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quarta-feira, dezembro 31, 2008

UNS PINGOS DE OPTIMISMO

Ao deixarmos para trás o ano de 2008, começam aqui e acolá a surgir pingos de optimismo em declarações de pessoas ligadas ao mundo da actividade económica. São ainda pingos ligeiros, vindos de quem ainda não vê bem a luz ao fundo do túnel, mas suficientes para amenizarem uma certa angústia com que muitos portugueses vão entrar em 2009.
É por isso reconfortante ler a entrevista dada pelo economista Vítor Bento ao PUBLICO de anteontem. Alguém com já demonstrada propensão pessimista, anima o leitor com alguma dose de optimismo, embora contido.
Há uns anos resolveu completar a sua formação com um mestrado de Filosofia. Deu-lhe muito mais sabedoria, como ele próprio acentua, ao reconhecer que tem hoje “ uma visão muito mais enquadrada pela política, pela ética, pela filosofia” . Não seria mau incluir uma cadeira de Filosofia no currículo académico dos licenciados em Economia. Talvez pudesse dar uns pingos de sabedoria àqueles jovens empertigados yuppies de fato cinzento escuro, camisa e gravata de marca, às vezes com carreiras feitas nas Jotas partidárias, que por aí vemos nas instituições financeiras e nas empresas de auditoria .
Vale a pena realçar excertos daquela entrevista :

(...)
“Um dos riscos da actual crise, com o grau de incerteza e vulnerabilidade da economia, é que as pessoas deixem de gastar, e isso seria muito mau. O grande risco é a criação de uma espiral que se auto-alimenta, num terreno onde a palha é muito seca .
(...)
[2009] vai ser um ano muito difícil. Mas se vai ser o pior das nossas vidas, ninguém sabe. Há hoje um conhecimento que dá um arsenal maior para lidar com a situação. Tudo está em aberto. A curva continuará descendente na primeira metade do ano, mas creio ser possível que ainda em 2009 comece a subir.
(...) entre Outubro e Novembro houve situações em que a entrada em pânico teria sido perigissima. Mas houve a capacidade de não ceder. Estou a falar do mundo e de Portugal. Se as pessoas tivessem corrido a levantar os depósitos, teria sido uma catástrofe. Assustaram-se, mas não entraram em pânico.
(...)
(...) as autoridades pela Europa foram eficazes a restabelecer a confinaça, com declarações de garantias dos depósitos, oferecendo o manto protector do Estado. (...) as pessoas perceberam que seria como uma multidão fugir do fogo por uma porta estreita. Morreria mais gente na fuga que no fogo.
(...)
(...) Porque é através deles [dos bancos] que funciona a moeda e o crédito. Os bancos são o sistema de canalização. Se não funciona, a água não chega às pessoas. A ajuda do Estado não é aos donos dos bancos, é à economia” (...)


Desejo a todos os leitores do QuintoPoder um ano de 2009 que seja o melhor possível , em face das circunstâncias que durante ele vamos enfrentar . E votos de que no final de 2009, já com sinais claros de que o pior passou e que entramos a recuperar, possamos já todos desejar a todos, aí sim, de forma bem sorridente e optimista, um Muito Feliz e Muito Prospero Ano de de 2010 !

terça-feira, dezembro 30, 2008

A RESPONSABILIDADE DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL

Um clima de crispação, ou pior ainda, de conflito, entre orgãos de soberania não interessa de forma nenhuma aos portugueses. Sobretudo agora que núvens muito negras, anunciando e ameaçando graves tempestades, se vislumbram nos horizontes da vida política e social portuguesas. É por isso de esperar e de desejar que o Tribunal Constitucional se pronuncie rápidamente, muito rápidamente, sobre a constitucionalidade de certos artigos do novo Estatuto dos Açores. Não se vêm razões para o veredito demorar meses, à boa maneira da cultura jurídica portuga, e não poder ser emitido em 2 ou 3 semanas.
Possivelmente, José Sócrates e muitos dirigentes do PS já se deram conta do disparate que fizeram e serão os primeiros a desejar que o Tribunal Constitucional se pronuncie rápidamente. A ver se ainda se vai a tempo de sarar feridas gratuita e irresponsávemente abertas.

segunda-feira, dezembro 29, 2008

PROPOSTAS INDECENTES - 1

Está já assumido (embora, estranhamente, não no OGE de 2009) que devido à recessão/ depressão aguardada ( de que hoje já ninguem duvida), o valor relativo do défice das contas do Estado poderá atingir os 3% do PIB no próximo ano . Como o valor já foi dado como adquirido pelos governantes, pelas administrações local e nacional, e pelos agentes económicos, o Estado fica assim sem folga e sem margem de manobra alguma. Um deslize, uma distracção do controlo das contas, uma despesa inesperada resultante de uma emergência, poderão fazer o deficit real da execução orçamental saltar fora daquele limite mágico e máximo . O que pode tornar a coisa ainda mais feia perante os outros parceiros da "Eurolândia", e no crédito a buscar nos meios das finanças internacionais.
Aquele valor de 3% é um rácio, um quociente, entre o deficit absoluto das contas, em euros,no numerador, e o PIB (Produto Interno Bruto), também expresso em euros, no denominador.
Com a recessão/depressão e a grave crise social associada, o racio irá assim aumentar, por dois efeitos :
- por aumento do numerador, porque o Estado vai ter mais despesas : aumento dos subsídios de desemprego, aumento dos apoios financeiros ;
- por diminuição do denominador, pois é isso mesmo o que significa recessão (decréscimo do PIB)
Para piorar as coisas, por diminuir o PIB , diminuem tambem as receitas fiscais do Estado ( menos IRC, menos IVA...), o que só vai aumentar ainda mais o numerador.

Por cada unidade percentual que o denominador (o PIB) aumente, ou não diminua, o numerador ( a despesa e as ajudas do Estado) poderão aumentar, ou não diminuir, uma unidade percentual, sem que o deficit relativo se altere.
Está ao alcance dos cidadãos que tiverem o privilégio de estar empregados , dar uma ajuda para que o denominador ( o PIB) aumente um pouco, ou não diminua tanto.

