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segunda-feira, junho 30, 2008

(IN)DEPENDÊNCIAS NACIONAIS

“ Apostar nas barragens é apostar na independência nacional” :
assim falou hoje o PM José Sócrates, com inquestionável sabedoria . Nada de mais verdadeiro. Não se trata porém, somente, de independência ( ou, se se quiser ser mais rigoroso, de menor dependência...) no plano energético. Mas também no domínio dos recursos hídricos, da valiosa água, por cuja posse se há-de vir a combater no futuro, quem sabe se de armas nas mãos.
Os quatro maiores rios nacionais vêm de Espanha : o Minho, o Douro, o Tejo e o Guadiana. Em tempos de seca ou de escassez de água, como já tem havido, e como mais haverá, não tenho dúvidas : com tratado ou sem tratado, com direito internacional ou sem direito internacional, a Espanha pode ser tentada a fechar a torneira nos pontos de fronteira. Se não totalmente, em parte. Desviando muita dessa água para as regiões do sul, carecidas desse valiosíssimo bem, e praticando uma agricultura intensiva extremamente “aquívora” .
Por isso será irresponsável crime não reter e represar desde já, na máxima extensão possível, toda a água que corre nas bacias hidrográficas totalmente nacionais. Como é esse o caso dos rios Sabor e Tua, entre outros. Trata-se de uma questão estratégica de enorme importância . As gerações futuras teriam de enfrentar dramáticas consequências da irresponsabilidade de não se tomassem agora as decisões certas de construir todas as barragens que se puderem construir.

Por isso defendo que, a todo o custo, seja retomada, desde já, e a partir das infraestruturas existentes, a construção da barragem de Fozcoa, no rio Coa . Cortem-se as pedras com as gravuras, e coloquem-se num museu em Vila Nova de Fozcoa ( upa upa..cidade de Fozcoa...).
E o cúmulo da maldade seria adjudicar a retoma da construção à Mota-Engil, de que é ilustre administrador o ex-ministro socialista Jorge Coelho. O tal ministro que , “como as gravuras não sabem nadar”, no dizer irresponsável de Mário Soares, sob a pressão do “lobby” dos arqueólogos ( chamem-lhes tolos...), e com a benção de vultos charmosos da nomenklatura indígena ( como o inefável Manuel Carrilho), mandou cancelar a construção da barragem de Fozcoa. Contra a promessa de que o “parque arqueológico” seria anualmente visitado por não sei quantos milhões de pessoas. Viu-se. Foi uma das maiores vigarices da história do regime democrático português.

sexta-feira, junho 27, 2008

A TERRA NO MAPA...

Ai que raiva dá verificar que o Município da Figueira da Foz está a anos luz deste bom exemplo do Município de Cantanhede. Isto sim. Isto significa verdadeiramente colocar Cantanhede no mapa...Por boas razões, e não por foguetório, planos grandiosos, obras de fachada, histórias obscuras com interesses imobiliários, ou descalabro das finanças municipais.
Basta ver, por exemplo, a forma célere e atempada como as actas da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal de Cantanhede são disponibilizadas “on-line” no sítio do Município de Cantanhede. Ou ainda ler esta outra notícia de 2007 .

QUATRO VULTOS...

...do actual momento político português, segundo a revista SABADO de ontem :

José Sócrates
O Governo está na sua pior fase. Entre facilitismos na Educação, centenas de milhares de pessoas nas ruas e polémicas constantes na Agricultura, resta-lhe distribuir mais uns computadores e esperar ansiosamente que as eleições venham depressa.

Maria de Lurdes Rodrigues
Conseguiu finalmente o consenso. Pais, professores, alunos e especialistas concordam : os exames e as provas de aferição são uma anedota. A ministra do rigor passou a ministra do facilitismo.

Manuela Fereira Leite
O novo discurso do PSD – trocar um TGV por muitos apoios sociais – parece o discurso do PS nos tempos de Cavaco – um Centro Cultural de Belém vale vários hospitais. A demagogia não é um exclusivo de Luís Filipe Menezes.

