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domingo, dezembro 31, 2006

VOTOS DE UM FELIZ ANO DE 2007 !
para os colegas, amigos e leitores do QuintoPoder.

ANO NOVO, UE NOVA

Amanhã, primeiro dia de 2007, entram oficialmente para a União Europeia, dois novos Estados nacionais, a Roménia e a Bulgária. Passamos a ser 27.
Depois de ter provado obedecer a todos os critérios fixados, também amanhã a Eslovénia entra para a Eurolândia (a Europa da moeda comum, o Euro).
Um dos três ou quatro novos países da UE que já passou à frente de Portugal.

Estive em Maio passado de visita à Eslovénia, em particular à sua capital, Lujbljana. Uma cidadezinha encantadora, extremamente limpa, com um centro histórico impecavelmente bem recuperado e conservado, animadíssimo nas suas inúmeras esplanadas bordejando um sereno rio que o atravessa.
Em bonitas praças e ruelas do centro, havia vários mercados de artesanato nacional, flores, frutas e outras bugigangas .
Fiz por aí umas umas pequenas compras. Coisas muito simples, umas cerâmicas, uns artigos de madeira. O Euro já circulava livremente, a par da moeda nacional. Tudo estava cuidadosa e claramente marcado nas duas moedas
Era o tempo das cerejas. Comprei também uma porção de cerejas, e um pacote de tâmaras, compostos a peso, para comer enquanto vagueava por ali.
Cada compra era de um a dois euros.
De cada uma, não importava o montante, me era passada uma factura, numerada e com todos os dados, emitida por uma pequena impressora.
Sempre com um sorriso nos lábios e um simpático thank you.
Imagino com que cara ficaria um vendedor ou uma vendedora de um dos nossos confusos mercados populares, se depois de me vender uma dúzia de ovos ou um pacote de pevides, eu lhe pedisse uma factura !
Nem eu me atreveria a pedir tal coisa, sobretudo se fosse no mercado do Bulhão!…

sexta-feira, dezembro 29, 2006

UMA CULTURA DE TRANSPARÊNCIA

Para levar à prática uma política de transparência e de verdade, uma Câmara Municipal não necessita de dispor de muitos recursos financeiros.
Bastará tão só que o seu Presidente deseje e decida cultivar essa transparência.
Pode ser que tal não dê obra de encher o olho do municipe ou do eleitor , sobretudo do mais impressionável .
Mas seria decerto um bom exemplo, e teria um muito útil efeito pedagógico.
Nunca será demais recordar que o Estado, ao nível da Administração Central e ao nível da Administração Local, deve ser uma pessoa de bem, e como tal comportar-se.

Para desenvolver uma tal política de transparência, seria por exemplo desejável que a Câmara Municipal da Figueira da Foz informasse regularmente a comunidade municipal de quanto deve, a quem deve, e desde quando deve aos seus fornecedores.
Sem jogar às escondidas, recorrer à desculpa do segredo do negócio, ou varrer as dívidas para debaixo do tapete, para ninguém ver.
Deveria e poderia dar essa informação na sua página da internet, ou prestá-la aos representantes do eleitorado municipal, ou seja, a Assembleia Municipal.
Ou, c’os diabos, prestá-la regularmente , ao menos, a toda a Câmara Municipal, quer aos vereadores executivos quer aos não executivos.

Será de esperar que nova legislação venha a ser publicada tornando aquela sistemática informação claramento obrigatória, suprindo assim algum vazio ou omissão que a actual Lei contenha.
Em todo o caso, e bem vistas as coisas, não seria necessária legislação nova para forçar cada Presidente da Câmara a fazê-lo.
Com efeito, a Lei actual já a tal o obriga, porque estipula na alínea e) do artigo 53º da Lei 169/99, que compete à Assembleia Municipal “ apreciar, em cada umas das sessões ordinárias, uma informação escrita do presidente da câmara acerca da actividade do município, bem como da situação financeira do mesmo (...) “.
Esta apreciação não pode todavia limitar-se a ser feita apenas sobre a inócua e inconsequente informação que habitualmente é prestada sobre a situação da tesouraria, em jeito mais ou menos distraido, em cada sessão da Câmara Municipal.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

BOAS NOTÍCIAS !
O Conselho de Ministros de hoje foi muito produtivo em resoluções e legislação de manifesta importância .
Uma dessas resoluções interessa particularmente à Figueira da Foz :
3. Resolução do Conselho de Ministros que aprova as minutas do Contrato de Investimento e respectivos Anexos, a celebrar pelo Estado Português, a Altri SGPS, S. A. e a Celulose Beira Industrial (Celbi), S. A., que tem por objecto a expansão e modernização da unidade industrial desta última sociedade, localizada na Figueira da Foz