Para esse efeito, aqui fica uma proposta indecente, devidamente fundamentada.
Ao longo de cada ano, temos 15 dias feriados, para um total aproximado, em média, de 226 dias efectivos de trabalho. Caso do calendário anual fossem eliminados 3 feriados, isso corresponderia a um aumento aproximado de 1,3% no número de dias de trabalho efectivo realizado pelos cidadãos afortunados que mantêm o seu emprego. Se em economia tudo fosse linearmente simples e aritmético, era-se tentado a concluir que a eliminação dos 3 feriados se poderia traduzir num aumento de 1,3 % do PIB.
Sabemos bem que não é assim. Na agricultura, por exemplo, trabalha-se quando é preciso e o tempo ajuda, sábados, domingos ou feriados. O produto agrícola não aumentaria se houvesse menos 3 feriados. Algo de semelhante ocorre na indústria de produção contínua.
Por outro lado, em clima de estagnação ou recessão, pouco valeria a pena aumentar a produção de certos bens transaccionáveis, se eles não puderem ser efectivamente transacionados, isto é, se não houver compradores para eles.
Mas um aumento de 1,3 % no tempo anual de trabalho permitiria um aumento do produto em muitas actividades . No sistema de saúde, aumentaria de 1,3 % o número de consultas médicas e de intervenções cirúrgicas . No ensino, os estudantes teriam mais 1,3 % de tempo de aprendizagem. No sistema judicial, seriam feitos mais 1,3 % de julgamentos. Nas administrações públicas, local e nacional, seriam resolvidos mais 1,3 % dos processos . Outros exemplos poderiam ser referidos.
Tudo somado e considerado, se é certo que não haveria um aumento do PIB de 1,3 %, talvez houvesse de 0,5 %, já não seria mau. Um tal aumento, permitiria então um aumento percentual igual no numerador do rácio, ou seja, no deficit das contas do Estado. Este poderia gastar então um pouco mais nos apoios sociais e nos subsídios aos muitos desempregados que a crise vai fazer. O montante atingiria muitos milhões de euros.
Para além disso, o esforço era mobilizador e teria acrescidos efeitos psicológicos, porventura até contribuindo para uma certa retoma de um clima de maior confiança, que é o que sobretudo está a faltar.

A proposta indecente que tenho a fazer é portanto esta : eliminem-se, em 2009, 3 feriados do calendário nacional. A indecência vai mais longe : proponho a eliminação da 3ª feira de Carnaval, do 15 de Agosto e do 1º de Dezembro.
Além disso, a proposta é muito indecente porque 2009 é o ano de todas as eleições...Cairia o Carmo e a Trindade se fosse concretizada.

Post Scriptum
Declaração de interesses.
Já sei o que vão pensar ou dizer alguns : pois, faz aquela proposta indecente, porque o gajo já está reformado e não tem de trabalhar mais nos 3 feriados cuja eliminação tem a distinta lata de propor. É um facto. O que torna a proposta ainda mais indecente. Mas não é por isso que ela deixa de fazer sentido.

domingo, dezembro 28, 2008

7 MILHÕES DE EUROS POR HORA

Ouvi a notícia de que, entre os dias 1 e 25 de Dezembro últimos, o volume de facturação do comércio a retalho havia atingido a linda cifra de uma média de 7 milhões de euros por hora ( avaliação feita através dos movimentos de multibanco). Ligeiramente embora, o valor fica acima do montante apurado no Natal de 2007. Por outro lado, durante os últimos dias da quadra natalícia, fomos bombardeados nas televisões com testemunhos dos comerciantes declarando que a crise se estava já a sentir de forma gravíssima. Ora assim a bota não joga com a perdigota. Ou no Natal os consumidores não olharam a despesas, pensando que “depois logo se vê...” , inebriados pela poesia e pela música celestial da sagrada quadra festiva ; ou a crise verdadeira ainda não chegou, estando porém para chegar, dado o desfasamento com que sempre andamos relativamente às restantes economias europeias. Vou mais por esta última hipótese.

PROFESSORAS BRINCALHONAS

Comentando e desvalorizando o incidente do video onde se mostra uma criancinha matulona a apontar uma pistola de plástico a uma professora, alguem do Conselho Executivo da Escola declarava que a dita professora de Psicologia era “ muito brincalhona”.
Pois devia ser. As senhoras professoras brincalhonas, sobretudo as adeptas das novas e modernaças teorias das transcendentes ciências pedagógicas, vão brincando e fechando os olhos às brincadeiras das criancinhas, e depois virão queixar-se que não conseguem fazer-se respeitar nas salas de aula.
Ler outros comentários aqui , tambem aqui e ainda aqui.

A CRENÇA NO PAI NATAL

Vinte e quatro (24) membros da Assembleia Municipal da Figueira da Foz votaram a favor da aprovação de um documento que lhes foi presente pela Câmara Municipal e que esta designara por “proposta de Orçamento para 2009”. Assim a coisa foi chamada de Orçamento municipal, e os 24 membros da AM acreditaram que a coisa era mesmo um Orçamento a sério. Acreditaram que o Município poderia recolher como receitas em 2009, a módica quantia de 75,3 milhões de euros . Não sei se pestanejaram, se votaram sem se rir, ou se tiveram que engulir grandes sapos no momento da votação. Não lhes ocorreu cotejar a surrealista verba prevista como receita, e prometida como despesa, com os números das execuções orçamentais realmente verificadas em anos antecedentes. Nem tão pouco lhes ocorreu meditar por um instante sobre o quanto será difícil o quase catastrófico ano de 2009.
Acreditaram, e ponto final. Deve ser tudo gente de muita fé no milagre da multiplicação dos pães. Presumo que também devem acreditar no Pai Natal ...

domingo, dezembro 21, 2008


REGISTO PARA MEMÓRIA FUTURA

( foto publicada in EXPRESSO de ontem)

(clicar na imagem para a aumentar)

sábado, dezembro 20, 2008

ENTRADA DE LEÃO, SAÍDA DE SENDEIRO ?...

Não creio que Manuel Alegre se disponha a abandonar o PS para se lançar, por sua conta e risco, numa espécie de frente das “esquerdas” com epicentro no BE e diversos satélites “desalinhados” circulando à sua volta.
(...)
Ao contrário da maioria das análises, parece-me que, depois da sua intervenção no último Forum da Esquerda, quem tem um problema imediato para resolver é Alegre e não Sócrates. E o problema é tão só o da retirada com honra. (...)

(Miguel Sousa Tavares, in EXPRESSO de hoje)

UMA RAZÃO PARA ESTAR NO CONTRA...

(.....)
O probema não pode ser da escrita, porque Alegre escreve maravilhosamente. O quer ele de facto? Um partido novo? Não parece.Outra candidatura presidencila? Também não.Uma vaga de fundo para se sentir querido e voltar a ser deputado? Muito mais provável.
Mas do que Alegre precisa mesmo e acima de tudo, é de estar no contra para se sentir vivo.