Pedro Santana Lopes
Foi o grande derrotado do congresso de Guimarães : perdeu apoios, perdeu influência e perdeu votos. Sobra-lhe Pedro Pinto e Rui Gomes da Silva. Por enquanto.

[comentário meu : ainda lhe sobram alguns dedicados prosélitos aqui pela Figueira da Foz, viva ainda a esperança de que se venha candidatar para presidente da Assembleia Municipal, que para Presidente da Câmara, já deu para esse peditório, e não falta quem aqui na terra se queira chegar ao lugar, com a benção do “menino guerreiro”, que não esquece quem não o abandona nos momentos em baixa, mesmo que quem não o abandona esteja a pensar na sua benção!... ]

quarta-feira, junho 25, 2008



FALAR CLARO , COM PUDOR, E SEM CALCULISMOS

Manuela Ferreira Leite faria bem em ter um pouco mais de pudor ao criticar, da maneira como o fez, aquilo que designa como os mega investimentos em infra-estruturas anunciados pelo actual Governo, nomeadamento os chamados TGV’s . Ela foi importante ministra do Governo de Durão Barroso, o qual, em Novembro de 2003, veio a uma muito mediatizada cimeira ibérica na Figueira da Foz encontrar-se com o então líder do Governo espanhol, comprometendo-se com a construção não com uma linha de TGV, mas de nada mais nada menos que 4-ligações-4 de TGV a Espanha (Nota 1). Tambem Morais Sarmento era ministro na altura, e deveria ter igualmente um pouco de pudor antes de dizer o que diz.
Os tempos mudaram, e as condições sócio-económicas são agora diferentes? É possível. Em todo o caso, a situação de desequilibrio das contas do Estado é agora bem melhor do que a existente após o despesista governo de António Guterres e durante o ineficaz governo de Durão Barroso, com Manuel Ferreira Leite como Ministra das Finanças. Manuela Ferreira Leite cometeu um erro ao dar o seu acordo a tão megalómano plano de investimento ferroviário?. Muito bem, um engano qualquer um comete. Então que o diga e faça acto de contrição.

A linha de argumentação de que não se fará nenhum TGV enquanto houver criancinhas com fome nas escolas é próxima do populismo fácil. Acredito que Durão Barroso, agora com responsabilidades políticas europeias, se envergonhe de a ter usado. Mas não esperaria agora de Manuela Ferreira Leite tais expressões populistas, próxima das quais estará essa outra, por ela usada, de que “ o social está agora no topo das prioridades”.

O Ministro Mário Lino ( por quem ailiás não nutro especial simpatia ) tem por isso razão quando interpela a líder do PSD : “Talvez fosse bom que a Dra. Ferreira Leite esclarecesse os portugueses sobre quais são os investimentos que ela acha supérfluos”. Seria da mais elementar boa fé política, e daria a tal credibilidade que tem faltado ao PSD, se Manuela Ferreira Leite respondesse e clarificasse sem ambiguidades.

Se a pergunta me fosse dirigida, eu responderia, sem calculismos : no tocante aos chamados mega investimentos, comece-se a construir o novo aeroporto e instale-se o TGV entre Lisboa e a fronteira espanhola. O actual aeroporto da Portela está a rebentar pelas costuras e, no mínimo, é bloqueador do desenvolvimento de parte do país na actividade turística. O TGV para Madrid tem justificação estratégica, e poderá ser uma excelente alternativa às demoradas ligações aéreas entre os centros das duas capitais, muito mais consumidoras de combustível, o que, nos tempos de petróleo caro, que aí já estão, será muito importante.
O resto, os TGV’s Lisboa-Porto , e Porto-Vigo, deixe-se para depois, quando formos menos pobres e tivermos um pouco mais de recursos. Vai havendo alternativas para eles, e a sua construção iria sair caríssima e muito problemática tendo em conta as condições geográficas, orográficas e de povoamento dos territórios a atravessar.

