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domingo, janeiro 24, 2010

MAIS VIDA PARA ALÉM DO SONHO E DA POESIA

Há mais vida para além do deficit” foi uma afirmação de Jorge Sampaio, quando era Presidente da República, aqui há uns anos. Foi um dito infeliz e pouco inteligente, para não dizer pior, e me ficar pela linguagem metafórica. Acredito bem que dele esteja arrependido, e que hoje o não diria.
Há mais vida para além do Orçamento” foi uma linda frase de Manuel Alegre há uns dias recitada, embora em registo de plágio, com todo o charmoso encanto e voz poderosa que todos lhe reconhecem.
É o género de verso que qualquer intelectual mais apessoado, seja de primeira como ele, seja de terceira como os que por aí vão andando, gostará de soltar, em timbre grandíloquo. Sobretudo os de pedigree mais aristocrático. Com os azuis dos seus blazers e os dourados dos seus botões, um tal falar contribuirá para o reforço das suas imagens de personalidades dotadas de auréola de pessoas de cultura, à escala nacional ou local, pairando muito acima do comum dos mortais, preocupados com os superiores “desígnios” da Pàtria, distantes de preocupações materiais , e a quem essas coisas mesquinhas do nosso dinheiro , dos custos e dos orçamentos causam horror e azia depois das refeições.
Eu, pela minha parte, que sou um humilde cidadão e que, no dizer de muitos , não passarei de um empedernido tecnocrata, com uma visão doentiamente “economicista” da vida pol
itica e social, sou mais sensível a asserções de menor charme poético e cultural, tais como a que escrevia Nicolau Santos na sua análise do EXPRESSO de ontem :

“(...)
Há quem defenda que nunca a União Europeia deixará cair um Estado da zona euro e quem advogue que um comportamento à Alberto João Jardim, de reiterada indisciplina financeira, acaba por ser positivo, porque Bruxelas há-de vir em nosso socorro quando as coisas azedarem. O problema é que os nossos votos no Parlamento Europeu e na União não decidem nada. Não é, pois, muito inteligente apostar nessa via.
O reiterado desequilíbrio orçamental significa que o Estado se tem de endividar, interna e externamente, para fazer face aos seus compromissos. (...) O crescimento da dívida líquida externa é aterrador : de apenas 7,4% do PIB em 1996 terá chegado a 100% no ano passado (com um crescimento de 30 pontos só entre 2005 e 2009).
Não é possível continuar por este caminho.
(...)

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