(Fernando Madrinha, in EXPRESSO de hoje)

sexta-feira, dezembro 19, 2008

GREVE SUICIDÁRIA

Os meninos e as meninas assistentes de bordo da TAP resolveram, felizmente, cancelar a greve que haviam convocado para a época e o fim de semana do Natal. A concretizar-se, tratar-se-ia de uma greve verdadeiramente suicidária. A situação económico-financeira da TAP está num vermelho carregado. Uma greve que afectasse o negócio e imagem da TAP, nesta altura, iria carregar ainda mais aquele vermelho, colocando a empresa mais perto do abismo e de uma possível falência. Conviria que o Governo fizesse desde já saber que, se tal viesse ou vier a acontecer como resultado de tentações suicidárias dos trabalhadores da TAP, o dinheiro dos contribuintes não deverão ir salvá-los. Não é coisa que não tivesse acontecido já com companhias de aviação conceituadas, como a SwissAir e a SABENA. Desapareceram do mapa, tendo dado origem a duas novas empresas, a SWISS e a BrusselsAirlines. Nas quais agora os trabalhadores se portam com muito mais sentido da responsabilidade, pois claro.

SENTIDO DE ESTADO, OU ESTAR DE CÓCORAS

O PS e José Sócrates não demonstram sentido de Estado ao forçarem a aprovação dos Estatuto dos Açores com o “insignificante” detalhe de nele estar contida a disposição de que o Presidente da República, se entender exercer o seu direito constitucional de dissolver a Assembleia Regional, terá obrigatóriamente de ouvir esta. Obrigação que a Constituição não estipula quando o Presidente decidir dissolver a Assembleia da República. Parece uma minudência jurídica meramente formal, mas trata-se efectivamente de torcer gravemente um princípio. Uma assembleia regional fica assim com um direito que a Assembleia da República Portuguesa não tem .
Além disso, assim se altera, por lei ordinária, um preceito ou pelo menos uma prática com dimensão constitucional. Se o precedente pega, veremos até onde poderá chegar no futuro a perversão de outros princípios constitucionais.
Há uma preocupação adicional a considerar. É que os dois principais partidos portugueses, PS e PSD, demonstram assim estar de cócoras perante as nomenklaturas das duas autonomias regionais. O PSD, perante o populismo justicialista, meio “peronista”, meio “chavista”, de Alberto João Jardim, na Madeira. O PS perante as ambições políticas e caudilhistas de Carlos César, nos Açores .

quinta-feira, dezembro 18, 2008

FRENÉTICOS CLIQUES

(...)
O crescimento de um “sistema bancário sombra” sem qualquer correspondente extensão da regulação, preparou o palco para as recentes corridas aos bancos numa escala maciça. Estas corridas envolveram frenéticos cliques nos ratos em vez de frenéticas multidões à porta das portas fechadas das dependência bancárias, mas nem por isso foi menos devastadora.
(....)
(...) o princípio básico [ de um novo sistema de regulação] deverá ser inequívoco : tudo o que tiver que ser salvo durante uma crise financeira, dado que tem um papel essencial nos mecanismos financeiros, deverá ser regulado quando não estivermos em crise para que não se corra demasiados riscos (...)
(Paul Krugman, prémio Nobel da Economia de 2008, in PUBLICO de ontem)

A CIGARRA E A FORMIGA

Comentando o anúncio da candidatura de Santana Lopes à Câmara Municipal de Lisboa, o seu actual Presidente ironizou que o confronto político que ocorrerá em Lisboa lhe faz lembrar a fábula da cigarra e da formiga. Não sei se realmente António Costa ficará bem no papel de formiga. Ainda o terá de provar. Já quanto a Santana Lopes, dele tenho conhecimento seguro que o papel de cigarra lhe fica a matar. É aliás o papel de que gosta e tem mais experiência em representar . E é esse tambem o papel que os seus apóstolos e adoradores gostam que ele represente para, animados e contentes, o acompanharem nas serenatas... .

quarta-feira, dezembro 17, 2008


PROMESSAS E GRANDES FANTASIAS

Aqui há umas semanas, a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, chamou fantasioso ao Orçamento Geral do Estado para 2009 proposto pelo Governo e aprovado pela Assembleia da República. Não deixava de ter alguma razão. De facto, quando se adivinha como será dramático o ano de 2009, estimar para ele um crescimento do PIB de 0,6 %, um deficit das contas públicas de 2,2% do PIB, e a manutenção de uma taxa de desemprego de 7,8 %, soava muito e soa muito a fantasia.
Ao saber agora que a Câmara Municipal da Figueira da Foz aprovou um orçamento municipal de 75,3 milhões de euros para 2009, ainda superior ao orçamento de 2008, sugeria que alguém enviasse tal brilhante, super optimista e irrealista estimativa a Manuel Ferreira Leite, para ela comentar e ficar a saber o que é realmente uma burlesca e surrealista fantasia orçamental, de uma Câmara Municipal do PSD. E já agora, para sua melhor avaliação, juntem-se os elementos históricos indicados no quadro acima apresentado (os valores referem-se a receitas) . Neste se mostra a chamada taxa de sucesso dos últimos anos, que mede a distância que vai entre o prometer e o fazer. Isto é : promete-se sistemáticamente 100 e depos faz-se 50. Como será possível acreditar na estimativa/promessa para o ano seguinte ?
Se à escala do Orçamento Geral do Estado se verificassem níveis de desempenho e de sucesso daquelas ordens de grandeza, Portugal já estaria sem crédito desde há muito, e porventura expulso da União Europeia do Euro.
(clicar na imagem para a aumentar)

VANDALISMOS OU CONTESTAÇÕES

(...)
Suponhamos que os meninos que na Grécia queimam carros, destroem edifícios e agridem quem lhe aparece pela frente – como se esse fosse um seu direito natural – em vez de se dizerem anarquistas ou activistas de esquerda, se reivindicavam nazis. Será que seriam tratados com a mesma bonomia para não dizer cumplicidade mediática?.
(...)
(...) infelizmente está combinado que se o vandalismo for praticado por grupos que, mesmo que muito longinquamente, se possam dizer de esquerda ou identificar com ela, então passam de vândalos a activistas contestatários, jovens um pouco exaltados em processo de contestação a uma sociedade decadente e ela sim culpada por tudo aquilo que eles fazem ou não fazem. (...)