Nota 1 : Convirá recordar o que na altura foi noticiado no PUBLICO :

Os chefes de Governo de Portugal e Espanha realçaram ainda que a definição e calendarização dos Transportes de Alta Velocidade (TAV) constituiu um dos resultados "mais importantes" da cimeira.
No encontro ficou decidida a construção de quatro corredores, que irão ligar Porto-Vigo, Aveiro-Salamanca, Lisboa-Madrid e Faro-Huelva. O desenvolvimento temporal das referidas conexões será feito de forma faseada, seguindo um calendário estabelecido: 2010 para a ligação Lisboa-Madrid, 2009 para a ligação Porto-Vigo, 2015 para o corredor Aveiro-Salamanca, sendo que o traçado Faro-Huelva será planeado em função dos resultados dos estudos a desenvolver, por forma a que esteja concluída antes de 2018.No que respeita aos traçados Lisboa-Madrid e Porto-Madrid, ficou decidido que o percurso não demorar mais do que 02h45 horas
.

Nota 2:
As fotos acima são da famosa cimeira da Figueira da Foz. Na qual também marcou presença Manuela Ferreira Leite, numa das fotos a ser elegantemente saudada pelo Presidente da Câmara...

(Clicar nas imagens para as aumentar)

terça-feira, junho 24, 2008

RESULTADOS COM BATOTA E A QUALIDADE DO ENSINO...

À saída dos exames de Matemática do 12º ano, a RTP1 entrevistou alguns dos estudantes. Quase todos tinham a sinceridade de reconhecer que o exame havia sido bastante fácil.
Sem papas na língua, uma jovem chegou mesmo a declarar que “ a Ministra quer é resultados...” , o que explicaria a facilidade do exame. A Sociedade Portuguesa de Matemática já se manifestou também indignada, não apenas com a facilidade do exame, mas com a onda de propensão facilitista reinante pelos corredores do Ministério e pelos gabinetes da senhora Ministra. Este ano, os alunos tiveram meia hora mais para completar o exame, o que deu decerto deu mais uma boa ajuda para a melhoria dos resultados
Daqui a umas semanas, feito o balanço dos exames, vão ser sensacionais os resultados conseguidos pela Ministra e, por via dela, pelo Primeiro-Ministro, em matéria do sucesso escolar. As notas e os números de aprovações serão 10, 15 ou 20 por cento superiores ao tempo em que esta Ministra iniciou funções. Portugal irá melhorar muito a sua posição nas estatísticas e comparações internacionais. Louvemos portanto a grandiosa vitória conseguida e adoremos os seus autores.
Os resultados terão todavia sido conseguidos com batota muito feia, é bem verdade. Mas pouco importa. Não abonará em nada a favor da seriedade e honestidade intelectual dos que vão querer dela tirar louros e dividendos políticos, mas isso também pouco importa. Afinal o que é necessário é enganar os parvos e nos enganarmos a nós próprios. Assim estaremos felizes e voltaremos a votar em José Sócrates...

A história já é antiga . Mas mesmo em registo de divertida caricatura, serve para espelhar o estado a que terão chegado a qualidade e o grau de exigência do nosso ensino. Aqui vai ela.

Ensino nos anos 50/60
Um camponês vendeu um saco de batatas por 100 $00 .
As suas despesas de produção foram iguais a 4/5 do preço da venda.
Qual foi o seu lucro?

Ensino tradicional – Anos 70
Um camponês vendeu um saco de batatas por 100 $00.
As suas despesas foram iguais a 4 / 5 do preço de venda , ou seja, foram de 80$00 .
Qual foi o seu lucro ?

Ensino moderno – Anos 70
Um camponês troca um conjunto B de batatas por um conjunto M de moedas.
O cardinal do conjunto M é de 100 e cada elemento de M vale 1 $00.
Desenha o diagrama de Venn do conjunto M com 100 pontos que representam os elementos desse conjunto . O conjunto C dos custos de produção tem menos 20 elementos do que o conjunto M .
Representa C como sub-conjunto de M e escreve a vermelho o cardinal do conjunto L do lucro .

Ensino renovado – 1980
Um agricultor vendeu um saco de batats por 100 $00.
Os custos de produção elevam-se a 80 $00 e o lucro é de 20 $00.
Trabalho a realizar:
Sublinha a palavra “batatas” e discute-a com o teu colega de carteira

Ensino Reformado - 1999
Um kampunes reçebeu um çubssidio de 50 $00 para pordusir um çaco de batatas o qual vendeo por 100 $00 e gastou 80$00.
Analiza o teisto de iserçicio, discutio kom o kulega do ládo, e em ceguida dis o que penças desta maneira de henriquesser .

segunda-feira, junho 23, 2008

VAI ANDAR POR AQUI...

