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segunda-feira, outubro 18, 2010

CASA ONDE NÃO HÁ PÃO…

Diz a sabedoria popular : casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.
É o que se passa nesta nossa casa portuguesa, nos dias em que os seus residentes tomam (terão tomado?...) melhor consciência dos tempos difíceis que se aproximam cada vez mais.
Ler os jornais , ouvir as rádios e as televisões, por estes dias, é meio caminho andado para apanharmos uma depressão. Ouve-se e lê-se de tudo, do mais desencontrado, sobre a proposta de OGE. Tal como no futebol, abundam os treinadores de bancada. Serei porventura mais um, dirá o leitor. E com razão.

O PSD diz que que o OGE “abre caminho à recessão económica”. Como se fosse possível uma política de aumentar a receita e reduzir a despesa pública, sem disso resultar uma diminuição do consumo privado, ou seja estagnação ou recessão.

“O Primeiro de Janeiro” titula a toda a largura da sua primeira página que o OGE é um ataque à classe média. Poderia ser de outro modo? Embalada por ilusões criadas e alimentadas por sucessivos governantes, desde Cavaco Silva, passando por António Guterres e por José Sócrates, e deixando-se gostosamente embalar, a classe média foi a que, em termos relativos, mais aumentou a fruição dos bons tempos das duas décadas contadas desde 1990, em comparação com as décadas passadas.
Teria naturalmente de ser a que, proporcionalmente, mais dor irá sentir agora, perante a cruel realidade da festa ter acabado, tendo de equilibrar o seu nível de consumo ao nível do seu rendimento e das suas possibilidades reais.

Vítor Bento, um conceituado economista, opina que “o Governo está a reagir de supetão para estancar uma hemorragia”, como se fosse possível parar uma hemorragia grave com pensos rápidos.

Mira Amaral e Bagão Félix, ambos ex-ministros, opinam, o primeiro que a proposta de OGE é cega, o segundo que se trata de “um tsunami fiscal indiscriminado”.

Para Rui Tavares, deputado europeu eleito pelo BE, era tudo muito fácil. Escreve na sua crónica do PUBLICO de hoje:

“(…) é preciso dizer como se poderia reagir de uma forma mais justa : fazendo os bancos pagar os mesmos impostos que as outras empresas, acabando com as parcerias público-privadas (…)”

Tal como muitos outros “esquerdistas” que leio e ouço a perorarem, não deve ter imaginação ou conhecimentos suficientes para avaliar os desastrosos efeitos colaterais que provocaria uma medida dessas de, nesta altura, descapitalizar os bancos, ou reduzir a sua rentabilidade (com expressão na sua imagem nos mercados de capitais), agora que os bancos precisam de ir captar empréstimos junto de instancias financeiras internacionais que ainda nos vão fiando algum dinheiro, sabe-se lá até quando.
Estivesse Portugal fora do Euro e da União Europeia, assim uma espécie de Albânia dos gloriosos tempos de Enver Hoxha, como muitos gostavam e propunham, e tudo seria muito mais "fácil".
Do dia para a noite, o Ministro das Finanças anunciava uma desvalorização do escudo em 15%. Logo nos primeiros dias, era quase indolor. O que importavamos passava a custar 15% mais; o consumo dos bens importados talvez diminuisse 15%, a benefício dos bens produzidos no País, se os houvesse. Os bens de exportação ficavam 15% mais baratos, aumentando a sua competitividade ; logo talvez passassemos a exportar mais. Tornaria a haver Alfandegas nas fronteiras com Espanha ; tornaria a haver taxas aduaneiras; e para ir ao estrangeiro só se poderia levantar uns quantos (poucos) euros ou dólares, registados no passaporte. A breve trecho, a inflação saltaria para os 12 a 13% . Mas viveríamos todos contentes e felizes...
Acham um cenário muito pessismista? Deixem cá chegar o FMI, e logo verão. Dizem alguns valentes : não nos deveremos vergar aos caprichos das instancias financeiras, esses especuladores; e tão pouco às ordens do FMI !....Ah não ? Então experimentem. Não se verguem, e depois verão. Infelizmente, não serão só eles que verão . Veremos todos.

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