domingo, setembro 30, 2007
JACOBINISMO JURÁSSICO E "BUROSSÁURICO"
A propósito de um jacobismo jurássico e burossáurico que por aí fervilha, por exemplo na mente retorcida do ilustre mestre de direito Vital Moreira, que escreve no blogue Causa Nossa, e com a devida vénia, transcrevo este postal do blogue Quarta República :
(...) o Governo pretende burocratizar a assistência religiosa nos Hospitais e os doentes que a pretenderem terão que requerer a assistência religiosa, não o podendo fazer através de médicos ou enfermeiros. Aqui deixo uma ajuda aos doentes internados nos hospitais públicos, de forma a cumprirem as regras ministerialmente estabelecidas.
A Bem da Nação e do Estado burocrata e laico
PS
Como é que uma pessoa inteligente e competente que Vital Moreira inegavelmente é, pode perfilhar opiniões tão preconceituosas e tão pouco inteligentes como esta ou esta, sobre a questão da assistência religiosa nos hospitais?
A OBRA, A DÍVIDA, A ESPUMA, E A LEI
Ouve-se e lê-se agora que Filipe Menezes tem notável obra feita na Câmara Municipal de Gaia.
De facto, a imagem de Gaia mudou muito nos cerca de dez anos que Filipe Menezes já leva como Presidente da Câmara. Faltará todavia uma melhor avaliação de quanto dessa obra será de mera fachada, daquela de encher o olho, ao feérico e espumoso estilo de Santana Lopes. Quer-me parecer que o será, a julgar pelas características da criatura.
Como contrapartida ( sim, porque estas obras de encher o olho têm sempre contrapartidas...) a dívida do Município de Gaia é, em termos absolutos (Nota 1) uma dos maiores do país. Ronda os 232 milhões de euros. E o limite da sua capacidade de endividamento está excedida em cerca de 11 milhões de euros. Acontece assim coisa parecida com o feudo de Alberto João Jardim.
Ouve-se e lê-se agora que Filipe Menezes tem notável obra feita na Câmara Municipal de Gaia.
De facto, a imagem de Gaia mudou muito nos cerca de dez anos que Filipe Menezes já leva como Presidente da Câmara. Faltará todavia uma melhor avaliação de quanto dessa obra será de mera fachada, daquela de encher o olho, ao feérico e espumoso estilo de Santana Lopes. Quer-me parecer que o será, a julgar pelas características da criatura.
Como contrapartida ( sim, porque estas obras de encher o olho têm sempre contrapartidas...) a dívida do Município de Gaia é, em termos absolutos (Nota 1) uma dos maiores do país. Ronda os 232 milhões de euros. E o limite da sua capacidade de endividamento está excedida em cerca de 11 milhões de euros. Acontece assim coisa parecida com o feudo de Alberto João Jardim.
Dei uma vista de olhos pelo sítio da CM de Gaia na internet. Tem fotos muito lindas de Filipe Menezes em inaugurações, anúncios de eventos e muita propaganda , mas rigorosamente nada sobre o desempenho financeiro (orçamentos, contas anuais, montantes das dívidas) .
Está assim a violar, flagrante e impunemente, a Lei nº 2/2007 (Lei das Finanças Locais), concretamente o seu artigo 49º . Um caso de polícia, portanto.
Nota 1
Em termos de “dívida por habitante”, cabe fazer uma comparação com a Figueira da Foz.
E assim, considerando:
- dívida da CM da Figueira da Foz : ap. 62 milhões de euros
- díviida da CM de Gaia : ap. 232 milhões de euros
- população do concelho da Figueira da Foz : ap. 63 mil habitantes
- população de Gaia : ap. 301 mil habitantes
Teremos então:
- dívida “ per capita” da CM da Figueira da Foz : 984 euros por munícipe
- dívida “ per capita” da CM de Gaia : 770 euros por munícipe
sábado, setembro 29, 2007
ECOS, CACOS E IMAGINAÇÃO
-- Se a liderança de Filipe Menezes durar até às eleições de 2009, Pereira Coelho deve ter garantido um lugarzinho de candidato a deputado, em lugar elegível.
Esta madrugada, terá respirado de alívio...
-- Começam a aparecer especulações sobre quem será o novo líder parlamentar do PSD .
Ouvi já falar em Santana Lopes e em Duarte Lima. E pergunto eu : e porque não Pereira Coelho? . Bem vistas as coisas, não deve haver muitos deputados do grupo parlamentar, além de Rui Gomes da Silva, que tivessem dado tanto a cara por Filipe Menezes, como Pereira Coelho. E a sintonia entre os dois, no tocante a personalidade pessoal, estilo e ambição política, é quase completa.
-- Com uma tal solução, associada a uma eventual sua vitória na eleição para a liderança da Concelhia da Figueira da Foz, e porventura na linha de uma estratégia a adoptar por Filipe Menezes de dar, por agora, uma de apaziguamento interno ( para recolher os cacos...), Pereira Coelho teria um pretexto para abandonar o lugar de Vereador, deixando na Câmara Municipal dois dedicados prosélitos a cumprir as suas ordens, a fazer de forma menos descarada o trabalho político “sujo”, enquanto poderia continuar , a uma certa distância, a mandar no PSD figueirense.
Ena ena... Eu hoje estou com uma febril imaginação. Deve ser do café que tomei de manhã.
-- Se a liderança de Filipe Menezes durar até às eleições de 2009, Pereira Coelho deve ter garantido um lugarzinho de candidato a deputado, em lugar elegível.
Esta madrugada, terá respirado de alívio...
-- Começam a aparecer especulações sobre quem será o novo líder parlamentar do PSD .
Ouvi já falar em Santana Lopes e em Duarte Lima. E pergunto eu : e porque não Pereira Coelho? . Bem vistas as coisas, não deve haver muitos deputados do grupo parlamentar, além de Rui Gomes da Silva, que tivessem dado tanto a cara por Filipe Menezes, como Pereira Coelho. E a sintonia entre os dois, no tocante a personalidade pessoal, estilo e ambição política, é quase completa.
-- Com uma tal solução, associada a uma eventual sua vitória na eleição para a liderança da Concelhia da Figueira da Foz, e porventura na linha de uma estratégia a adoptar por Filipe Menezes de dar, por agora, uma de apaziguamento interno ( para recolher os cacos...), Pereira Coelho teria um pretexto para abandonar o lugar de Vereador, deixando na Câmara Municipal dois dedicados prosélitos a cumprir as suas ordens, a fazer de forma menos descarada o trabalho político “sujo”, enquanto poderia continuar , a uma certa distância, a mandar no PSD figueirense.
Ena ena... Eu hoje estou com uma febril imaginação. Deve ser do café que tomei de manhã.
RIR A BOM RIR
Do editorial do EXPRESSO de hoje :
"Era esta a época que o Governo mais podia temer : ocupado pelos trabalhos da presidência da UE, a agenda do país sempre um pouco mais ao abandono, poderia a oposição aproveitar.
A oposição aproveitou para fazer umas eleições internas e os candidatos aproveitaram para se destruirem mutuamente.
José Sócrates terá aproveitado a ocasião para se rir a bom rir".
REGRESSOS ESPERADOS ?...
Com a vitória de Filipe Menezes, irão regressar ao PSD ilustres personalidades como Valentim Loureiro e Isaltino Morais ? Creio bem que sim...
OS MENEZISTAS
Na SIC Notícias, pergunta a jornalista:
" E na bancada parlamentar, há menezistas? "
Respondeu Ricardo Costa:
" Há. Há alguns do coração e haverá os que serão menezistas a partir de amanhã"
E AGORA?
A vitória ( inesperada?) de Filipe Menezes deverá dar início a um novo ciclo na vida do PSD, que voltará a ser PPD/PSD. Qual irá ser o papel de Santana Lopes neste novo cenário da liderança do PSD?
Diz Ricardo Costa na SIC Notícias, e deve ter razão, que a inteligentsia social-democrata deve estar em estado de choque.
É por isso de esperar agora um período de grande turbulência na vida política portuguesa.
Arrisco-me a prever que também estará aberta a porta para uma eventual re-engenharia do mapa e do espectro partidário nacional.
Vai ser interessante de ver.
sexta-feira, setembro 28, 2007
FALA-SE DE NOVO DA FIGUEIRA DA FOZ
Depois de um passeio pela marginal, chego a casa e ligo para a SIC Notícias, em que o praticamente o única tema noticioso da noite é o das eleições para a liderança do PSD.
Ouço falar no " lamentável caso da Figueira da Foz" . Ainda niguem parece saber muito bem o que se passou. Mas que rebentou bronca, deve ter rebentado. Vou ficar atento às últimas notícias.
