sexta-feira, outubro 31, 2008
NOVOS OPORTUNISMOS
A cultura que subjaz ao sindroma ficcionista das Novas Oportunidades, já se revelava nos idos dos meados dos anos 90 . Há varios exemplos. Um deles, é o da famosa Universidade Independente, onde José Sócrates conseguiu sacar uma licenciatura em Engenharia. Outros há mais recentes.
Por agora, a treta está circunscrita ao 12º ano do ensino secundário . Mas lá virá o tempo em que poderá chegar ao nível dos doutores ( com maiúscula e por extenso...) e talvez mesmo ao nível dos catedráticos. Aí sim, eu tambem me irei então inscrever, e aproveitar essa bendita oportunidade. Nem sequer me será dificil juntar para o feito um certificado de um qualquer Master obtido por via da internet, numa universidade da Venezuela ou da Guatemala, que sei eu...
A cultura que subjaz ao sindroma ficcionista das Novas Oportunidades, já se revelava nos idos dos meados dos anos 90 . Há varios exemplos. Um deles, é o da famosa Universidade Independente, onde José Sócrates conseguiu sacar uma licenciatura em Engenharia. Outros há mais recentes.
Por agora, a treta está circunscrita ao 12º ano do ensino secundário . Mas lá virá o tempo em que poderá chegar ao nível dos doutores ( com maiúscula e por extenso...) e talvez mesmo ao nível dos catedráticos. Aí sim, eu tambem me irei então inscrever, e aproveitar essa bendita oportunidade. Nem sequer me será dificil juntar para o feito um certificado de um qualquer Master obtido por via da internet, numa universidade da Venezuela ou da Guatemala, que sei eu...
PAROLICE OU FALTA DE SENTIDO DE ESTADO ?
Aquela cena do Primeiro-Ministro, em plena reunião cimeira dos Chefes de Estado ibero-americanos, a fazer publicidade comercial ao computador Magalhães, ainda por cima apelidando-o de computador Tim-Tim, foi da mais ridícula parolice. Com tal exemplo dado pelo chefe do Governo português, que ideia irão fazer da sanidade mental dos portugueses o Zapatero, o Lula, ou até o Chavez? Que somos todos “ lé-lés da cuca” ?...
Aquela cena do Primeiro-Ministro, em plena reunião cimeira dos Chefes de Estado ibero-americanos, a fazer publicidade comercial ao computador Magalhães, ainda por cima apelidando-o de computador Tim-Tim, foi da mais ridícula parolice. Com tal exemplo dado pelo chefe do Governo português, que ideia irão fazer da sanidade mental dos portugueses o Zapatero, o Lula, ou até o Chavez? Que somos todos “ lé-lés da cuca” ?...
quinta-feira, outubro 30, 2008
PREMIO NOBEL DA PEDAGOGIA
A super espectacular taxa de melhoria dos resultados dos exames de Matemática do 12º ano é digna de figurar no Guiness Book . Quiça seja mesmo merecedora de um prémio Nobel da Pedagogia, que importa criar. A primeira medalha deste novo prémio deverá ir direitinha para a Ministra da Educação. Ficará contente, muito vaidosa, a babar-se de orgulho. Assim como uma boa parte cá do pessoal. E como o Primeiro-Ministro também...
A super espectacular taxa de melhoria dos resultados dos exames de Matemática do 12º ano é digna de figurar no Guiness Book . Quiça seja mesmo merecedora de um prémio Nobel da Pedagogia, que importa criar. A primeira medalha deste novo prémio deverá ir direitinha para a Ministra da Educação. Ficará contente, muito vaidosa, a babar-se de orgulho. Assim como uma boa parte cá do pessoal. E como o Primeiro-Ministro também...
PESCADINHAS DE RABO NA BOCA...
Foi anteontem divulgado que os lucros do BCP cairam 65% . E que , se não fossem as perdas causadas pela sua participação no BPI, os lucros só teriam caído 28%.
Aqui há uns dias, fora o BPI a anunciar também uma redução dos seus lucros de umas quantas largas dezenas de pontos percentuais. E também a anunciar que, se não fossem as perdas causadas pela sua participação no BCP, os lucros teriam caído muito menos.
Participações cruzadas é no que dão : prejuizos cruzados, ou pescadinhas de rabo na boca...
Foi anteontem divulgado que os lucros do BCP cairam 65% . E que , se não fossem as perdas causadas pela sua participação no BPI, os lucros só teriam caído 28%.
Aqui há uns dias, fora o BPI a anunciar também uma redução dos seus lucros de umas quantas largas dezenas de pontos percentuais. E também a anunciar que, se não fossem as perdas causadas pela sua participação no BCP, os lucros teriam caído muito menos.
Participações cruzadas é no que dão : prejuizos cruzados, ou pescadinhas de rabo na boca...
LEITURAS SOBRE O MOMENTO PRESENTE... (3)
Doravante, só os fundamentalistas dogmáticos poderão contestar a necessidade de ampliar e aprofundar a regulação pública lá onde a “mao invisível” não dá conta do recado, nomeadamente no sector financeiro, desde o crédito hipotecário aos produtos derivados, desde os bancos de investimento ( se sobreviverem a esta crise) às agências de rating, etc.
O “Estado regulador”, que alguns quiseram reduzir a Estado espectador, vai reclamar a sua missão de ordenação da economia, corrigindo as falhas do mercado, tal como o faz com as falhas da concorrência. O que também se mostrou foi que os fenómenos da integração económica (como o mercado único europeu) e de globalização já não podem ser regulados a nível nacional, exigindo políticas e instrumentos de regulação a nível supranacional e global. Não faz sentido reforçar a regulação financeira a nível nacional, se ela puder ser eludida por via internacional. Daí a necessidade de erigir mecanismos de regulação no seio da UE e de refundar o sistema financeiro internacional.
(...)
A economia de mercado pode ser o pior sistema económico, descontados todos os demais conhecidos, designadamente o modelo de “economia socialista” baseado na propriedade pública dos meios de produção e no planeamento central da economia, que deu os resultados que deu.(...)
(Vital Moreira, in PUBLICO de 28.Outº)
Doravante, só os fundamentalistas dogmáticos poderão contestar a necessidade de ampliar e aprofundar a regulação pública lá onde a “mao invisível” não dá conta do recado, nomeadamente no sector financeiro, desde o crédito hipotecário aos produtos derivados, desde os bancos de investimento ( se sobreviverem a esta crise) às agências de rating, etc.