Este projecto de investimento destina-se à expansão e modernização da unidade fabril da Celulose Beira Industrial (Celbi), S.A., sita na Figueira da Foz, e envolve a adaptação em cada fase do ciclo produtivo das melhores tecnologias disponíveis e a construção de um ramal ferroviário interno que servirá o armazém fabril.
O projecto permitirá à Celbi aumentar a qualidade do seu processo e do produto final, reduzindo os riscos e incrementando a eficiência ambiental da produção, assim como potenciar um aumento substancial da sua capacidade produtiva e das exportações.
O investimento em causa supera os 320 milhões de euros, prevendo-se a manutenção de 230 postos de trabalho, bem como o alcance de um valor de vendas acumulado de cerca de 24 milhões de euros no final de 2009 e de cerca de 266 milhões de euros no final de 2016, ano do termo da vigência do contrato.
Uma excelente notícia para os colegas da Celbi, a quem felicito.
Todavia, para se avaliar melhor o seu alcance, importará ainda ler o teor completo da Resolução propriamente dita, que deverá ser publicada dentro de dias no Diário da República.
Por exemplo : que significado atribuir à parte onde se escreve " prevendo-se a manutenção de 230 postos de trabalho" ? Este é o número existente actualmente...
E o que será isso de " um valor de vendas acumulado de cerca de 24 milhões de euros no final de 2009" ?
O valor das vendas líquidas em 2005 foi de 124 milhões de Euros.
Significa que o valor das vendas em 2009 será cerca de 20% ( 24:124= 0,193) superior ao valor de 2005 ?

CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES E A EUROPA EM 2015
























(para aumentar a imagem, clicar sobre ela)

HAJA MAIS BANDEIRAS!

Os senhores deputados da Assembleia da República não terão mais nada em que se possam entreter, para além de preparar importantíssimas resoluções deste tipo?

Por este andar, faltará agora também desenhar, adoptar e hastear uma bandeira para o Governo, outra para o Supremo Tribubal de Justiça e outra para o Tribunal Constitucional.
E depois, na Figueira da Foz, em cuja Câmara Municipal há gente sempre muito preocupada com o protocolo, terá de se pensar em, urgentemente, arranjar uma bandeira para a Assembleia Municipal.
As coisas não deverão ficar por aí. Certamente que o exemplo dará frutos, e haverá bandeiras para as diversas Assembleias de Freguesia
.

ERA SÓ PARA EMPATAR...

Por aquilo o que se pode ler no PUBLICO on-line ( espero que seja mesmo verdade) , o Tribunal Constitucional vai declarar que a nova Lei das Finanças Locais não é inconstitucional.
Não consigo entender, de facto, como a ideia da inconstitucionalidade passou pelo crâneo de alguns políticos com propensão para empatar.
Se realmente o fosse, com o argumento de que não poderia haver diferenciação de IRS ( um imposto nacional) de município para município, então também a Lei actualmente em vigor o seria.
Pois esta prevê que, por efeito da derrama que cada Câmara Municipal decide aplicar, há diferenciação e discriminação de IRC ( um imposto nacional) de município para município.
Será que nunca deram por isso?

Um pouco a este propósito, transcrevo um comentário acabado de ler , de um leitor do PUBLICO on-line à notícia neste publicada :


(...) agora quero ver os palhaços que andaram a empatar tempo com disputas do "inconstitucional" o que é que dizem .
Agora devem dizer que é a virgula do 4º parágrafo que é inconstituicional .
Fico satisfeito pelo tribunal Constitucional dar este Acordão , o país tem que andar para a frente e deixar de perder tempo .
Sua Exª o Sr. Presidente da República certamente agora promulgará a Lei .
Todos ficaremos a ganhar e faço votos para que muitos municípios do interior chamem residentes para as suas áreas dando-lhes desconto no IRS , pois sem dúvida que essa pode ser uma maneira de captar pessoas em áreas desertificadas , pode ajudar .
E daqui mando as boas-festas e desejos de bom ano ao sr. deputado Marques Guedes em particular , que se tem revelado um perspicaz lider parlamentar da oposição social-liberal , pela sagacidade das inconstitucionalidades que levanta e também pelo ar sério e sapiente com que as proclama .
Continue sr. Deputado , o país necessita da sua sapiência agora corroborada pelos meretíssimos juizes do TC .

quarta-feira, dezembro 27, 2006

A INFLEXIBILIDADE E A TOLERÂNCIA ZERO

Ouvi nos noticiários da telefonia.
Peremptório, um senhor graduado da Brigada de Trânsito da GNR afirma que, durante o período da passagem do ano, serão inflexíveis quanto à condução sob efeito do alcool.
Presume-se que terão sido um bocadinho flexíveis nos dias da quadra do Natal.

O que ajudaria a explicar a mortandade que se viu no passado fim de semana prolongado.
Faz-me lembrar aquela ideia peregrina do saudoso Fernando Gomes, ministro do governo do inefável António Guetrres, e agora com uma apetitosa sinecura na GALP ( segundo creio...), o qual mandou declarar o IP5 como via de tolerância zero.
Como se nas outras muitas vias ( “acessibilidades” em politiquês pindérico) por esse País fora houvesse tolerância para os comportamentos de condução criminosa, para tranquilidade e felicidade dos condutores indígenas.
Eram os tempos do diálogo..que saudades!....

