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segunda-feira, março 08, 2010

O PEC, OS CREDORES E A SOBERANIA

Hoje vai ser, até agora, o dia mais importante da vida ainda curta do actual Governo. O PEC vai ser divulgado aos partidos políticos, aos portugueses e aos nossos credores. De imediato começará um intenso debate sobre o seu conteúdo, as suas consequências, a sua credibilidade, as suas alternativas. Toda a semana será seguramente bem recheada com esse debate. Por uma vez , possivelmente, a contenda sobre o Pêtêvi gate irá esmorecer um pouco. Passamos a discutir coisas muito mais importantes.
Em torno do PEC e daquele debate se irá jogar o futuro do Governo, a curto prazo. O do Governo e o nosso. Não propriamente por aquilo que o PEC conterá, para o bem ou para o mal. Mas porque quem vai realmente ditar o seu, dele PEC, e o nosso fado, serão a Comissão Europeia, o FMI e os nossos credores.
Se, daqui a uns dias, estes, olhando para as nossas dívidas e para o PEC se convencerem de que estamos no correcto caminho para lhes darmos segurança, muito bem. Passa-se o PEC à prática, com todo o cortejo de muitos e dolorosos sacrifícios que irá representar para todos. Vai custar muito, mas quem tiver melhor solução que o diga e faça, mandatado por nova eventual consulta eleitoral ao povo português, se houver necessidade disso.
Caso contrário, muito mal. Os credores dirão, ou mandarão as malvadas agências de rating dizer por eles, que o PEC não os convence, que teremos de preparar outro, senão fecham a torneira dos empréstimos de que ainda vamos necessitar por muito tempo.
Lá terá então o Governo de rever o PEC, a jeito da opinião dos credores. E não valerá de nada chorar sobre o leite derramado, procurar e acusar responsáveis, arrepiar os cabelos, protestar, fazer greves, organizar manifestações, cortar estradas, queimar pneus, partir vidros de bancos, incendiar automóveis. Quanto mais houver disso, mais desconfiados ficarão os credores, e mais fecharão a dita torneira.
De onde se vai provar algo que já todos deveríamos saber há muito. Um povo endividado tem uma limitada soberania. Um povo super-endividado, totalmente dependente dos credores, não tem soberania nenhuma.

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