O “Estado regulador”, que alguns quiseram reduzir a Estado espectador, vai reclamar a sua missão de ordenação da economia, corrigindo as falhas do mercado, tal como o faz com as falhas da concorrência. O que também se mostrou foi que os fenómenos da integração económica (como o mercado único europeu) e de globalização já não podem ser regulados a nível nacional, exigindo políticas e instrumentos de regulação a nível supranacional e global. Não faz sentido reforçar a regulação financeira a nível nacional, se ela puder ser eludida por via internacional. Daí a necessidade de erigir mecanismos de regulação no seio da UE e de refundar o sistema financeiro internacional.
(...)
A economia de mercado pode ser o pior sistema económico, descontados todos os demais conhecidos, designadamente o modelo de “economia socialista” baseado na propriedade pública dos meios de produção e no planeamento central da economia, que deu os resultados que deu.(...)
(Vital Moreira, in PUBLICO de 28.Outº)
terça-feira, outubro 28, 2008
ILUSÃO DE ÓPTICA COM UM CONHECIDO ILUSIONISTA...
Se a imagem de baixo ( em que as faces de ambas as fotos parecem idênticas...) der uma cambalhota de 180º , ver-se-à a imagem de cima. E vice versa...
(Clicar nas imagens para as aumentar)
LEITURAS SOBRE O MOMENTO PRESENTE... (2)
E agora, voltamos a Marx ? Não. Voltamos a Keynes.
O keynesianismo, que fora definitivamente enterrado por Milton Friedman e pelos economistas da escola de Chicago, acaba de renascer para justificar o pragmatismo com que os governos ocidentais tiveram de agir. Para nacionalizar a banca e para tentar impedir que a crise financeira se transforme numa séria e prolongada recessão mundial. O raciocínio é simples. Se foi o mais genial economista do seculo XX que ajudou o mundo a sair da grande depressão, quando o desemprego nos EUA ultrapassava os 25% e a economia contraia outro tanto, os seus ensinamentos podem agora ajudar a evitar o pior. (...)
“ Se Marx regressasse não era para escrever O Capital, era para escrever A Dívida” diz joaquim Aguiar, economista e politólogo. Para ele, o que acabou foi “o capitalismo especulativo, ou seja, a utilização da moeda para gerar moeda” O que acabou “ foi a doutrina económica neoclássica que postula o homo economicus como um indivíduo racional.
“ A crise vai durar e pode transformar-se numa oportunidade de renovação da social-sdemocracia”, acrescenta Maria João Rodrigues. Lembra que “ a eleição de Obama pode impulsionar o campo social democrata” . Ou não, como ela própria admite: “ A crise de 1929 gerou o New Deal americano mas não salvou a social-democracia europeia, deu origem ao populismo e ao fascismo” e foi preciso uma guerra.
( Teresa de Sousa , in PUBLICO de 27.Outº )
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“ (...) a excessiva dependência das cotações bolsistas tem efeitos perversos, com os gestores a empenharem-se nos lucros trimestrais e não na saúde a longo prazo das empresas. Tanto mais que parte dos vencimentos dos gestores está ligada a essas cotações. Só que, acrescento eu, a ditadura do curto prazo também existe na política democrática, com eleições cada quatro anos... “
(Francisco Sarsfield Cabral , in PUBLICO de 27.Outº)
E agora, voltamos a Marx ? Não. Voltamos a Keynes.
O keynesianismo, que fora definitivamente enterrado por Milton Friedman e pelos economistas da escola de Chicago, acaba de renascer para justificar o pragmatismo com que os governos ocidentais tiveram de agir. Para nacionalizar a banca e para tentar impedir que a crise financeira se transforme numa séria e prolongada recessão mundial. O raciocínio é simples. Se foi o mais genial economista do seculo XX que ajudou o mundo a sair da grande depressão, quando o desemprego nos EUA ultrapassava os 25% e a economia contraia outro tanto, os seus ensinamentos podem agora ajudar a evitar o pior. (...)
“ Se Marx regressasse não era para escrever O Capital, era para escrever A Dívida” diz joaquim Aguiar, economista e politólogo. Para ele, o que acabou foi “o capitalismo especulativo, ou seja, a utilização da moeda para gerar moeda” O que acabou “ foi a doutrina económica neoclássica que postula o homo economicus como um indivíduo racional.
“ A crise vai durar e pode transformar-se numa oportunidade de renovação da social-sdemocracia”, acrescenta Maria João Rodrigues. Lembra que “ a eleição de Obama pode impulsionar o campo social democrata” . Ou não, como ela própria admite: “ A crise de 1929 gerou o New Deal americano mas não salvou a social-democracia europeia, deu origem ao populismo e ao fascismo” e foi preciso uma guerra.
( Teresa de Sousa , in PUBLICO de 27.Outº )
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“ (...) a excessiva dependência das cotações bolsistas tem efeitos perversos, com os gestores a empenharem-se nos lucros trimestrais e não na saúde a longo prazo das empresas. Tanto mais que parte dos vencimentos dos gestores está ligada a essas cotações. Só que, acrescento eu, a ditadura do curto prazo também existe na política democrática, com eleições cada quatro anos... “
(Francisco Sarsfield Cabral , in PUBLICO de 27.Outº)
segunda-feira, outubro 27, 2008
LEITURAS SOBRE O MOMENTO PRESENTE... (1)
“ Se Portugal não estivesse no euro, podíamos estar como a Islândia”
( Jose Miguel Júdice in PUBLICO de 26.Outº)
“ A gente da Gebalis ( agora acusada) usou o Estado como milhares de outros funcionários, de que ninguém fala e com que ninguem se escandaliza.
(...)
Existem na Gebalis – cuja função, convem repetir, é administrar bairros sociais – cinco pelouros : de relações internacionais, de recursos humanos, de sistemas de informação, de comunicação e, compreensivelmente, um pelouro jurídico. Esta exuberância burocrática abre oportunidade a tudo : de “viagens de estudo” a Marraquexe a festejos na marisqueira Sete Mares. Principalmente, quando se dá a cada vogal da direcção um cartão de crédito da empresa. A Gebalis já se esqueceu com certezao fim para que foi criada. Como o resto da máquina do Estado, vive para justificar os seus pelouros, por inuteis que sejam, e anichar os “companheiros” do partido
( Vasco Pulido Valente, in PUBLICO de 26.Outº)
Nota:
A Gebalis será porventura um exemplo de um caso extremo. Mas empresas semelhantes à Gebalis, em muitos dos seus aspectos, em escala e gravidade variáveis, há-as, como bem sabemos, espalhadas por muitos e muitos municípios por esse país fora.
“ Se Portugal não estivesse no euro, podíamos estar como a Islândia”
( Jose Miguel Júdice in PUBLICO de 26.Outº)
“ A gente da Gebalis ( agora acusada) usou o Estado como milhares de outros funcionários, de que ninguém fala e com que ninguem se escandaliza.
(...)