Já estou meio farto de receber telefonemas de amigos a gozar comigo, por viver nesta bela cidade, tão badalada nestes últimos tempos, por muito más razões.
Apetece-me mandá-los àquela parte, bem conhecida, mas enfim, lá vou rindo.
MAIS PROVIDÊNCIAS CAUTELARES...
Continua o divertido exercício de pedir providências cautelares, agora o desporto que o pessoal mais adora em Portugal, a seguir ao futebol, claro.
Agora foi mais uma, pedida pelo deputado Pereira Coelho, alegando irregularidades e/ou ilegalidades no processo eleitoral para escolher o próximo chefe do PSD na Figueira da Foz.
A moda pegou. Os senhores juizes também a adoram. Dá-lhes uma sensação de ser gente que manda e tem poder.
A PONTE DOS ARCOS
É impressão minha, ou as obras de reconstrução da ponte dos arcos, sobre o braço sul do estuário do Mondego, estão assim meio paradas, a marcar passo, ou em passo de caracol?
É impressão minha, ou as obras de reconstrução da ponte dos arcos, sobre o braço sul do estuário do Mondego, estão assim meio paradas, a marcar passo, ou em passo de caracol?
AS REGAS E AS CAMPANHAS
Manhã cedo de 6ª feira, com uma temperatura fresca, a lembrar que estamos já no Outono.
A meteorologia anuncia chuva para sábado e domingo.
Aqui mesmo em frente, no Parque das Abadias, pelo menos três poderosos jactos de água, daqueles que a polícia usa para dispersar manifestantes, regam o green, até deixar encharcado o solo em certos pontos.
De vez em quando fazem-se por aí umas campanhas, mais ou menos oficiais, apelando ao não desperdício de água. Mas é só quando há seca. Parece que quando não há, se pode desperdiçar à vontade.
Manhã cedo de 6ª feira, com uma temperatura fresca, a lembrar que estamos já no Outono.
A meteorologia anuncia chuva para sábado e domingo.
Aqui mesmo em frente, no Parque das Abadias, pelo menos três poderosos jactos de água, daqueles que a polícia usa para dispersar manifestantes, regam o green, até deixar encharcado o solo em certos pontos.
De vez em quando fazem-se por aí umas campanhas, mais ou menos oficiais, apelando ao não desperdício de água. Mas é só quando há seca. Parece que quando não há, se pode desperdiçar à vontade.
SANTANA LOPES DE NOVO NA RIBALTA
Desta feita por boas razões . O seu gesto desassombrado , não aceitando continuar a ser entrevistado na SIC Notícias, depois de interrompiddo para transmissão da chegada do “especial” José Mourinho ao aeroporto de Lisboa, tem merecido o aplauso generalizado. Merece também o meu, de forma incondicional.
O gesto surpreendeu-me, todavia. Não esperava que um tão grande cultor da política espectáculo se acabasse por indignar daquela maneira, aparentemente genuina, com a primazia dada pela SIC Notícias ao espectáculo e a uma ridícula “não notícia”, em desfavor da política.
Mas enfim, nunca é tarde para um político se corrigir.
Desejaria acreditar que, talvez, a partir de agora, as televisões passarão a ter mais cuidado e a respeitar a inteligência dos espectadores, colocando algum travão na sua crescente propensão “tabloidizadora”.
Contudo, quero crer que tudo se ficará pelo desejo.
Desta feita por boas razões . O seu gesto desassombrado , não aceitando continuar a ser entrevistado na SIC Notícias, depois de interrompiddo para transmissão da chegada do “especial” José Mourinho ao aeroporto de Lisboa, tem merecido o aplauso generalizado. Merece também o meu, de forma incondicional.
O gesto surpreendeu-me, todavia. Não esperava que um tão grande cultor da política espectáculo se acabasse por indignar daquela maneira, aparentemente genuina, com a primazia dada pela SIC Notícias ao espectáculo e a uma ridícula “não notícia”, em desfavor da política.
Mas enfim, nunca é tarde para um político se corrigir.
Desejaria acreditar que, talvez, a partir de agora, as televisões passarão a ter mais cuidado e a respeitar a inteligência dos espectadores, colocando algum travão na sua crescente propensão “tabloidizadora”.
Contudo, quero crer que tudo se ficará pelo desejo.
quinta-feira, setembro 27, 2007
ELEIÇÕES PRIMÁRIAS
Como cidadão partidariamente independente, sem filiação e sem qualquer fidelidade eleitoral ao PSD, as eleições que amanhã se vão realizar, quer a nível local, quer para líder nacional do PSD não me deixam indiferente.
Tão pouco serão indiferentes para a serenidade e boa educação do debate político na vida nacional. Em particular no debate contraditório e de oposição do PSD ao partido actualmente no poder e ao Governo.
Apesar de tudo o que de feio e de lamacento se assistiu na campanha interna para as eleições primárias, não é o mesmo vencer Marques Mendes ou Filipe Menezes.
Este protagoniza e pre-anuncia um estilo hiper trauliteiro, de um populismo rasca.
O populismo estilo Santana Lopes é um pouco tonto. O de Filipe Menezes é rasca, demagógico e velhaco. Consegue, além disso, ser muito mais imprevisível e errático do que Santana Lopes.
Apesar de tudo, o estilo e o discurso de Marques Mendes, embora por vezes também tenham roçado alguma demagogia e algum verbalismo de pendor populista em intervenções recentes na vida política portuguesa, marca uma substancial diferença relativamente a Filipe Menezes, no sentido de manter uma certa previsibilidade, algum sentido de Estado e alguma serenidade no exercício da oposição ao Governo.
Mas Marques Mendes, líder partidário, não consegue claramente descolar da impiedosa imagem do boneco saltitante que exclama “ ganda noia” do Contra Informação . Pouca gente estará a vê-lo como Primeiro-Ministro. Por isso, se ganhar as primárias, não será de esperar que venha a ser mais do que um líder partidário de transição.
Ser-lhe-ia até favorável se o viesse a reconhecer. Assim como quem diz : vou aguentando o barco da liderança do PSD, a fim de não o deixar descambar para uma tentação populista
( que parece estar sempre presente) que o despedeçaria e descredibilizaria aos olhos do seu eleitorado natural, e esperando que finalmente se chegue à frente um candidato a líder com mais carisma e mais espessura política, e que actualmente se esteja protegendo, em cauteloso calculismo . Poderia, poderá, vir a ser Rui Rio.
Entretanto, será melhor fazer planos não para 2009, mas lá para 2013. Em 2009, a revalidação de José Sócrates como Primeiro-Ministro está mais ou menos garantida. A menos que agora venha a fazer muitos disparates. O que não prevejo nem desejo.
Como cidadão partidariamente independente, sem filiação e sem qualquer fidelidade eleitoral ao PSD, as eleições que amanhã se vão realizar, quer a nível local, quer para líder nacional do PSD não me deixam indiferente.
Tão pouco serão indiferentes para a serenidade e boa educação do debate político na vida nacional. Em particular no debate contraditório e de oposição do PSD ao partido actualmente no poder e ao Governo.
Apesar de tudo o que de feio e de lamacento se assistiu na campanha interna para as eleições primárias, não é o mesmo vencer Marques Mendes ou Filipe Menezes.
Este protagoniza e pre-anuncia um estilo hiper trauliteiro, de um populismo rasca.
O populismo estilo Santana Lopes é um pouco tonto. O de Filipe Menezes é rasca, demagógico e velhaco. Consegue, além disso, ser muito mais imprevisível e errático do que Santana Lopes.
Apesar de tudo, o estilo e o discurso de Marques Mendes, embora por vezes também tenham roçado alguma demagogia e algum verbalismo de pendor populista em intervenções recentes na vida política portuguesa, marca uma substancial diferença relativamente a Filipe Menezes, no sentido de manter uma certa previsibilidade, algum sentido de Estado e alguma serenidade no exercício da oposição ao Governo.
Mas Marques Mendes, líder partidário, não consegue claramente descolar da impiedosa imagem do boneco saltitante que exclama “ ganda noia” do Contra Informação . Pouca gente estará a vê-lo como Primeiro-Ministro. Por isso, se ganhar as primárias, não será de esperar que venha a ser mais do que um líder partidário de transição.
Ser-lhe-ia até favorável se o viesse a reconhecer. Assim como quem diz : vou aguentando o barco da liderança do PSD, a fim de não o deixar descambar para uma tentação populista
( que parece estar sempre presente) que o despedeçaria e descredibilizaria aos olhos do seu eleitorado natural, e esperando que finalmente se chegue à frente um candidato a líder com mais carisma e mais espessura política, e que actualmente se esteja protegendo, em cauteloso calculismo . Poderia, poderá, vir a ser Rui Rio.