( Helena Matos, in PUBLICO de ontem)

terça-feira, dezembro 16, 2008

UM PEQUENO DETALHE

A Comissão Política do PSD designou finalmente Santana Lopes como candidato à Câmara Municipal de Lisboa. Mas a boa nova foi anunciada por um dirigente mais ou menos de segunda linha, e não pela líder do partido...Será só um pequeno detalhe sem importância?...

NIM..

...vai ser a posição do PSD na votação do Estatuto da Região Autónoma dos Açores. Com posições assim claras é que se dá prestígio à vida política...

UMA REAPARIÇÃO JUSTIFICADA

A fazer fé em notícia do diário As Beiras, o ex Vice-Presidente da Câmara da Figueira, e ainda deputado Pereira Coelho, qual Fénix renascida, terá comparecido numa reunião partidária do PSD local realizada na Quinta das Olaias, requintada infra-estrutura pertencente ao património municipal, convirá registar...
E a reaparição do senhor deputado e ainda Vereador ( com grande número de faltas, todas elas convenientemente justificadas...) surgiu para quê e porquê? Segundo o mesmo diário regional, para sair em defesa do Presidente da Câmara. Como o tema da discussão seria a revisão do PU da Figueira, porque possivelmente terá entendido, presumo eu, dever sair também em defesa da dita proposta de revisão . A tal que cria novas e maiores frentes para construção e desenvolvimentos imobiliários, que reforçarão o perfil da Figueira da Foz como cidade de segunda habitação durante os fins de semana e três semanas em Agosto.

UM ANIMAL QUE NÃO ERA UM GATO ...

Era uma vez um homem que tinha um animal lá em casa. Tinha pêlo como o de um gato, tinha garras como um gato, tinha orelhas e bigodes como os de um gato, caçava ratos como um gato, miava como um gato. Mas o homem jurava que o animal não era um gato.
A história faz-me lembrar a convergência, a plataforma, o movimento, a alternativa de poder, ou lá o que quer que seja que o cidadão Manuel Alegre anunciou mais uma vez num sermão do passado domingo. Afinal, agora jura a pés juntos que não é um partido aquilo que anda a pregar. E mais declarou que “estes processos são assim feitos de ambiguidades e de tensões(...) “.
Pois é. Começar um movimento, uma convergência, uma plataforma ou...um partido, com tantas ambiguidades, não augura nada de bom para o futuro de um tal movimento, convergência, plataforma ou...partido...que o deputado socialista Manuel Alegre anda a querer dinamizar.

GESTÃO DA CONFIANÇA E CONTENÇÃO DO PÂNICO

Com toda a razão e pertinência, escreveu Miguel Sousa Tavares no EXPRESSO do passado sábado :

“Sim, eu também acho que não vamos (infelizmente, convem acrescentar...) crescer em 2008 os 0,8% que o Orçamento prevê. Mas que deve um Governo de um país económicamente marginal fazer quando à sua volta tudo arde? Ajudar ao pânico, anunciando o incêndio iminente ? Não ensinam os manuais de economia que o primeiro factor de crise é a falta de confiança dos agentes económicos? Se Sócrates anunciasse a tragédia, a oposição ficaria satisfeita, ou cair-lhe-ia em cima, acusando-o de ser o principal causador da desconfiança? “

segunda-feira, dezembro 15, 2008

O TABU E O DILETANTISMO POLITICO BLAZÉ

Se os piedosos pregadores de uma política diletante e blazé, na sua versão mais poeticamente charmosa, querem ir a votos, pois que vão a votos.
Espera-se e exige-se que com seriedade, e recusando apenas cavalgar os descontentamentos e agitações que vão eclodir nos próximos tempos muito difíceis de 2009. E tambem com clareza programática, para os eleitores perceberem, sobretudo o que vem de facto e no fundo, a ser isso de fazer uma política autenticamente de esquerda, para além da distribuição de rosas e de cravos vermelhos acompanhada de belos poemas da resistência.
É que não basta andar a clamar que há injustiças, que o sistema de ensino está muito mau, que o sistema judicial é uma vergonha, que a politica económica é uma desgraça, que a preocupação economicista com o equilíbrio orçamental é um disparate, e por aí fora, como se pode discutir numa qualquer conversa de café, ou ouvir num dos muitos foruns de intervenção pública que agora há na rádio e na televisão. A cidadãos que querem intervir na governação da Res Publica pede-se muito mais que isso. Pede-se é que digam e escrevam muito bem como se faz, como vão fazer, no domínio da execução concreta.
Deixe-se portanto o ícone daqueles piedosos pregadores, de andar permanentemente a fazer fitas e fosquinhas, assim do género avanço-não avanço, não avanço agora-avanço depois, só avanço se alguém mais avançar, ou segurem-me se não avanço mesmo . De uma vez por todas, avance mesmo. Deixe-se de tabus e anuncie que vai mesmo a votos.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

OUTRAS OPOSIÇÕES ÀS AVALIAÇÕES

Numa cerimónia solene, com a presença do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, ouvi aqui há uns dias um venerável senhor juiz desembargador insurgir-se contra as informações e os apuramentos estatísiticos que agora se farão sobre o trabalho e a produtividade dos senhores juizes. Pelos vistos, também estes não gostarão de ser avaliados. Mais. Não querem avaliação, nem sequer querem que o seu trabalho seja medido e acompanhado.
Um parâmetro a medir, por exemplo, poderia ser a pontualidade com que os senhores juizes chegam aos tribunais e começam os julgamentos, e o tempo que, por esse efeito, fazem esperar os advogados, as testemunhas, os guardas e os funcinários judiciais.

ASSIDUIDADE E ATESTADOS MÉDICOS

O genial e imaginativo “modelo” alternativo para avaliação dos professores, apresentado ontem à Ministra da Educação por um (ou por ambos, não sei..) dos sindicatos, previa que este ano a avaliação seria feita fundamentalmente com base na assiduidade dos sôtores e das sôtoras.
Muito provavelmente, só deveria contar para afectar a assiduidade o número de faltas que não fossem justificadas. Ora isso é coisa que , na generalidade, os professores não têm. Sempre, ou quase sempre, que faltam, têm o seu atestadozinho médico para apresentar e justificar as faltas. Este ano, todos teriam uma assiduidade excelente. Todos seriam assim classificados como excelentes. Todos progrediam na carreira. Todos ficavam contentes e felizes....

quinta-feira, dezembro 11, 2008

TRABALHOS POLÍTICOS

Sei já de dois deputados que faltaram na 6ª feira passada à muito polémica votação em Plenário da Assembleia da República.
Um deles, foi Santana Lopes. Diz ter estado até altas horas da noite anterior numa sessão comemorativa partidária , que teve lugar em Gaia. Alega ter estado a fazer “trabalho político”, pois claro. Quanto mais não seja, intriga política, considerada a natureza dos convidantes pelos quais foi convidado.
O outro foi Jorge Costa. Alega também ter estado a fazer trabalho político. E o quê, mais precisamente?. Pois , num jantar do Boavista Futebol Clube, no Porto....