Existem na Gebalis – cuja função, convem repetir, é administrar bairros sociais – cinco pelouros : de relações internacionais, de recursos humanos, de sistemas de informação, de comunicação e, compreensivelmente, um pelouro jurídico. Esta exuberância burocrática abre oportunidade a tudo : de “viagens de estudo” a Marraquexe a festejos na marisqueira Sete Mares. Principalmente, quando se dá a cada vogal da direcção um cartão de crédito da empresa. A Gebalis já se esqueceu com certezao fim para que foi criada. Como o resto da máquina do Estado, vive para justificar os seus pelouros, por inuteis que sejam, e anichar os “companheiros” do partido
( Vasco Pulido Valente, in PUBLICO de 26.Outº)
Nota:
A Gebalis será porventura um exemplo de um caso extremo. Mas empresas semelhantes à Gebalis, em muitos dos seus aspectos, em escala e gravidade variáveis, há-as, como bem sabemos, espalhadas por muitos e muitos municípios por esse país fora.
“ (...) há uns anos, não mais do que duas gerações, as famílias aforravam para a velhice, porque sabiam que não haveria outros apoios senão os familiares. E, quando se era novo, trabalhava-se para atingir um objectivo, fosse ele casar, comprar casa, ter um carro ou faxer férias especiais.
(...)
Já quanto aos bens, como automóveis, casas ou férias, o sistema desde há 50 anos que nos aconselha a comprá-los primeiro e pagá-los depois. Tudo junto, é todo um programa contra a poupança.
O contrário do aforro é o endividamento. E quando todo o sistema assenta na dívida podemos ter colapsos destes.
Mas há causas para a ideia ser tão popular. O afastamento das filosofias e das religiões que pregam a virtude leva ao afastamento do deferimento da recompensa. Este conceito assenta na necessidade de trabalho, ou de sacrifício, antes de se alcançar o bem ( ou o paraíso).
Hoje a recompensa tem de ser imediata e anteceder o trabalho ou o sacrifício necessários à sua obtenção. Por isso, os créditos são imediatos, como o são as recompensas. Tudo se pode ter já, a cultura do instantaneo domina. (...) “
(Henrique Monteiro, in EXPRESSO de 25.Outº )
domingo, outubro 26, 2008
A NOVA PONTE DOS ARCOS
De regresso à Figueira da Foz, passei hoje pela primeira vez na nova ponte dos arcos, já depois da obra estar acabada, ao que pude depreender. A ponte ficou bonita, sim senhor . Ficou ainda com arcos, embora desta vez meramente decorativos e não resistentes como antes acontecia (1) .
Na ilha da Morraceira, ali ao lado, estava já a ser montada uma daquelas grandes tendas brancas usadas para festas. Deve ser para a festivaleira e sempre incontornável cerimónia de inauguração, que não podia faltar, não senhor. A qual vai certamente contar com grande número das igualmente incontornáveis personalidades políticas nacionais, regionais e locais. Algumas excelências governamentais irão estar presentes, transportadas todas em negras viaturas, consumindo um dia de trabalho, mas isso pouco interessa. Talvez venha o azougadao ministro Mário Lino, no seu sempre manifestado optimismo de que vai haver dinheiro para muitas obras públicas e para a construção de muito mais betão ; e se não houver, pede-se fiado e depois logo se vê. A mesma atitude do “depois logo se vê...” que foi e vai provavelmente continuar a ser a prática corrente neste nosso torrão lusitano, e nesta nossa animada paróquia da ex-rainha das suas praias. E o último a sair que apague a luz.
Pelo meio da festiva cerimónia, vai haver decerto uns comes-e-bebes, constituidos por uns quantos croquetes e uns sumos de laranja, o que fica sempre bem, pois as excelências nacionais, regionais e locais muito apreciam. E que aos senhores jornalistas dá muito jeito, pois assim papa-se e poupa-se um almoço, que os tempos vão dificeis.
(1) Os arcos estão pintados de vermelho-cobre. É pena não terem sido pintados com a cor clara da estrutura base da ponte. Vistos à distância, na curva a seguir à zona industrial ( para quem vem do sul) os arcos de vermelho-cobre diluem-se e esbatem-se contra o verde escuro das colinas do lado de Vila Verde, e praticamente só se nota que estão lá os arcos quando nos aproximamos mais junto da rotunda antes da ponte.
De regresso à Figueira da Foz, passei hoje pela primeira vez na nova ponte dos arcos, já depois da obra estar acabada, ao que pude depreender. A ponte ficou bonita, sim senhor . Ficou ainda com arcos, embora desta vez meramente decorativos e não resistentes como antes acontecia (1) .
Na ilha da Morraceira, ali ao lado, estava já a ser montada uma daquelas grandes tendas brancas usadas para festas. Deve ser para a festivaleira e sempre incontornável cerimónia de inauguração, que não podia faltar, não senhor. A qual vai certamente contar com grande número das igualmente incontornáveis personalidades políticas nacionais, regionais e locais. Algumas excelências governamentais irão estar presentes, transportadas todas em negras viaturas, consumindo um dia de trabalho, mas isso pouco interessa. Talvez venha o azougadao ministro Mário Lino, no seu sempre manifestado optimismo de que vai haver dinheiro para muitas obras públicas e para a construção de muito mais betão ; e se não houver, pede-se fiado e depois logo se vê. A mesma atitude do “depois logo se vê...” que foi e vai provavelmente continuar a ser a prática corrente neste nosso torrão lusitano, e nesta nossa animada paróquia da ex-rainha das suas praias. E o último a sair que apague a luz.
Pelo meio da festiva cerimónia, vai haver decerto uns comes-e-bebes, constituidos por uns quantos croquetes e uns sumos de laranja, o que fica sempre bem, pois as excelências nacionais, regionais e locais muito apreciam. E que aos senhores jornalistas dá muito jeito, pois assim papa-se e poupa-se um almoço, que os tempos vão dificeis.
(1) Os arcos estão pintados de vermelho-cobre. É pena não terem sido pintados com a cor clara da estrutura base da ponte. Vistos à distância, na curva a seguir à zona industrial ( para quem vem do sul) os arcos de vermelho-cobre diluem-se e esbatem-se contra o verde escuro das colinas do lado de Vila Verde, e praticamente só se nota que estão lá os arcos quando nos aproximamos mais junto da rotunda antes da ponte.
quarta-feira, outubro 22, 2008
PROPAGANDA ELEITORAL...
...eficaz, apropriada e politicamente incorrecta, se a eleição do Presidente fosse em Portugal ou no Brasil....
quarta-feira, outubro 08, 2008
FICÇÕES E ESTRATÉGIAS...