Santana Lopes anda a colocar-se a jeito e muito oferecido para poder voltar a candidatar-se à Camara Municipal da Figueira da Foz, onde continua a ter muitos encantados prosélitos. Assim pensando que, à falta de melhor, o pequeno palco da linda cidade da Figueira lhe poderá abrir caminho de novo para conquistar outros poleiros perdidos.
Palavra que quase pagava para ver. Ia ser divertido observar Santana Lopes a tentar gerir, uma Câmara de tanga, caloteira a meio mundo, em tempos de vacas magríssimas que aí vêm, tentando renascer os gloriosos tempos dos foguetórios, fazendo projectos sem contabilista que ele adora anunciar e iniciar enquanto houver quem lhe aceite o fiado.
Ele vai portanto começar andar por aqui. E não vai faltar gente para lhe ir ao beija mão.

domingo, junho 22, 2008

SUBSCREVO E ASSINO POR BAIXO...

(...)
Toda a gente, excepto o GAVE [ Gabinete de Avaliação Educativa, do Ministério da Educação] percebe que os exames estão, em geral, cada vez mais fáceis. Quem não sabe nada de nada pode sempre tentar a sua sorte em mal alinhavadas questões de “cruzinhas”, não precisando sequer de saber escrever.
(...)
É uma enormidade linguística e educativa que, num exame do 12º ano de Português, apareça uma frase como : “ Para responder, escreva, na folha de respostas, o número do item, o número identificativo de cada elemento da coluna A e a letra identificativa do único elemento do único elemento da coluna B que lhe corresponde”
Isto não é um exame sério do domínio da língua, é uma charada.
Como fiquei sem saber para que serve este tipo de exames, fui ao sítio do GAVE : “ Os exames nacionais são instrumentos de avaliação sumativa externa no Ensino Secundário. Enquadram-se num processo que contribui para a certificação das aprendizagens e competências adquiridas pelos alunos e, paralelamente, revelam-se instrumentos de enorme valia para a regulação das práticas educativas, no sentido de garantia de uma melhoria sustentatada das aprendizagens” .
Fiquei na mesma. Alguém me decifra o arrazoado?

(Prof. Carlos Fiolhais, em artigo de opinião no PUBLICO de 6ª feira passada).

Comentário meu :
O arrazoado não é para decifrar. É a expressão literária do “eduquês”, no seu máximo esplendor. Seria para rir à gargalhada, se não fossem as consequências trágicas que resultarão para a próxima geração daqui a uns anos(quando já cá não estiver para ver...), se a praga do “eduquês” não for rapidamente irradicada do paradigma da educação portuguesa. À “cachaporra”, se não houver outra maneira ...



(...)
Nas sociedades modernas, há três coisas contra as quais um Estado democrático está basicamente indefeso : o terrorismo, a grande especulação financeira de um capitalismo global sem ética alguma, e os camionistas (...)

( Miguel Sousa Tavares, em artigo de opinião do EXPRESSO de ontem)

(...)
O silêncio de Manuela Ferreira Leite é que foi realmente inesperado e chocante. Se ainda fosse lider do PSD, Luís Filipe Menezes teria apoiado os camionistas. Qual revolucionário de courato, Menezes ter-se-ia banqueteado nas bifanas de um piquete qualquer. É certo que Manuela Ferreira Leite recusou este populismo gastronómico, mas foi igualmente populismo pelo silêncio.
(...)
Aquele bloqueio rodoviário não foi um mero ataque ao Governo. Foi uma afronta directa ao regime. Governo e regime são duas coisas distintas. Os camionistas atacaram o estado de direito e não apenas José Sócrates. E perante o ataque ao regime, Ferreira Leite tinha de criticar aquelas milícias fora-da-lei. Com o seu silêncio, Ferreira Leite legitimou a mensagem implícita no bloqueio : não vale a pena votar ou respeitar a lei ; o que vale a pena é fazer chantagem através de um bando de apaches corporativos (...)

