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quarta-feira, dezembro 09, 2009

SEMPRE ACABEI POR IR...

Ontem à noite, acabei por me decidir e lá fui ouvir Medina Carreira na tertúlia do Casino da Figueira da Foz. Temia sair dela ainda mais deprimido. É curioso, tal não aconteceu.
Depois de, vezes sem conta, ouvir Medina Carreira a pregar praticamente sempre o mesmo, ao vivo, nas rádios, nas televisões, na internet, o que ontem ele veio dizer, perante uma sala literalmente a abarrotar (não foi desta vez no salão nobre do Casino) acabou por me soar literalmente a dejà vu (Nota). Saí como tinha entrado, praticamente com o mesmo grau de angústia e de depressão de que venho a sofrer, porventura como muitas mais outras almas atormentadas.
Pode achar-se, como acho, que Medina Carreira se limita a fazer diagnósticos, sempre lúcidos e negativos, da vida social e económica portuguesa. Instado a indicar uma solução, a apontar uma pista que seja, em geral responde, desabrido, que isso é lá com os “políticos”, que despreza e dos quais diz serem todos uns tolos e uns fazedores de aldrabices.
Mas é dificil não se gostar de o ouvir, na juventude e na energia dos seus 78 anos, de voz vigorosa e ideias claras, no seu estilo sem arrebiques de “economês” pindérico, na sua linguagem terra-a-terra e de pão-pão-queijo-queijo. Assim um pouco como se pode gostar de ouvir um nosso avô, sempre resmungão, mas cujas opiniões prezamos e a que tantas vezes reconhecemos inteira razão, ainda que exagere nas cores negras com que pinta as telas e as descrições daquilo a que assistimos.
Mesmo que o consideremos demasiado “pessimista” ou “derrotista” , como ele violentamente detesta que lhe chamem, temos de reconhecer que Medina Carreira vem a desempenhar um papel útil nos media e na sociedade portuguesa, de agitador e alertador de consciências, de voz expressando uma opinião incómoda e politicamente incorrecta, livre como é, e libertado como está de compromissos ou constrangimentos. Estava ali, disse, sem ganhar um tostão ; apenas teve direito a um jantar de boa qualidade .

Um pequeno apontamento do seu sermão. A certa altura, ele lá acabou por lançar uma proposta : a de que se proceda de imediato ao “congelamento dos vencimentos e das pensões acima de um certo valor X “. Rebentou uma onda de aplausos pela sala. Cogitei eu na ocasião : em que burburinho se transformariam estes aplausos se Medina Carreira indicasse qual deveria ser este valor X...?


Nota
O tal dejá vu pode ler-se ou ouvir-se, por exemplo, aqui :

http://www.youtube.com/watch?v=O-_V5BLa9wQ&NR=1

http://www.youtube.com/watch?v=gJg5H2Caguc&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=yOwAh8CGdns&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=VaIi8Rqr_Dk&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=22OV3By0HQo&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=3qR3yaKhHDE&feature=related

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