<$BlogRSDUrl$>

segunda-feira, agosto 03, 2009

PARA UMA PRE-AVALIAÇÃO DA CANDIDATURA BLOQUISTA

Li com atenção a entrevista dada ao “Figueirense “ pelo candidato bloquista à Câmara da Figueira da Foz (CMFF) .
Gostei do que tinha lido. Decididamente, achei que aquele discurso não encaixava com a cartilha do “esquerdismo “ pueril, demagógico e algo infantilista, em geral adoptada pelos principais caudilhos mais mediáticos do BE. Estará mesmo em desintonia com o discurso de “tempo de PREC” com que alguns daqueles gostam de arengar as audiências. Quer quanto ao conteúdo, quer quanto ao registo. Parecia repassar suficiente sensatez e maturidade por algumas das suas afirmações, sem perda de um certo grau de idealismo que, se não resvalar para a ingenuidade, é sempre benvindo, mesmo num trintão.
Tais como por exemplo :

- (referindo-se ao Oásis) “Esse espaço foi certamente imaginado por pessoas que se leslumbravam com Ibiza ou Benidorm. Esqueceram-se de um pormenor importante: a Figueira fica no Atlântico. As temperaturas médias e o vento são considerávelmente diferentes do Mediterrâneo. O Oásis não tem recuperação possível” .

- “O projecto do aérodromo foi mais um exemplo de uma megalomania inconsequente. A Autarquia faria um trabalho mais sério e pensasse em melhorar a ligação ferroviária a Lisboa, Porto e Coimbra”.

- “A Figueira necessita sobretudo de variadíssimos pequenos e médios projectos (...)”

- “Temos alertado para questões que afectarão o futuro das gerações mais novas como o aquecimento global, a escassez de água potável, as opções energéticas, a conservação dos ecossistemas, o ordenamento do território ou a sutentabilidade da economia e da segurança social “

Afirmações que inequivocamente subscrevo.
Na linha do que aqui já havia referido, pensei que talvez um poliítico assim, de nova geração , com algum grau de idealismo, com afirmação profissional e académica de muito mérito, sem estar dependente da política para viver e subsistir, sem ter passado pelo carreirismo das Jotas, pudesse ser uma mais valia numa Câmara Municipal, se acaso lá viesse a ter assento, como vereador.

Por isso fui ontem á noite dar uma olhadela ao comício do BE, na esplanada Silva Guimarães da Figueira. Tinha a expectativa de ouvir o candidato bloquista a Presidente da Câmara. De facto ouvi-o . Devo confessar que foi para mim uma decepção.
Reproduzindo os temas e as posições desenvolvidas na referida entrevista, a sua intervenção foi feita em jeito de meio improviso, com ligeiro suporte de uma cábula. Resultou confusa, desconexa, desarrumada, mal estruturada, sem uma coerente linha condutora, com recorrente e simplista diagnóstico sobre a situação da Figueira.
Mas quanto a propostas de linhas-guia e de orientações para a terapia ( não se lhe pedia promessas ou medidas concretas, obviamente...), não passou de uma série de clichês, tais como a da governação participativa do Município, com orçamentos e planos sempre muito participativos, assim a fazer lembrar o grande ideólogo destas coisas que foi o divertido major Otelo. Nós queremos isto, nós queremos aquilo, o Concelho da Figueira tem valéncias para isto e tem valências para aquilo, permite-se muita especulação imobiliária, é necessário dar apoio às pescas, é preciso retomar o Festival de Cinema, o CAE está vazio, tem de se dar vida àquele espaço, e outros truismos vagos do género. Tudo espremido, deu para pouco mais que nada...

Enquanto homem de Ciência, dedicado à investigação científica, o candidato tem certamente grande capacidade intelectual e de trabalho. Por alguma coisa obteve um doutoramento em Física.
Mas como resultado de uma pré-avaliação política, fiquei com muitas, muitas dúvidas, se a sua eventual presença na futura Câmara Municipal poderá de facto representar mais valia significativa para um melhor desempenho da Câmara Municipal e para a defesa dos interesse dos munícipes.

Falava depois o grande e querido líder bloquista. Dele já conheço muito bem o sermão que habitualmente prega, assim qual terrrrrrível e arrrrebatado Savonarola da portugalidade. Por isso não fiquei para o ouvir. Como a noite estava ventosa, voltei tranquilamente para casa. Mas com uma decepção a bailar no meu espírito.

Duas notas finais.

1.
Há uma resposta a uma pergunta feita na tal entrevista que deverá merecer um esclarecimento. Interrogado sobre se aceitará o lugar de Vereador, caso consiga votação para tal, fez um pequeno preâmbulo de bonitas considerações, e acabou respondendo “ Não aceitaremos pelouros”.
Ou seja, respondeu bugalhos quando a pergunta era sobre alhos. Como se reclama defensor acérrimo do princípio da mais límpida transparência ( e muito bem...eu também sou), melhor fora se fosse totalmente transparente e respondesse se fica ou não como Vereador, obviamente não executivo, no caso de ser eleito para a Câmara Municipal.

2.
Tal como já o fizera na entrevista, ontem tornou a referir-se à energia das marés e das ondas como uma das áreas em que a Figueira deveria ganhar protagonismo. Dado ter profundos conhecimentos de Física, terá certamente ideias sobre o quê e o como tal poderia ter concretização aqui mesmo, na costa da Figueira da Foz e/ou no estuário do Mondego. Tenho muita curiosidade em conhecer melhor essas ideias. Mais no tocante ao modo da sua execução prática, e menos no ambito das teorias da Dinâmica ou do Electromagnetismo.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?