Entretanto, será melhor fazer planos não para 2009, mas lá para 2013. Em 2009, a revalidação de José Sócrates como Primeiro-Ministro está mais ou menos garantida. A menos que agora venha a fazer muitos disparates. O que não prevejo nem desejo.
quarta-feira, setembro 26, 2007
AUTÓPSIA DE UMA ENTREVISTA
Vejam lá a pachorra que agora me deu. Entretive-me a ler a entrevista dada pelo deputado e vereador Pereira Coelho ao último número da revista Figueira 21.
É um documento deveras interessante. Desde logo porque da sua leitura se pode ficar a conhecer muito sobre o perfil humano e político de tão ilustre personalidade.
Vejamos então alguns excertos, algumas pinceladas que daquela longa entrevista se retiram para esboçar o perfil do entrevistado.
O homem com muita consciência, o gestor com grande competência, com grande rigor financeiro, e com grandes preocupações pelo povo :
À pergunta “ O que o leva a candidatar-se?”, respondeu, numa avassaladora torrente de palavras :
“ (...)
Mas é aquilo que a minha consciência dita e que, penso eu, que corresponde ao que as pessoas anseiam ter na Câmara Municipal, que é uma gestão isenta, uma gestão audaz, capaz de fazer coisas, uma gestão rigorosa que não esbanje o dinheiro do povo, porque é bom que se diga que o dinheiro que existe na CMFF é o dinheiro dos contribuintes, e às vezes as pessoas esquecem isso, julgam que ele cai do céu, mas não cai, é do bolso de cada um dos contribuintes da Figueira da Foz”
E mais adiante prossegue, mártir e corajoso lutador contra os poderosos, qual Conde Egmont que defronta o Duque de Alba :
“(...)Pode ser, eventualmente, a minha última batalha, mas é por isso que luto, não condescendo minimamente com quaisquer arranjos urbanísticos, que se falam por aí, comigo isso não acontecerá nunca(...)”
(Entre parênteses, talvez fosse melhor ser mais concreto; a que “arranjos” se referirá?...)
A colagem espertalhona a Santana Lopes ; ou melhor, à memória de um mito já totalmente desmistificado :
“É este o sentimento de um dever a uma cidade que cresceu de uma forma exponencial aquando do mandato do Dr. Pedro Santana Lopes, que eu trouxe para cá, contra a opinião do meu actual oponente (ler as declarações à época, em 1997) dizendo que Pedro Santana Lopes era um paraquedista e que não entendia como é que ele vinha para a Figueira.Mas fui eu que tive a coragem de trazê-lo para a Figueira da Foz, e em boa hora(....) “
A humildade, e as garantias que valem o que valem e o que cada um quizer que valham. Para mim não valem nada.
“ Eu não serei candidato a nenhum cargo autárquico, posso garantir aos figueirenses, posso garantir aos eleitores do PSD que não vou ser candidato a Presidente da Câmara, nem candidato a vereador porque alguns dizem que são candidatos a Presidente de Câmara, mas são é candidatos a vereador, é porque fazem daquela máxima “mais vale ser vereador um dia do que eleitor toda a vida”, eu não. Eu, ou exerço o poder com propriedade, com legitimidade, ou não exerço. E como neste momento não tenho esse poder, não o posso exercer. Tenho de dizer isto com toda a humildade, mas é assim, (...)“
Mais adiante, em resposta à pergunta “Se for agora eleito pensa ser candidato em 2009?” respondeu secamente “ Não” .
E se as eleições forem em 2008, pergunto eu?....
Vejam lá a pachorra que agora me deu. Entretive-me a ler a entrevista dada pelo deputado e vereador Pereira Coelho ao último número da revista Figueira 21.
É um documento deveras interessante. Desde logo porque da sua leitura se pode ficar a conhecer muito sobre o perfil humano e político de tão ilustre personalidade.
Vejamos então alguns excertos, algumas pinceladas que daquela longa entrevista se retiram para esboçar o perfil do entrevistado.
O homem com muita consciência, o gestor com grande competência, com grande rigor financeiro, e com grandes preocupações pelo povo :
À pergunta “ O que o leva a candidatar-se?”, respondeu, numa avassaladora torrente de palavras :
“ (...)
Mas é aquilo que a minha consciência dita e que, penso eu, que corresponde ao que as pessoas anseiam ter na Câmara Municipal, que é uma gestão isenta, uma gestão audaz, capaz de fazer coisas, uma gestão rigorosa que não esbanje o dinheiro do povo, porque é bom que se diga que o dinheiro que existe na CMFF é o dinheiro dos contribuintes, e às vezes as pessoas esquecem isso, julgam que ele cai do céu, mas não cai, é do bolso de cada um dos contribuintes da Figueira da Foz”
E mais adiante prossegue, mártir e corajoso lutador contra os poderosos, qual Conde Egmont que defronta o Duque de Alba :
“(...)Pode ser, eventualmente, a minha última batalha, mas é por isso que luto, não condescendo minimamente com quaisquer arranjos urbanísticos, que se falam por aí, comigo isso não acontecerá nunca(...)”
(Entre parênteses, talvez fosse melhor ser mais concreto; a que “arranjos” se referirá?...)
A colagem espertalhona a Santana Lopes ; ou melhor, à memória de um mito já totalmente desmistificado :
“É este o sentimento de um dever a uma cidade que cresceu de uma forma exponencial aquando do mandato do Dr. Pedro Santana Lopes, que eu trouxe para cá, contra a opinião do meu actual oponente (ler as declarações à época, em 1997) dizendo que Pedro Santana Lopes era um paraquedista e que não entendia como é que ele vinha para a Figueira.Mas fui eu que tive a coragem de trazê-lo para a Figueira da Foz, e em boa hora(....) “
A humildade, e as garantias que valem o que valem e o que cada um quizer que valham. Para mim não valem nada.
“ Eu não serei candidato a nenhum cargo autárquico, posso garantir aos figueirenses, posso garantir aos eleitores do PSD que não vou ser candidato a Presidente da Câmara, nem candidato a vereador porque alguns dizem que são candidatos a Presidente de Câmara, mas são é candidatos a vereador, é porque fazem daquela máxima “mais vale ser vereador um dia do que eleitor toda a vida”, eu não. Eu, ou exerço o poder com propriedade, com legitimidade, ou não exerço. E como neste momento não tenho esse poder, não o posso exercer. Tenho de dizer isto com toda a humildade, mas é assim, (...)“
Mais adiante, em resposta à pergunta “Se for agora eleito pensa ser candidato em 2009?” respondeu secamente “ Não” .
E se as eleições forem em 2008, pergunto eu?....
A graxa aos eleitores do PSD ( ou não será PPD/PSD?...) .
“Sabe que os eleitores do PSD são muito inteligentes. Os militantes do PSD, ou os que estão filiados no PSD, fizeram uma opção própria e por isso não merecem de maneira nenhuma que lhe seja etiquetado um qualquer epíteto de menos inteligentes, assim nem que houvesse 4 ou 5 eleições ao mesmo tempo eles deixariam de ser suficientemente inteligentes, para poder discernir entre 4 eleições diferentes(...) ”
A verticalidade dos pilares . À pergunta : “ Quais são os pilares fundamentais da sua candidatura? “, respondeu, ao que parece sem se rir :
“ Os pilares fundamentais são : transparência, honestidade, justiça, e solidariedade com aqueles que mais necessitam. “
O político populista que ama o povo, que luta pelo povo, que tem o povo no coração e na ponta da língua. O povo, o povo de Santana Lopes, o povo de Filipe Menezes, o povo de Juan Peron, o povo dos descamisados de Evita.
À pergunta de “ Com que apoios conta? “, responde:
“ Com os eleitores do PSD, com os militantes do PSD de base, os mais humildes, sempre lutei por eles e é neles que confio e na juventude. Não tenho outros. Os dos interesses económicos, os dos interesses instalados estão todos contra mim, não tenho dúvidas disso. Todos fogem de mim por alguma razão. Deve ser, . mas eu não me envergonho disso e mesmo se eu por acso perder nessas circunstâncias sinto-me muito orgulhoso – porque perdi com aqueles que são os meus, que são os do povo, os do povo humilde que sofre todos os dias, que sofre com o desemprego, com a falta de meios para sobreviver, são esses que me preocupam, os poderosos não, não me preocupam(....) “
O justiceiro e acusador implacável, trabalhador exemplarmente incansável e sempre pontual .