(Henrique Raposo, em artigo de opinião do EXPRESSO de ontem)


(...)
Houve, em matemática (...) 8,8 % de reprovações no 4º ano e 18,3 % no 6º ano. Mas, se olharmos os números do ano passado, veremos que a taxa de reprovações foi mais do dobro ( 19,7 % no 4º ano e 41% no 6º). O que significa isto? Que os nossos alunos progrediram assim tanto de um ano para o outro, ou que os exames foram simplificados ? Cada um retirará as suas conclusões.
(...)
Ora isto, além de pouco resolver do ponto de vista do conhecimento, nada contribui para a motivação dos professores, atrapalha a autoridade das famílias (...) e prepara os jovens para um mundo inexistente, um país de faz de conta. Porque nada na vida real é assim tão simples.

(in Editorial do EXPRESSO de ontem )

quarta-feira, junho 18, 2008

TRISTE SINA...

Foi para isto que em 2002 se injectaram 20 milhões de euros nos cofres municipais da Figueira da Foz, conseguidos através de empréstimos obtidos na banca, logo quando no mês de Fevereiro se percebeu que a situação herdada da gestão de Santana Lopes estava muito próxima da bancarrota? E quando por duas ou três vezes se esteve em risco de não haver dinheiro para pagar as remunerações do pessoal do Município da Figueira da Foz ? ...

O IMPASSE NA CONSTRUÇÃO EUROPEIA

Eu até gosto muito da Irlanda e do povo irlandês. Mas considero não ser aceitável, de todo , que a vontade legítima (expressa pelos voto directo) de umas centenas de milhares de irlandeses possa limitar a soberania e a vontade ( expressa pelos mecanismos da democracia representativa, a melhor que se conhece, até prova em contrário) de uns largos milhões de outros cidadãos europeus.
Face ao impasse criado pela legítima, livre e soberana decisão dos irlandeses, não haverá todavia nada a impedir que, por decisão livre e soberana de outras nações europeias ( por via dos mesmos mecanismos da democracia representativa), como por exemplo, a Alemanha, a França, os países do Benelux, Portugal, a Espanha, a Austria, a Hungria, a Finlândia e eventualmente outros, se possa constituir uma Confederação das Nações Europeias ( CNE) , um sub-conjunto de nações pertencente ao conjunto mais amplo constituido pela União Europeia (UE). Essa CNE poderá adoptar como “carta constitucional “ fundadora, o Tratado de Lisboa. Os outros países da UE que depois quiserem entrar para a CNE, serão benvindos, desde que venham a aceitar plenamente as cláusulas do Tratado de Lisboa. A Irlanda também, quando o entendesse. Sob duas condições : retirar da sua constituição a obrigação de fazer referendos para assinar tratados ; e de aceitar, sem mais reservas, o Tratado de Lisboa.
Quem quer, quer. Quem não quer, vai à vida.

AS PROMESSAS ADIADAS

Aqui há uns tempos, recordo-me de ter lido, na imprensa regional, uma declaração de um governante prometendo que as obras de prolongamento do molhe norte do porto da Figueira da Foz iriam ter início no passado mês de Maio . Não dei por nada, nem creio que alguém tenha dado. Já lá vão quase 2 meses...
Leio agora uma afirmação do Presidente da Câmara de que a obra da variante do Galo d’Ouro deve arrancar ainda neste Verão. Cada um é livre de acreditar. E vão decerto acreditar os super-optimistas, se ainda os houver. Bem como os ingénuos e as almas de muita fé...Para quem não acreditar, resta encolher os ombros e dar uma gargalhada.

