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quarta-feira, julho 07, 2010

O QUASE PASSADO FUTURO PARQUE URBANO

Vai para dez anos que à entrada da Figueira da Foz existe uma placa de sinalização indicando “Futuro Parque Urbano” . Sempre achei patusca e ridícula aquela ideia de sinalizar uma coisa cuja existência era remetida para o futuro. A placa ali foi ficando, esquecida. Era motivo de galhofa, para alguns amigos me azucrinarem as meninges quando vinham de visita à Figueira.

Parece estar agora à consideração ( e decisão, sempre adiada..) dos responsáveis municipais uma proposta para implantação na área de um gigantesco shopping, acenando-se com centenas de lojas, centenas de lugares de estacionamento e a criação de centenas de “postos de trabalho”. A coisa virá possivelmente a embrulhar, agora ou mais tarde, e em lindo papel de lustre com fitinha dourada, um negócio imobiliário para aproveitar melhor os terrenos e para conferir maior viabilidade à generosa obra. Assim mandam as boas práticas das inteligentes estratégias de quem sabe destas coisas.
Iriam ( irão?...) assim criar-se mais condições para deslocar o centro de gravidade do dia a dia dos figueirenses para a periferia, contribuindo para a desertificação do centro da cidade. Parece ainda não terem servido de lição muitos exemplos de casos semelhantes, aqui na Figueira, como por tantas cidades portuguesas, a começar pela nossa linda capital
Teríamos (teremos?..) assim que, em vez de parque urbano, haveria (haverá?...) uma nova floresta de betão e de bons solos imermeabilizados. Conviria lembrar que a Figueira está servida de fogos para novos habitantes por muitos e muitos anos, como se pode facilmente avaliar vendo, por essa cidade fora, a grande quantidade de prédios e de andares que estão desabitados ou à venda.

Do que Portugal necessita, dramaticamente, é de produzir bens, que se possam vender lá fora, ou que possam reduzir as suas importações. Dispensa, ou pelo menos não comporta, de forma sustentável, mais estruturas para lazer ou para vendas internas. Com estas a serem promovidas e feitas, em larguíssima escala, de bens importados, o que consequentemente provoca o agravamento do nosso defice comercial e da nossa dependência de quem nos possa, ainda, fiar pilim. Fonte que está a secar , de todo, como se sabe e se sente.

Nada e criado em pleno centro histórico de terra minhota, bicho de cidade, que sempre fui, pouco ou nada percebo de agricultura, nem de avaliação da qualidade de solos para esse fim. Mas a sensação que me fica, a olhar para o coberto vegetal, abundante mas meio selvagem, que actualmente se vê naqueles vários hectares de várzea de solos sedimentares ( a norte e a sul da avenida Amália Rodrigues), é que eles deverão possuir consideráveis potencialidades para frutuoso aproveitamento agrícola. Solos de que há crescente carência no nosso País, se pensarmos que importamos muito mais de 50% dos bens alimentares que consumimos.

A dois passos dos consumidores da cidade, ficaria ali a calhar um espaço verde bem tratado, com uma horta e um pomar, explorados de forma moderna e racional, por uma ou duas empresas ou cooperativas agrícolas. Ou, porque não, uma horta/pomar comunitário, onde os consumidores pudessem ir adquirir, directamente ao produtor, frutas, vegetais e leguminosas. Em muitos países da Europa há bons e bem sucedidos exemplos desses.
O actual PU permite aquela construção, e toda a várzea está já dentro do perímetro urbano ? Creio que permite e creio que estará. E daí ? Não será preferível corrigir a rota, enquanto é tempo, e fazer com que possam conviver, lado a lado, em saudável e bem gerida intimidade, a vida urbana e um certo tipo de actividade agrícola ?

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