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sexta-feira, outubro 01, 2010

PORTUGAL A CANTAR

Há dias, ouvi o Presidente de uma entidade mais ou menos oficial de turismo da Região Centro (não me recordo do nome exacto da coisa) afirmar, com ar espevitado e satisfeito, que os concertos dos U2 em Coimbra eram muito bons para a restauração, para a hotelaria, para a projecção de Coimbra como destino turístico, e para não sei mais o quê. Serão.
Todavia, para um avisado balanço custo-benefício, interessará sobretudo saber quantos milhões de euros vão ser drenados dos recursos financeiros nacionais. Agora cada vez mais escassos, como se sabe e sente, e perante as más notícias dos últimos dias.
O cachê do grupo rock é de 4 milhões de euros, ao que leio. A sua transferência, se for para a Irlanda e não para um qualquer off-shore, representará um gesto de solidariedade de Portugal para com aquele nosso parceiro europeu, a passar também por tempos muito difíceis.
Faltará acrescentar o custo elevado de toda a panóplia de meios técnicos necessários para o grandioso evento, certamente importados, em esmagadora maioria.
O Município de Coimbra entrou com um subsidiozito de 200 mil euros, como é de bom tom conceder para a promoção da cultura. Para limpar a cidade de todo o lixo que os concertos vão deixar, irão ser gastos para cima de 30 mil Euros. A suportar pelo Município, obviamente. Vai também custar caro a colocação de um novo relvado do estádio coimbrão.
As receitas deixadas por uns putativos 5 mil espanhóis que se diz virem até cá, e uma elevada taxa de ocupação da hotelaria da região durante os dias dos concertos, a levar ao lado dos benefícios, tudo somado e avaliado, parecerão trocos no confronto com os custos.
Tudo isto para à empresa produtora/promotora ser proporcionado um belo encaixe de uns milhões de euros. E para proporcionar um grandioso espectáculo a 85 mil portugueses da classe alta, ao nível do que melhor se faz por essa Europa mais desenvolvida, à qual nos orgulhamos de pertencer. E assim Portugal continua a cantar. Lá vamos, cantando e rindo, levados, levados sim…Recordam-se os mais velhos? Era o hino da Mocidade Portuguesa.

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