“ (...) O que eu exijo ao Sr. Presidente da Câmara é que trabalhe todos os dias na Câmara Municipal, todos os dias, ele é pago para isso, aos vereadores a mesma coisa, de manhã à noite, sem horário de trabalho, para isso é que eles são pagos. Eu não sou, eu estou lá e não recebo nada, nem quero, mas exijo que os que lá estão a ser remunerados, a começar no Sr, Presidente e a acabar nos outros, que sejam coerentes, entrem mais cedo que os funcionários, e saiam mais tarde que os funcionários”
E ainda o povo, uma vez mais, sempre o povo na primeira linha das suas preocupações.
Além , é claro, dos princípios, da competência e da honradez.
“(...) E é contra isso que eu, também, estou nesta disputa eleitoral, em nome desses princípios, em nome do povo, em nome do povo anónimo, do povo que não tem voz, daquele que não tem poder reivindicativo, mas que anseia em ver uma luz ao fundo do tunel, para que de facto quem exerce o poder público seja suficientemente capaz, por um lado, em termos de competência, e por outro lado em termos, também, de honradez para servir de facto o povo que jurou servir”.
O politico que aceita todos os apoios, venham de onde vierem, não importa de onde venham. Até de salteadores...( terei lido bem?..). Pois o que importa é que cada um vale um voto....
Pergunta : “Quais os apoios de Presidentes de Juntas e outras estruturas locais?”
Resposta: “ (...) Os meus apoios são os eleitores do PSD, são os militantes do PSD, todos valem o mesmo. Anto se me dá que sejam presidentes de junta, presidentes de câmara, vereadores, músicos, salteadores (sic), pedintes, tanto se me dá. Tenho-os todos no mesmo valor, e porquê? Porque todos valem um voto e eu respeito o voto de cada um, e por isso não dou importância nem a uns nem a outros. Dou a importância a todos “.
Salteadores?...A par de presidentes e vereadores? Terei mesmo lido bem?. Será gralha, lapsus linguae?
É o que lá está na entrevista. Pelo menos no exemplar que comprei...
BOM TRABALHO DE JORNALISMO
Bem documentada, e expressando com fidelidade e síntese o essencial do debate, é a reportagem do jornalista Jot’Alves hoje publicada no diário As Beiras sobre o programa “Pros e Contras” transmitido na noite de anteontem a partir do Casino da Figueira da Foz.
Um bom trabalho de jornalismo, será justo reconhecer.
Bem documentada, e expressando com fidelidade e síntese o essencial do debate, é a reportagem do jornalista Jot’Alves hoje publicada no diário As Beiras sobre o programa “Pros e Contras” transmitido na noite de anteontem a partir do Casino da Figueira da Foz.
Um bom trabalho de jornalismo, será justo reconhecer.
terça-feira, setembro 25, 2007
O PODER EM RODA LIVRE?
Pode ser que haja gente no Governo, no Parlamento ou no PS, que se regozije e esfregue as mãos de contente , observando o clima e a confusão actualmente verificados no seio do PSD, em especial à escala nacional.
Pela minha parte, e como cidadão, posso assegurar que nao me regozijo. Pelo contrário
Acho que, tambem numa situação destas, tal como na vida política em geral, é de rejeitar o perverso princípio do quanto pior melhor.
Numa democracia, é péssimo e muito preocupante que a oposição ao poder (seja quem for que estiver no poder) esteja assim fragilizada, entontecida e distraida em guerrilhas internas.
Há o perigo de deixar o poder em roda livre. Como vários exemplos na História o demonstram.
Pode ser que haja gente no Governo, no Parlamento ou no PS, que se regozije e esfregue as mãos de contente , observando o clima e a confusão actualmente verificados no seio do PSD, em especial à escala nacional.
Pela minha parte, e como cidadão, posso assegurar que nao me regozijo. Pelo contrário
Acho que, tambem numa situação destas, tal como na vida política em geral, é de rejeitar o perverso princípio do quanto pior melhor.
Numa democracia, é péssimo e muito preocupante que a oposição ao poder (seja quem for que estiver no poder) esteja assim fragilizada, entontecida e distraida em guerrilhas internas.
Há o perigo de deixar o poder em roda livre. Como vários exemplos na História o demonstram.
E-GOVERNMENT NO MUNICÍPIO DA FIGUEIRA
Em pleno Casino, no Pros e Contras , ontem transmitido na RTP1, Fátima Campos Ferreira ainda tentou saber como estava a Câmara Municipal da Figueira da Foz em matéria de e-government . Interpelado, o seu Presidente deu uma resposta evasiva, chutando mais ou menos para canto.
Não não está bem ; estará melhor do que aqui há uns tempos, mas bastante aquém do que seria de exigir e esperar, acho eu.
Três simples exemplos.
O contacto directo dos cidadãos com os membros do executivo camarário ou não é possível, ou está muito escondido. Dos sítios das Camaras Municipais é frequente constarem, de forma mais ou menos visível, os endereços electrónicos directos dos vereadores e dos principais responsáveis pelos serviços.
As actas das reuniões camarárias são disponibilizadas com considerável atraso. A última que consta no sítio da Câmara da Figueira, é a do dia 2 de Julho passado, já lá vão mais de dois meses e meio. No sítio de Cantanhede, a última acta é de 4 de Setembro último; na de Montemor-o-Velho, a última é de 20 de Agosto.
No ano corrente, já terão sido emitidos para cima de 180 editais . No sítio da Câmara descobri, avulsos, apenas 2 publicados em Agosto deste ano, e uns dois ou três do ano de 2005 ali deixados por esquecimento...
Em pleno Casino, no Pros e Contras , ontem transmitido na RTP1, Fátima Campos Ferreira ainda tentou saber como estava a Câmara Municipal da Figueira da Foz em matéria de e-government . Interpelado, o seu Presidente deu uma resposta evasiva, chutando mais ou menos para canto.
Não não está bem ; estará melhor do que aqui há uns tempos, mas bastante aquém do que seria de exigir e esperar, acho eu.
Três simples exemplos.
O contacto directo dos cidadãos com os membros do executivo camarário ou não é possível, ou está muito escondido. Dos sítios das Camaras Municipais é frequente constarem, de forma mais ou menos visível, os endereços electrónicos directos dos vereadores e dos principais responsáveis pelos serviços.
As actas das reuniões camarárias são disponibilizadas com considerável atraso. A última que consta no sítio da Câmara da Figueira, é a do dia 2 de Julho passado, já lá vão mais de dois meses e meio. No sítio de Cantanhede, a última acta é de 4 de Setembro último; na de Montemor-o-Velho, a última é de 20 de Agosto.
No ano corrente, já terão sido emitidos para cima de 180 editais . No sítio da Câmara descobri, avulsos, apenas 2 publicados em Agosto deste ano, e uns dois ou três do ano de 2005 ali deixados por esquecimento...
BENCHMARKING...
ou a publicidade da concorrência
Um exemplo, outro exemplo e ainda mais outro exemplo.
SANTANISMO ESCONDIDO COM RABO DE FORA
Os amigos, prosélitos e compagnons de route de Santana Lopes, tais como Rui Gomes da Silva, Pereira Coelho, Mendes Bota, José Raul dos Santos, Pedro Pinto, entre outros, estão lá todos, na candidatura de Filipe Menezes. Santana Lopes mantem de Conrado o prudente silêncio. Para já.
Sobre o estafado truque de marcar conferências de imprensa para a hora do início dos telejornais, já pouco há a dizer. Isso fazem-no todos os "políticos" , enquanto os jornalistas, meio tontos, aceitarem ir no fácil engodo que lhes é lançado, tal como a galinha vai atrás dos grãos de milho lançados pela dona que vai gritando... piu piu piu piu....
segunda-feira, setembro 24, 2007
ARREBANHAMENTO
Noticia hoje o Diário de Notícias, em primeira página:
" Milhares de quotas do PSD pagas só por 4 militantes"
Estes pagamentos, por atacado, ter-se-ão verificado na Figueira da Foz, na Amadora, em Linda-a-Velha e em Famalicão. O Presidente do CJ do PSD terá mesmo comentado " O arrebanhamento continua". O que não deixa de ser curioso, sendo ele um empenhado apoiante de Alberto João Jardim.
A Figueira continua pois no mapa, ainda que por más razões.
Não sei como se distribuirão aqueles milhares de quotas, nem aqueles activos 4 militantes pelas quatro terras indicadas. Mas que eu saiba, só na Figueira da Foz se irão realizar, simultaneamente, no próximo fim de semana, eleições directas para o Presidente do Partido e para a liderança local. Será por isso de presumir que a propensão e a tentação para o arrebanhamento serão mais acentuadas na Figueira. Onde, por exemplo, alguém terá pago mais de 200 quotas de militantes, de uma só penada, através de um mesmo terminal de Multibanco, seriam umas duas da madrugada.