PARA ONDE FOI ( VAI) O NATAL
É nisto no que o Natal está transformado.
É este o Natal " secularizado", de que aparentemente Vital Moreira gosta, a julgar pelo teor do seu artigo de opinião do PUBLICO de ontem, sob o título " O Natal profano de todos nós" , a cruzar com este post do seu blogue Causa Nossa.
A bem do sacrossanto princípio da República laica e jacobina, que Vital Moreira teme poder vir a estar em causa.
Com o que pretenderá responder aos que defendem a necessidade de se proceder a uma certa "re-cristinização " da festa natalícia.
Nesses me incluo, dando ao conceito um sentido mais civilizacional e cultural, e não necessáriamente religioso ou do domínio da fé na divindade do menino nascido das palhinhas, plásticamente traduzido na poética do presépio.
E a mensagem da festa natalícia cristã, na sua pureza inicial, franciscana, tem uma carga ética, convergente com os valores que gostaria de ver adoptados como referências no nosso mundo ocidental e greco-judaico-cristão, carga ética que não têm o anafado pai Natal, de pesado saco às costas, trepando pelas varandas acima, ou a nórdico-pagã árvore de Natal carregada de bolinhas coloridas e de embrulhinhos cheios de prendas.

domingo, dezembro 24, 2006

FELIZ NATAL
Desejo um FELIZ NATAL a todos os amigos, leitores , e colegas da blogosfera figueirense.


No ano em que se celebra o 100º aniversário do nascimento de António Gedeão, aqui fica o seu mais inspirado poema de Natal.

DIA DE NATAL

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros – coitadinhos - nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria ,
de perdoar aos nossos inimigos , mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência , tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e de banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes .

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético )

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais adiante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
e as belas coisas inúteis de plástico , de metal , de vidro e de cerâmica .

Os olhos acorrem , num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores .

A oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente , mesmo sem querer ,
entra no estabelecimentoe compra – louvado seja o Senhor! – o que nunca tinha pensado comprar.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santaa sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena .
Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.

De manhãzinha
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama .

Ah!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus

Jesus,o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora .

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiamque caíam
crivados de balas .

Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor , de Paz , de Felicidade ,
de Sonhos e Venturas .
É dia de Natal .
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas .

sábado, dezembro 23, 2006

A INJUSTA MAS INDISPENSÁVEL EFICÁCIA
Da crónica de Daniel Bessa hoje publicada no Expresso, retiro o seguinte extracto :
(...)
O esforço de consolidação e de redução da despesa, só pode ter um prémio : a redução da carga fiscal. Que imposto ou impostos baixar, eis a questão.
A minha opinião é clara : devemos começar por baixar os impostos sobre as empresas.
É verdade que o capital já paga menos impostos do que o trabalho e que, com a redução da carga fiscal sobre as empresas, esta injustiça será agravada. Acontece que, nos dias de hoje, esta questão é muito mais uma questão de eficácia do que uma questão de justiça.
O capital tem uma mobilidade que o trabalho não tem. Só atrai, e ao emprego que gera, quando for competitivo – coisa que Portugal não é, suficientemente.
(...)
Pois é. Neste mundo injusto, as coisas são como são, e de pouco valerá indignarmo-nos e clamar que são injustas.
Mais valerá usar a eficácia como modelo de orientação para combater essas injustiças.

Recordo-me de Helmut Schmidt, que nos anos setenta sucedeu a Willy Brandt como Secretário-Geral do PSD alemão e como Chanceler da República Federal da Alemanha, e que então dizia ou escrevia :
“ os lucros das empresas, hoje, serão os investimentos de amanhã, que farão baixar o desemprego depois de amanhã “

sexta-feira, dezembro 22, 2006

BERRAR PORQUE SIM E BERRAR PORQUE NÃO
É impressão minha, ou muitos daqueles que agora se lançaram numa berraria, alegando que o Governo não respeita a sagrada independência da entidade reguladora da energia, interferindo com as suas decisões, e reclamam ouvir de imediato o seu ex-presidente, são exactamente os mesmos que há coisa de dois meses berraram também, protestando veementemente quando veio a público a possibilidade do tarifário da electricidade ser aumentado de 16 ou 17%, que diziam atingir gravemente os consumidores e retirar ainda mais competitividade às indústrias portuguesas ?

quarta-feira, dezembro 20, 2006

A SUBSTITUIÇÃO

A Vereadora Aida Cardoso, da Câmara Municipal da Figueira da Foz, eleita pelo Partido Socialista, pediu a suspensão do seu mandato por um período de seis meses.
O nome que se lhe segue na lista do PS é o de Nogueira Souto. Como creio que ele não vai aceitar o cargo de Vereador, tentei saber quem era o candidato ou candidata que se lhe segue na lista.
Fui por isso consultar a pequena brochura, repleta de promessas, distribuida pelo PS quando das últimas eleições autárquicas de Outubro do ano passado.
Só pude saber que se trata de uma senhora, cujo nome é Irene.
Parecerá insólito, mas na legenda da sua foto, nada mais consta para além do seu nome próprio.

