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quarta-feira, setembro 19, 2007


AQUILINO

Pela terceira vez, vou tornar a ler o “Andam Faunos pelo Bosque”, uma das obras mais emblemáticas de Aquilino Ribeiro.
É uma fábula deliciosa sobre o Portugal rural e profundo dos tempos que antecederam a ditadura instalada em 1926, temperada por um bem humorado anti-clericalismo e um desvastador sarcasmo. A história dava um grande filme.

Da contra capa do livro editado pela Bertrand consta este trecho escrito pelo próprio escritor :

“ (...)Compu-lo com a linguagem que, juvante Deo, amanhã me há-de servir para pintar o que por aí abunda : quebra-esquinas, banqueiros que vendem a alma e venderiam a pátria, se fosse veniaga ao seu alcance, mulheres que arremedam a francesa na moda e na moral, sábios balofos, políticos sem vergonha e sem ideias e uma ou outra pessoa de bem.
Quero ainda dizer ao pio leitor – só a esse – que, melhor que romance, este livro é uma fábula. Fábula em onze jornadas, tragicómica, sorte de rapsódia pagã em bemol. Sinto que passa nela um sopro de loucura que vai dobrando o canavial secular das ideias e dos bons costumes. Por aí se perde, ou por aí se ganha “.

O próprio ditador Salazar admirava a obra literária de Aquilino Ribeiro. Nas famosas entrevistas concedidas à jornalista francesa Christine Garnier, não resistiu a dizer-lhe mais ou menos assim: “converse com Aquilino; ele dir-lhe-à muito mal de mim , mas é um grande escritor”

Têm muita razão os que dizem, como o seu filho, ser lamentável e indecoroso, que a obra literária de Aquilino não esteja a ser leccionada na disciplina de Português do ensino secundário. Estou seguro que os estudantes do 11º e do 12º iriam adorar ler o “Andam Faunos pelo Bosque” ou o “Malhadinhas” .

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