Há umas duas ou três semanas, o diário As Beiras já havia publicado, com grande relevo, em duas edições diferentes, separadas de uns escassos dois ou três dias, notícias sobre um anunciado projecto para um magnífico centro comercial a construir ali para os lados da Várzea de Tavarede .
Achei estranhas as referidas notícias e sobretudo a sua insistência. Ainda mais porque as enquadrava muito mal numa mera intenção informativa da sua publicação. Aquilo cheirava-me a publicidade não paga, ou melhor, não facturada .
Ontem, foi a vez do mesmo diário regional encher 30 a 40% da sua primeira página, e a totalidade da sua página 25 com novo anúncio : “ Naval ganha novo estádio” . Acompanhou-a uma espectacular fotografia, destas que agora os arquitectos fazem facilmente num computador, cheia de muito verde, exibindo mais um magnífico estádio de futebol, que um conhecido empreendedor figueirense do negócio do imobiliário diz querer construir.
Co’ caneco!. É gente empreendora desta que o País está carecido !. Gente generosa, de vistas largas, olhando o futuro, que não se deixa intimidar pelo clima de depressão, de pessimismo, de concessão de crédito escasso e difícel, e de dinheiro cada vez mais caro, que se vai vivendo por aí!...Qual crise, qual meia crise! Para a frente é que é caminho, dêmos largas aos sonhos babilónicos, e se o povo gosta de futebol e circo, pois então que se lhe dê futebol e circo. Para o pão, logo se vê.
Pelos vistos, faltará só arranjar um terreno conveniente para concretizar tal monumental e generoso projecto. Terreno que terá de estar bem localizado, pois claro. Suspeito mesmo que pretenda que o mesmo terreno seja disponibilizado ( isto é, oferecido...) pelo Município. A bola estará então agora do lado deste. Há todavia ainda um pequeno pormenor, detalhe de somenos. Ao que percebi, o projecto de construção do grandioso estádio deverá ser acompanhado pela autorização para a construção de sete-grandes torres-sete, de 6 andares cada. Ou seja, estamos na realidade perante um projecto de negócio imobiliário puro e duro.
O diário As Beiras, fez contudo uma pequena maldade . Encabeçou a dita 1ª página com o ribontante anúncio e fotografia sobre o estádio e as 7 torres, com um título a 3 colunas, rezando assim :
“Empresas municipais à beira da falência” . Lendo esta por cima , e a de que “Naval ganha novo estádio” por baixo, o leitor irá decerto abanar a cabeça, num gesto entre o desconsolo e a estupefacção. Talvez acompanhado por um sorriso. Quem sabe mesmo se não acompanhado por uma sonora gargalhada.
Há umas duas ou três semanas, o diário As Beiras já havia publicado, com grande relevo, em duas edições diferentes, separadas de uns escassos dois ou três dias, notícias sobre um anunciado projecto para um magnífico centro comercial a construir ali para os lados da Várzea de Tavarede .
Achei estranhas as referidas notícias e sobretudo a sua insistência. Ainda mais porque as enquadrava muito mal numa mera intenção informativa da sua publicação. Aquilo cheirava-me a publicidade não paga, ou melhor, não facturada .
Ontem, foi a vez do mesmo diário regional encher 30 a 40% da sua primeira página, e a totalidade da sua página 25 com novo anúncio : “ Naval ganha novo estádio” . Acompanhou-a uma espectacular fotografia, destas que agora os arquitectos fazem facilmente num computador, cheia de muito verde, exibindo mais um magnífico estádio de futebol, que um conhecido empreendedor figueirense do negócio do imobiliário diz querer construir.
Co’ caneco!. É gente empreendora desta que o País está carecido !. Gente generosa, de vistas largas, olhando o futuro, que não se deixa intimidar pelo clima de depressão, de pessimismo, de concessão de crédito escasso e difícel, e de dinheiro cada vez mais caro, que se vai vivendo por aí!...Qual crise, qual meia crise! Para a frente é que é caminho, dêmos largas aos sonhos babilónicos, e se o povo gosta de futebol e circo, pois então que se lhe dê futebol e circo. Para o pão, logo se vê.
Pelos vistos, faltará só arranjar um terreno conveniente para concretizar tal monumental e generoso projecto. Terreno que terá de estar bem localizado, pois claro. Suspeito mesmo que pretenda que o mesmo terreno seja disponibilizado ( isto é, oferecido...) pelo Município. A bola estará então agora do lado deste. Há todavia ainda um pequeno pormenor, detalhe de somenos. Ao que percebi, o projecto de construção do grandioso estádio deverá ser acompanhado pela autorização para a construção de sete-grandes torres-sete, de 6 andares cada. Ou seja, estamos na realidade perante um projecto de negócio imobiliário puro e duro.
O diário As Beiras, fez contudo uma pequena maldade . Encabeçou a dita 1ª página com o ribontante anúncio e fotografia sobre o estádio e as 7 torres, com um título a 3 colunas, rezando assim :
“Empresas municipais à beira da falência” . Lendo esta por cima , e a de que “Naval ganha novo estádio” por baixo, o leitor irá decerto abanar a cabeça, num gesto entre o desconsolo e a estupefacção. Talvez acompanhado por um sorriso. Quem sabe mesmo se não acompanhado por uma sonora gargalhada.
terça-feira, outubro 07, 2008
DO QUE PRECISAMOS
Portugal não precisa de tantos “dótores”. Portugal já tem licenciados em direito, advogados, juristas a mais . Portugal já tem demasiados psicólogos, sociólogos, cursantes de gestão e de relações internacionais e outras coisas que tais. Portugal não pode ter um ensino superior no qual exista um clima de facilitismo e de porreirismo.
Portugal precisa de mais jóvens que, além de saberem ler, falar e escrever em bom português, estudem muito, e muito saibam, de matemática, de física, de biologia, de mecânica, de electrónica, de química.
A Figueira precisa de escolas profissionais e de verdadeiros institutos politécnicos ( não daqueles que querem passar por universidades) de boa qualidade e de muita exigência, promovendo o desenvolvimento do espírito científico dos seus alunos, com bons laboratórios, com oficinas modernas e bem equipadas, frequentadas intensivamente por estudantes ( eles e elas..) sem complexos de vestirem fatos-macaco ou de sujarem as mãos com óleos, terra, ou lamas de um qualquer tratamento químico .
E que também estudem e adquiram conhecimentos e bases teóricas sólidas sobre mecânica, termodinâmica, electromagnetismo, “hardware” e “software” informático, hidráulica, física dos sólidos ou cinética molecular.
A Figueira não precisa de ensino superior a fingir. A Figueira não precisa de universidades que funcionem apenas com papel e lápis.