AS AUSÊNCIAS VIRTUAIS

Na última votação do Orçamento da Câmara Municipal da Figueira da Foz, para 2007, o Vereador Pereira Coelho solicitou para ser “considerado como ausente da sala” .
Uma ausência do mundo virtual, portanto.
O Presidente da Câmara parece ter acedido ao pedido. Não sei se algum outro vereador presente terá de algum modo reagido ou questionado a aceitação de tão insólita situação.
Suscita-me imensa curiosidade ler a acta daquela reunião, para ver como é que o resultado da votação virá nela relatado.

Está assim criado um precedente, que poderá vir a ser invocado no futuro, nas votações das reuniões da Câmara Municipal . E não estou a ver muito bem que consequências e que alcance poderão vir daí a resultar.
No futuro, e quando o entender, qualquer outro dos Vereadores terá legitimidade para invocar também o seu direito de pedir para ser “dado como ausente” da sala, num momento de qualquer votação. Poderá o Presidente da Câmara recusar um tal pedido?
No caso dos quatro vereadores da oposição, eleitos pelo Partido Socialista, fazerem todos eles esse pedido , eis que se poderá estar numa posição com muito mais força bloqueadora do que um voto contra, presencial .
Se o Vereador Pereira Coelho tambem estiver ou for considerado ausente, real ou virtualmente, a Câmara Municipal fica então sem quorum .
Não poderá deliberar, e não haverá voto de qualidade do Presidente da Câmara que valha para o efeito.

terça-feira, dezembro 19, 2006

LAICISMO E INSANIDADE

Li ontem na imprensa que em Mijas, uma típica localidade andaluza perto de Málaga, a directora de uma escola havia deitado fora um presépio feito por alunos, com o argumento de que numa escola pública não deve haver símbolos religiosos.
Já não se trata de laicismo; neste caso, estamos no domínio da mais imbecil das insanidades.
Que não deixará ser, em grande parte, consequência da cruzada de histerias laicistas que o tonto do actual Presidente do Governo espanhol, Jose Luis Zapatero, anda a espalhar por Espanha . Está visto que o sujeito não tem nem um décimo da estatura de estadista de Filipe Gonzalez, antigo Secretário Geral do PSOE.
Ainda gostava de ver Zapatero a atrever-se a colocar obstáculos de pendor laicista às tradicionais festas da Semana Santa e da Virgem Macarena em Sevilha .
Iria ver a virotada a que seguramente era corrido.

ALEGAÇÕES OU PRESSÕES ?

Quando esta manhã ouvi a notícia, logo me cheirou que vinha aí uma evitável polémica.
O envio da carta do Primeiro-Ministro(PM) ao Tribunal Constitucional (TC) é um facto inédito, e até bastante insólito.
Mas não parece revestir ilegitimidade.
Tanto quanto sei, enquanto cidadão, e dos meus limitados conhecimentos sobre os processos judiciais, quando duas partes vão a tribunal para dirimir um conflito, elas podem fazer e apresentar alegações.
Presumo que tenha sido isso o que fez o PM ( ou o Governo), ao capear os pareceres recolhidos de juristas apontando no sentido da constitucionalidade da nova Lei das Finanças Locais, com uma carta onde acrescenta considerações sobre a bondade e a necessidade da mesma .
Presumo também que a carta foi endereçada ao TC , orgão de soberania ; e não individualmente, aos juizes.
Se porventura houver sido este o caso, então sim, estaremos em face de uma grave tentativa de influenciar, condicionar, ou pressionar , de forma ilegítima, a decisão do Tribunal.
De qualquer forma, creio que não haveria necessidade da carta e que nada com ela o PM vai ganhar. Talvez pelo contrário. E ainda por cima agora que a opinião pública estava distraída com o folhetim do Jorge Nuno e da Carolina Salgado.
Mais uma derrapagem do PM. Ou um tiro no pé, costuma dizer-se.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

TER RAZÃO ANTES DO TEMPO

Perante o enorme êxito de livraria e de bilheteira que constitui a telenovela em curso dos amores e desamores do Sr. Pinto da Costa com a menina Carolina Salgado, ocorre fazer algumas reflexões retrospectivas.

Há uns anos, Fernando Gomes, então Presidente da Cãmara do Porto, e muitos dos seus dedicados panegiristas, colocavam-se de cócoras perante o poderoso Pinto da Costa, homem forte do futebol portuense e do regional-populismo nortenho. De resto, com alguma semelhança ao que acontece a muitos outros autarcas, por esse país fora, na sua relaçao com o sub-mundo do futebol.