IMPUNIDADES E ATENTADOS AMBIENTAIS

Os vereadores do PS da Câmara Municipal da Figueira da Foz denunciaram, em sessão camarária, a impunidade reinante no concelho quanto aos atentados ambientais cometidos pela afixação mais ou menos selvagem de cartazes e papeis de propaganda, por todo o lado.
Têm toda a razão, a meu ver.
Bem pior, é todavia o que se passa com a publicidade/propaganda feita em cartazes de plástico que, com grande frequência, aparecem pregados em árvores junto das estradas, anunciando discotecas, provas de motocross, festas à nossa senhora de não sei quantos, e outros importantíssimos eventos e actividades “culturais” com que se vão entretendo as “populações” e os “populares”.
Depois da afixação ( e da agressão ao lenho da árvore) , passados uns tempos, é o que se sabe. Os plasticos vão-se rasgando, soltando, e acabam contaminando as áreas florestais confinantes com caminhos e estradas, dando um grande contributo para que aquelas se transformem em vergonhosas lixeiras.
Os cartazes de plástico têm quase sempre a indicação das entidades organizadoras. Algumas até subsidiadas com dinheiros públicos generosamente concedidos pela Câmara Municipal. Poderão por isso ser fácilmente responsabilizadas e castigadas por esses condenáveis atentados ao meio ambiente. Nem seria necessário criar coimas e aplicá-las . Bastaria cobrar-lhes directamente o custo da limpeza da área e remoção dos cartazes. Mal estes surgissem, uma equipa de limpeza municipal avançava de imediato, cobrando pelo serviço 20 euros por cartaz. O custo total calculado era depois imediata e directamente facturado à entidade anunciadora responsável. Caso não pagasse, procedia-se à cobrança coerciva. Nem que fosse através do “homem do fraque” . Claro que, para dar o exemplo, a Câmara deveria pagar tambem aquilo que deve, a tempo e horas.

sábado, junho 14, 2008


O DIÁLOGO NO FAR-WEST...

No regresso à rainha das praias, ponho novamente em dia a leitura da imprensa local acumulada de bastantes dias. No diário As Beiras do passado dia 10 de Junho, leio a crónica, acima reproduzida, dos acontecimentos ocorridos na Figueira da Foz quando do boicote e das sabotagens levadas a cabo pelo país fora por uma horda de três ou quatro centenas de desordeiros, patrões do negócio da camionagem.
Fico pouco menos que estarrecido. Assaltam-me a dúvida e a angústia de saber se não estaremos no mundo dos cow-boys e das cowboiadas, numa terra distante do far-west onde não haja nem sheriff nem lei.
É enternecedora e tranquilizadora a capacidade para o “diálogo” manifestada pela PSP, em especial do seu sub-comissário da Figueira da Foz, conforme se pode deduzir do texto da reportagem, e por exemplo deste excerto:

“(...) Pedro Costa, que se identificou como líder do protesto e porta-voz dos contestatários, esgrimiu argumentos com o graduado da PSP mas manteve-se irredutível sobre a saída de camiões (...)”.

Ou ainda deste outro :
“(...)
Os manifestantes fizeram uma barreira humana en frente ao camião e, enquanto a situação era negociada com a PSP, os tubos de alimentação do veículo foram cortados por desconhecidos. (...)”.



O glorioso comandante dos gloriosos sabotadores, responsáveis por diversos crimes cometidos no concelho da Figueira da Foz, nas barbas das forças policiais, era pelo vistos um senhor chamado Pedro Costa. Heroico, confiante na sua impunidade, o sr. Pedro Costa foi ao ponto de vangloriar-se , em registo de descarado desafio, de

“(...) ser responsável por seis equipas de piquete numa zona entre Leiria e Mira “ e que, com comovente humanismo, conseguira “ parar 80 por cento da Figueira da Foz SÓ ( sic...) com três pára-brisas [de camiões] partidos “.

Será de presumir ( mas não estou nada seguro disso, mesmo nada...) que o seu nome conste da tal lista de 91 motoristas identificados pela GNR e dos 15 autos levantados no Ministério Público , que foram anunciados como prova de que os orgãos de soberania estavam a defender o bom nome e a autoridade do Estado democrático .
Face a este relato testemunhal de vários crimes violadores dos direitos de outros cidadãos camionistas, e da legalidade democrática, o senhor procurador-adjunto do Ministério Público já deveria ter certamente diligenciado no sentido de ser aberto o indispensável processo crime ao tal senhor Pedro Costa . Acham que sim? Cá por mim, não acredito . Se estiver enganado, as minhas antecipadas desculpas...
(Clicar na imagem para a ampliar)