A Figueira, como Portugal, também não precisa de tanto ensino virado para fazer tantos advogados, tabeliães, juristas, gestores. A Figueira, como Portugal, não precisa de tantos estudantes que se iludem julgando vir a ter trabalho no futuro sendo psicólogos, sociólogos, especialistas em relações em relações internacionais e outras coisas que tais.
Portugal não precisa de tantos “dótores”. Portugal já tem licenciados em direito, advogados, juristas a mais . Portugal já tem demasiados psicólogos, sociólogos, cursantes de gestão e de relações internacionais e outras coisas que tais. Portugal não pode ter um ensino superior no qual exista um clima de facilitismo e de porreirismo.
Portugal precisa de mais jóvens que, além de saberem ler, falar e escrever em bom português, estudem muito, e muito saibam, de matemática, de física, de biologia, de mecânica, de electrónica, de química.
A Figueira precisa de escolas profissionais e de verdadeiros institutos politécnicos ( não daqueles que querem passar por universidades) de boa qualidade e de muita exigência, promovendo o desenvolvimento do espírito científico dos seus alunos, com bons laboratórios, com oficinas modernas e bem equipadas, frequentadas intensivamente por estudantes ( eles e elas..) sem complexos de vestirem fatos-macaco ou de sujarem as mãos com óleos, terra, ou lamas de um qualquer tratamento químico .
E que também estudem e adquiram conhecimentos e bases teóricas sólidas sobre mecânica, termodinâmica, electromagnetismo, “hardware” e “software” informático, hidráulica, física dos sólidos ou cinética molecular.
A Figueira não precisa de ensino superior a fingir. A Figueira não precisa de universidades que funcionem apenas com papel e lápis.
A Figueira, como Portugal, também não precisa de tanto ensino virado para fazer tantos advogados, tabeliães, juristas, gestores. A Figueira, como Portugal, não precisa de tantos estudantes que se iludem julgando vir a ter trabalho no futuro sendo psicólogos, sociólogos, especialistas em relações em relações internacionais e outras coisas que tais.
segunda-feira, outubro 06, 2008
SANTANA LOPES DE NOVO EM CENA
Santana Lopes não gostou nada do que o Professor Marcelo disse dele. Reagiu assim.
Parece que o menino guerreiro vai mesmo tornar a ser candidato à Câmara de Lisboa. Acho óptimo. Assim estará garantido que não virá candidatar-se na Figueira da Foz, e colocar as finanças municipais cá da terra ainda mais na bancarrota do que já estão...
ANIMAÇÃO , ESPECTÁCULOS E OS SEUS CUSTOS
Aparentemente no âmbito da política de apoio à cultura, por parte da Câmara Municipal da Figueira da Foz, foi à cena aqui há uns dias , no Centro de Artes e Espectáculos , um espectáculo de teatro de revista, ao melhor estilo desta nobre arte do Parque Mayer , tão acarinhada por Santana Lopes, o padrinho daquele CAE .
Chamava-se “ É só rir” , e tinha Octávio Matos e Natalina José como cabeças de cartaz. O preço de cada bilhete era de 13 euros.
Para dentro de dias está anunciado, também no CAE, um show do artista-cantor Ney Matogrosso. Ignoro se naqueles espectáculos (referidos meramente a título de exemplos...) as receitas de bilheteira chegaram ou vão chegar para cobrir integralmente os custos, particularmente os cachets dos artistas . Se assim foi ou vai ser, muito bem, nada tenho a objectar. Cada um vai ao que gosta, e desde que pague o que consome, tem esse direito. Mas sabendo o que a casa gasta, tenho cá um palpite que os cofres municipais ainda tiveram ou vão ter que entrar com “algum” para cobrir a diferença negativa entre as receitas e os custos . E aquele “algum” não deverá ser tão pouco que não faça falta para outras prioridades. Indo para onde foi ou vai, nalguma vai faltar.
Aparentemente no âmbito da política de apoio à cultura, por parte da Câmara Municipal da Figueira da Foz, foi à cena aqui há uns dias , no Centro de Artes e Espectáculos , um espectáculo de teatro de revista, ao melhor estilo desta nobre arte do Parque Mayer , tão acarinhada por Santana Lopes, o padrinho daquele CAE .
Chamava-se “ É só rir” , e tinha Octávio Matos e Natalina José como cabeças de cartaz. O preço de cada bilhete era de 13 euros.
Para dentro de dias está anunciado, também no CAE, um show do artista-cantor Ney Matogrosso. Ignoro se naqueles espectáculos (referidos meramente a título de exemplos...) as receitas de bilheteira chegaram ou vão chegar para cobrir integralmente os custos, particularmente os cachets dos artistas . Se assim foi ou vai ser, muito bem, nada tenho a objectar. Cada um vai ao que gosta, e desde que pague o que consome, tem esse direito. Mas sabendo o que a casa gasta, tenho cá um palpite que os cofres municipais ainda tiveram ou vão ter que entrar com “algum” para cobrir a diferença negativa entre as receitas e os custos . E aquele “algum” não deverá ser tão pouco que não faça falta para outras prioridades. Indo para onde foi ou vai, nalguma vai faltar.
domingo, outubro 05, 2008
KOSOVICES E OUTRAS TOLICES
O reconhecimento da independência do Kosovo, por Portugal, vai ser um grande e irresponsável disparate. Sobre o qual partilho das opiniões expressas por Pacheco Pereira, aqui , e por Vital Moreira, aqui. Portugal vai assim quebrar a solidariedade que neste assunto manifestava até ao momento com Espanha, país que obviamente não irá reconhecer a dita independência do Kosovo. Tem problemas que chegue com as suas "autonomias" e seria inconsequente reconhecer uma secessão daquela natureza que abriria o campo para servir de justificação e legitimação de muitas mais secessões peninsulares. Para a Espanha, seria como cuspir para o ar, em que o cuspe volta depois a tombar na cara do cuspidor.
Mas Portugal também não passa ao largo do problema. Não nos interessa ter aqui como vizinho, nosso principal mercado, nosso acesso terrestre à Europa, uma país (multinacional, embora) a fragmentar-se em diversos países e Estados, sabe-se lá com que custos sociais e com que agitação politica. E sabe-se lá até onde poderia chegar tal agitação política, trazendo à memória tempos violentos de há 6 ou 7 décadas.
A não ser que os governantes portugueses ( incluindo o Presidente da República ) alimentem a esperança de que o exemplo do Kosovo possa ser seguido por Alberto João Jardim, o Chefe da Madeira. O que seria um alívio para a República portuguesa, e para os seus contribuintes, temos de convir.
RECORTES DO FIM DE SEMANA
“Para gente necessitada e outra nem tanto, para amigos políticos e para incorruptíveis plumitivos, para funcionários zelosos ou artistas da corda lá e foram distribuindo umas alegres casinhas em Lisboa.