Quando chegou a Presidente da Cãmara do Porto, Rui Rio fez questão de adoptar uma postura de distanciamento, de confronto e até de hostilidade perante aquela intocável criatura.
Caiu o Carmo e a Trindade. Choveram os epítetos feios dirigidos a Rui Rio. Chegou-se quase à agressão física.
Passados estes anos, vendo e ouvindo o que para aí vai, conhecendo-se já o que se conhece, manda a mais elementar honestidade intelectual reconhecer que Rui Rio tinha razão

FINTAS , ALHOS E BUGALHOS

Na recente entrevista dada à revista Figueira21 , o Presidente da Câmara da Figueira da Foz foi a certa altura confrontado com a seguinte pergunta :

“ E os sucessivos ataques e suspeições de Pereira Coelho às empresas municipais, Figueira Grande Turismo(FGT) e Figueira Domus ? ”

Com sagaz capacidade contorcionista, o entrevistado fez uma finta, e respondeu :

“ Em relação à FGT o que há é, por parte dos vereadores da oposição, uma posição contrária a tudo o que é a empresa de turismo, apresentem-se ou não novas ideias e estratégias. Fala-se em FGT, o PS é sempre contra. Tanto faz que se diga azul, verde ou vermelho, para os vereadores socialistas é sempre preto.
Por mais que o executivo(PSD) faça, o PS acha mal. São contra a FGT e para eles não há nada a fazer a não ser, primeiro, matar a empresa municipal.
Há coisas, no funcionamento da empresa de turismo que, ao longo dos anos, têm sido corrigidas mas nem assim. Mesmo que se faça uma coisa fantástica, para o PS representa zero”.

Como se vê, o jornalista perguntou sobre alhos, e a resposta veio sobre bugalhos.
A pergunta era sobre as posições de Pereira Coelho, e a resposta versou as posições dos vereadores eleitos pelo PS.
O jornalista não se deu porém por convencido nem por vencido.
Timidamente, insistiu :

"Acabou por não me responder à pergunta à pergunta concreta que lancei, na qual pretendia saber a sua opinião sobre a postura de Paulo Pereira Coelho na questão da FGT...E quanto à Figueira Domus?"

Nova finta, e a resposta veio assim :

“ Quando essa empresa municipal nasceu foi definida uma política e o que temos feito é dar seguimento a essa estratégia, dados os compromissos anteriormente assumidos. Sei que há coisas que tem de se representar na Domus, como procurar outros segmentos de mercado. Talvez,como em tempos sugeri, aproveitar para recuperar o tecido urbano da parte antiga da cidade e vocacionar essa área para habitação social”

Fazenso-se distraído, respondeu mais uma vez a alhos, com bugalhos.
Desta feita, o jornalista não foi capaz de voltar a insistir. Ou então, não quis, por uma questão de boa educação.
Mudou de assunto e passou à pergunta seguinte.

domingo, dezembro 17, 2006

PULGAS NUM CÃO VADIO

No seu avinagrado mas demolidor estilo, escreve Vasco Pulido Valente na sua crónica de hoje do PUBLICO, referindo-se a Luís Filipe Menezes:

“Nunca teve no governo um lugar de verdadeira importância, não está associado a nenhum acto político memorável, não representa nenhuma ideia ou programa que se distinga da banalidade ideológica corrente.
Nada disto, no entanto, o desanima ou acalma. Com certeza que lhe dizem lá por cima que ele é a Maria da Fonte e ele acredita.
Pior ainda, aproveitando vigorosamente o seu democrático direito à liberdade de expressão, nunca se cala.
Marques Mendes tem de viver com ele como quem vive com uma pulga, ou seja, com muita paciência e sempre à espera de uma ferroada.
No PSD, há hoje mais pulgas do que num cão vadio.”

HIGIENE ALIMENTAR E CHINESICES

O restaurante Galeto, na lisboeta Avenida da República, foi encerrado há dias, por determinação da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica ( ASAE).
A ASAE é comandada por senhor economista, antigo praticante de karate, que gosta de aparecer muito nas reportagens televisivas , com uma nsia de vedetismo que justifica pela necessidade de “fazer pedagogia”, segundo diz .
Parece empenhada numa verdadeira cruzada em prol do cumprimento das disposições legais sobe higiene alimentar, em geral obedecendo de forma cega e serôdia aos elaboradíssimos regulamentos preparados por burocratas de Bruxelas.

O Galeto faz parte de um conjunto de locais de referência da Lisboa académica dos anos 60 e 70, situados um pouco por ali, entre as redondezas da cidade universitária e o IST. Outros locais eram a Mexicana, o Vává, o Café Roma e, este um pouco mais longe, o Califa, para os lados de Benfica.
Entrava-se num táxi, fosse em que área de Lisboa fosse, dizia-se o nome de um daqueles cafés-restaurantes, e não era necessário dar mais indicações. O motorista levava-nos lá direitinhos.

Quando vou ou estou em Lisboa, costumo frequentemente ir comer ao Galeto.
A comida é boa, a ementa é variada, o preço não é caro, o serviço é impecável e rápido.
Na zona dos balcões e do público, nunca por lá vi ou entrevi qualquer indício de falta de higiene. Nem na comida propriamente dita, nem nos balcões, nem nos empregados.
Segundo li na imprensa, os problemas terão sido nas cozinhas situadas na cave.