O TELEMÓVEL DE MARÇO E A GREVE DE DEZEMBRO

“(...) que pensar de um sistema de ensino onde os professores têm aparentemente mais força para submeter um ministério do que para manter a disciplina nas salas de aula?
(...)
Como toda a gente já compreendeu, porque os representantes dos professores fizeram questão de explicar, a questão não é esta avaliação, mas qualquer avaliação, seja qual for o modelo, que tenha como princípio diferenciar os professores. Os líderes da resistência à avaliação têm uma ideia do que deve ser a classe profissional que dizem representar ; uma massa igualitária e anónima, onde ninguém se distingue e ninguém é responsabilizado do seu trabalho.
Os alunos abandonam a escola, falham nos exames e deixam péssima impressão nos testes internacionais? Segundo os delegados da classe docente, nada disso tem a ver com as escolas e os professores, mas com a “sociedade” . É uma tese curiosa. O país, através do Estado, gasta o que tem e o que não tem no ensino. E os agentes desse ensino v~em agora confessar, na cara dos contribuintes, sem complexos, que quase não faz diferença : quem tem de aprender, aprende ; e quem não tem, não aprende.
(...)
A intransigência professoral expressa uma grande tentação : a tentação de todos os instalados nos “sistemas” estatais ou protegidos pelo Estado resistirem a quaisquer mudanças, na esperança de que o regime actual aguente, na forma em que o conheceram, pelo menos até ao momento de poderem escapar-se com a devida pensão de reforma. A maioria, na meia-idade, nem precisa de muito tempo. Depois, que venha tudo, até o dilúvio : já hão-de ser as gerações mais jovens a penar. No caso dos professores, ficarão assim vingados dos alunos que agora os atormentam nas aulsa. No que não deixará de haver uma certa justiça.

( Rui Ramos in PUBLICO de ontem)

DEMAGOGIA BARATA

O deputado Hugo Velosa, hoje em dia pessoa importante no PSD, declarou ontem :
“O engenheiro Sócrates, como primeiro-ministro, vai ficar na historia por ser o primeiro-ministro de um governo que levou o país à recessão e também vai ficar na história porque essa recessão vai ser cada vez pior”
O senhor deputado quer certamente insinuar ou mesmo afirmar categóricamente que, se em 2005 os portugueses tivessem eleito Santana Lopes para primeiro-ministro, Portugal não estaria agora a entrar em recessão . Trata-se de um exemplo de demagogia reles e barata.

OS TELEMÓVEIS, A CRISE E A POBREZA....

Segundo um estudo recentemente publicado pelo Eurobarómetro , da União Europeia, 87 % dos jovens portugueses com idades entre os 11 e os 14 anos têm telemóvel próprio. O mesmo acontece junto de 78 % dos jovens entre os 15 e 17 anos e de 30% dos que têm entre 6 e 10 anos de idade.
Desde logo, uma ilacção parece ser legítimo retirar : das famílias portuguesas com filhos entre os 11 e os 14 anos, só aí 13 % dessas famílias se poderão considerar verdadeiramente pobres . Nem sequer um telemóvel conseguem comprar para as criancinhas poderem conversar e mandar mensagens enquanto estão nas aulas...E de ilacção em ilacção, quase se seria tentado a concluir que, bem feitas as contas, a pobreza só atingiria aí coisa de 13% dos portugueses. Afinal, e ao contrário do que muita gente diz, somos um povo bafejado pela fortuna, com pouca pobreza, e deveremos sentir-nos felizes....

OS FINS DE SEMANA DOS DEPUTADOS

Do “Bartoon” do PUBLICO de ontem :

- O cliente do bar : Guilherme Silva, ex-líder parlamentar do PSD, sugere que haja plenários apenas à terça, quarta e quinta...para evitar o problema das faltas dos deputados que saem ao fim de semana.
- O barman : O melhor era haver plenários só à quarta.
- O cliente do nar : Só à quarta? Porquê?
- O barman : Repare : à terça os deputados estão ainda cansados do fim de semana e à quinta é chato porque podem já estar a fazer as malas....

quarta-feira, dezembro 10, 2008

POLITICA DE SALAMALEQUES

A chamada politica espectáculo, muito querida e praticada por alguns ex e actuais autarcas figueirenses (1), tem apesar de tudo os seus custos. Umas vezes, estes podem pagar-se e pagam-se, quando o dinheiro abunda; outras, quando os cofres estão vazios, prega-se o calote, e “depois logo se vê”...
A política espectáculo tem uma variante, mais pindérica mas mais baratuxa. É a chamada política dos salamaleques e das cortesias. É o caso da atribuição de diplomas e medalhas a figuras veneráveis ou populares, e a colectividades. Desta feita, segundo informa a imprensa regional, a Câmara Municipal da Figueira da Foz, resolveu, assim por atacado, espalhar diplomas e medalhas, disto e daquilo, por 85 colectividades aqui da paróquia. Nem mais.
Cheira mesmo a eleições, não cheira?...

(1) - Cumpre reconhecer que o Primeiro-Ministro também tem um gosto particular por este estilo, manifestado por entre vistosos power-points, visitas e cerimónias para anunciar a intenção de começar uma obra, visitas e cerimónias para anunciar as aberturas dos concursos, visitas e cerimónias para as aberturas dos concursos, visitas e cerimónias para assinar os contratos de construção, visitas e cerimónias para colocar as primeiras pedras, visitas e cerimónias para acompanhar os trabalhos, e finalmente visitas e cerimónias para inaugurar as obras. Tem sido assim este corropio com a auto-estrada de Vilar Real a Bragança ; e vai continuar decerto a ser assim até à conclusão da obra...

UMA CONVERSÃO...

