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quinta-feira, novembro 26, 2009

FAZER CONTENÇÃO DA DESPESA COM MAIS DESPESA

A situação financeira do Município da Figueira da Foz é gravíssima. Em linguagem terra a terra, está de tanga. Mais ou menos assim também o diziam os veredores do PS no mandato do anterior executivo camarário.
Nos apertados limites de um nível de receitas anuais à roda de 34 milhões de euros não cabe toda a soma de despesas com pessoal, de outras despesas correntes, de amortização das dívidas bancárias, de pagamento de juros, das responsabilidades já assumidas, das limitadas verbas para alguns investimentos de manutenção e de requalificação marginal das infraestruturas municipais. Pouco ou quase nada fica depois para amortizar a grande dívida aos fornecedores, que os vereadores socialistas tanto falavam e censuravam no anterior mandato municipal.

Podem os actuais responsáveis camarários dar as voltas que quiserem dar ; fazer exercícios de re-engenharia organizacional que quiserem, separando aqui, juntando acolá, passando isto para este pelouro e aquilo para outro. A verdade nua e crua é que o Município da Figueira da Foz não tem, nem vai ter dinheiro para poder continuar a “enterrar” entre 1,5 e 2 milhões de euros por ano no CAE e na Figueira Grande Turismo (FGT) . É lamentável, será injusto, mas pura e simplesmente não tem. Há outras prioridades, bem mais urgentes e essenciais, para aplicar estas verbas.
Por isso não vejo que haja outra solução que não seja :
- extinguir a FGT, como de resto era o que defendiam os vereadores do PS no mandato anterior;
- congelar durante 3 a 4 anos o uso do CAE para proporcionar a umas poucas centenas de beneficiários ( de resto, a grande maioria vinda de Coimbra...) espectáculos de muita qualidade e muita valia cultural, mas em que as receitas não dão em geral para cobrir os cachets.
O CAE poderia eventualmente abrir para acolher eventos organizados e pagos por privados, em especial no fim de semana, desde que tal não cause despesa líquida para as finanças municipais.

Fico por isso abismado e perplexo quando, lendo isto na edição on-line do “Figueirense”, fico a saber que a primeira (ou uma das primeiras..) medida anunciada para fazer contenção de despesa no CAE é a criação de uma companhia residente e a contratação de mais pessoal, neste caso de um director artístico para a mesma.
Fico também desanimado. Com abordagens desta natureza e deste estilo, no mundo de fantasia em que parecem viver os responsáveis municipais (os anteriores e os actuais) , aparentemente em sintonia com muitos dos responsáveis políticos nacionais, não sei onde iremos parar. Vamos ficar cada vez pior. Muito pior.
A inteligentzia paroquial vai possivelmente considerar-me como não tendo sensibilidade cultural e apelidar-me de culturalmente bronco. Paciência.

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