Não me custa por isso a crer que, à boa maneira dos burocratas portugueses, a súbita fúria de perfeição higienista dos inspectores, se tenha voltado, por exemplo, contra um balde lixo sem pedal, um lavatório de cozinha com torneira manual, a falta de uns quaisquer documentos, licenças ou outras papeladas, uma colher de madeira e não de aço inox para mexer a sopa, uma faca que é utilizada habitualmente tanto para cortar batatas ou carne. Ou uma daquelas muitas mariquices e chinesices que os burocratas das “instâncias comunitárias” prantam em prolixos regulamentos.

E que os inspectores indígenas, sempre ávidos e prontos a mostrar que existem, que estão exemplarmente a par daquilo que melhor se faz na Europa, que são importantes e estão investidos de autoridade, logo tendem a aplicar de forma cega, e minuciosa.
Convirá lembrar que, se tais regras, leis e regulamentos forem tomados escrupulosa e rigorosamente à letra, então que em Portugal se cuidem à roda de 90% dos bares, restaurantes, pastelarias ou mais humildes tasquinhas.
Vão ter mesmo que fechar as portas.

PS
Vem-me à memória a história do galheteiro nas mesas dos restaurantes, para temperar as saladas..
Há mais de um ano, um decreto ou uma portaria proibiu o seu uso em Portugal, obrigando a que fosse substituido por uns frasquinhos invioláveis.
Já depois disso andei por Espanha, Itália, França e Noruega, por exemplo.
Sempre por lá encontrei galheteiros nos restaurantes...

sexta-feira, dezembro 15, 2006

POESIA REVOLUCIONÁRIA DO INICIO DOS ANOS 70...

À volta com umas arrumações, dei com um pequeno disco de vinil, de 45 rpm, com cantigas de um baladeiro chamado Tino Flores ( que será feito dele?...).
Foi adquirido, algures em Paris, junto dos meios de portugueses exilados e emigrados, no início da década de 70 .
Editado pela “Colecção Revolta”, tem na capa uma litografia mostrando um operário com um martelo na mão, e um camponês com uma foice na mão. Algumas das cantigas têm letras deliciosas.
Como esta , intitulada “ Na casa do operário” :

Na casa do operário
Não há luxo nem riqueza
Na casa do operário
Com ele mora a pobreza

Na casa do operário
Só lá mora gente séria
Na casa do operário
Há fartura de miséria

Na casa do operário
Fala-se mal do patrão
Na casa do operário
Pensa-se na insurreição

Na casa do operário
Os punhais estão escondidos
Na casa do operário
Moram homens decididos

Na casa do operário
Se destrois a burguesia
Na casa do operário
Haverá muita alegria

CULTURA E CANASTA

Como costumo fazer, no meu regresso à paróquia da Figueira da Foz, coloquei em dia a leitura da imprensa regional da quinzena anterior.
Num dos números do Diário As Beiras do princípio de Dezembro, despertou-me a atenção uma curiosa e pequenina notícia da freguesia de Ferreira-a-Nova.
Rezava assim:

O Grupo Juvenil de S. Tomé realizou o seu primeiro torneio de canasta, no passado fim de semana, nas instalações da Associação Cultural, Recreativa e Desportiva de Ferreira-a-Nova. Participaram 18 equipas.
O torneio contou com o apoio da Junta de Ferreira e terminou com um jantar de convívio
.

Confesso que gostaria muito de conhecer com mais pormenor qual foi o apoio da Junta de Freguesia. Não me custa a crer que deve ter sido para pagar o jantar de convívio com que terminou o cultural torneio de canasta.
Neste relaxante e agradável jogo de cartas, cada equipa é constituida por duas pessoas.
Como eram 18 equipas, terão estado no jantar pelo menos 36 animados comensais.
Contando com mais uns amigos, uns dirigentes da Associação Cultural e uns tantos elementos da Junta de Freguesia que deu o subsídio, tenho o forte palpite que, abancados à mesa, devem ter estado à roda de uma meia centena de carecidas e famintas bocas.
É necessário apoiar as colectividades locais e promover a cultura das “populações”, né?...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

SEREMOS UM PAÍS DE MAFIA E DE CAMORRA?...

Vi hoje a RTP entreter os telespectadores com quase 10 minutos de tempo de antena, cedido em directo, e no horário nobre do jantar, para as declarações indignadas de um senhor chamado Jorge Costa, que se dizia representante do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.

Parece que a direcção deste importante orgão ( será um orgão de soberania?...até parece....), de grande exposição mediática, esteve reunida toda a tarde, para apreciar a falta de solidariedade daquilo a que chamam o “poder político” , relativamente a um senhor delegado do Ministério Público dos lados do Porto que se queixa de ter sido seguido , em 2004, não se sabe bem por quem, mas parece ter sido alguém ligado ao processo do “apito dourado”. Só se terá lembrado de se queixar passados dois anos, mais enfim....