Uma das grandes lições desta crise é que ela demonstrou que, afinal, o Estado continua a ser necessário”

escreveu ontem, no Jornal de Negócios, Paulo Teixeira Pinto , antigo Presidente do Conselho de Administração do Millennium-BCP

A CONTAGEM DOS FALTOSOS

Até ao momento, só conheço o nome de um deputado do PSD que faltou à muita badalada votação de 6ª feira passada no plenário da Assembleia da República. Trata-se de Santana Lopes, que aqui se confessa . Ainda não ouvi ou li o nome mais nenhum outro deputado .
Pelos vistos, não há contagem, não há imagens para visualizar e identificar, não há deputados que se acusem e confessem, não há deputados que denunciem. Também ainda não houve jornalista ou orgão dos media que tivesse feito algum trabalho de jornalismo de investigação, para apurar os nomes dos faltosos e daqueles que foram assinar o ponto e depois foram descansar para fim de semana. Parece que tudo está coberto por um manto de uma defensiva cumplicidade .

sábado, dezembro 06, 2008

MAIS ACÇÃO E MAIS RESULTDOS, E MENOS CONVERSA
É o que apetece acrescentar depois de ler este oportuno comentário do blogue Camara Corporativa, sobre a desenfreada actividade comentadora a que se dedicam alguns conhecidos senhores magistrados e senhoras magistradas, motivados pela escondida ambição de serem estrelas mediáticas...

QUANDO A ESMOLA É GRANDE...
... o pobre deve desconfiar. Cá por mim, desconfio, e muito, deste milagre . O Ministro Manuel Pinho já nos habituou a espectaculares "shows-off" e a grandes flops.

CUMPLICES AMIZADES

Em Julho de 2007, o QuintoPoder escrevia o post seguinte . Vale a pena cruzá-lo com esta notícia.

COMOVEDORAS AMIZADES
Jorge Coelho, importante figura do PS, e Dias Loureiro, importante figura do PSD, reflectiram em Figueiró dos Vinhos, sobre a desertificação do interior.
Disseram ambos coisas muito bonitas. Disso dá notícia a imprensa regional, no passado sábado. Dois antigos ministros de governos de cores diferentes, sublinha a mesma imprensa, mas com percursos de vida semelhantes, fez questão de realçar Jorge Coelho.
De facto, ambos são actualmente importantes homens de negócios, com reconhecido sucesso na vida social e económica portuguesa. Ambos chegaram à vida política com “uma mão à frente e uma mão atrás”, como diz o povo . Ambos fizeram da política a sua carreira profissional.
São muito amigos um do outro. Serão até compadres. É bonito e comovedor ver amizades assim....



sexta-feira, dezembro 05, 2008

PARADOXOS DA POLITICA FINANCEIRA

Num primeiro impulso, poderei pensar, como pensei, que o aval do Estado para salvar o BPP da falência era uma decisão de uma grande injustiça social. Quem estava metido nos negócios do BPP, entrou para um negócio de risco. Arriscou, petiscou, acabou perdendo. Os recursos financeiros da comunidade não deveriam por isso ser usados para amortecer os prejuizos dos ricos senhores daquele banco. Mas a politica financeira, sobretudo em tempos de crise grave e perigosa, reveste-se frequentemente de paradoxos. O sentido de Estado pode em certos casos exigir que se tomem decisões à partida socialmente injustas.
Acabo de ouvir o Ministro das Finanças na SIC Notícias. Tenho-o por pessoa séria e competente. As suas razões, justificando a necessidade do envolvimento do Estado neste processo do BPP, conseguiram convencer-me.

Muitos dos indignados clamores que se ouvem ( assim em estilo de conversa de motorista de táxi) contra o que dizem ser o grande “escandalo” do Governo estar a compensar os ricos donos dos bancos, nacionalizando ou dando aval para evitar a sua falência, provêm em geral de que não é capaz de imaginar as consequências sociais para todos, ricos, menos ricos, remediados ou pobres, de um cenário de colapso dos sistema financeiro, com pânicos e corridas aos bancos, com filas de gente às suas portas, com todo o crédito paralizado, com as caixas multibanco vazias de notas. Coisa semelhante aconteceu na Argentina aqui há meia dúzia de anos (talvez mais). Não é experiência que eu recomende a ninguem. Rico, menos rico, remediado ou pobre.

ESTATISTICAS E MEDIÇÕES COMPARATIVAS

Mesmo sabendo o cuidado com que as estatísticas devem ser lidas e interpretadas, há pelo menos reflexões que elas podem suscitar. É o caso dos valores e racios sobre os sistemas de ensino aqui referidos , num post cujo título é “ Ser professor em Portugal”. Vale a pena ler, meditar e tirar algumas conclusões, no contexto do corrente “combate” dos professores em defesa dos seus interesses corporativos.
(Nota : cheguei àquele blogue, via o blogue Causa Nossa, de Vital Moreira)

UM CENÁRIO E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS

Ouvindo os professores em mediática vigília sindical junto do Ministério da Educação, pode claramente concluir-se que o que se contesta, e se exige ver revogado, é o estatuto da carreira docente. Já não se fala apenas do “modelo” de avaliação, ou seja, do “procedimento operacional” . O que está portanto em causa, como já muitos sabíamos, é na realidade o “princípio do método” . Ou seja, que haja escalonamento de hierarquias na classe dos professores ; e que a avaliação, qualquer que seja o “modelo” distinguindo o mérito do demérito, os bons dos maus, deva ter consequências na progressão da carreira dos professores. É isto, são estes princípios, e nada mais, que os sindicatos e muitos professores contestam e querem ver revogado.
Chegados portanto onde chegamos, importa que todos, nomeadamente forças sociais e políticas, tomemos consciência de duas possíveis consequências de um cenário de cedência por parte do Governo :
1 . A queda da Ministra da Educação, ou o seu eventual recuo para aquém de uma barricada de defesa dos princípios básicos que devem orientar um autêntico sistema de avaliação ( não um simulacro, como o proposto pelos sindicatos), significará que, num horizonte a médio prazo, não será possível fazer-se no sistema de ensino público qualquer verdadeira reforma que minimamente afronte ou moleste os interesses profissionais e corporativos dos professores.
2 . Sendo possível (mas não certo...) que a manutenção de uma posição firme e não abdicante por parte da Ministra e do Governo, possa custar ao PS alguns milhares de votos nos próximos actos eleitorais, um eventual grande recuo, como seria por exemplo a queda da Ministra, teria consequências eleitorais muito mais desastrosas para o partido que suporta o actual Governo.