Mas não há problema! Aqui está um assunto sobre o qual, apesar de a comunicação social ter gasto tanta tinta, nenhum partido falou. Se outras provas não houvesse, eis a evidência de que a imprensa livre – mais do que o pluripartidarismo – é a marca da qualidade de uma democracia. Nem Bloco de Esquerda, nem SDS, nem PCP, já para não falar dos costumeiros PSD e PS aos quais nada escapa.Silêncio total. Silêncio, provavelmente comprometido, pois não haverá partido ou bloco que não tenha o seu simpatizante ou amigo envolvido, seja na dávida seja na benesse”
(Henrique Monteiro, in EXPRESSO deste fm de semana)
“O escândalo “Lisboagate” já vem de longe e, ao que parece, Fernando Pessoa apenas criou os heterónimos para enganar a Câmara Municipal de Lisboa, e assim receber mais casas. Desta feita, Alberto Caeiro tinha um chalet no Campo Grande, Ricardo Reis tinha um apartamento em Campo de Ourique, Alvaro de Campos tinha uma casa de férias em Alverca e Bernardo Soares tinha uma moradia geminada em Alvalade. Mário de Sá Carneiro tentou o mesmo truque e criou o heterónimo Constantino Felisberto mas, falhando em enganar a autarquia, suicidou-se, envergonhado."
( in “ O Inimigo Público” de 6ª feira passada)
“Cada vez mais, através de associações sindicais ou profissionais, os juizes apreciam leis quando estas estão em fase de discussão na Assembleia da República. Dir-se-à que têm liberdade.Mas imagine-se que os deputados davam as suas opiniões sobre o modo como os juizes conduzem os julgamentos. Teriam a mesma liberdade? “
(in Editorial do EXPRESSO deste fim de semana)
“Para gente necessitada e outra nem tanto, para amigos políticos e para incorruptíveis plumitivos, para funcionários zelosos ou artistas da corda lá e foram distribuindo umas alegres casinhas em Lisboa.
Mas não há problema! Aqui está um assunto sobre o qual, apesar de a comunicação social ter gasto tanta tinta, nenhum partido falou. Se outras provas não houvesse, eis a evidência de que a imprensa livre – mais do que o pluripartidarismo – é a marca da qualidade de uma democracia. Nem Bloco de Esquerda, nem SDS, nem PCP, já para não falar dos costumeiros PSD e PS aos quais nada escapa.Silêncio total. Silêncio, provavelmente comprometido, pois não haverá partido ou bloco que não tenha o seu simpatizante ou amigo envolvido, seja na dávida seja na benesse”
(Henrique Monteiro, in EXPRESSO deste fm de semana)
“O escândalo “Lisboagate” já vem de longe e, ao que parece, Fernando Pessoa apenas criou os heterónimos para enganar a Câmara Municipal de Lisboa, e assim receber mais casas. Desta feita, Alberto Caeiro tinha um chalet no Campo Grande, Ricardo Reis tinha um apartamento em Campo de Ourique, Alvaro de Campos tinha uma casa de férias em Alverca e Bernardo Soares tinha uma moradia geminada em Alvalade. Mário de Sá Carneiro tentou o mesmo truque e criou o heterónimo Constantino Felisberto mas, falhando em enganar a autarquia, suicidou-se, envergonhado."
( in “ O Inimigo Público” de 6ª feira passada)
“Cada vez mais, através de associações sindicais ou profissionais, os juizes apreciam leis quando estas estão em fase de discussão na Assembleia da República. Dir-se-à que têm liberdade.Mas imagine-se que os deputados davam as suas opiniões sobre o modo como os juizes conduzem os julgamentos. Teriam a mesma liberdade? “
(in Editorial do EXPRESSO deste fim de semana)
sábado, outubro 04, 2008
AS COISAS PÚBLICAS
Ouvi há dias o Presidente da Câmara de Lisboa anunciar, na televisão, que estava à espera de um parecer ( ou será uma autorização?...) da excelentíssima Comissão Nacional de Protecção de Dados, para eventualmente divulgar a lista completa das casas do seu Município cedidas ou alugadas sem critério a alguns artistas, jornalistas e outros sortudos, bem como as respectivas rendas.
Não compreendo tantos pruridos e tantas dúvidas. As coisas públicas, sejam casas arrendadas, subsídios a pessoas, eventos ou colectividades, concursos e adjudicações, viaturas, dívidas a e de terceiros, sejam pelo poder central ou pelo poder local, são coisas da esfera pública, e não da esfera privada. Têm forçosamente de ser do conhecimento público. Por isso têm de ser publicadas , isto é, tornadas públicas ; ou seja ainda, têm de ser objecto de publicidade. Da forma mais ampla e transparente . O que, nos tempos de hoje, é possível através dos sites da Internet.
As coisas públicas são “res publica”. Como o são igualmente os impostos e as contribuições de pessoas privadas, singulares ou colectivas, devidas ao Estado ; ou seja, à República. Por isso não compreendo também qual o sentido e a legitimidade do sacrossanto segredo fiscal, nas relações entre a República e os contribuintes individuais.
Ouvi há dias o Presidente da Câmara de Lisboa anunciar, na televisão, que estava à espera de um parecer ( ou será uma autorização?...) da excelentíssima Comissão Nacional de Protecção de Dados, para eventualmente divulgar a lista completa das casas do seu Município cedidas ou alugadas sem critério a alguns artistas, jornalistas e outros sortudos, bem como as respectivas rendas.
Não compreendo tantos pruridos e tantas dúvidas. As coisas públicas, sejam casas arrendadas, subsídios a pessoas, eventos ou colectividades, concursos e adjudicações, viaturas, dívidas a e de terceiros, sejam pelo poder central ou pelo poder local, são coisas da esfera pública, e não da esfera privada. Têm forçosamente de ser do conhecimento público. Por isso têm de ser publicadas , isto é, tornadas públicas ; ou seja ainda, têm de ser objecto de publicidade. Da forma mais ampla e transparente . O que, nos tempos de hoje, é possível através dos sites da Internet.
As coisas públicas são “res publica”. Como o são igualmente os impostos e as contribuições de pessoas privadas, singulares ou colectivas, devidas ao Estado ; ou seja, à República. Por isso não compreendo também qual o sentido e a legitimidade do sacrossanto segredo fiscal, nas relações entre a República e os contribuintes individuais.
FALAR A VERDADE, A TEMPO
Era já tempo de os membros do Governo e em especial o Primeiro-Ministro alterarem o registo excessivamente optimista do seu discurso político quanto à possibilidade de Portugal resistir bem aos efeitos da actual crise mundial . Conviria portanto que começassem desde já a preparar psicológicamente os portugueses para a hipótese, pelo menos, de virem aí tempos ainda mais dificeis e duros .
