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sexta-feira, maio 16, 2008

AS NUVENS NEGRAS E A TEMPESTADE

Pairando já bem por cima de nós, aí temos as nuvens negras que há tempos se vislumbravam no horizonte. A tempestade virá a seguir. À escala mundial e europeia, crise financeira, crise energética, crise alimentar. Faltam ainda, para piorar as coisas, a crise do rebentamento da bolha imobiliária espanhola e a forte travagem da economia do país vizinho . Tudo vem na pior altura. Não só para José Sócrates, o seu Governo e o PS, num ponto de vista do calendário eleitoral. Mas sobretudo para os portugueses, em especial para os economicamente mais frágeis.
Reconheço a injustiça. José Sócrates teve o mérito de escolher a boa estratégia para gerir o ciclo político ligado á legislatura de 4 anos, em obediência às boas práticas consagradas pela sábia política em regime democrático : fazer apertar o cinto nos 3 primeiros anos, para depois o desapertar no último ano, antecedente a nova consulta eleitoral. Mas a vida política e o eleitorado nem sempre premeiam a sabedoria. E a economia real prega destas partidas.
O crescimento económico vai estagnar. A inflacção e a taxa de desemprego vão ainda aumentar mais. O deficit das contas públicas não irá baixar como planeado e anunciado ; em grande parte por causa do aumento do desemprego e da redução do crescimento do PIB. Já não será mau de todo se for contido dentro do tal limite de 3% do PIB, que é o patamar crítico.
Perante este cenário, vão chegar as eleições, daqui a cerca de um ano. Faço votos por que nenhum dos dois políticos que se irão apresentar como candidatos a Primeiro-Ministro tenha a desastrosa ideia de, irresponsavelmente, vir a prometer um próximo futuro repleto de grande prosperidade, boa e fácil vida, e muita folga para consumir. Promessas assim do género do choque fiscal para reduzir os impostos, da criação de não sei quantos mil postos de trabalho, do fim das listas de espera. Espero que tenham apreendido com a experiência dos últimos anos.

Vai haver seguramente alguns mais barulhentos a prometer que, se as suas ideias generosas e as suas propostas sedutoras forem acolhidas, haverá manhãs que cantam, e que o sol voltará a brilhar para todos nós. Podem fazê-lo à vontade, prometendo o céu, a lua e o bacalhau a pataco, fazendo demagogia quanto baste. Sabem que não serão governo. Porque, como também sabem, a grande maioria do povo português não é tonto.

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