Ignoro obviamente quem foram o activo ou os activos "arrebanhadores" da Figueira. Mas sei quem na Figueira tem um largo historial e um brilhante currículo de "arrebanhamento" político ou partidário.
Por isso, suspeito quem tenha sido. Não tenho provas materiais nem evidências. Mas não digo mais, a suspeita fica só para mim. E tenho direito a tê-la, não tenho?
domingo, setembro 23, 2007
PINTURA E ARTE MURAL URBANA
No topo da escadaria entre o Parque das Abadias e o Museu Municipal da Figueira da Foz, podem apreciar-se, desde há uns largos meses, os dois magníficos exemplares de pintura mural urbana, que as duas fotografias documentam . Grafitis, para os broncos que não têm sensibilidade artistítica.
É o resultado da onda de progresso que quase submerge a Figueira da Foz, e que assim fica ao par de outras grandes metrópoles cosmopolitas, tais como o Bairro de Chelas ou a Quinta do Mocho, na grande Lisboa.
Nos idos dos gloriosos tempos de Santana Lopes na Câmara Municipal da Figueira da Foz, aquelas paredes apresentavam-se limpas, mas com a triste tonalidade cinzenta do betão.
Era preciso dar colorido e animação ao muro e à zona.
O egrégio autarca lembrou-se então que ficava bem ali um artístico painel de coloridos azulejos, assim a jeito daquele extenso painel na avenida Gulbenkian em Lisboa.
Deveria ter conhecido, dos meios artísticos e do jet-set lisboetas, o artista plástico Eduardo Nery, de resto nascido na Figueira da Foz. Porventura nalgum bate papo animado numa qualquer vernisage, encomendou-lhe uns desenhos para depois se fazerem 3 paineis de azulejos a instalar nas ditas sombrias e tristes paredes de betão. Se procedeu a aprovação da despesa pela Câmara Municipal, a ordem formal de encomenda, ou contrato, não sei. Mas era e é jeito dele não se preocupar com essas minudências.
O artista não se fez rogado, claro está.
Pegou num papel, fez uns rabiscos com umas aguarelas, numa tonalidade vermelho-sanguínea, meteu-o no meio de uma capa de bonita cartolina, com uma fina folha de papel de seda no meio, e despachou o conjunto para a Câmara Municipal da Figueira da Foz. Por sinal a coisa até ficara bonita, embora repetindo o estilo e a forma dos murais e das paredes que o mesmo artista tem largamente espalhado em muitos interiores e exteriores, por esse país fora.
Juntou-lhe, é bem de ver, uma folha de honorários. Na moeda antiga, 13 mil mocas, o quer dizer 13 mil contos. Chamem-lhe tolo.
Juntou-lhe, é bem de ver, uma folha de honorários. Na moeda antiga, 13 mil mocas, o quer dizer 13 mil contos. Chamem-lhe tolo.
A conta a certa altura virou calote. Que lá acabou por ser pago pela Câmara Municipal da Figueira, mais ou menos sem mio nem pio, em 2002, já Santana Lopes se tinha pirado para criar novos calotes, desta feita na Câmara de Lisboa.
Os rabiscos ainda hoje devem jazer, tranquilamente, nalguma recôndita gaveta dos Paços do Município...
(clicar nas imagens para as aumentar)
sábado, setembro 22, 2007
CHOQUE TECNOLÓGICO E E-GOVERNMENT
O sucesso do governo presidido por José Sócrates, no esforço de modernização tecnológica da administração pública é inegável, e merece ser destacada.
A 3ª posição de Portugal no ranking dos estados membros da União Europeia em matéria de e-government , deve tabém ser assinalada com regozijo. Em algumas áreas, pelo menos, estamos em boa posição e seremos referência de benchmarking...
Todavia, o choque tecnológico não é tudo. Há áreas nas quais o desempenho efectivo ( não o publicitado...) do esforço reformador deste governo se fica por um classificação próxima do medíocre. Se não mesmo próximo do mau, nalguns casos, por mor das promessas eleitorais feitas ou da expectativas alimentadas .
Cito quatro exemplos : a melhoria da eficiência e do funcionamento do sistema judicial (que continua a não se ver) , o reforço da autoridade do Estado democrático de direito ( que os eleitores percepcionam como segurança), a diminuição do desemprego ( recordam-se dos famosos 150 mil novos postos de trabalho?), e a reforma da administração pública (que continua a marcar passo).
Para não falar já desse retumbante flop que foi e é a reforma da lei e do regime de arrendamento urbano, um bloqueamento endémico do desenvolvimento do tecido socio-económico português, iniciado por Salazar, e irresponsávelmente reforçado pelos sucessivos governos do regime democrático.
Pela minha parte, gostaria por isso de ver o Primeiro-Ministro e os membros do Governo mais comedidos nos auto-elogios, não embandeirando em arco nem deitando foguetes antes do fim da festa. O que quer dizer, antes de terminado o mandato eleitoral, em 2009, e feito o balanço final.
Nota adicional
É uma pena que o excelente nível de e-government já alcançado pela Administração Pública Central não seja acompanhado nas autarquias locais. Como parece ser evidente no caso do Município da Figueira da Foz, apesar de algumas tímidas melhorias mais recentemente introduzidas.
Em geral os sítios municipais da internet pouco mais são do que meros repositórios de anúncios e notícias de inaugurações, festas e eventos, de lindas fotos de paisagens e monumentos da terra, de mensagens dos autarcas, ou de listagens de estabelecimentos ligados á chamada actividade turística.
Num elevado número de Municípios nacionais ( no qual não se inclui o da Figueira, cumpre sublinhar...) continua sem ser dado cumprimento ao estipulado na nova Lei das Finanças Locais quanto à disponibilização de documentos de gestão municipal como os planos - orçamentos e as contas anuais. É velha e atávica pecha portuga fazer bonitas leis, muito modernaças, com longos e prolixos preâmbulos, para depois não serem cumpridas, pouca gente se importando com isso. Brandos costumes....
O sucesso do governo presidido por José Sócrates, no esforço de modernização tecnológica da administração pública é inegável, e merece ser destacada.
A 3ª posição de Portugal no ranking dos estados membros da União Europeia em matéria de e-government , deve tabém ser assinalada com regozijo. Em algumas áreas, pelo menos, estamos em boa posição e seremos referência de benchmarking...
Todavia, o choque tecnológico não é tudo. Há áreas nas quais o desempenho efectivo ( não o publicitado...) do esforço reformador deste governo se fica por um classificação próxima do medíocre. Se não mesmo próximo do mau, nalguns casos, por mor das promessas eleitorais feitas ou da expectativas alimentadas .
Cito quatro exemplos : a melhoria da eficiência e do funcionamento do sistema judicial (que continua a não se ver) , o reforço da autoridade do Estado democrático de direito ( que os eleitores percepcionam como segurança), a diminuição do desemprego ( recordam-se dos famosos 150 mil novos postos de trabalho?), e a reforma da administração pública (que continua a marcar passo).
Para não falar já desse retumbante flop que foi e é a reforma da lei e do regime de arrendamento urbano, um bloqueamento endémico do desenvolvimento do tecido socio-económico português, iniciado por Salazar, e irresponsávelmente reforçado pelos sucessivos governos do regime democrático.
Pela minha parte, gostaria por isso de ver o Primeiro-Ministro e os membros do Governo mais comedidos nos auto-elogios, não embandeirando em arco nem deitando foguetes antes do fim da festa. O que quer dizer, antes de terminado o mandato eleitoral, em 2009, e feito o balanço final.
Nota adicional
É uma pena que o excelente nível de e-government já alcançado pela Administração Pública Central não seja acompanhado nas autarquias locais. Como parece ser evidente no caso do Município da Figueira da Foz, apesar de algumas tímidas melhorias mais recentemente introduzidas.
Em geral os sítios municipais da internet pouco mais são do que meros repositórios de anúncios e notícias de inaugurações, festas e eventos, de lindas fotos de paisagens e monumentos da terra, de mensagens dos autarcas, ou de listagens de estabelecimentos ligados á chamada actividade turística.
Num elevado número de Municípios nacionais ( no qual não se inclui o da Figueira, cumpre sublinhar...) continua sem ser dado cumprimento ao estipulado na nova Lei das Finanças Locais quanto à disponibilização de documentos de gestão municipal como os planos - orçamentos e as contas anuais. É velha e atávica pecha portuga fazer bonitas leis, muito modernaças, com longos e prolixos preâmbulos, para depois não serem cumpridas, pouca gente se importando com isso. Brandos costumes....