Os Magistrados do MP querem aparentemente que o tal “poder político” e os opinion makers indígenas lhes dêm mais importância, carinho e atenção.
São uns ingratos, e não sabem reconhecer a eminentíssima importância desta relevantíssima corporação do MP !
Tudo espremido a partir dos tais 10 minutos de papati patata, bla bla bla.., o que parece que os delegados do MP querem é ter uma viatura, um motorista e dois guardas costas para cada um deles. Devem também estar a pensar em reivindicar um prémio de risco, pois quando deixam o conforto dos gabinetes alcatifados, aquecidos, e com ar condicionado, correm imenso perigo de serem apanhados por um capanga qualquer ao serviço do Sr. Pinto da Costa ou da Mademoiselle Carolina Salgado.

Haja algum sentido do ridículo, meus senhores!...
Os senhores delegados do MP devem andar a ver demasiados filmes italianos sobre a luta dos respectivos magistrados contra a Mafia siciliana e a Camorra napolitana, que em tempos idos foram muito populares nas nossas televisões.
Ou será que já estamos a esse nível, neste Portugal de brandos costumes ?
Isto estará mau, mas não assim tão mau, co’s diabos.

PS.
Antigamente, nas comarcas, havia os “delegados do Procurador da República ”, que queria dizer isso mesmo, que tinham um poder, uma competência e uma missão que eram delegadas pelo Procurador da República.
Parece que agora se não diz assim. Todos são Procuradores adjuntos. Deve ser mais um exemplo da semântica aplicada ao politicamente correcto.
Também a Gramática vai virar TLEBS, né?....

MAU SINAL...

O Procurador Geral da República actualmente em funções tomou posse num clima de consenso generalizado e de grande expectativa por parte da opinião pública.
Em minha opinião, e para meu gosto, está já a ter uma excessiva exposição mediática, ( não sei se procurada, se consentida ou se a seu contra gosto...), a aparecer muito nas televisões, nos telejornais e na imprensa, e a conceder demasiadas entrevistas.
Mau sinal...

DOIS BEST SELLERS

Os dois maiores best-sellers saídos recentemente em Portugal, têm em comum dois pontos : ambos pretendem fazer revelações mais ou menos sensacionais.
Umas do mundo da política. Outras, do sub-mundo do futebol.
São eles, os best sellers, o livro de Santana Lopes e o muito badalado livro de Carolina Salgado.
Um e outro foram lançados no tempo pre-natalício. Não foi por acaso nem por inocência.
Não li nem um nem outro. Nem tenciono ler.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

ELEIÇÕES LOCAIS... HÁ 30 ANOS

Num oportuno post ontem publicado, o colega local AmicusFicaria lembrou alguns dos participantes das primeiras eleições autárquicas realizadas em 12 de Dezembro de 1976, na nova República democrática institucionalizada havia uns meses .

O programa eleitoral do PS para o Município da Figueira da Foz espraiava-se por umas longas, compactas e palavrosas 10 páginas A4. A preto e branco, naturalmente ; compostas manualmente, à moda antiga, numa pequena tipografia figueirense.
O programa da FEPU ( o PCP aliado com si próprio, como habitualmente...) era publicado em 32 páginas de tamanho A5, em papel de boa qualidade, levemente couché, compostas na Atlântida Editora, em Coimbra.
Muito se escrevia naqueles tempos!
Eram as primeiras experiências do exercício do poder local, com bastante ingenuidade, à mistura com muito sonho, muito irrealismo, e alguma generosidade!
Não obstante o tempo passado e a experiência adquirida, volvidos 30 anos, muito se continua a escrever e a prometer nos folhetos com os programas e as promessas eleitorais. Desta feita, muito coloridos, com muitas , lindas e sugestivas fotografias, sempre em excelente papel couché.

A letras bem mais gordas que o texto das 10 páginas, e depois de um grande arrazoado, o programa eleitoral do PS para o acto eleitoral de 1976 terminava assim :

Este é um programa ambicioso? Pois é.
Vamos então todos arregaçar as mangas e lançarmo-nos ao trabalho.
Por uma gestão municipal eficaz e dinâmica, ao serviço das classes mais desfavorecidas.
Por uma gestão municipal feita com a participação activa de todo o Povo do Concelho, e em particular das freguesias rurais.
Pela gestão do concelho mais socialista de Portugal, a ser feita por socilaistas, e a ser olhada como modelo à escala nacional.
Por uma cidade limpa, moderna e hospitaleira.
Dá também o teu contributo.
Vai no dia 12 de Dezembro votar nos candidatos do PS.

terça-feira, dezembro 12, 2006

O MENINO JESUS E O PAI NATAL

Numa coisa pareço estar em sintonia com o demagogo populista Hugo Chavez da Venezuela : ambos detestamos a figura do Pai Natal.
Nos meus tempos de menino, por volta de meados de Dezembro, desembrulhava as toscas imagens de cerâmica, e ajudava os Pais a montar, não a nórdico-americana e importada árvore de Natal, mas o Presépio, onde, com um pouco de prata dos chocolates, se fazia correr um ribeiro, onde ovelhas pastavam no musgo recolhido uns dias antes nalgum canto recôndito e mais húmido do pinhal do Cabedelo, e onde, só por volta do dia 1 de Janeiro, se colocavam os três Reis Magos que chegariam dali a dias.