sexta-feira, junho 13, 2008

FIRMEZA E TIBIEZA
A História demonstra que uma grave crise de agitação social, antecedendo eleições legislativas beneficia eleitoralmente o partido do governo, criando-lhe mais hipóteses de vitória consolidada.
Mas só se esse governo revelar firmeza e sentido de Estado a enfrentar aquela agitação social. No caso de revelar tibieza, sucede precisamente o contrário.
E foi tibieza que o actual Governo revelou, ao negociar com um grupo de umas três centenas de bandoleiros chantagistas. Há por aí uns espíritos cândidos que chamaram a isso "diálogo". Com diálogo como aquele, iremos longe...

quinta-feira, junho 12, 2008

O ESTADO DE DIREITO E O DIREITO À JUSTIÇA
Esta é uma boa notícia. Vamos a ver no que isto dá, e quanto tempo vai demorar ( meses? anos?) até que a justiça faça o que lhe compete num estado de direito. Em Espanha, a polícia prendeu ontem um camionista desordeiro que violou gravemente a lei ou os direitos de outro cidadão espanhol. Foi hoje presente a tribunal, que o condenou a 8 meses de prisão. Que forças, que dificuldades, que complexos, que covardias há em Portugal para que por aqui não se possa fazer o mesmo?

O SUFOCO DA CLASSE MÉDIA...

Depois de ler isto, alguém poderá dizer, com propriedade e seriedade, que a classe média está económicamente sufocada, como aqui e além se vai lendo e ouvindo de alguma gente bem pensante ?...

UM PAÍS À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS


Fora da pátria, sem ver telejornais ( à hora dos mesmos só havia futebol), e sem oportunidade de aceder à internet (paradoxal em terra de tão elevado nível de desenvolvimento tecnológico...), fico 4 dias sem notícias do quotdiano do torrão natal. Julgava-o estar a decorrer tranquilamento, numa semana com pontes e feriados, e embalado pelos eventos e sucessos da bola.

No regresso, fico assustado, encontrando o país à beira de um ataque de nervos, próximo de um estado de sítio. O avião, já quase a sobrevoar Lisboa, faz uma súbita meia volta e volta a rumar a norte. Só quando se enxergava Peniche e a Berlenga, o comandante deu a notícia : devido a uma greve de camionistas, o avião tinha de ir ao Porto reabastecer . Não havia combustível no aeroporto de Lisboa. Voo para cima, reabastecimento demorado, voo para baixo, e o voo low-cost finalmente aterrava em Lisboa com 3 horas de atraso. Sobrevoando a baixa altura a 2ª circular, observo uma longa fila de automóveis encostados à direita, tentando entrar numa área de abastecimento de combustível. Fico ainda mais preocupado. Já em terra, tomo um táxi e o seu motorista diz-me que dali a um pouco teria de encostar; estava quase de depósito vazio, e não havia gasóleo para ser abastecido. Descubro ter o carro com o depósito a menos de um quarto ; o computador indicava-me que daria para andar uns 200 km. Mas resolvo não arriscar. Fico por Lisboa até me poder abastecer. O que já posso fazer, pois o ataque de nervos foi por agora controlado. Sabe-se lá até quando.

sábado, junho 07, 2008

POPULISMO CAVIAR

Manuel Alegre e Francisco Louçã são tão populistas como Santana Lopes. O menino guerreiro faz populismo para quem tem a 4ª classe. Louçã e Alegre fazem populismo para doutorados em ciências da educação. É o populismo caviar : o grau académico muda, mas a irresponsabilidade é a mesma. Alegre é uma espécie de Sidónio que aparece pela esquerda; não tem soluções para nada, mas como está contra os "donos do regime" julga-se um santo salvador.

(Henrique Raposo, in EXPRESSO de hoje)

(...)
Até agora, praticamente só umas declarações de voto estudadas, umas abstenções circunstanciais, umas ausências de conveniência. O que mais se estranha, pois, não é que Alegre vá discursar num comício do Bloco de Esquerda ; é que não fale lá onde os eleitores esperam que o faça.