De outro modo, corre-se o risco de, quando esses tempos chegarem, o choque dos portugueses e da opinião pública ter efeitos ainda mais devastadores.
Como bem sublinhou José Carlos de Vasconcelos na VISÃO de anteontem :
“O Governo não deve, sob pena de acrescidos riscos e de lesão da sua própria credibilidade, prolongar artificialmente no tempo a receita da desdramatização da crise. Porque os cidadãos têm de sentir que os governantes lhes falam sempre a verdade” .
Era já tempo de os membros do Governo e em especial o Primeiro-Ministro alterarem o registo excessivamente optimista do seu discurso político quanto à possibilidade de Portugal resistir bem aos efeitos da actual crise mundial . Conviria portanto que começassem desde já a preparar psicológicamente os portugueses para a hipótese, pelo menos, de virem aí tempos ainda mais dificeis e duros .
De outro modo, corre-se o risco de, quando esses tempos chegarem, o choque dos portugueses e da opinião pública ter efeitos ainda mais devastadores.
Como bem sublinhou José Carlos de Vasconcelos na VISÃO de anteontem :
“O Governo não deve, sob pena de acrescidos riscos e de lesão da sua própria credibilidade, prolongar artificialmente no tempo a receita da desdramatização da crise. Porque os cidadãos têm de sentir que os governantes lhes falam sempre a verdade” .
sexta-feira, outubro 03, 2008
VALHA-NOS ISSO...
“Um último aspecto que tem facilitado a nossa vida – ironia das ironias – é o facto de há uns dez anos termos um défice externo significativo – ou seja, tal como nos EUA, andámos no negócio de vender activos pelo que, em média, não devemos ter comprado activos tóxicos do subprime . Há males que vêm por bem...”
( Campos e Cunha, in PUBLICO de hoje)
“Um último aspecto que tem facilitado a nossa vida – ironia das ironias – é o facto de há uns dez anos termos um défice externo significativo – ou seja, tal como nos EUA, andámos no negócio de vender activos pelo que, em média, não devemos ter comprado activos tóxicos do subprime . Há males que vêm por bem...”
( Campos e Cunha, in PUBLICO de hoje)
O CRÉDITO E A CONFIANÇA
Escreve Campos e Cunha numa crónica do PUBLICO de hoje :
“Quem pressiona o BCE para baixar as taxas não percebe que o problema não é de juros altos, mas de não haver crédito”
Mais grave ainda, o problema tende a ser o de não haver confiança. Quando não há confiança (dos cidadãos, dos consumidores, dos empresários, dos bancos...) , não há consumo nem crédito. Sem haver crédito, não há investimento . Sem investimento não há emprego, e há crescente desemprego. Com crescente desemprego, não há consumo. Sem consumo não há produção . Sem produção, não se paga o crédito. Sem se pagar o crédito tende a não haver confiança. E assim sucessivamente. Está criada a espiral. Sair de tal diabólica espiral é dificil e doloroso.
Escreve Campos e Cunha numa crónica do PUBLICO de hoje :
“Quem pressiona o BCE para baixar as taxas não percebe que o problema não é de juros altos, mas de não haver crédito”
Mais grave ainda, o problema tende a ser o de não haver confiança. Quando não há confiança (dos cidadãos, dos consumidores, dos empresários, dos bancos...) , não há consumo nem crédito. Sem haver crédito, não há investimento . Sem investimento não há emprego, e há crescente desemprego. Com crescente desemprego, não há consumo. Sem consumo não há produção . Sem produção, não se paga o crédito. Sem se pagar o crédito tende a não haver confiança. E assim sucessivamente. Está criada a espiral. Sair de tal diabólica espiral é dificil e doloroso.
REMENDOS ROTOS A TAPAR BURACOS...
Como muitos outros portugueses, até eu, leigo e ignorante em ciências jurídicas, percebo que a aprovação da chamada Lei das Armas, proposta pelo Governo, é usada para remendar um grave buraco e graves deficiências do Código de Processo Penal, aprovado aqui há uns meses, na Assembleia da República, pelo PS e também pelo PSD, com base num ingente trabalho por uma “unidade de missão” . A qual foi dirigida e presidida por Rui Pereira, o mesmo senhor que é hoje Ministro da Administração Interna. É bem evidente estarmos perante uma vergonhosa e ziguezaguiante trapalhada.
Os actuais ministros da Administração Interna e da Justiça são efectivamente muito fraquinhos. Há muito tempo que deveriam ser demitidos e despedidos, com justa causa, por incompetência jurídica e inadaptação para ministro.
Como muitos outros portugueses, até eu, leigo e ignorante em ciências jurídicas, percebo que a aprovação da chamada Lei das Armas, proposta pelo Governo, é usada para remendar um grave buraco e graves deficiências do Código de Processo Penal, aprovado aqui há uns meses, na Assembleia da República, pelo PS e também pelo PSD, com base num ingente trabalho por uma “unidade de missão” . A qual foi dirigida e presidida por Rui Pereira, o mesmo senhor que é hoje Ministro da Administração Interna. É bem evidente estarmos perante uma vergonhosa e ziguezaguiante trapalhada.
Os actuais ministros da Administração Interna e da Justiça são efectivamente muito fraquinhos. Há muito tempo que deveriam ser demitidos e despedidos, com justa causa, por incompetência jurídica e inadaptação para ministro.
quinta-feira, outubro 02, 2008
ANTIGAS CONCLUSÔES, VELHOS DISCURSOS
Por mera casualidade, ao visitar hoje uma exposição de documentos, dei com uma reprodução de uma página interior do “Jornal de Notícias” de 13 de Novembro de 1985 . Achei curioso o título de uma notícia a 4 colunas que nela pude ler.
“Introdução de novas tecnologias é pretexto para criar desemprego – conclui balanço da CGTP-IN “
Assim concluia e pregava a CGTP-Intersindical há 23 anos ! . Cerca de um mês antes daquela data , tinha sido instalada em Portugal a primeira caixa multibanco (faz hoje precisamente 23 anos...), a que logo se seguiram muitas outras. Nos tempos de hoje, não apenas se mantem o estilo do discurso . Mais vírgula, menos vírgula, o conteudo tambem se mantem .
Por mera casualidade, ao visitar hoje uma exposição de documentos, dei com uma reprodução de uma página interior do “Jornal de Notícias” de 13 de Novembro de 1985 . Achei curioso o título de uma notícia a 4 colunas que nela pude ler.