INFORMATIQUÊS PARLAMENTAR
Usando uma imaginosa terminologia, retirada de um glossário do bom dialecto “informatiquês”, dizia ontem o Primeiro-Ministro, respondendo a críticas de Marques Mendes, que o líder do PSD teria “ uma agenda surfing , não uma agenda setting”.
Já antes Paulo Portas havia acusado o PM : “ o senhor promete em gigas e cumpre em kapas”.
Não estamos mal. Temos feitos progressos . Aqui há uns anos, Paulo Portas e António Guterres não sabiam o que era o símbolo @ , “arroba”....
Usando uma imaginosa terminologia, retirada de um glossário do bom dialecto “informatiquês”, dizia ontem o Primeiro-Ministro, respondendo a críticas de Marques Mendes, que o líder do PSD teria “ uma agenda surfing , não uma agenda setting”.
Já antes Paulo Portas havia acusado o PM : “ o senhor promete em gigas e cumpre em kapas”.
Não estamos mal. Temos feitos progressos . Aqui há uns anos, Paulo Portas e António Guterres não sabiam o que era o símbolo @ , “arroba”....
sexta-feira, setembro 21, 2007
COMUNIDADE INTERNACIONAL
Bonitas palavras, estas. Mas ainda gostava que me explicassem o que é isso de comunidade internacional. Tem responsáveis, direcção, governo, ou presidente?
A REN
No debate na Assembleia da República, o deputado Francisco Louçã questionou o Primeiro Ministro sobre a legitimidade da venda da REN ( Rede Eléctrica Nacional).
Com toda a razão. Pergunta muito pertinente. Em minha opinião, não faz qualquer sentido e é um total disparate passar para a o sector privado a "rede das estradas" do transporte da energia eléctrica em Portugal.
AGENDA POLITICA A REBOQUE
Com toda a razão, disse hoje o Primeiro-Ministro, em resposta a uma intervenção de Marques Mendes, líder do PSD :
“ O senhor deputado traz aqui temas em função dos títulos dos jornais do dia anterior “
Com toda a razão, disse hoje o Primeiro-Ministro, em resposta a uma intervenção de Marques Mendes, líder do PSD :
“ O senhor deputado traz aqui temas em função dos títulos dos jornais do dia anterior “
O MODELO DO DEBATE
Tanto quanto julgo perceber, pelo que até agora assisti na SIC Notícias, o novo modelo de debate quinzenal com o Primeiro-Ministro, na Assembleia da República, aproxima-se um pouco mais do modelo tradicional há muito vigente na Câmara dos Comuns, na Grã-Bretanha.
É de louvar.
Se os intervenientes, PM e líderes parlamentares, fossem mais sintéticos, e as perguntas fossem mais curtas e directas, o novo modelo português aproximar-se-ia ainda mais do britânico.
Mas fica a crédito de José Sócrates, e do Partido Socialista, o mérito de terem proposto e promovido a alteração do funcionamento do Parlamento e a frequência dos debates, para um esquema em que o Primeiro-Ministro e o Governo ficam muito mais expostos às críticas e ao escrutínio directos dos partidos da oposição.
Tanto quanto julgo perceber, pelo que até agora assisti na SIC Notícias, o novo modelo de debate quinzenal com o Primeiro-Ministro, na Assembleia da República, aproxima-se um pouco mais do modelo tradicional há muito vigente na Câmara dos Comuns, na Grã-Bretanha.
É de louvar.
Se os intervenientes, PM e líderes parlamentares, fossem mais sintéticos, e as perguntas fossem mais curtas e directas, o novo modelo português aproximar-se-ia ainda mais do britânico.
Mas fica a crédito de José Sócrates, e do Partido Socialista, o mérito de terem proposto e promovido a alteração do funcionamento do Parlamento e a frequência dos debates, para um esquema em que o Primeiro-Ministro e o Governo ficam muito mais expostos às críticas e ao escrutínio directos dos partidos da oposição.
POR FALAR EM MOBILIDADE...
Porque será que os autarcas portugueses, nomedamente da Figueira da Foz, persistem em mandar pavimentar os passeios com a chamada “calçada portuguesa”?
Será por ser muito típica, feita através de um trabalho de artesãos tradicionais, e os turistas gostarem muito? Ou porque é a opção mais barata? E será?
Já se terão apercebido de como é custoso, e às vezes doloroso circular por sobre aquele empedrado rude, feitos de calhaus esquinados e mal afagados, com uma mala de viagem com rodízios, com um carrinho para compras, com uma cadeira ou um carrinho de bébé , ou numa cadeira de rodas?
Ou mesmo, como é incómodo passear caminhando por sobre esse irregular pavimento com uns sapatos leves ou de sola fina?
Basta ir aqui a uma cidade da vizinha Espanha, observar os pisos dos seus passeios, dos seus paseos maritimos, e das suas numerosas ruas pedonais, espaços sempre cheios de gente a passear ao fim da tarde, disfrutando a calle e socializando o seu quotidiano ; e depois, comparar com o que por cá se passa.
Em Portugal e na Figueira da Foz, bons pisos há, isso sim, mas é nos centros comerciais...
Ora essa é que é essa....
Porque será que os autarcas portugueses, nomedamente da Figueira da Foz, persistem em mandar pavimentar os passeios com a chamada “calçada portuguesa”?
Será por ser muito típica, feita através de um trabalho de artesãos tradicionais, e os turistas gostarem muito? Ou porque é a opção mais barata? E será?
Já se terão apercebido de como é custoso, e às vezes doloroso circular por sobre aquele empedrado rude, feitos de calhaus esquinados e mal afagados, com uma mala de viagem com rodízios, com um carrinho para compras, com uma cadeira ou um carrinho de bébé , ou numa cadeira de rodas?
Ou mesmo, como é incómodo passear caminhando por sobre esse irregular pavimento com uns sapatos leves ou de sola fina?
Basta ir aqui a uma cidade da vizinha Espanha, observar os pisos dos seus passeios, dos seus paseos maritimos, e das suas numerosas ruas pedonais, espaços sempre cheios de gente a passear ao fim da tarde, disfrutando a calle e socializando o seu quotidiano ; e depois, comparar com o que por cá se passa.
Em Portugal e na Figueira da Foz, bons pisos há, isso sim, mas é nos centros comerciais...
Ora essa é que é essa....
quinta-feira, setembro 20, 2007
FORMAS DE CELEBRAR
A CMFF vai promover de novo a celebração do Dia Europeu sem Carros (DESC) , integrado na Semana da Mobilidade.
Cumpre assim, mais uma vez, a liturgia celebratória dos últimos anos.
E de que modo? Promovendo festas e espectáculos, tais como demonstração de capoeira, de karate, aulas de aeróbia, teatro de rua e outras imaginosas actividades.
Acções de sensibilização, assim lhes chamam . Entram por um olho e saem pelo outro, na grande maioria do pessoal. Este o que quer é mesmo ir de carrinho e deixá-lo ali bem à portinha do restaurante e da loja, nem que seja em dupla fila ou sobre o passeio. E como o deixam fazer, e nada lhe acontece, ele faz, sem muito se preocupar.
Muitas outras autarquias irão fazer como na Figueira : vão festejar...
Há porém umas trinta e poucas (entre elas Lisboa...) que se comprometeram a celebrar o dia, adoptando pelo menos uma “medida estruturante” , e não com “acontecimentos efémeros”.
Seria por isso bem melhor que assim também sucedesse na Figueira.
Por exemplo? Pintando uma dúzia de passadeiras de peões, cujas zebras por vezes já pouco se notam ; ou repavimentando uma ou duas centenas de metros de passeios, das muitas mais centenas que muito precisadas estão de um arranjo; ou prolongando por mais uns cem ou duzentos metros a pista de ciclismo da marginal ribeirinha.
Uma nota adicional.
A CMFF vai promover de novo a celebração do Dia Europeu sem Carros (DESC) , integrado na Semana da Mobilidade.
Cumpre assim, mais uma vez, a liturgia celebratória dos últimos anos.
E de que modo? Promovendo festas e espectáculos, tais como demonstração de capoeira, de karate, aulas de aeróbia, teatro de rua e outras imaginosas actividades.
Acções de sensibilização, assim lhes chamam . Entram por um olho e saem pelo outro, na grande maioria do pessoal. Este o que quer é mesmo ir de carrinho e deixá-lo ali bem à portinha do restaurante e da loja, nem que seja em dupla fila ou sobre o passeio. E como o deixam fazer, e nada lhe acontece, ele faz, sem muito se preocupar.
