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terça-feira, agosto 24, 2010

O TERMO DE COMPARAÇÃO

Não valerá muito a pena analisar e comentar a declaração política do candidato do PCP às proximas eleições presidenciais, chamado Francisco Lopes. Nunca tinha ouvido falar no nome, não me recordo de alguma vez ter visto a sua imagem nas reportagens televisivas dos trabalhos parlamentares. Decerto distracção minha.
Não houve na dita declaração nada de novo. Pelo estilo, pela fraseologia, pela terminologia, pela entoação, é mais ou menos um copy-paste de anteriores declarações homólogas, dando a entender que o candidato será um obediente aparatchik.

Há no entanto uma parte do seu discurso que me intrigou. É quando, logo a abrir, diz que :

“Sobre o nosso País pesam a influência negativa decorrente da natureza do capitalismo, dos objectivos e rumo da União Europeia após quase 25 anos de integração e de 34 anos de política de direita e abdicação nacional realizada por sucessivos governos, em desrespeito da Constituição da República Portuguesa, com o apoio ou cumplicidade da Presidência da República
As consequências estão à vista. Portugal é hoje um país mais injusto, mais desigual e mais dependente


Temos então que, segundo o candidato, Portugal é hoje um país mais injusto, mais desigual e mais dependente . Mas mais, do que quando ?
Mais injusto, mais desigual e mais dependente do que no tempo da 1ª República ?
Mais injusto, mais desigual e mais dependente do que no tempo de Salazar?
Mais injusto, mais desigual e mais dependente do que no tempo de Marcelo Caetano ?
Mais injusto, mais desigual e mais dependente do que no tempo de Cavaco Silva como 1º Ministro?
Mais injusto, mais desigual e mais dependente do que antes da adesão do Portugal à União Europeia?
Mais injusto, mais desigual e mais dependente do que no tempo de António Guterres?
Ou mais injusto, mais desigual e mais dependente do que nos escassos meses em que Vasco Gonçalves, desorientado e enlouquecido, teve diante de si a tal “muralha de aço”, e protagonizou uma tentativa de conquista do poder pela força, assim ao estilo de Praga em 1948, ou de Petrogrado em 1917 ?
Dito de outro modo. Se Portugal é hoje um país mais injusto, mais desigual e mais dependente, terá havido um momento, no passado, em que era menos injusto, menos desigual e menos dependente do que hoje . Quando foi?
Qual é o marco de referência do passado face ao qual se faz a comparação ? Importará saber. Espero que haja um jornalista que lhe faça a pergunta e lhe peça um esclarecimento.

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