A MINORIA MAIORITÁRIA

Quando se ouvem ou se vêm os debates parlamentares na Assembleia da República (em plenário ou nas comissões) repara-se que o tempo total de intervenção dos deputados dos grupos parlamentares das oposições é superior ao tempo do grupo parlamentar que suporta o Governo. O mesmo sucede, em geral, quando há debates nas televisões.
Seguindo a mesma lógica com que alguns aceitam e defendem tal desproporção, quase apetece concluir que o Orçamento de Estado para 2009 foi chumbado no Parlamento. Por 5 contra 1 . Por larga maioria, portanto. Com efeito, só o PS votou a favor do Orçamento. Votaram contra o PSD, o CDS, o PCP, o BE e ainda essa aberração batoteira que é o chamado Partido “Ecologista-Os verdes”....
E hoje, na Assembleia da República, vai decerto ser suspenso o processo de avaliação dos professores. Irão votar a favor 5 partidos , os acima mencionados. Só votará contra o PS. Logo, vitória de 5 contra 1. Se não for assim, a aritmética é uma batata...


ENERGIA BARATA E MUNICIPIO RICO

São 9 horas de uma chuvosa e cinzenta manhã de Outono. Pela avenida, já circulam as viaturas, de farois médios apagados, pois os habilidosos condutores acham que ainda vêm muito bem o caminho, não percebendo que os médios são para ser vistos e não para verem.
Àquela hora matinal, o figueirense parque das Abadias está quase sempre ainda feéricamente iluminado, como se fora em plena escuridão da noite. Agora talvez se compreenda, pois estamos em época natalícia.
Não nos preocupemos. A energia é um bem abundante e barato. O petróleo até está em baixa. E a Câmara Municipal, a quem cabe pagar a iluminação pública, está rica, com Tesouraria bem provida de dinheiro, pois até paga pontualmente aos credores a 60 dias....
(clicar na imagem para a ampliar)

quinta-feira, dezembro 04, 2008

DINHEIRO MAIS BARATO E MENOR INFLACÇÃO

A taxa de juro directora (o preço “grossista” do dinheiro) foi hoje reduzida em 0,75 pontos percentuais pelo Banco Central Europeu. Como consequência, são de esperar novas reduções nas taxas de juro dos empréstimos bancários às famílias (o preço do dinheiro a retalho).
Agora só falta que o Primeiro-Ministro venha proferir patetas declarações de que esta novas reduções, e a baixa taxa de inflacção esperada a curto-médio prazo, se ficam a dever à brilhante acção política do seu Governo. Por favor, poupe-nos....

EMPURRÕES NÃO VIOLENTOS...

Em Viseu, capital do antigo Cavaquistão, terra de muitos caciques locais, todavia fora da cintura industrial de Lisboa, houve desacatos por parte de uns tantos matulões e matulonas ( uma delas, Miss Maria Isabel, com 19 anos!...), alunos do ensino secundário.
Lê-se no site da TSF “on-line” :

«Da parte da polícia, não houve utilização de gás nenhum. Os agentes deslocaram-se ao local, o funcionário da escola abriu os portões e, depois, os alunos tentaram bloquear a entrada de um portão», disse o comandante Victor Rodrigues.
Nessa altura, continuou, «os agentes fizeram um cordão e foram afastando os alunos», mas, «como houve alguma resistência», os agentes fizeram «alguns empurrões não violentos».
Pelo contrário, «os alunos é que arremessaram» com alguns objectos, sendo que houve inclusive «um agente que levou com uma maça na cabeça», acrescentou.
«Quando vamos para uma ocorrência com alunos, há sempre uma actuação diferente, com muita ponderação», frisou o comandante da PSP de Viseu.
Estas declarações surgiram depois de Maria Isabel, uma estudante de 19 anos, ter dito à TSF que chegou a haver alguns momentos de tensão no protesto.
«Os portões abriram-se e veio a polícia. Houve uma pressão de parte a parte. Talvez para acalmar os ânimos, a polícia mandou gás. Entretanto, as coisas acalmaram», contou Maria Isabel.

Então ó PSP...isso faz-se? Dar “empurrões não violentos” ? . Tadinhas das criancinhas. Não sabem que podem ficar traumatizadas? Talvez a necessitar de apoio psicológico. Nunca ouviram o dr. Eduardo Sá a perorar sobre esses perigos? Abra-se um inquérito parlamentar, JÁ!....

UMA OPINIÃO...

...sobre a proposta de revisão do Plano de Urbanização da Figueira da Foz, é a manifestada pelo Movimento Parque Verde, cujo texto a seguir se transcreve. Esta opinião é em larga escala partilhada pelo QuintoPoder :

Plano de Urbanização da Figueira da Foz:

E as pessoas?
Este Plano de Urbanização é um sério risco para a qualidade de vida dos figueirenses. É autista, porque ignora a realidade social e económica. É ambientalmente insustentável, porque continua a trocar verde por betão. É castrador, porque promove o empobrecimento da cidade e dos seus habitantes, aumentando a dependência da especulação imobiliária. Alguém, entre técnicos e políticos, se esqueceu de pensar nas pessoas, na sua qualidade de vida e numa ideia efectiva de cidade, enquanto espaço de vivência e de fruição. O ordenamento da cidade depende não só da vontade de técnicos e de políticos, mas também do contributo dos cidadãos.

Depois de dez anos de discussões internas, o executivo Municipal propõe-se agora, com estranha emergência, aprovar um Plano de cidade cheio de truques e ambiguidades. Aliás, como os próprios técnicos da Câmara referiram nas sessões públicas, esta “versão final” do PU contém ainda “gralhas”e “lapsos” há muito identificados que não foram corrigidos. Ou seja, os cidadãos foram chamados a pronunciar-se sobre um plano mal acabado, cuja versão final já não poderá ser discutida.

Mas vamos ao que o PU defende.
Para esta Câmara Municipal, o poder económico e o lobby imobiliário é mais importante do que as legítimas aspirações dos cidadãos. Não se percebe que um concelho com cerca de 19.000 fogos excedentários, segundo números do passado mês de Abril, tenha como estratégia de cidade para os próximos 10 anos apostar em mais construção. Aliás, a Figueira da Foz, desde há vários anos, que é muito excedentária em oferta de habitação. Bastará vermos as várias urbanizações recentemente construídas…. Não podemos ignorar a realidade! O recente Plano Estratégico da Habitação (2008-2013), faz um claro apelo aos municípios para que reduzam a construção nova e apostem mais na reabilitação dos fogos degradados.

