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quarta-feira, janeiro 26, 2011

POLITIQUÊS PECHISBEQUE E PALAVROSO

Deu-me esta tarde para ouvir parte do debate no Plenário da Assembleia da República. Calhou-me logo ouvir uma intervenção do jovem, bem falante, promissor e muito azougado deputado Bruno Dias, do PCP.
A certa altura, falou ele em não sei quê sobre um “exemplo paradigmático”, uma expressão bem chique e sempre demonstrativa de erudição.
Paradigmático, janela de oportunidades, implementação, acessibilidades, incontornável, são palavras muito na moda, de entre outras, que pertencem actualmente ao mais retinto dialecto do politiquês pechisbeque. Além disso, no caso, palavroso.
Vai-se a um dicionário e pode ler-se o significado de “paradigma”. E lê-se : exemplo, norma.
De modo que pronunciar-se a bela expressão “um exemplo paradigmático” será o mesmo que dizer “ um exemplo exemplar” ou “uma norma normativa”. Redundantes redundâncias, ao bom estilo do Conselheiro Acácio ou do Conde d' Abranhos…

O politiquês caracteriza-se também pelo uso muito frequente de muletas de discurso. Uma das mais usadas é a da palavra “matéria”. Um ministro ou um deputado é interpelado? Responde muito frequentemente : “…sobre essa matéria, eu diria o seguinte”.
Não responde “eu digo”, de forma enxuta. Prefere usar o tempo condicional, de forma palavrosa, para introduzir uma pitada de distância dubitativa. Um ministro ou um dirigente político é interrogado por uma chusma de jornalistas, de microfone em riste, num qualquer vão de escada ou na soleira de uma porta? Depois de gaguejar um pouco, costuma terminar : “não faço mais comentários sobre essa matéria”.
Aqui há dias, também ouvi alguém importante dizer, com ar sério, que se houvesse cadernos eleitorais actualizados, a “percentualidade” ( sic…) da abstenção seria inferior…

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