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quarta-feira, novembro 04, 2009

A POLITICA E A IMPORTÂNCIA DE TER VIRADO FRANGOS

O meu prezado amigo António Jorge Pedrosa, do não menos prezado colega local Politica de Choque conclui que, na análise que faço do chamado caso Luis Tovim na nossa paróquia, eu não estou só equivocado, estou mesmo completamente equivocado. O uso do advérbio circunstancial de modo não deixa nenhumas dúvidas, nem abre espaço para outra conclusão que não seja a sua, dele, o meu amigo António Jorge Pedrosa.
Com todo o devido respeito, insisto neste ponto. O desmedido relevo que é dado à interpretação “traiçoeira” para o que se passou tem fundamento numa visão demasiado “partidocrática” da vida democrática em geral e numa visão demasiado “parlamentarista” da política autárquica, que não subscrevo nem partilho . Até pensava que António Jorge Pedrosa se tivesse delas distanciado, pelo menos parcialmente, a julgar pelas suas últimas posições na vida política autárquica local .

O último parágrafo do seu post tem duas afirmações que me merecem dois comentários finais.
Na primeira, afirma que “(...) foram deputados municipais da lista que, teóricamente, ele escolheu que não votaram nele”. Fez bem em colocar a ressalva do “teoricamente”, pois muito provavelmente não foi ele que os escolheu. Todavia, a ressalva pode ser apenas aplicável aos deputados realmente integrantes da lista por ele encabeçada. É que, por inerência, são também deputados municipais os 8 presidentes das juntas eleitos em listas propostas pelo PS. Estes não foram seguramente escolhidos por ele. Nem os 8 presidentes das juntas tiveram algo a ver com a escolha do primeiro candidato da lista. Numa visão “anti-partidocrática” da vida política local, pelo menos os 8 presidentes das juntas eleitos , não deveriam ser obrigados, a meu ver, a concordar com o seu nome para Presidente da AM ou a seguir qualquer rigorosa directiva partidária para o sentido do seu voto. Na Assembleia Municipal em que têm assento, por inerência, repito, irão de futuro ter de votar segundo as ordens partidárias, ou segundo aquilo que consideram ser do interesse das respectivas freguesias? .

Dirá que a explicação do desfecho do caso não tem nada a ver com as minhas mais ou menos pretenciosas e eruditas considerações sobre a conformidade de um desejável modelo de funcionamento dos orgãos municipais com os principios basilares do bom funcionamento, a nível local, do regime democrático. E que o dito caso unicamente se explica pelos jogos de intrigas e facadas que parece proliferarem pelas estruturas locais do PS. Terá porventura razão. Disso não sei, disso não curo, nessa discussão não entro.

A segunda afirmação tem pilhéria. Se bem percebo, a referência a que “para perceber isso temos de ter virado virado frangos alguns anos” significa que para “isso” perceber é indispensável ter adquirido, durante alguns anos, conhecimento e experiência na vida politica concreta, no terreno, no meio de jogos e ambições de poder, assistindo a rasteiras e facadas, saltando obstáculos, escapando a armadilhas . Não sei se me engano, talvez seja urticária a mais . Mas a minha intuição segreda-me que a farpa é mandada direitinha a mim. Como ela leva a insinuação de que eu não percebi, a causa disso seria portanto evidente....
Adiante. Tenho de lhe dar razão. Nunca gostei da acção, do debate ou do esclarecimento políticos feitos com recurso a reuniões com sardinha assada, febras assadas, ou frangos virados no churrasco, eventualmente acompanhados por vinho tinto ou laranjada .
Vai-me perdoar contudo a presunção. Já tenho de vida muitas décadas, já tive alguma actividade política, e nesse contexto já assisti a muitas jogadas, habilidades e rasteiras . Creio que isso me dá algum conhecimento e experiência acumulada para não me tomar propriamente como um anjinho, e para pretender saber um bocadinho de politica. Brincando com ela quando é para brincar, mas tomando-a a sério quando deva.

Mas essa segunda afirmação encerra tambem uma contradição. É que se, como diz, “para perceber isso” (ou seja que “politicamente, ele sai fragilizado”), é indispensável ter “virado frangos” muitos anos, dá para ficar admirado verificar como é que o deputado municipal em causa o terá percebido, renunciando ao mandato para que foi eleito. Ele que afinal poucos frangos ainda terá virado...


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