O próprio presidente da Câmara Municipal, António Duarte Silva, admitiu na sessão pública realizada em São Pedro que «nos próximos 100 anos não seriam necessárias mais construções novas na Figueira da Foz».Ora a única medida global e estratégica deste plano diz respeito à diminuição, em larga escala, das zonas verdes urbanas, aumentando os índices de construção permitidos.

Para este executivo, o Plano de Urbanização é uma espécie de banco privativo, ao qual recorre para financiar actividades de gestão corrente, alienando património municipal e, pior, hipotecando a qualidade de vida dos figueirenses. Importa lembrar que, nos últimos dez anos, a recolha de IMI por parte desta autarquia aumentou cerca 400%, mas nem por isso aumentou o investimento estruturante ou diminuiu a dívida autárquica.

Em termos práticos, esta Câmara faz depender os grandes investimentos na zona urbana de contrapartidas a entregar a privados, que podem passar pela venda de espaço público. Não existe, neste plano, qualquer contextualização e interligação das cinco freguesias que o integram. Mais, o volume de ambiguidades é tão grande, que podemos mesmo questionar se os técnicos de licenciamento camarário terão sido ouvidos neste processo.

Por tudo isto, e pelos exemplos flagrantes que veremos a seguir, o Movimento Parque Verde defende a não votação do actual documento na Assembleia Municipal.

Nesta perspectiva, deverá a Câmara promover, dentro de um ano, uma nova discussão pública do Plano de Urbanização da Figueira da Foz – revisto e expurgado dos erros técnicos e tácticos detectados. O documento a apresentar nessa altura já deverá integrar as sugestões agora apresentadas pelos cidadãos, enquadrando-as na nova realidade económica e social em que vivemos.

Figueira da Foz, 20/11/2008

Movimento Parque Verde

quarta-feira, dezembro 03, 2008

A GREVE E AS SUAS CAUSAS

As escolas secundárias em Portugal hoje não funcionaram. Não vale a pena negar a evidência, nem minimizar os números. Tem de reconhecer-se que nunca antes terá havido uma greve dos “sôtores” com tanto sucesso como a de hoje. Também nunca antes os sagrados direitos adquiridos dos “sôtores” haviam sido tão colocados em causa como nos últimos 3 anos ; também nunca antes se exigia, à corporação em geral, tanto trabalho com mais qualidade e profissionalismo ; também nunca antes haviam sido, muitos deles, obrigados a trabalhar mais nas escolas.
Mas não se venha porém dizer que a greve foi por causa do tal “modelo de avaliação”, pese embora a gritante falta de sensatez da Ministra da Educação ao ter avançado com tão desastrado e irrealista modelo de avaliação . A opinião pública já percebeu que não foi por nada disso . Já quando estudei história e sociologia se aprendia a distinguir entre as “causas” de um conflito e o “pretexto” para esse conflito eclodir. Assim , por exemplo, a causa da 1ª Guerra Mundial não foi o assassinato do arquiduque austríaco em Serajevo...
A greve teve “sucesso” por efeito de uma confluência ou uma “federação” de descontentamentos e de frustrações, caldeadas no conjunto da corporação dos professores : uns porque queriam ser professores titulares e não são ; outros porque não querem que haja professores titulares; outros porque não vêm os salários aumentados; outros porque acham que trabalham em demasia e gostavam de trabalhar menos; outros porque, sendo professores licenciados em Português e em Matemática, não se conformam em ser equiparados a outros de trabahos manuais ou de matérias mais singelas e apetecíveis às criancinhas ; outros porque acham que são os melhores do mundo e o seu “mérito” não é reconhecido; outros porque se sentem inseguros e deprimidos pela indisciplina frequentemente reinante nas escolas (e de que o Ministério tem tambem muitas culpas no cartório) ; outros porque estarão cansados e incomodados pelo clima de guerrilha reinante; outros porque sentiram uma grande pressão por parte dos colegas e do meio envolvente para aderirem à greve, e não tiveram coragem para dizer que não ; outros porque a greve representa assim uma espécie de catarse pessoal no contexto do sentimento colectivo gerado no seio da corporação ; outros porque, pura e simplesmente, não querem ser realmente avaliados. Nem por este modelo, nem por nenhum, “prontos”. Querem um sistema de ascensão na carreira de forma automática, por antiguidade. Ou então por “auto avaliação”, como os sindicatos anunciaram que iriam apresentar como modelo alternativo, mas que depois de terem pensado melhor, acabaram por não apresentar, para que não houvesse uma gargalhada geral na opinião pública.

QUE MODELO PARA PORTUGAL?

(...) ao invocar como testemunhos do futuro da humanidade os diversos resquícios do comunismo histórico, como a Coreia do Norte ou o Vitename, a China ou Cuba – cujo único traço comum é o poder absoluto dos respectivos partidos comunistas- , o PCP revela um notável pragmatismo, visto que consegue vislumbrar radiosas perspectivas lá onde, como na China e no Vietname, está em curso um acelerado processo de restauração capitalista, ou onde, como em Cuba e na Coreia do Norte, os regimes comunistas agonizam numa triste decadência.
Por mais que o PCP proclame que tais experiências não são modelos para Portugal – o que de resto também disse frequentemente do modelo soviético, cuja queda nunca deixou de lamentar - , a verdade é que continua a manter um misterioso silêncio sobre as diferenças, tanto quanto ao modelo como quanto aos meios para o realizar. (...)
( Vital Moreira, in PUBLICO de ontem)

terça-feira, dezembro 02, 2008


PARA A FELICIDADE DO POVO !

Ao contrário do que andam para aí a dizer uns quantos traidores e muitos anticomunistas primários, (coisa de 90% do eleitorado, pelo menos...) na antiga União Soviética, de onde brilhava o Sol para todos nós, havia eleições democráticas com voto secreto. É o que se demonstra com a imagem acima, de um cartaz de publicidade eleitoral mostrando Estaline, o grande democrata, a meter o papelinho na urna e apelando ao voto popular. ( Na legenda, pode ler-se : “Para a felicidade do Povo” ) .
Os resultados das eleições nunca eram por unanimidade, a cem por cento, como aconteceu na recente eleição do Secretário Geral do PCP, não senhor. Geralmente os resultados das grandes vitórias eleitorais do camarada Estaline eram assim da ordem dos 99,9998 % . O mesmo continua a passar-se, por exemplo, nesse valente reduto do “Socialismo” que é a Coreia do Norte, assim considerado e admirado pelo PCP, ao qual este canta hossanas de adoração.
(clicar na imagem para a aumentar)

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