Quem me ia colocar no sapatinho uns pequenos brinquedos feitos de madeira, era o menino Jesus. Aquele bébé rosadinho, mas já crescidote para um recém nascido, que abria os bracitos no desconforto de umas palhas, numa noite fria. O musgo era polvilhado com pó de talco, a fingir de flocos de neve.
Não era o velho gordo, de barbas brancas, soltando uns grunhidos, diligente promotor do consumismo, e que chega de longe, de terras da neve que apenas se conhece das fotografias ou da televisão, carregando aos ombros um enorme saco de prendas compradas, tantas vezes a crédito, no Continente, no Colombo ou no Toy’s R Us...

Dir-se-à que isto é um saudosismo nostálgico do Natal de salazarentos tempos, em contraponto com o Natal alegre, musical e despreocupadamente consumista dos tempos de hoje, para o qual se começam logo nos finais de Outubro a enfeitar as ruas e os centros comerciais. Pois seja.

Salazar, por manha política e limitação intelectual, não desejava criar condições económicas e sociais geradoras de um outro estilo de Natal, que não aquele, da poética mitologia cristã, em registo e estilo humildes.

O Pai Natal e o respectivo pinheiro bravo, cortado e montado em jeito de abeto, eram por isso mal vistos e paternalmente desaconselhados.
Mas, valha a verdade, não chegavam a ser proibidos, como agora parece acontecer na Venezuela, por determinação do “duce” Hugo Chavez

NEM TUDO VAI MAL...
Nem tudo vai mal no reino de Portugal.
Consolemo-nos com notícias como esta :
O número de acidentes nas estradas portuguesas diminuiu para metade nos últimos dez anos e Portugal aproxima-se agora da média europeia de 90 mortos por um milhão de habitantes, revelou hoje o Centro Rodoviário Português.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

DA FOTOGRAFIA, AO TELEFONE E À LAVADORA

No enorme e emblemático edifício da Telefónica, em plena Gran Via madrileña, dou com uma exposição retrospectiva da obra de Jorge Molder.
Director do Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, enquanto artista da fotografia, possui um relevante e consagrado percurso nacional e internacional .
Misturado com grande número de visitantes espanhois, visito-a com interesse.
De caminho, entro também pelo Museu das Telecomunicações, excelentemente instalado ao longo de 3 pisos do mesmo edifício.
Até chegar a hora de tapear, mantenho-me entretido, durante uma boa hora e meia, interactuando com objectos, animações, modelos que, por vezes com clara transparência, nos são exibidos para uma melhor compreensão de conceitos como a aplicação do electromagnetismo às telecomunicações, a telegrafia, o som, a rádio, a electrónica, o modo de funcionamento de um telefone.

Passou-me pelo espírito um sonho de , na minha cidade, quando virada mais ao futuro e menos ao passado, poder vir a existir um museu ou um espaço dedicado, porventura em menor escala, a esta (das telecomunicações) ou a outra área tecnológica.

À saída, li com interesse o livro de saudações e comentários que os visitantes são convidados a deixar.
Reparo num, bem curioso.

“ El telefono, el mejor invento del mondo, despues de la lavadora”
Maribel

terça-feira, dezembro 05, 2006

ENTRE A MENTIRA E A CRENÇA NO PAI NATAL

Distante da Figueira da Foz muitas centenas de quilómetros, e escapando a uma súbita chuva, fria e impiedosa, vim saber novas da paróquia, através da blogoesfera local.
Foi apresentado e aprovado pela Câmara Municipal o Orçamento municipal para o ano de 2007, com recurso a voto de qualidade do seu Presidente(Nota 1).
Prevê ( presumo que sem o Presidente se rir...) um total de receitas de 72,5 milhoes de Euros para 2007. Como já haviam sido previstos muitos mais milhoes nos anos anteriores, com uma taxa de realizaçao muitíssimo reduzida, como é do conhecimento geral.
Definitivamente, nao há forma de haver realismo e bom senso no seio da maioria executiva da Câmara Municipal.
Será, uma vez mais, depois de 5 exercícios consecutivos a fazer o mesmo, um orçamento de fantasia e de faz de conta.
Parece-me curial por isso perguntar aos elementos da Câmara Municipal que o aprovaram: acreditam realmente que o Município da Figueira da Foz conseguirá recolher 72,5 milhoes de euros em 2007 ?
Se a resposta for nao, ocorrerá perguntar : entao porque mentem, ao aprová-lo ?
Se a resposta for sim, ocorrerá perguntar : e também acreditam no Pai Natal?

PS.
(Nota 1)- Segundo o relato da imprensa, o Vereador Pereira Coelho pediu para ser considerado como ausente.Tratar-se-â de uma nova figura regimental. Já havia a cinzenta abstençao, e a oportunista ausência. Agora, confesso que ainda nao conhecia a de "ser dado como ausente"....
(Nota 2)- Os leitores desculpem os erros de português. Nesta terra nao conhecem o til por cima de uma vogal. Só conhecem o til por cima do n.....


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