“Introdução de novas tecnologias é pretexto para criar desemprego – conclui balanço da CGTP-IN “
Assim concluia e pregava a CGTP-Intersindical há 23 anos ! . Cerca de um mês antes daquela data , tinha sido instalada em Portugal a primeira caixa multibanco (faz hoje precisamente 23 anos...), a que logo se seguiram muitas outras. Nos tempos de hoje, não apenas se mantem o estilo do discurso . Mais vírgula, menos vírgula, o conteudo tambem se mantem .
quarta-feira, outubro 01, 2008
TIME TO FIX THE PROBLEM...
Cito mais ou menos de cor :
“Now it is not the time to fix the blame. It is time to fix the problem.”
A frase é do senador McCain. Vale por si mesma e não por quem a disse, por muita censura (“blame”) que o seu autor mereça. Fê-la em declaração solene pronunciada ontem, depois da dramática votação na Câmara dos Representantes dos EUA , e a propósito da crise financeira americana. Para já, sobretudo financeira ; mas que, a não ser imediatamente mitigada, depressa passará a económica e social . Para já, sobretudo americana; mas que, a não ser imediatamente mitigada, depressa passará a europeia e mundial.
Cito mais ou menos de cor :
“Now it is not the time to fix the blame. It is time to fix the problem.”
A frase é do senador McCain. Vale por si mesma e não por quem a disse, por muita censura (“blame”) que o seu autor mereça. Fê-la em declaração solene pronunciada ontem, depois da dramática votação na Câmara dos Representantes dos EUA , e a propósito da crise financeira americana. Para já, sobretudo financeira ; mas que, a não ser imediatamente mitigada, depressa passará a económica e social . Para já, sobretudo americana; mas que, a não ser imediatamente mitigada, depressa passará a europeia e mundial.
A VOCAÇÃO E O PAPEL DE UMA ASSEMBLEIA MUNICIPAL
Ontem deu-me para ir dar uma olhadela curiosa à Assembleia Municipal da Figueira. Não tive pachorra suficiente para ficar até ao fim. Duas horas foram consumidas no chamado período antes da Ordem do Dia. Houve de tudo.
Meteu muita oratória a soar a música celestial, queixumes e contas de mercearia sobre os subsídios que são ou deixam de ser dados às colectividades, porque esta recebe tanto e esta recebe menos, inspirados votos de congratulação, tricas e trocas de mimos entre bancadas partidárias, declaração de apoio à jornada de luta de não sei quê marcada para não sei quando, a incontornável querela sobre a gestão do hospital da terra, e o sempre demagógico aproveitamento do fecho do seu bloco de partos.
Pelo meio, merece destaque uma oportuna intervenção do Presidente da Junta de S. Julião, esta sim, bem enquadrada no que deve ser o papel e vocação de uma Assembleia Municipal. O Presidente da Junta argumentou e pronunciou-se contra um hipotético e gigantesco shopping que um conhecido empresário figueirense do negócio imobiliário quer instalar ali para os lados da Várzea de Tavarede ( a que, curiosamente, alguma imprensa regional tem feito publicidade, na forma de inocentes notícias com grande relevo ).
Como aqui já escrevi, partilho inteiramente da opinião que expressou . Está mais que provado que a construção de hiper centros comerciais em áreas periféricas das malhas urbanas contribui de forma poderosa para a crescente desertificação dos centros das cidades. Lisboa é disso um bom exemplo. A Figueira da Foz e em particular o seu Bairro Novo também, como consequência dos centros comerciais já instalados nas proximidades do parque de campismo. Pelo contrário, centros comerciais instalados nos corações dos centros urbanos, são verdadeiras “âncoras” ( como agora soi dizer-se...) para a revitalização dos mesmos. Os casos das lojas do Corte Inglês nos sempre animados centros das cidades espanholas ( e até em Lisboa), do Forum em Aveiro, e do shopping Estação em Viana do Castelo, são disso óptimos exemplos.
O Presidente da Junta de S. Julião chamou a atenção, e muito bem, para a possibilidade do aproveitamento do espaço entre a rua Cândido dos Reis e a rua Francisco António Diniz, em pleno coração do Bairro Novo, no autêntico “buraco” urbanístico ali existente, constituido pelo edifício do Trabalho e pelo antigo “centro de diversões” ( agora aproveitado para loja de chineses), com um beco pelo meio, cujos estados de decadência e de degradação são lamentáveis.
Ontem deu-me para ir dar uma olhadela curiosa à Assembleia Municipal da Figueira. Não tive pachorra suficiente para ficar até ao fim. Duas horas foram consumidas no chamado período antes da Ordem do Dia. Houve de tudo.
Meteu muita oratória a soar a música celestial, queixumes e contas de mercearia sobre os subsídios que são ou deixam de ser dados às colectividades, porque esta recebe tanto e esta recebe menos, inspirados votos de congratulação, tricas e trocas de mimos entre bancadas partidárias, declaração de apoio à jornada de luta de não sei quê marcada para não sei quando, a incontornável querela sobre a gestão do hospital da terra, e o sempre demagógico aproveitamento do fecho do seu bloco de partos.
Pelo meio, merece destaque uma oportuna intervenção do Presidente da Junta de S. Julião, esta sim, bem enquadrada no que deve ser o papel e vocação de uma Assembleia Municipal. O Presidente da Junta argumentou e pronunciou-se contra um hipotético e gigantesco shopping que um conhecido empresário figueirense do negócio imobiliário quer instalar ali para os lados da Várzea de Tavarede ( a que, curiosamente, alguma imprensa regional tem feito publicidade, na forma de inocentes notícias com grande relevo ).
Como aqui já escrevi, partilho inteiramente da opinião que expressou . Está mais que provado que a construção de hiper centros comerciais em áreas periféricas das malhas urbanas contribui de forma poderosa para a crescente desertificação dos centros das cidades. Lisboa é disso um bom exemplo. A Figueira da Foz e em particular o seu Bairro Novo também, como consequência dos centros comerciais já instalados nas proximidades do parque de campismo. Pelo contrário, centros comerciais instalados nos corações dos centros urbanos, são verdadeiras “âncoras” ( como agora soi dizer-se...) para a revitalização dos mesmos. Os casos das lojas do Corte Inglês nos sempre animados centros das cidades espanholas ( e até em Lisboa), do Forum em Aveiro, e do shopping Estação em Viana do Castelo, são disso óptimos exemplos.
O Presidente da Junta de S. Julião chamou a atenção, e muito bem, para a possibilidade do aproveitamento do espaço entre a rua Cândido dos Reis e a rua Francisco António Diniz, em pleno coração do Bairro Novo, no autêntico “buraco” urbanístico ali existente, constituido pelo edifício do Trabalho e pelo antigo “centro de diversões” ( agora aproveitado para loja de chineses), com um beco pelo meio, cujos estados de decadência e de degradação são lamentáveis.