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terça-feira, maio 04, 2010

UM POETA A PRESIDENTE ?

Tenho apreço e admiração pela obra poético-literária e pelo passado de luta, em prol da democracia, de Manuel Alegre.
Lamento por isso dizê-lo : a declaração que proferiu a apresentar a sua candidatura a Presidente da República não passou de um rosário e uma ladainha de trivialidades e lugares comuns, enroupados por uma áurea de poesia em registo de “um som alto e sublimado, um estilo grandíloco e corrente” . Que puxou muitas palmas da extasiada audiência.
Assim do género :

“Portugal precisa de se reconciliar com a sua matriz de povo multissecular, solidário e empreendedor. Portugal sempre foi um país de combates e desafios. Não é da nossa matriz virar a cara. Confio nos portugueses e acredito na minha pátria “

“A nossa aposta é o vosso futuro, o vosso emprego, o vosso primeiro emprego, a vossa realização, o vosso bem-estar. Ousem romper e propor, ousem combater pelos vossos direitos e pelo vosso lugar no vosso país”

“Um Presidente é mais que um espectador atento. Mais que um garante institucional. Um Presidente é, deve ser, um intérprete e um representante da Nação no seu todo”

A única e última vez que em Portugal um homem de letras foi Presidente da República, foi com Teixeira Gomes, na 1ª República. Foi eleito pelo Parlamento em Agosto de 1923, com 62% dos votos dos membros do Congresso. A experiência acabou mal.
Perante a desunião das forças partidárias republicanas, e não dispondo de poderes para poder intervir no quadro legal imposto pela Constituição de 1911, resignou ao seu mandato em Dezembro de 1925. Embarcou num paquete grego e exilou-se, voluntariamente e desgostoso, numa pequena cidade argelina, nunca mais regressando, com vida, a Portugal.
Menos de um ano depois da sua resignação, deu-se o golpe militar do 28 de Maio.

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