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terça-feira, dezembro 12, 2006

O MENINO JESUS E O PAI NATAL

Numa coisa pareço estar em sintonia com o demagogo populista Hugo Chavez da Venezuela : ambos detestamos a figura do Pai Natal.
Nos meus tempos de menino, por volta de meados de Dezembro, desembrulhava as toscas imagens de cerâmica, e ajudava os Pais a montar, não a nórdico-americana e importada árvore de Natal, mas o Presépio, onde, com um pouco de prata dos chocolates, se fazia correr um ribeiro, onde ovelhas pastavam no musgo recolhido uns dias antes nalgum canto recôndito e mais húmido do pinhal do Cabedelo, e onde, só por volta do dia 1 de Janeiro, se colocavam os três Reis Magos que chegariam dali a dias.

Quem me ia colocar no sapatinho uns pequenos brinquedos feitos de madeira, era o menino Jesus. Aquele bébé rosadinho, mas já crescidote para um recém nascido, que abria os bracitos no desconforto de umas palhas, numa noite fria. O musgo era polvilhado com pó de talco, a fingir de flocos de neve.
Não era o velho gordo, de barbas brancas, soltando uns grunhidos, diligente promotor do consumismo, e que chega de longe, de terras da neve que apenas se conhece das fotografias ou da televisão, carregando aos ombros um enorme saco de prendas compradas, tantas vezes a crédito, no Continente, no Colombo ou no Toy’s R Us...

Dir-se-à que isto é um saudosismo nostálgico do Natal de salazarentos tempos, em contraponto com o Natal alegre, musical e despreocupadamente consumista dos tempos de hoje, para o qual se começam logo nos finais de Outubro a enfeitar as ruas e os centros comerciais. Pois seja.

Salazar, por manha política e limitação intelectual, não desejava criar condições económicas e sociais geradoras de um outro estilo de Natal, que não aquele, da poética mitologia cristã, em registo e estilo humildes.

O Pai Natal e o respectivo pinheiro bravo, cortado e montado em jeito de abeto, eram por isso mal vistos e paternalmente desaconselhados.
Mas, valha a verdade, não chegavam a ser proibidos, como agora parece acontecer na Venezuela, por determinação do “duce” Hugo Chavez

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