutar mais elememtos para as forças de segurança, pois de outro modo será cada vez maior a insegurança e o sentimento de insegurança dos cidadãos. Uma velha desculpa, esta da falta de meios. Muito velha mesmo.
domingo, maio 04, 2008
AS BASES BÁSICAS E OS BARÕES ASSINALADOS
Novamente de regresso, encontro o torrão luso entretido e animado com a crise do PSD e a eleição da sua nova liderança.
Vou conhecendo as posições e as inclinações deste e daquele militante de base, que no seu conjunto formam as chamadas bases ; assim como deste ou daquele vulto da nomenklatura partidária, que no seu conjunto, formam os chamados barões, segundo o jargão jetessético de Santana Lopes . Pela blogosfera local, ainda busco no blogue do deputado Miguel Almeida um comentário sobre o contexto eleitoral interno do PPD/PSD, uma dica sobre o candidato seu preferido e no qual vai apostar o seu futuro de deputado, um pequenino indício da sua preferência, enfim. Mas nada. O melhor e mais recente que leio naquele blogue é uma história de uma viagem que fez à Venezuela, a uma 1ª Cimeira de Parlamentos sobre alterações climáticas, para discutirem o protocolo de Quioto ( o qual, aliás, praticamente não se aplica á América Latina). A dita cimeira foi organizada por uma entidade com o sugestivo acrónimo de ALBA, coisa que quer dizer “Alternativa Bolivariana para os povos da America” . Estimável organização congregando os estimáveis e democraticamente exemplares estados da Venezuela, da Bolívia, da Nicarágua e de Cuba . Na não menos estimável cimeira participaram apenas dois parlamentares europeus. Ambos foram portugueses : o deputado Miguel Almeida e outro colega de que não sei o nome. Mas de que gostava conhecer a filiação partidária...
Aqui pela paróquia figueirense, também continua sem haver notícia, que se saiba pela imprensa regional, sobre as inclinações dos actuais líderes locais do PSD ( ou será do PPD/PSD ?...), talvez em prudente tempo de espera a ver para que lado vão tombar as modas. Nem tão pouco dos anteriores líderes, ou de vultos políticos que antes estavam na mó de cima local e agora estão na mó de baixo, porventura pelas mesmas razões.
A nível local, o mais interessante que li foi uma notícia sobre a inauguração de um chafariz, ao jeito do antigamente. Divertido.
Novamente de regresso, encontro o torrão luso entretido e animado com a crise do PSD e a eleição da sua nova liderança.
Vou conhecendo as posições e as inclinações deste e daquele militante de base, que no seu conjunto formam as chamadas bases ; assim como deste ou daquele vulto da nomenklatura partidária, que no seu conjunto, formam os chamados barões, segundo o jargão jetessético de Santana Lopes . Pela blogosfera local, ainda busco no blogue do deputado Miguel Almeida um comentário sobre o contexto eleitoral interno do PPD/PSD, uma dica sobre o candidato seu preferido e no qual vai apostar o seu futuro de deputado, um pequenino indício da sua preferência, enfim. Mas nada. O melhor e mais recente que leio naquele blogue é uma história de uma viagem que fez à Venezuela, a uma 1ª Cimeira de Parlamentos sobre alterações climáticas, para discutirem o protocolo de Quioto ( o qual, aliás, praticamente não se aplica á América Latina). A dita cimeira foi organizada por uma entidade com o sugestivo acrónimo de ALBA, coisa que quer dizer “Alternativa Bolivariana para os povos da America” . Estimável organização congregando os estimáveis e democraticamente exemplares estados da Venezuela, da Bolívia, da Nicarágua e de Cuba . Na não menos estimável cimeira participaram apenas dois parlamentares europeus. Ambos foram portugueses : o deputado Miguel Almeida e outro colega de que não sei o nome. Mas de que gostava conhecer a filiação partidária...
Aqui pela paróquia figueirense, também continua sem haver notícia, que se saiba pela imprensa regional, sobre as inclinações dos actuais líderes locais do PSD ( ou será do PPD/PSD ?...), talvez em prudente tempo de espera a ver para que lado vão tombar as modas. Nem tão pouco dos anteriores líderes, ou de vultos políticos que antes estavam na mó de cima local e agora estão na mó de baixo, porventura pelas mesmas razões.
