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quinta-feira, novembro 12, 2009


O ENDIVIDAMENTO DO ESTADO PORTUGUÊS

Aqui há dias, ouvi um comentador de economia referir os seguintes dados quanto ao racio entre o endividamento do Estado Português e o PIB :

No final de 2002 era de 56%
As previsões da Comissão Europeia apontam para que seja de :
- 77% no final de 2009
- 85% no final de 2010
- 91% no final de 2011

Achei aterrador. Ainda mais, por não ouvir o Primeiro-Ministro referir-se a esta aterradora evolução sem qualquer alerta dos portugueses para a hipótese dela vir a obrigar, em larga escala, a mais dificeis e inevitáveis sacrifícios. Essa prevenção deve e tem de ser feita. Não será preciso um discurso de desespero, devendo antes ser de mobilização, acenando com uma luz de esperança, se soubermos não perder a serenidade, trabalharmos mais, gastarmos menos e distribuirmos de forma justa os sacrifícios.

No dia seguinte, vi porém o gráfico acima reproduzido. Fiquei ligeiramente menos desconsolado.
Afinal, a mesma Comissão Europeia prevê para a zona euro, no ano de 2011, um racio de endividamento de 88,2% , apenas 3 pontos percentuais inferior ao previsto para Portugal. De pouco serve porém tão parco consolo. Como se costuma dizer, com o mal dos outros podemos nós bem.

Se dentro de 3 anos Portugal continuar com as contas do Estado totalmente fora de controlo, quer no racio do deficit (este ano a atingir cerca de 8%) quer no racio do endividamento, não serão só os fundos europeus que nos poderão ser cortados. Pior que isso, serão os nossos emprestadores externos de dinheiro que, não acreditando na nossa possibilidade de pagarmos aquilo que devemos e pedimos emprestado, positivamente nos deixarão de emprestar os fundos financeiros que nos têm permitido viver como vivemos, e sem os quais deixaremos de viver...
Foi esta situação que ocorreu na Islândia há uns meses. Ouvi alguém comentar há dias que, na fase mais aguda da crise islandesa, se chegou mesmo a colocar a hipótese de pôr em prática um regime de racionamento de medicamentos.
Não sei se chegaremos a tal ponto. Mas consigo desde já imaginar, por exemplo, um cenário de racionamento de energia, e de gasolinas. Tanto mais que, mal a economia mundial mostre sinais de realmente arribar, iremos sofrer um novo e sério choque petrolífero, dada o elevado grau da nossa dependência energétuca .Ou, numa versão ainda mais aterradora, de racionamento de alimentos. Poderemos chegar a esses cenários se não começarmos desde já a fazer um significativo esforço de contenção. A nível nacional acima de tudo . Do mesmo modo a nível local, que nos diz mais directamente respeito em aspectos importantes do nosso quotidiano.

É sobre este pano de fundo que foram acenadas as grandiosas promessas eleitorais feitas pelo actual Presidente da Câmara da Figueira da Foz : da Aldeia do Mar, do Corredor Verde, de devolver o brilho à Figueira (o festival de música, o mundialito de futebol, o festival de cinema...), da requalificação da zona histórica, de mais emprego, de mais animação, de mais ambiente, tudo isto e muito mais, sem esquecer, claro está o “arrumar as contas da Câmara”....
Poderá haver quem se vá sentir enganado. Eu não . Não tive ilusões, sempre achei que todos aqueles acenos eram meros foguetes de vistoso fogo de artificio, e que não eram para tomar a sério. Muito mal vai a política e aqueles que querem fazer política quando não são tomados a sério.

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