Muitas outras autarquias irão fazer como na Figueira : vão festejar...
Há porém umas trinta e poucas (entre elas Lisboa...) que se comprometeram a celebrar o dia, adoptando pelo menos uma “medida estruturante” , e não com “acontecimentos efémeros”.
Seria por isso bem melhor que assim também sucedesse na Figueira.
Por exemplo? Pintando uma dúzia de passadeiras de peões, cujas zebras por vezes já pouco se notam ; ou repavimentando uma ou duas centenas de metros de passeios, das muitas mais centenas que muito precisadas estão de um arranjo; ou prolongando por mais uns cem ou duzentos metros a pista de ciclismo da marginal ribeirinha.
Uma nota adicional.
As celebrações do DESC são no dia 22 de Setembro, sábado . Nesse dia, o Presidente da República visita a Figueira, também num contexto celebratório.
Vai ser um corropio de movimentações de muita gente, de um lado para outro. Será de esperar que os membros da Câmara Municipal e outras personalidades figueirenses se desloquem a pé no corropio que vai haver. Para dar o exemplo.
Vai ser um corropio de movimentações de muita gente, de um lado para outro. Será de esperar que os membros da Câmara Municipal e outras personalidades figueirenses se desloquem a pé no corropio que vai haver. Para dar o exemplo.
Ou que, co´s diabos, ao menos não deixem as negras viaturas estacionadas em dupla fila ou sobre os passeios...
quarta-feira, setembro 19, 2007
AQUILINO
Pela terceira vez, vou tornar a ler o “Andam Faunos pelo Bosque”, uma das obras mais emblemáticas de Aquilino Ribeiro.
É uma fábula deliciosa sobre o Portugal rural e profundo dos tempos que antecederam a ditadura instalada em 1926, temperada por um bem humorado anti-clericalismo e um desvastador sarcasmo. A história dava um grande filme.
Da contra capa do livro editado pela Bertrand consta este trecho escrito pelo próprio escritor :
“ (...)Compu-lo com a linguagem que, juvante Deo, amanhã me há-de servir para pintar o que por aí abunda : quebra-esquinas, banqueiros que vendem a alma e venderiam a pátria, se fosse veniaga ao seu alcance, mulheres que arremedam a francesa na moda e na moral, sábios balofos, políticos sem vergonha e sem ideias e uma ou outra pessoa de bem.
Quero ainda dizer ao pio leitor – só a esse – que, melhor que romance, este livro é uma fábula. Fábula em onze jornadas, tragicómica, sorte de rapsódia pagã em bemol. Sinto que passa nela um sopro de loucura que vai dobrando o canavial secular das ideias e dos bons costumes. Por aí se perde, ou por aí se ganha “.
O próprio ditador Salazar admirava a obra literária de Aquilino Ribeiro. Nas famosas entrevistas concedidas à jornalista francesa Christine Garnier, não resistiu a dizer-lhe mais ou menos assim: “converse com Aquilino; ele dir-lhe-à muito mal de mim , mas é um grande escritor”
Têm muita razão os que dizem, como o seu filho, ser lamentável e indecoroso, que a obra literária de Aquilino não esteja a ser leccionada na disciplina de Português do ensino secundário. Estou seguro que os estudantes do 11º e do 12º iriam adorar ler o “Andam Faunos pelo Bosque” ou o “Malhadinhas” .
terça-feira, setembro 18, 2007
PROVOCAÇÃO ?...SÓ?...
Ao QuintoPoder também apetece fazer a pergunta provocatória que o blogue Causa Nossa faz neste post.
Repetidamente, teimosamente, um pouco assim ao invés do jeito do delenda Cartago ( Cartago deve ser destruida...), palavras com que Catão terminava os seus discursos no Senado romano.
Ao QuintoPoder também apetece fazer a pergunta provocatória que o blogue Causa Nossa faz neste post.
Repetidamente, teimosamente, um pouco assim ao invés do jeito do delenda Cartago ( Cartago deve ser destruida...), palavras com que Catão terminava os seus discursos no Senado romano.
A MANCHA FLORESTAL DO PARQUE DE CAMPISMO
Cabe um voto de louvor à Câmara Municipal da Figueira da Foz, enquanto orgão autárquico colegial, por ter inviabilizado a venda de cerca de 20 mil metros quadrados de solo municipal situado na imediata vizinhança do Parque de Campismo. Era para ser urbanizado, claro está.
As finanças municipais deixam de poder contar com coisa de 1,5 milhões de euros. Não seria nada mau para tapar os enormes buracões dos exercícios orçamentais. É uma pena.
A exemplo do que é exigível à escala das contas nacionais, tambem nas contas locais a redução do défice ou da dívida acumulada deve ser conseguida muito mais através da redução da despesa, do que do aumento das receitas.
E acima de tudo, tal como a alma não deve ser vendida ao diabo, como o fez o Doutor Fausto, também uma autarquia não pode deitar às urtigas os seus bons princípios de qualidade urbanística, vendendo-os aos apetites imobiliários.
Se, ano após ano, aquela grande mata florestal fosse sendo gradualmente rodeada de construções e de betão, chegaria então a inevitável tentação para toda ela acabar vorazmente “comida” por novas construções e novo betão.
Parece pois ser uma maldição esta dos municípios ficarem financeiramente dependentes de receitas obtidas a partir da construção e da extensão do negócio imobiliário : das vendas de solos do seu património, das taxas aplicadas aos loteamentos e urbanizações, dos impostos do tipo do IMI ou da antiga sisa.
Cabe um voto de louvor à Câmara Municipal da Figueira da Foz, enquanto orgão autárquico colegial, por ter inviabilizado a venda de cerca de 20 mil metros quadrados de solo municipal situado na imediata vizinhança do Parque de Campismo. Era para ser urbanizado, claro está.
As finanças municipais deixam de poder contar com coisa de 1,5 milhões de euros. Não seria nada mau para tapar os enormes buracões dos exercícios orçamentais. É uma pena.
A exemplo do que é exigível à escala das contas nacionais, tambem nas contas locais a redução do défice ou da dívida acumulada deve ser conseguida muito mais através da redução da despesa, do que do aumento das receitas.
E acima de tudo, tal como a alma não deve ser vendida ao diabo, como o fez o Doutor Fausto, também uma autarquia não pode deitar às urtigas os seus bons princípios de qualidade urbanística, vendendo-os aos apetites imobiliários.
Se, ano após ano, aquela grande mata florestal fosse sendo gradualmente rodeada de construções e de betão, chegaria então a inevitável tentação para toda ela acabar vorazmente “comida” por novas construções e novo betão.
Parece pois ser uma maldição esta dos municípios ficarem financeiramente dependentes de receitas obtidas a partir da construção e da extensão do negócio imobiliário : das vendas de solos do seu património, das taxas aplicadas aos loteamentos e urbanizações, dos impostos do tipo do IMI ou da antiga sisa.
A Figueira da Foz já tem que baste de blocos de betão, de fogos de segunda habitação, de prédios vazios e de persianas encerradas durante a grande maioria dos dias do ano, que lhe dão por vezes o aspecto de uma cidade meio fantasma.
A Figueira e os figueirenses não precisam por isso de mais tecido urbano. Precisam, isso sim, de melhor tecido urbano.
segunda-feira, setembro 17, 2007
ESTAVAM TODOS DISTRAIDOS
Estavam todos distraidos. Porventura a banhos, no Algarve, em Vila Moura ou na Quinta do Lago.
Todos, todos distraidos, tão distraidos que nem repararam que a nova versão ( mais uma, porque haverá mais...) do Código de Processo Penal(CPP) entrava em vigor a 15 de Setembro, 15 dias depois de publicado no Diário da República.
Estavam distraidos os ilustres deputados da Nação, o sempre angustiado Ministro da Justiça, os activos dirigentes partidários, os imponentes juizes conselheiros, os eminentíssimos mestres de direito, os assesores jurídicos do Presidente da República, o próprio Presidente da República, imagine-se!...
E deve tambem ter estado distraido o azougado mestre de direito Marcelo Rebelo de Sousa (MRS), agora gritando aqui del-rei que não foram tomadas cautelas, e a zurzir forte e feio nos dirigentes politicos, sobre cuja incompetência se indigna.
Talvez porque o seu programa semanal na RTP1 esteve suspenso durante o mês de Agosto. E assim não teve oportunidade para perorar sobre o novo CPP publicado na 2ª quinzena de Agosto.
Mas então, durante todo o periodo de preparação do CPP, como mestre de direito, não lhe teria cabido , a ele MRS, acompanhar a revisão, para, com patriótica vigilância, ter atempadamente evitado que se cometessem tantos disparates, como refere?
