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sábado, novembro 06, 2010

GOSTAVA DE TER ESCRITO ISTO

Na vida das nações, como na vida das pessoas, as emergências têm de ser resolvidas segundo uma ordem eficaz de prioridades.
Nós estamos numa emergência e a prioridade agora não é de chorar sobre o leite derramado.
Nem sequer entrar no jogo das culpas. De há uns vinte anos para cá, todos os governos têm culpas e quase todos nós também temos.
(…)
Mas as coisas têm prioridades. Nós vivemos à conta há tempo demais, e um povo sério não gosta de viver à conta. Criámos um país de “direitos adquiridos”, onde todos se acham com direitos e ninguém reconhece deveres. Para satisfazer essa indolência moral, criámos um Estado que a todos acorre, tudo garante, tudo paga. Esse Estado, obviamente, não é sustentável nem é eticamente justo. Agora sabêmo-lo, ninguém de boa-fé pode dizer que não sabe. Agora, chegou a conta do merceeiro, a quem pedimos fiado, e não há dinheiro para pagar. Como não há dinheiro, como não produzimos o suficiente para pagar as contas do que gastamos, a solução é a clássica armadilha de pedir dinheiro emprestado. Só que os juros são cada vez mais caros e a dívida vai aumentando todos os meses – até chegar ao ponto, a que chegámos, em que parte substancial da riqueza produzida serve apenas para pagar juros…e manter a dívida.
(…)
Portanto, a ordem das prioridades é esta: descer o défice em 2011, em 2012, em 2013 e até quando for preciso, para atingir, não os 3% de Maastricht, mas os 0 % - ou seja, até atingirmos o ponto em que viveremos apenas com aquilo que temos (…)
(…)
Mas para já, só nos resta sobreviver e aprender a lição. Uma crise é sempre uma grande oportunidade para aprender lições: não interessa vencê-la se não aprendermos nada e logo voltarmos a cair noutra.
E só há uma maneira de o fazermos: falar verdade, falar toda a verdade. Dizer o que muitos não gostam que seja dito e o que outros têm medo de dizer. O tempo das promessas impossíveis já lá vai.

(Miguel Sousa Tavares, in EXPRESSO de hoje)

Escusado será salientar que tudo, mesmo tudo, do que acima foi escrito, com singular clareza, se aplica quer à escala nacional quer à escala local. Por exemplo, à escala aqui da nossa comunidade municipal da Figueira da Foz. Estou também a pensar, sim senhor, no muito badalado empréstimo para saneamento financeiro

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