A nível local, o mais interessante que li foi uma notícia sobre a inauguração de um chafariz, ao jeito do antigamente. Divertido.
HÁ 40 ANOS : REVOLTA OU REVOLUÇÃO
É conhecida a história passada nos primórdios da Revolução Francesa. De uma varanda do palácio de Versalhes, o Rei Luis XVI assistia ao fervilhar e ao vociferar da turba que se movimentava nos jardins, exigindo o seu regresso a Paris . Amedrontado, perguntou ao general Lafayette, heroi da Revolução Americana, que se encontrava a seu lado, a procurar sossegá-lo : “ Mas..general..é uma revolta ?” . “Não , Sire : é uma revolução” , respondeu o general. E foi, durou anos seguidos, com avanços e recuos.
Aquilo a que por vezes se chama, impropriamente, e com imensa mitificação à mistura, a Revolução de Maio de 68, faz agora 40 anos, não foi afinal mais que uma revolta. Não durou mais que dois meses. Um mês depois de iniciada, no final de Maio, De Gaulle convocou eleições para a Assembleia Nacional. Em 28 de Junho, no dia seguinte ao das eleições, ao observar de manhã uma banca de jornais em Marselha, em regresso a Portugal depois de uma volta que me levara de comboio a Paris e a Florença, a respirar os últimos cheiros da “revolução”, dava de caras com a primeira página do “Le Figaro” com o seguinte título a toda a sua largura : “ Raz de marée” . Referia-se à "maré arrasadora", à vitória esmagadora dos partidos apoiantes de De Gaulle ( então já com 78 anos...) na segunda volta eleitoral. O conjunto dos partidos socialista e comunista via reduzido o seu número de deputados de 195 para 91 . O Partido Socialista e seus aliados, que detinham 116 deputados , passaram a ter apenas 57 . O Partido Couminista via reduzida a sua representação de 73 para 34 deputados. A França retomava o seu viver conservador, napoleónico, auto convencida de ser o farol do mundo. Em meados de Julho, partiam todos para férias, burgueses, operários e estudantes rebeldes...
A partir daí, passei a acreditar ainda mais no poder dos votos, do que no poder da rua.
Maio de 68 foi então apenas uma revolta. Há quem se lhe refira meramente como “acontecimentos”. Mas que indubitávelmente deixaram marcas indeléveis em toda a sociedade ocidental ( passados três meses dar-se-ia o drama de Praga, na Checoslováquia) , mudando sobretudo o seu modelo de vida e do seu quotidiano . Como de resto assinala Andre Glucksman, hoje um venerável filósofo de 71 anos, activo participante no Maio de 68 em Paris, ao inventariar alguns dos seus efeitos : “ Pílula, aborto livre e gratuito, emancipação do segundo sexo, aulas mistas, maioria aos 18 anos, fim das censuras, mobilidade social, humanização do trabalho, reforma da escola, libertação das rádios e das televisões, mundialização dos ouvidos, dos cérebros, das notícias e dos capitais “
Faz no dia de hoje 40 anos, mais precisamente, que eram julgados e condenados ao pagamento de multas os três rostos mais conhecidos da contestação estudantil daqueles dias, mostrados na fotografia acima : da esquerda para a direita, Alain Geismar, Jacques Sauvageot e Cohn-Bendit . No mesmo dia, era lançado o apelo á greve ilimitada dos estudantes.
Post scriptum
Segundo os resultados de um inquérito feito a estudantes portugueses de um conjunto de faculdades universitárias, 51% dos estudantes sabe o que foi o Maio de 68, contra 49% que não sabe. Nada mau, acho eu . Preocupante e decepcionante, para mim, é que, nos estudantes da área científica, 70% não sabem o que foi, e só 30% sabem. Mas pior ainda!...No IST, 77% não sabe o que foi e apenas 23% sabe. Estarão as universidades de engenharia a formar, hoje em dia, engenheiros virados para o seu umbigo da tecnologia, sem se interessarem por mais nada além desta, e sem preocupações de adquirirem também uma certa dose de espessura e de cultura humanista?