(Fernando Madrinha, in Expresso de hoje)

quarta-feira, junho 04, 2008

SOLIDÁRIO COM QUEM?...

Em belas e inflamadas declarações, talvez inebriado pela atmosfera do comício, perdão da festa, Manuel Alegre disse ontem , literalmente, que “ é solidário com aqueles que votaram no PS e hoje sofrem”. A meu ver, lindas palavras por lindas palavras, retórica por retórica, acho que seria bem mais nobre proclamar que “é solidário com os que sofrem”, hajam ou não votado no PS.

A CANDURA E A DEMAGOGIA

Manuel Alegre é um grande poeta da língua portuguesa. O regime democrático português deve-lhe um preito de gratidão pelos combates que travou para o implantar e, logo a seguir ao 25 de Abril, para o assegurar. Mas não lhe fica nada bem, e é já cansativo, estar sempre a puxar pelos galões, a propósito de qualquer discordância que alguém ouse levantar face às opiniões que tem ou face às soluções que não propõe.
Como interventor na “política real”, feita sobre o terreno do concreto, não consegue todavia passar da retórica poética inconsequente, recheada de lugares comuns, de truismos e de frases bonitas, mas vazia de propostas de soluções. É bem de ver, e de ler, que o estilo pega-se aos “alegristas” : os admiradores incondicionais de Manuel Alegre, o poeta e o político diletante, em torno de cuja cabeça julgam ver uma auréola de serôdia santidade.
Faça-se justiça. Nos sermões de Manuel Alegre não há, de todo, a ignóbil demagogia de Francisco Louçã, sempre ávido de pescar nas águas turvas da desgraça alheia e das tricas internas politico-partidárias do PS.
Há simplesmente uma sedutora candura poético-política. Candura que vai ao ponto de não reparar que, ao deixar-se embevecidamente entronizar, por Francisco Louçã, como ícone da “esquerda”, está a dar conforto ao desenvolvimento daquela demagogia.
Tem a liberdade de o fazer, e a ele niguém o cala. Tem toda a razão. Tal como outros ( camaradas de partido ou não) têm o direito de o criticar a ele, e de não se calarem.

O PORREIRISMO

A cidade da Figueira da Foz, em particular o Bairro Novo, está repleta de placas sinalizando a proibição de estacionamento. Quase sempre flagrantemente violadas por parte de viaturas que junto estacionam em total e confortável impunidade. Ninguém se chateia. Nem o comando local da PSP ; nem os senhores guardas que por ali perto vão passeando, ou tranquilamente cavaqueando, e que fingem nada ver ; nem os autarcas locais. São todos uns gajos porreiros.

O ESQUERDÓMETRO

Manuel Alegre tem um “esquerdómetro”. É um exemplar único, do qual registou a patente.
Só ele o pode utilizar e sabe utilizar. Quando aparece um político, um governante ou um simples português, zás...Manuel Alegre aplica-lhe o “ esquerdómetro” e mede o seu grau de esquerda. Utiliza uma escala de 0 a 100 , medida em “graus alegres” . 100 graus, corresponde obviamente à figura política dele próprio, Manuel Alegre.
Medida com o tal "esquerdómetro", a professora doutora Ana Benavente, teórica do “benaventismo”, conhecido na linguagem corrente como “politiquês”, parece que teve 90 graus alegres. De duas uma. Ou o “esquerdómetro” não está bem calibrado, ou então o principio do seu funcionamento não merece confiança.

terça-feira, junho 03, 2008

A CULPA E O MÉRITO

Vital Moreira escreve no PUBLICO de hoje :

“Quando a situação económica e social se degrada, mesmo por razões puramente exteriores, a culpa para muitos é sempre do governo que está”

Estou inteiramente de acordo. Em jeito de variação, tambem se poderá dizer que quando a situação conómica e social mostra evidente melhoria, mesmo por razões puramente exteriores, o mérito é sempre do governo que está, para os apoiantes desse governo.
Na gestão autárquica acontece algo de semelhante. Quando aparece obra feita, para mostrar e inaugurar, o mérito é do autarca. Quando não há obra que se possa ver, a culpa é do Governo, que não dá mais dinheiro para a autarquia.

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