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segunda-feira, novembro 01, 2010

SESSÃO ALGO LONGA E UM POUCO MAÇADORA

Num modelo de democracia como o nosso, indirecta/delegada/representativa, os balanços, as contas, as explicações, os planos da “governação “ municipal devem ser prestadas pelos responsáveis desta (o órgão executivo), em primeira linha, no e ao “parlamento “ local, no caso a Assembleia Municipal. É óbvio que nada obsta, antes pelo contrário é desejável, que esse responsável comunique com os seus munícipes-eleitores, em contactos pessoais, dando conferências, concedendo entrevistas aos media, escrevendo e prestando esclarecimentos no site do Município, de entre outros instrumentos que poderá utilizar.
Mas tentativas de exercício de “democracia directa” entre governante e as “populações” (um termo horroroso, que me causa urticária…), como a da conferência “Dias de governação” de ontem à noite na ACIF, dão nisto : informações, esclarecimentos, pedidos de sugestões e de participação feitos a cerca de 100 pessoas (presentes muitas delas por dever de ofício, por amizade pessoal, por fidelidade partidária), um pouco mais que o simples dobro dos deputados municipais presentes numa sessão de Assembleia Municipal.

Um ilustre e prezado colega da nossa praça, o blogue Ambiente na Figueira, em reportagem engagé, refere que estavam presentes na sessão outros autores de blogues dessa dita praça. Fui um deles. Aguentei uma hora. Crescentemente ensonado, abandonei depois a sessão e fui fazer coisa mais útil e estimulante.

Diz estranhar que não “tivessem tido a capacidade de se levantar e dizer aquilo que muitas vezes escrevem”. A dita estranheza fica para alimentar alguma das suas angústias existenciais, se acaso as tiver. Algumas cogitações que parecem acompanhá-la suscitam-me quatro comentários. Vamos a eles.

1.
A que valentia e transcendente sabedoria seria necessário recorrer para se dizer em público aquilo que já se escreveu, e até em espaço público se deixou registado para memória futura? Serão maiores ou menores do que as necessárias para se escrever aquilo que se diz em público?

2.
Considerar que intervir em público, “olhos nos olhos” (de quem?...), numa sessão de propaganda daquela natureza, seria demonstrar coragem em democracia “aberta”, parece sinal de ingenuidade de quem não tem experiência do que seja viver e intervir em “democracia” fechada.

3.
Medo do microfone, não tenho. Tenho, isso sim, algum pudor em usá-lo para fazer perguntas em público cujas respostas já conheço ou quase nada me adiantam, só para que me vejam e reparem em mim.

4.
Ignorava de todo que as sessões de esclarecimento e propaganda como a referida ( e fiz várias, no final dos anos 70, embora sem recurso a power points…) podiam servir para que as opiniões eventualmente expressas por eventuais intervenientes pudessem ser “sufragadas ao vivo” , em jeito de plenário concelhio, numa prática de democracia directa, por uma audiência já meio adormecida, de composição mais ou menos definida, ansiosamente à espera de que aquilo terminasse depressa. É o próprio prezado colega bloguista que o reconhece, quando comenta : “a sessão foi algo longa e um pouco maçadora”. Ao que assisti e ao que me contaram, algo e pouco será favor.

Como disse, não aguentei até ao fim. Decorrida uma hora, tinha tirado as minhas conclusões, e tinha esclarecido parte das minhas dúvidas. E estava a dar-me o sono. Fragilidades próprias da idade, enfim.
Quanto ao tema que ia ser tratado na segunda parte, o do salvífico “plano estratégico”, que há-de colocar a Figueira num novo rumo de progresso e desenvolvimento, presumo que o prezado blog local deva conhecer a minha opinião. Pode relê-la aqui e aqui. Como possivelmente deduzirá, não tomo a coisa a sério. E por isso achei melhor não gastar nem um mililitro da minha saliva para o discutir e debater de viva voz.

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