Co’s diabos, será que só intervem quando prepara e cobra pareceres jurídicos ?
Ao quilo, segundo parece.
Estavam todos distraidos. Porventura a banhos, no Algarve, em Vila Moura ou na Quinta do Lago.
Todos, todos distraidos, tão distraidos que nem repararam que a nova versão ( mais uma, porque haverá mais...) do Código de Processo Penal(CPP) entrava em vigor a 15 de Setembro, 15 dias depois de publicado no Diário da República.
Estavam distraidos os ilustres deputados da Nação, o sempre angustiado Ministro da Justiça, os activos dirigentes partidários, os imponentes juizes conselheiros, os eminentíssimos mestres de direito, os assesores jurídicos do Presidente da República, o próprio Presidente da República, imagine-se!...
E deve tambem ter estado distraido o azougado mestre de direito Marcelo Rebelo de Sousa (MRS), agora gritando aqui del-rei que não foram tomadas cautelas, e a zurzir forte e feio nos dirigentes politicos, sobre cuja incompetência se indigna.
Talvez porque o seu programa semanal na RTP1 esteve suspenso durante o mês de Agosto. E assim não teve oportunidade para perorar sobre o novo CPP publicado na 2ª quinzena de Agosto.
Mas então, durante todo o periodo de preparação do CPP, como mestre de direito, não lhe teria cabido , a ele MRS, acompanhar a revisão, para, com patriótica vigilância, ter atempadamente evitado que se cometessem tantos disparates, como refere?
Co’s diabos, será que só intervem quando prepara e cobra pareceres jurídicos ?
Ao quilo, segundo parece.
OS SUCESSOS DA GASTRONOMIA
Li que o festival das caldeiradas, na Figueira da Foz, foi um sucesso retumbante.
Quem o diz são alguns dos responsáveis pela sua promoção e organização. Houve quem classificasse de estrondosa a afluência de turistas e visitantes à Figueira da Foz, fascinadamente atraidos por aquele festival das caldeiradas.
Não sei se serão avaliações fundamentadas em números, estatísticas, rácios. Oxalá sejam.
Porque se o não forem, estaremos tão somente em presença de estimativas recheadas de subjectividade, de palpites do tipo “parece que”, de piedoso wishfull thinking.
E não me espantaria muito que assim fosse.
Como gosto de dizer, só se controla e melhora aquilo que se conhece. E só se conhece aquilo que se mede.
Sobre muitos parâmetros ligados à actividade turística, seria por isso desejável que houvesse, à escala concelhia, uma recolha sistemática e credível de dados estatísticos sobre os seus variados desempenhos, para posterior e devido tratamento.
Tais como, por exemplo: número de refeições servidas em cada mês ( pelo menos num conjunto de uma ou duas dezenas de restaurantes de referência) ; e número de dormidas em hoteis e pensões, com cálculo de indices de ocupação não só ao nível do ano, mas também por mês, por semana, ou por fim de semana.
Só desse modo se poderia, com profissionalismo e objectividade, medir e avaliar o real efeito dos festivais das caldeiradas, e de muitos outros eventos da “animação” e da “movida”, que têm custado rios de dinheiro, sobre os níveis de afluxos de visitantes e turistas. Comparando-os com homólogos níveis de afluxo médios ou padrões, ao longo de cada ano.
Não caberia às associações empresariais do sector, ou mesmo à empresa municipal Figueira Grande Turismo, responsabilizarem-se por aquelas recolhas, medições e avaliações?
E estarão as empresas hoteleiras e de restauração disponíveis para prestarem as informações necessárias?
E se, com débito à minha ignorância, aqueles valores, estatísticas e racios, numericamente expressos, afinal de facto já existirem, não deveriam eles ser amplamente divulgados à opinião pública local ?
Li que o festival das caldeiradas, na Figueira da Foz, foi um sucesso retumbante.
Quem o diz são alguns dos responsáveis pela sua promoção e organização. Houve quem classificasse de estrondosa a afluência de turistas e visitantes à Figueira da Foz, fascinadamente atraidos por aquele festival das caldeiradas.
Não sei se serão avaliações fundamentadas em números, estatísticas, rácios. Oxalá sejam.
Porque se o não forem, estaremos tão somente em presença de estimativas recheadas de subjectividade, de palpites do tipo “parece que”, de piedoso wishfull thinking.
E não me espantaria muito que assim fosse.
Como gosto de dizer, só se controla e melhora aquilo que se conhece. E só se conhece aquilo que se mede.
Sobre muitos parâmetros ligados à actividade turística, seria por isso desejável que houvesse, à escala concelhia, uma recolha sistemática e credível de dados estatísticos sobre os seus variados desempenhos, para posterior e devido tratamento.
Tais como, por exemplo: número de refeições servidas em cada mês ( pelo menos num conjunto de uma ou duas dezenas de restaurantes de referência) ; e número de dormidas em hoteis e pensões, com cálculo de indices de ocupação não só ao nível do ano, mas também por mês, por semana, ou por fim de semana.
Só desse modo se poderia, com profissionalismo e objectividade, medir e avaliar o real efeito dos festivais das caldeiradas, e de muitos outros eventos da “animação” e da “movida”, que têm custado rios de dinheiro, sobre os níveis de afluxos de visitantes e turistas. Comparando-os com homólogos níveis de afluxo médios ou padrões, ao longo de cada ano.
Não caberia às associações empresariais do sector, ou mesmo à empresa municipal Figueira Grande Turismo, responsabilizarem-se por aquelas recolhas, medições e avaliações?
E estarão as empresas hoteleiras e de restauração disponíveis para prestarem as informações necessárias?
E se, com débito à minha ignorância, aqueles valores, estatísticas e racios, numericamente expressos, afinal de facto já existirem, não deveriam eles ser amplamente divulgados à opinião pública local ?
domingo, setembro 16, 2007
ANGÚSTIA PARA O REGRESSO DE FÉRIAS
Um cidadão portuga regressa de férias, e dá de caras com notícias como esta.
Claro que fica logo com vontade de voltar para férias, sem ler jornais, sem ouvir e ver telejornais, sem surfar pela blogosfera.
O que torna a nossa “justiça” ( com muitas aspas...) violentadora dos direitos dos cidadãos , dos tais que estão consagrados na nossa progressista, humanista e muito prolixa Constituição, não era nem é propriamente o uso e eventual abuso da prisão preventiva, mas sim a exasperante, revoltante, burocratizada, terceiro-mundista lentidão do nosso sistema judicial, concebido e construido por sucessivas gerações de jurássicos mestres de direito, legislado por levianos e incompetentes políticos (a maioria “formatados” por aqueles mestres), gerido e aplicado por bolorentos juizes conselheiros.
Como também já ouvi hoje, os criminosos estão cada vez mais com mais direitos; enquanto as vítimas estão cada vez mais com menos.
Um cidadão portuga regressa de férias, e dá de caras com notícias como esta.
Claro que fica logo com vontade de voltar para férias, sem ler jornais, sem ouvir e ver telejornais, sem surfar pela blogosfera.
O que torna a nossa “justiça” ( com muitas aspas...) violentadora dos direitos dos cidadãos , dos tais que estão consagrados na nossa progressista, humanista e muito prolixa Constituição, não era nem é propriamente o uso e eventual abuso da prisão preventiva, mas sim a exasperante, revoltante, burocratizada, terceiro-mundista lentidão do nosso sistema judicial, concebido e construido por sucessivas gerações de jurássicos mestres de direito, legislado por levianos e incompetentes políticos (a maioria “formatados” por aqueles mestres), gerido e aplicado por bolorentos juizes conselheiros.
Como também já ouvi hoje, os criminosos estão cada vez mais com mais direitos; enquanto as vítimas estão cada vez mais com menos.
sábado, setembro 01, 2007
Será sensato e prudente, organizar um festival aéreo, com acrobacias arriscadas e piruetas espectaculares de velozes aviões, ali naquele espaço relativamente estreito da foz do rio Douro, entre Porto e Gaia, entre escarpas, ao longo de um “corredor” entre duas pontes, com milhares de pessoas dispostas nas margens do rio, separadas uns 100 a 150 metros?
Pela minha parte, por mim falo. Eu não me arriscava a ir para aqueles locais, na Ribeira e em Miragaia, no Porto, ou na Afurada e cais dos armazéns do vinho do Porto, em Gaia, a fim de assistir a um tal conjunto de arriscadas e temerárias acrobacias aéreas, feitas num contexto altamente competitivo.
Mas parece que meio milhão de pessoas têm essa “coragem”. O defeito deve portanto ser meu. Sou um medricas.